sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Governo Serra erra ao evitar negociações com os policiais civis paulistas

Policiais civis e PMs entram em confronto em São Paulo

Vivemos um estado democrático de direito em que reafirmamos, sempre, o respeito e diálogo entre as instituições. O governador José Serra não pode se esquecer de suas origens no movimento estudantil e da sua contribuição ao regime democrático que ajudou a construir no Brasil. Tem que prevalecer o diálogo, o bom senso e a negociação com as instituições legítimas que representam os trabalhadores policiais civis. A manipulação, a indiferença acabam fazendo com que os ânimos se acirrem e temos o lamentável conflito como o de ontem. Por absoluta falta de bom senso do governo Serra e de disposição de negociar, se explicar junto aos representantes dos policiais civis. O argumento de que qualquer movimentação tem origem em agitadores e influência política foi abundantemente usado pela ditadura para tentar inibir as lideranças populares. Não faz sentido ser adotado pelo Governo Serra.

Acompanhe as informações abaixo e veja a nota da UGT publicada pelo jornal O Globo: Grevistas rompem barreira da Polícia Militar para protestar em frente à sede do governo de SP; pelo menos 25 ficam feridos

Confronto entre forças policiais nunca havia ocorrido no Estado; no ato, alguns policiais civis empunharam armas; coronel é ferido

Policiais militares disparam balas de borracha na tropa civil que tenta romper barreira para seguir em direção à sede do governo; policiais civis em greve exigiam diálogo com o Executivo

Policiais civis e militares entraram em confronto ontem perto do Palácio dos Bandeirantes. No conflito foram usadas bombas de gás lacrimogêneo, de efeito moral e munição convencional e de borracha. Ao menos 25 pessoas ficaram feridas. O coronel da PM Danilo Antão Fernandes foi atingido por uma bala na perna.

É a primeira vez que as polícias entram em confronto no Estado de São Paulo.

O confronto aconteceu por volta das 16h, quando centenas de policiais civis em greve, que exigiam ser recebidos pelo governo, romperam uma barreira da PM para seguir em direção ao palácio, no Morumbi (zona oeste de São Paulo).

No confronto, alguns policiais civis protestavam empunhando armas. Os PMs lançaram bombas de gás lacrimogêneo e fizeram disparos. O enfrentamento só terminou às 17h, mas a situação continuou tensa até o início da noite.

Por volta das 18h, um primeiro-tenente da PM tentou passar entre os policiais civis e acabou cercado e agredido. O comando de greve orientou os manifestantes a deixarem a região somente às 20h10. Pelo menos 12 carros da PM ficaram parados na avenida com os pneus rasgados por facas.

A greve completou ontem um mês. Os policiais exigem 15% de reajuste imediato e outros 12% em 2009 e, em 2010, eleição direta para delegado-geral, cargo estratégico na polícia. A gestão Serra ofereceu 6,2%, aposentadoria especial (aos 30 anos de carreira) e o fim das faixas de menor salário.

O protesto — Os policiais civis se concentraram às 13h, em frente ao estádio do Morumbi. Por volta das 15h, 14 sindicalistas aguardavam um representante do governo para negociar, na avenida Padre Lebret, em frente à barreira da PM. Os manifestantes ficaram a cem metros dali.

Uma hora depois, avançaram em direção à barreira da PM, o que deu início ao confronto. Enquanto os policiais se enfrentavam, um carro de som tocava o Hino Nacional. O governo diz que a área é de segurança e que atos são proibidos ali.

"De repente começaram a jogar bomba. Pensei que iria morrer", disse Mariza Cunha, carcereira em Ribeirão Preto.

O conflito ocorreu quando Sidney Beraldo, secretário estadual de Gestão Pública, se preparava para receber sindicalistas, diz o governo.

Policiais civis hostilizaram policiais militares chamando-os de "vendidos", "pelegos" e "puxa-saco do governo". O governador José Serra (PSDB) também foi acusado de jogar "uma polícia contra a outra".

"Vocês [PMs] vão pagar caro por isso", afirmou, do alto do carro de som, José Leal, presidente do sindicato dos delegados. Após o confronto, Leal disse que não haveria rivalidade entre as polícias e que o problema "era com o governador".

Serra disse que a manifestação foi de uma "pequena minoria" com "interesses político-eleitorais" para influenciar o segundo turno das eleições.

