Entra
em vigor em SP a exigência de curso para seguro-desemprego
Começou a valer ontem na Grande São Paulo a
exigência de matrícula em curso profissionalizante para obtenção de
seguro-desemprego nos casos em que o benefício é pedido pela terceira vez no prazo
de dez anos.
Na região metropolitana do Rio, isso começa a
ser feito a partir da próxima terça-feira, dia 17. A regra vem sendo
implementada nas capitais desde abril, quando o governo publicou um decreto
alterando a regra da concessão do seguro. Até então, a única exigência era que
houvesse intervalo de três meses entre os pedidos de benefício.
De 2002 a 2011, 5,2 milhões de trabalhadores
requereram o benefício do seguro-desemprego pela terceira vez.
A expectativa do Ministério do Trabalho é que
a regra passe a valer no país todo até o fim de agosto. O advogado trabalhista
Estevão Mallet diz que a exigência do curso profissionalizante é prática comum
em outros países.
"O objetivo é fazer com que o seguro
cumpra sua finalidade, que é garantir renda a quem não consegue um emprego, e
não a quem não quer um emprego", afirmou.
Em 2011, o governo pagou R$ 23,7 bilhões no
benefício. (Folha)
Crédito
consignado vira jogo para gente grande
A operação fechada ontem entre BMG e Itaú
Unibanco é um marco no mercado de crédito consignado. Representa a mudança do
modelo de negócios, que passa a ser, definitivamente, coisa para gente grande.
O BMG era a principal referência em crédito consignado entre os bancos de menor
porte, porque possuía a maior força de venda e também um bom acesso a funding.
Se até o BMG teve que se render à realidade do mercado, o que se pode dizer de
bancos ainda menores e sem os mesmos predicados?
Quando o governo criou o empréstimo que podia
ter as prestações descontadas diretamente na folha de pagamento (o consignado),
em 2004, os grandes bancos não demonstraram interesse. Foram os pequenos e
médios que desbravaram a novidade e, por muito tempo, dominaram o segmento. Mas
com um grau de segurança de pagamento jamais visto em outra modalidade de crédito
pessoal no país, em menos de uma década o consignado se impôs. Hoje tem um
saldo de R$ 172,3 bilhões (dados de maio) e é uma das principais formas de
crédito no país. Os grandes não puderam ficar à margem. Muitos começaram
comprando carteiras dos menores, outros partiram diretamente para montar suas
próprias operações. O fato é que nos últimos anos as grandes instituições
avançaram nesse nicho, aproveitando-se das fragilidades dos menores. Quem saiu
na frente foi o Banco do Brasil, que se valeu das inúmeras folhas de pagamento
de Estados e municípios que detém para liderar o segmento.
Os bancos pequenos e médios enfrentaram duas
grandes dificuldades: a falta de capital para reter em seus balanço todos os
empréstimos que conseguiam gerar e o alto custo do funding na comparação com
bancos de primeira linha. Os dois fatores incentivaram a prática de cessão
(venda) de carteiras aos bancos maiores. Mas a disposição dos grandes em
comprar esses ativos minguou conforme cresceu o interesse deles de ganhar esse mercado
diretamente. O golpe final veio com a descoberta de fraudes no PanAmericano, no
Schahin, no Morada e no Cruzeiro do Sul, que jogou dúvidas quanto à existência
dos créditos vendidos.
Uma mudança contábil há muito adiada pelo
Banco Central, e finalmente implementada em janeiro deste ano, terminou de
inviabilizar a forma de operar dos bancos menores. Antes, quando cediam suas
carteiras de crédito, podiam contabilizar as receitas no ato da venda. A partir
deste ano, as receitas têm que ser apropriadas ao longo da duração do contrato
de empréstimo, que chega a ser de 60 meses. Com a prática anterior, os bancos
menores viviam de pedalar uma bicicleta em que originavam créditos e vendiam.
Engordavam a receita, o resultado e, por fim, o patrimônio líquido. Tudo isso
foi interrompido e culminou com a saída do Cruzeiro do Sul e, agora, do BMG de
cena.(Valor)
Juros
devem cair hoje para 8%, recorde de baixa
Será a oitava redução seguida da taxa Selic.
O BC
(Banco Central) vai cortar hoje a taxa de juros (Selic) pela oitava vez
seguida, de 8,5% ao ano para 8% ao ano, acredita a grande maioria dos
economistas. Caso isso se confirme, a Selic atingirá novo recorde de baixa.
Apesar
de a inflação estar em queda e de a atividade econômica continuar muito fraca,
a maior parte dos analistas não espera um corte mais ousado, para 7,75%.
Isso
porque o BC vem sinalizando, por meio de seus relatórios econômicos e nos
discursos de seu presidente, Alexandre Tombini, que prefere manter a
parcimônia.
O
economista do BES Investimento, Flavio Serrano, lembra que o ciclo de redução
de juros está sendo longo e intenso. Os cortes começaram em agosto, quando a
Selic estava em 12,5% ao ano.
Para
Serrano, o BC quer ser parcimonioso para evitar que uma dose excessiva de
estímulo pressione a inflação.
Além
do corte de hoje, a expectativa predominante é que os juros sejam reduzidos uma
última vez, em agosto, para 7,5%. Aos poucos, porém, aumentam as apostas de que
o ciclo de cortes pode ser alongado, levando a taxa até 7% em outubro, como
aponta, por exemplo, o banco Itaú.
Historicamente,
os cortes na Selic levam de seis a nove meses para impactar a economia. Dessa
vez, o ciclo de redução está prestes a completar um ano, mas a atividade não dá
sinais de reação.
Segundo
analistas, a incerteza gerada pela crise externa e o aumento do endividamento
dos brasileiros estão retardando o impacto da redução da Selic nos
investimentos e no consumo.
A
expectativa é que a atividade reaja neste semestre, o que deve ser
insuficiente, porém, para que o país cresça muito mais que 2% neste ano.
(Folha)