quinta-feira, 27 de agosto de 2009

A medida da superação da crise é retomar o emprego para possibilitar a inclusão de mais de um milhão de jovens por ano

Desemprego deve ficar estável, diz Seade/Dieese

(Postado por Laerte Teixeira da Costa) O desemprego brasileiro é cronicamente alto desde meados da década de 80. Por isso, temos que estar sempre mobilizados para buscar maneiras de mudar essa situação que se repete ano a no e deixa fora do mercado de trabalho mais de um milhão de jovens que chegam e ficam sem emprego e sem perspectivas. A retomada do crescimento económico, o fornecimento de mais créditos às pequenas e médias empresas, o controle da corrupção e a redução da jornada de trabalho para 40 horas sem redução de salários são medidas que podem ajudar a médio e longo prazo a melhorar essa situação crónica de desemprego.

Leia mais: Taxa média deve cair lentamente nas regiões metropolitanas e fechar o ano em nível próximo ao verificado em 2008, quando foi de 14,1%

Os coordenadores da Pesquisa de Emprego e Desemprego da Fundação Seade, Alexandre Loloian, e do Dieese, Clemente Ganz Lucio, acreditam que o desemprego deve cair de forma lenta e gradual até o fim do ano. Segundo eles, o segundo semestre costuma ser melhor que o primeiro para o emprego. "Nada leva a crer que o segundo semestre será ruim. Ninguém aposta em redução do nível de atividade", disse Loloian.

Lucio afirmou que o desemprego deve encerrar o ano muito próximo do nível de 2008, quando a taxa média foi de 14,1% nas seis regiões metropolitanas que fazem parte da pesquisa - Belo Horizonte (MG), Porto Alegre (RS), São Paulo (SP), Salvador (BA), Recife (PE) e Distrito Federal (DF). Se a previsão se confirmar, será a primeira vez em que deve ocorrer estabilidade, após cinco anos seguidos de queda no desemprego. "Será como se nada tivesse acontecido entre 2008 e 2009, com o mercado de trabalho relativamente estável."

Para ele, o resultado poderá ser avaliado como positivo. "Para se ter uma ideia, o contingente de desempregados nas seis regiões metropolitanas aumentou em 100 mil pessoas em julho na comparação com julho de 2008, para 3,029 milhões de pessoas. São números elevados, mas bem menores que os milhões de desempregados a mais que temos visto nos países desenvolvidos em razão da crise."

Por outro lado, ainda não será em 2010 que o País voltará ao período de 2004 a 2008, quando as taxas de desemprego caíram por cinco anos seguidos. Os coordenadores não arriscam números, mas apostam novamente em uma relativa estabilidade nas taxas de desemprego. Segundo eles, para que a taxa de desemprego permaneça estável de um ano para o outro, o País precisa crescer 3% ao ano. "Considerando as expectativas do mercado para o crescimento em 2010, que variam entre 3,5% a 4%, o desemprego não deve apresentar uma redução expressiva nem um aumento catastrófico", afirmou Lucio.

Segundo ele, se confirmadas as expectativas de crescimento econômico nos próximos meses, a disposição das pessoas em procurar emprego deve aumentar, o que gera impacto na taxa de desemprego. "Atualmente, o mercado de trabalho não atrai muito as pessoas. A taxa de desemprego poderia estar muito maior se a População Economicamente Ativa estivesse crescendo da forma usual. Mas, quando a economia melhorar, essas pessoas vão voltar a procurar emprego, e, por esse motivo, é possível até que o desemprego cresça um pouco, apesar do provável aumento dos postos de trabalho."

SÃO PAULO — A diminuição dos empregos no setor de Serviços da Região Metropolitana de São Paulo foi a responsável pelo pequeno crescimento da taxa de desemprego do País em julho ante junho, de 14,8% para 15%. A variação de 0,2% é avaliada como estabilidade pelos coordenadores da Fundação Seade e do Dieese. (Leia mais no Estadão)

Abimaq: uso da capacidade instalada atinge 81,7% em julho

É um bom sinal a recuperação neste setor. Apesar de demorar, deve ter reflexo ainda que tardio no nível do emprego.

Leia mais: Dado revela recuperação, mas ainda está muito inferior ao registrado em julho do ano passado (86,8%).