O protesto foi apoiado pelos deputados estaduais Major Olímpio (PV), Carlos Giannazi (PSOL) e Roberto Felício (PT) além do deputado federal e presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva (PDT), o Paulinho. CUT, UGT e CGTB também participaram. "Não adianta ficar na praça. O cara que manda [Serra] está lá em cima. Devemos subir", disse Paulinho no carro de som.

O delegado supervisor do Garra, Osvaldo Nico Gonçalves, disse que tentou impedir o avanço dos manifestantes e que pediu aos sindicalistas e deputados que "não inflamassem o discurso", pois haveria confronto. "Deputados e sindicalistas não deveriam ter vindo aqui", disse após o incidente.

O governo montou três cordões de isolamento para evitar que o ato chegasse à frente do palácio. O primeiro, de policiais civis, tinha 40 carros e 50 motos do Garra, mais 30 carros do GOE, totalizando 260 policiais. Outras duas barreiras eram formadas por policiais militares da Tropa de Choque, da Cavalaria e da Força Tática.

Em nota, centrais sindicais e PT negam que greve dos policiais civis seja política — Sindicatos e representantes do Partido dos Trabalhadores (PT) divulgaram nota na noite desta quinta-feira repudiando as declarações do governado José Serra de que a greve da Polícia Civil, que já dura um mês, seja política. Em nota, o PT afirma que o "único responsável por este lamentável episódio é o governador José Serra". Em nota, o partido ainda diz que a polícia civil paulista é "uma das mais mal remuneradas do país" e que o governo do estado "resolveu reprimir o movimento ao invés de negociar com a categoria".

A bancada do PT na Assembléia Legislativa ainda afirma que, nesta tarde, tentou "interceder por um diálogo construtivo entre os representantes dos grevistas e o governo estadual". Em nota assinada pelo deputado Roberto Felício e pelo presidente do diretório estadual do PT, Edinho Silva, o partido ainda afirma que governador "está querendo partidarizar o movimento da polícia civil, tentando acusar o Partido dos Trabalhadores".

A Força Sindical, que dava apoio ao movimento grevista, divulgou nota afirmando que "repudia com veemência o tratamento dispensado pelo governador José Serra aos policiais civis que reivindicavam pacificamente melhores salários e condições de trabalho e a abertura de negociações". A nota diz ainda que os "dirigentes das seis centrais sindicais presentes ao ato ficaram indignados com a brutalidade da Polícia Militar contra os servidores" e pede a negociação.

A União Geral dos Trabalhadores (UGT) também divulgou nota nesta noite dizendo-se "solidária com o movimento dos policiais civis em greve". Para a central sindical, o confronto ocorreu por "intransigência do Governo Serra em negociar com os sindicatos que representam os policiais civis do Estado de São Paulo." A UGT pede que o governo adote "o bom senso" e receba, "imediatamente, os representantes dos policiais civis".

Mais informações em O Globo

Trabalhador vai sofrer por ajuda a bancos, diz OIT

Os governos e particularmente o governo brasileiro devem se preocupar, como estão fazendo, com o resgate do sistema financeiro. Mas devem também estar atentos para não resgatar no mesmo pacote os agiotas e especuladores de plantão, em prejuízo para as respectivas economias e, como alerta a Organização Internacional do Trabalho, para os trabalhadores e suas famílias.

Leia mais: Com previsões sombrias, um relatório da OIT (Organização Internacional do Trabalho) divulgado ontem afirma que a crise intensificará as desigualdades na distribuição de renda e deve causar perda de empregos.

O relatório avalia que os trabalhadores terão de arcar com o preço das medidas dos governos dos países para resgatar o sistema financeiro.

Segundo a OIT, benefícios produzidos antes da crise não eram distribuídos. Em 51 dos 73 países avaliados, caiu a participação dos salários nos rendimentos da economia em duas décadas.

"O Brasil está no um terço dos países que reduziram a desigualdade. O relatório alerta para que governos não se preocupem só em salvar os bancos. É preciso garantir proteção aos trabalhadores", disse a representante da OIT no Brasil, Laís Abramo.

