sexta-feira, 29 de maio de 2009

Ampliar, com urgência, oferta de crédito a juros e a spreads baixos para minorar efeitos da crise no emprego

Crédito ainda é insuficiente e caro', diz Mantega sobre a crise

Bastou uma melhora nos indicadores de saída deste desastre financeiro para ter uma pressão, saudável, sobre o crédito e encontrar mais uma vez, uma barreira de parte dos bancos privados em torno dos juros, que continuam altos, e do spread mais altos aindas. A tendência está posta. Ou os bancos privados reassumem sua função de banqueiros, ou seja, de fornecedores de crédito que permitam às empresas sobreviver, ou teremos o espaço cada vez mais ocupado pelos bancos oficiais. A crise nos ensinou que acabou a fase da especulação e que a produção volta para a pauta da economia, com investimentos em serviços e no comércio. Mas para que esses setores funcionem é preciso crédito e não especulação.

Leia mais: Ministro avalia, porém, que está havendo evolução nas operações, com recuperação maior para a pessoa física

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou quinta-feira, 28, que o crédito disponível no País ainda é insuficiente e caro. "Mas em relação ao quadro bastante crítico do final do ano passado, há uma distensão do crédito", disse.

Ele destacou que está havendo uma evolução dessas operações, com recuperação maior do segmento de pessoa física. Ele lembrou que a oferta de crédito teve seu ápice em abril e maio de 2008 e apresentou uma queda forte no último trimestre do ano passado e em janeiro deste ano.

Mantega disse que para a pessoa jurídica, embora haja uma recuperação da oferta, o volume de crédito ainda está aquém do que é necessário. "O crédito está voltando, mas não é suficiente para suprir a necessidade da economia brasileira", disse o ministro.

Ele afirmou que tem notado, nas últimas semanas, uma reação maior no sistema financeiro. "Me parece que há uma competição maior, os bancos públicos estão ofertando mais crédito e reduzindo juros e os bancos privados estão fazendo a mesma coisa", disse o ministro. Segundo ele, está havendo um alongamento dos prazos. Mantega destacou que no financiamento oferecido pelo setor automotivo já há linhas com 60, 70 e até 80 meses. "O que é uma novidade para o período recente", disse Mantega.

Mantega voltou a criticar os spreads "extremamente elevados" no Brasil. "É um problema crônico antigo e que se agravou na crise", disse. O ministro afirmou ainda que no passado, quando houve crises mais leves, a política do governo era pró-cíclica com aumento de juros e redução dos investimentos. "Agora, podemos reduzir juros e aumentar o crédito".
Mantega lembrou a importância da criação do cadastro positivo cujo projeto está tramitando no Congresso, como instrumento capaz de reduzir os juros e a inadimplência. (Leia mais no Estadão)

Bradesco acirra disputa com bancos públicos — Depois de perder a posição de maior banco privado do País para a fusão entre o Itaú e Unibanco, o Bradesco se arma durante o período de crise, com o intuito de alcançar a concorrência de forma orgânica, passado o momento de turbulência econômica.

Para o diretor da InterCapital Finanças, Fábio de Carvalho Pinto, o crescimento orgânico seria a melhor opção do Bradesco. "Já não há no mercado oportunidades que justifiquem adquirir uma instituição. Não vejo um banco que possa trazer uma quantidade de contas que agregue valor às operações do Bradesco", afirma.

Com vista nesse objetivo, a instituição está alongando prazos de financiamento com garantia, buscando relacionamento com o cliente por períodos mais longos e fidelização. O banco baixou os juros de diversas linhas de crédito imobiliário e aumentou o prazo máximo de financiamento de 25 para 30 anos. No crédito para veículos, a instituição também reduziu taxa e aumentou o prazo de 60 meses para 80 meses. "Principalmente no setor imobiliário, o banco está baixando o tíquete médio e pulverizando riscos. Assim, empresta pouco para muitos e cria uma massa de clientes." Quando compra uma casa com financiamento de 10 ou 15 anos, completa o analista, o cliente estará com a instituição por um longo período, abrindo conta corrente, poupança e comprando outros serviços.

O vice-presidente da instituição, Norberto Barbedo, admite ser essa a intenção, além de ganhar market share no setor imobiliário, com ênfase nas classes mais baixas. "Esses clientes ainda farão negócios com o banco por 5, 15 e até 30 anos. Teremos uma política agressiva em relação a clientes com rendimento entre três e 10 salários mínimos." Além disso, o banco projeta um crescimento na participação nesse de mercado em 18 meses, que passaria de 22% para 26%. "Vamos entrar para vencer. Queremos uma participação condizente com o tamanho do Bradesco", garante.

Para o diretor executivo do banco, Ademir Cossielo, não se podia esperar a crise passar para posicionar-se em relação às taxas e prazos de suas linhas de financiamento. "Estamos muito atentos às condições de mercado e é preciso tomar um posicionamento imediato. O Bradesco é um banco muito ativo, com grande capilaridade. Não podíamos esperar passar esse momento econômico", diz.