O nível de utilização da capacidade do setor de máquinas e equipamentos atingiu no mês de julho 81,7%, ante 80,9% em junho. Segundo dados divulgados nesta quarta-feira, 26, pela Abimaq, apesar de exibir recuperação na comparação na margem, o dado ainda está muito inferior ao registrado em julho de 2008 (86,8%).

Segundo o presidente da Abimaq, Luiz Aubert Neto, os sinais de recuperação da crise ainda não estão consolidados. A seu ver, o setor exibe um pouco de recuperação, mas o quadro só deve estar mais claro a partir de outubro, quando devem começar a surtir efeitos as medidas de estímulo para o setor. Ele citou especificamente os recursos colocados à disposição pelo BNDES, em linha que começou a ser liberada a partir de 27 de julho.

De acordo com a Abimaq, o BNDES já liberou por meio dessa linha especial, com taxa de juros de 4,5% ao ano, um total de R$ 520 milhões, beneficiando tanto o setor de máquina e equipamentos como o de caminhões e ônibus.

Outro indicador que confirma o crescimento gradual do setor é o número médio de semanas para atendimento de pedidos pelas empresas, que subiu de 19,5 semanas em junho para 19,7 em julho. No sétimo mês de 2008, essa média era de 22 semanas.

Por outro lado, um indicador que mostra que a recuperação ainda não é consistente é o do emprego. No mês de julho, o número de pessoas empregadas pelo setor caiu 0,5% ante junho, para 230 mil trabalhadores. Em relação a julho de 2008, a queda foi de 6,2%. Desde outubro de 2008, houve o fechamento de 20 mil postos de trabalho nas indústrias de máquinas e equipamentos. (Leia mais no Estadão)

IBGE: salário em serviços teve alta real de 9,3% em 2007

Temos que esperar as estatísticas mais recentes. Mas pelo que sentimos todo esse ganho deve ter desaparecido com a crise. Mas é esperar novos dados para comparar e avaliar com mais precisão.

Leia mais: O setor de serviços registrou um crescimento real (descontada a inflação) de 9,3% dos salários, retiradas e outras remunerações em 2007, na comparação com 2006, de acordo com a Pesquisa Anual de Serviços (PAS) 2007, divulgada hoje pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Não se trata de salário médio, mas do conjunto de remunerações, incluindo comissões e outras rendas.
Na comparação com 2006, os maiores aumentos reais do total de remunerações no setor de serviços vieram do grupo "Outras atividades de serviços", com 28,6%, principalmente da parte de serviços financeiros de corretoras e distribuidoras de valores mobiliários pela alta da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa). Também houve aumento expressivo nas atividades imobiliárias e de aluguel de bens (18,6%), nos serviços de informação (10,3%) e nos serviços prestados às famílias (9,8%).
A PAS abrange só uma parte do setor de serviços que aparece como componente do PIB. Enquanto na pesquisa de Contas Nacionais, o setor de serviços representava 65,8% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2006, os setores contemplados pela PAS representavam apenas 13,3% do PIB no mesmo ano.
Salário médio — O salário médio mensal dos trabalhadores do setor de serviços registrou ganho real de 1,5% em 2007 em relação a 2006, revelou a PAS. Na comparação com 2003, o ganho salarial real foi de 6,3%, informou a gerente de Análise de Dados da Coordenação de Serviço e Comércio do IBGE, Juliana Vasconcellos.
Ela explicou que é tradicional no IBGE fazer as comparações salariais com base no salário mínimo, o que, no caso da PAS, resulta em queda nas duas comparações. No entanto, não há um recuo das remunerações em valor real. "O salário mínimo está crescendo mais que as demais remunerações", disse Juliana. Ela comentou que 2007 "foi um ano muito bom para a economia".
Juliana ressaltou que os segmentos que tradicionalmente pagam mais, como telecomunicações e o setor aéreo, apresentaram as maiores quedas proporcionais. Isso porque são segmentos em que a remuneração não está atrelada aos reajustes do salário mínimo. A PAS de 2007 tem como foco a evolução de empregos e salários no setor. (Leia mais no Estadão)

Crédito ainda não flui para empresas menores

É outra situação histórica no Brasil. Não tem nada a ver com a crise. Os bancos privados e até os públicos exigem dos pequenos empresários garantias fora do alcance deles, saldo médio que não possuem, e não investem na produção e no crescimento destas empresas que são dirigidas por homens e mulheres que entregam suas vidas para desenvolver o País.