8 anos após criação, lei de acessibilidade será cumprida por bancos

É bem vindo o cumprimento da lei. Apesar de chegar tarde. Pois a acessibilidade quando não tem discrimina e exclui fisicamente as pessoas portadoras de deficiência. Vamos insistir para que se reduzam os prazos para implantação da lei. Leia mais:

Febraban assinou ontem acordo com o Ministério Público Federal e os Ministérios Públicos estaduais de SP e de MG

Agências serão modificadas para atender a pessoas com deficiências locomotora, auditiva, visual e mental; multa chega a R$ 25 mil

Quase oito anos depois da edição de uma lei federal que fixou normas para a "promoção da acessibilidade das pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida", a Febraban (Federação Brasileira de Bancos) assinou ontem um acordo com o Ministério Público Federal e com Ministérios Públicos estaduais de São Paulo e de Minas comprometendo-se a cumprir as regras definidas, sob penalização de multas diárias.

Os 20 bancos que aderiram ao TAC (Termo de Ajustamento de Conduta) deverão realizar uma série de modificações em agências bancárias e postos de atendimento para atender a pessoas com deficiência locomotora, auditiva, visual e mental. As multas variam de R$ 1.000 a R$ 25 mil por dia em que a norma for descumprida após os prazos estabelecidos.

Os bancos particulares -Bradesco, Itaú, Real e Citibank, por exemplo- devem, inicialmente, ajustar suas agências apenas nos Estados de São Paulo e de Minas Gerais. Nos outros, a validade do acordo ainda depende da adesão dos demais Ministérios Públicos. No caso do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal, bancos controlados pela União, as mudanças devem ocorrer em todo o país.

O vice-presidente da Febraban, Antonio Jacinto Matias, porém, afirmou ontem que as agências de bancos particulares de outros Estados também deverão implementar as mudanças, mesmo que não estejam sujeitas às punições do TAC.

Prazo — O termo exige que, em 15 meses, 100% das agências nas áreas atingidas devem ter rampas ou elevadores de acesso para pessoas com deficiência. Também exige que os bancos, no mesmo período, tenham ao menos um caixa eletrônico adaptado -com prazo máximo de dez anos para que todas as máquinas sejam adaptadas.

O acordo ainda estipula que todas as agências tenham ao menos um conhecedor de Libras (Língua Brasileira de Sinais) para atender os deficientes auditivos. Os contratos terão que ser lidos em voz alta ou eletronicamente para pessoas com necessidades visuais.

Segundo uma pesquisa da própria Febraban, existem, hoje cerca de 25 milhões de pessoas com algum tipo de necessidade especial no Brasil. A mesma entidade afirma que as agências bancárias brasileiras contêm pouco mais de 17 mil caixas eletrônicos adaptados.

Fiesp: indústria paulista cria 11 mil vagas em setembro

Eis uma notícia que anima e nos coloca mais ainda em estado de alerta. É animadora por confirmar uma tendência de crescimento econômico que ainda respeita a inércia que vinha desde o ano passado. Preocupa pois chama a atenção para a situação mundial e nos faz temer pelas novas vagas conquistadas. Mas, o mais importante, é continuarmos otimistas e realistas. Prontos para ajudar o Brasil a sair o mais rapidamente da atual crise que, infelizmente, nos atingirá.

Avalie: Nível de emprego teve aumento de 0,26% no período.

No acumulado do ano, crescimento é de 7,6%.

Geração de empregos não será afetada pela crise, prevê ministro

País cria 283 mil empregos em setembro e bate recordes

Emprego na indústria recua 0,1% no mês em agosto, mostra IBGE

A indústria paulista de transformação registrou aumento de 0,26% no seu nível de emprego em setembro frente ao mês anterior, segundo pesquisa da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). O resultado, com ajuste sazonal, representa a criação de 11 mil novos postos de trabalho no período.

Entre janeiro e setembro de 2008, a indústria paulista elevou seu nível de emprego em 7,6% frente ao mesmo período do ano anterior, com 167 mil vagas criadas. Em 12 meses, a alta é de 4,3%, com 98 mil postos de trabalho.

 Setores — No mês passado, os setores industriais que registraram maior aumento em sua folha de pagamentos foram os de Máquinas de escritório e equipamentos de informática, com crescimento de 5,54%, e Borracha e plásticos, com alta de 1,79%.

Em sentido contrário, os maiores cortes de pessoal proporcionalmente à dimensão do setor foram encontrados em Coque, refino de petróleo, combustíveis nucleares e álcool (-1,96%), acompanhado por Couros e artigos de couro, artigos de viagem e calçados (-0,89%).

Dos 21 setores pesquisados, 13 ampliaram seu quadro de pessoal, 4 fecharam vagas e 4 verificaram estabilidade.