Leia mais: De junho para julho as grandes tendências do crédito no Brasil se mantiveram as mesmas. Observando-se os dados na abertura pelas grandes categorias de tomadores de crédito, prosseguiu o crescimento das concessões às pessoas físicas, enquanto o volume de empréstimos às empresas continuou fraco (movimentos que não foram interrompidos até meados de agosto, de acordo com os dados parciais divulgados pelo Banco Central).

Já a participação relativa das grandes categorias de credores -bancos públicos e bancos privados- também evoluiu na mesma direção que vem sendo verificada desde outubro do ano passado (momento em que a crise global de travamento do crédito se aprofundou dramaticamente). O peso dos bancos públicos no estoque total de empréstimos aumentou novamente, e até com maior velocidade do que nos meses anteriores, ao passar de 38,5% para 40% entre junho e julho.

É óbvio que essa elevação foi inflada por uma operação gigantesca (que envolveu desembolso, no mês, da ordem de R$ 19 bilhões) entre o BNDES e a Petrobras. Mas, mesmo quando se exclui das contas esse empréstimo de dimensão excepcional, a conclusão não se altera: os bancos públicos continuaram, em julho, a ampliar sua participação no mercado de crédito.

Pelo lado do crédito às famílias, o aperto verificado no final de 2008 parece definitivamente superado: o aumento da confiança dos consumidores e a recuperação do mercado de trabalho prenunciam uma continuidade da alta das concessões.

Mas é evidente que duas dificuldades, entrelaçadas, ainda não foram superadas: a escassez de crédito para as empresas (sobretudo as de menor porte) e a timidez da oferta de crédito pelas instituições privadas.

Anunciado em meados de maio, o Fundo Garantidor de Crédito -que ressarcirá a instituição financeira que vier a sofrer inadimplência em novos empréstimos concedidos a empresas médias e pequenas- só muito recentemente começou a operar. Dentro de algumas semanas saberemos se ele se revelará eficaz para aliviar a asfixia de crédito de que muitas empresas de menor porte ainda vêm padecendo. (Leia mais na Folha)

Câmara aprova usar até 30% do FGTS no PAC

Deputados também autorizam governo a elevar transferência de recursos para o fundo de investimento do FGTS.

A Câmara dos Deputados autorizou os trabalhadores a usarem até 30% do saldo na conta do FGTS para aplicar no fundo de investimento criado pelo governo para financiar as obras de infraestrutura do PAC. O limite atual, proposto pelo governo, é de 10%.
Os deputados também aprovaram permissão para o governo aumentar a transferência de recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço para o fundo de investimento do próprio FGTS. O limite passa a ser o de 80% do patrimônio líquido do fundo registrado em 31 de dezembro do exercício anterior àquele em que der a autorização para a integralização das cotas. Atualmente, o limite já é de 80%, mas do patrimônio líquido registrado em 2006.
As mudanças foram incluídas na MP 464, que permitiu ao governo injetar verba em fundos de aval para micro e pequenas empresas, visando fomentar o mercado de crédito para esse setor. A MP, que ainda será votada no Senado, trata ainda da liberação de R$ 1,9 bilhão para Estados e municípios para o incentivo às exportações.
O líder do DEM, deputado Ronaldo Caiado (GO), criticou a alteração feita pelo relator da MP, deputado Átila Lins (PMDB-AM). Para Caiado, a emenda não tem nenhuma relação com a medida. Ele lembra que o presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), proibiu os chamados "contrabandos", ou seja, a inclusão de temas diferentes do original da medida provisória.
Caiado pediu questão de ordem, que foi rejeitada por Temer. O deputado deve recorrer da decisão à Comissão de Constituição e Justiça. Ele disse ainda que as mudanças têm o único intuito de direcionar mais recursos para o PAC em ano pré-eleitoral. "Isso é uma clara tentativa de buscar mais verbas para o PAC. Então que façam uma MP apenas para isso."
Átila Lins disse que o uso do fundo só até 2006 estava engessando projetos estruturantes do país. "O fundo estava parado, por isso fiz a mudança." (Leia nais na Folha)