O diretor da InterCapital, Carvalho Pinto, acredita que o Bradesco, terceiro colocado no ranking por ativos nacional, com R$ 482,141 bilhões, possa levar vantagem nesse processo de crescimento. "Enquanto ele já está crescendo organicamente e de forma estruturada, seus principais concorrentes estão se integrando depois de fazerem fusões e aquisições." O Itaú Unibanco, líder no ranking, com R$ 618,943 bilhões, planeja estar integrado em dois anos. Já o Banco do Brasil, segundo colocado, com R$ 591,925 bilhões, adquiriu recentemente o Nossa Caixa e 50% do banco Votorantim.

Governo — Para Carvalho Pinto, a pressão do governo sobre as instituições financeiras, em particular seus bancos - Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal - ainda não surtiu efeito no sistema financeiro nacional. "A queda dos juros chegou ao tomador final por conta de uma queda da Selic. Os bancos, porém, continuam muito rígidos na concessão de crédito", analisa o executivo. Segundo ele, mesmo os bancos federais teriam mais folga nas concessões ao crédito habitacional, graças ao programa do governo "Minha Casa, Minha Vida", e estariam mais restritivos no crédito ao consumo. "Essas instituições estão em linha com a plataforma do governo atual. Já no crédito ao consumidor, todas as instituições seguem rígidas na hora da avaliação, com temor da inadimplência." Ele explica que o dinheiro emprestado agora, sem uma avaliação correta, pode se tornar um problema futuro por falta de pagamento. (Leia mais no DCI)

PAC 2 anos: apenas 3% das obras estão concluídas

A UGT apoiou o PAC desde o primeiro momento. Mas cada vez mais temos a triste sensação que o Pac empacou. Estamos deixando escapar a grande oportunidade de trazer o Brasil para o presente, com a modernização de nossa malha viária, de nossa infra-estrutura e de recolocar o Brasil entre os grandes do mundo com uma acelerada geração de emprego na construção civil, em obras e no saneamento básico. Com a possibilidade, que era real, de construção de mais escolas, hospitais e moradias populares. Vamos continuar a apoiar as iniciativas do governo Lla em torno do PAC, mas do jeito que está, o Pac empacou.

Leia mais: Levantamento inédito realizado pelo Contas Abertas, com base nos relatórios estaduais divulgados pelo comitê gestor do programa, aponta que de um total de 10.914 empreendimentos distribuídos nas 27 unidades federativas do país, apenas 3% foram concluídos e 74% sequer saíram do papel nos dois primeiros anos do PAC. As informações englobam investimentos previstos pela União, empresas estatais e iniciativa privada - período 2007-2010 e pós 2010 - atualizados até dezembro de 2008.

Em relação à quantidade global de empreendimentos, o estado de São Paulo é o mais bem contemplado pelo PAC, com 1.051 projetos exclusivos do programa. Também é o estado com o maior número de obras em andamento (287) e com a maior porção de projetos concluídos em relação às demais unidades federativas (39).

Apesar disso, outros 725 empreendimentos no estado mais rico do país ainda estão no papel; em fase de contratação ou contratado, licitação ou apenas no estágio de ação preparatória. O trem de alta velocidade que ligará as cidades do Rio de Janeiro, São Paulo e Campinas, por exemplo, ainda está listado como ação preparatória, tal como outros quatro projetos para o aeroporto de Viracopos, em Campinas, e dois para o aeroporto internacional de Guarulhos.

Já o estado de origem da ministra-chefe da Casa Civil e "mãe do PAC", Dilma Rousseff, é o segundo em quantidade de obras previstas e o terceiro em empreendimentos concluídos. Em Minas, são 1.005 projetos, dos quais 776 ainda estão no papel, o equivalente a 77% do total de obras no estado, como a construção da pista dupla do contorno de Belo Horizonte, BR-381, que está em fase de ação preparatória. Outros 204 projetos estão em andamento. De acordo com o relatório estadual, 25 obras exclusivas para Minas Gerais foram finalizadas. (Site Contas Abertas)

OIT prevê aumento sem precedentes no desemprego mundial

Infelizmente as previsões da OIT colocam o mundo como um ambiente inseguro para os trabalhadores, responsáveis pela geração de riqueza. Não há geração de riqueza sem trabalho, sem o esforço físico e mental dos trabalhadores. Temos que nos concentrar nos efeitos desta brutal crise de emprego aqui no Brasil e na América Latina, insistindo para que os governos invistam, mantenham as obras e mobilizem os cidadãos e os setores econômicos para trabalharem, conjuntamente, contra a crise, priorizando as agendas de investimentos em construção civil, em obras de infra-estrutura, com políticas de juros baixos e com baixos spreads bancários.

Leia mais: A Organização Internacional do Trabalho (OIT) divulgou nesta quinta-feira em Genebra, na Suíça, novas projeções sobre o mercado de trabalho para 2009, que mostram um novo aumento do desemprego, do número de trabalhadores pobres e das pessoas com empregos vulneráveis. O relatório projeta entre 210 e 239 milhões de desempregados para 2009. Isso corresponde a taxas de desemprego mundial de 6,5 % e 7,4% , respectivamente.

As projeções assinalam um aumento de entre 39 e 59 milhões de desempregados, em relação aos números de 2007. A cifra final dependerá da efetividade dos gastos fiscais dos governos e do funcionamento do setor financeiro.

" Estamos vivendo um aumento sem precedentes no nível mundial de desemprego e do número de trabalhadores em risco de cair na pobreza. Isto é motivo de séria preocupação "

Ao apresentar os novos dados, o Diretor-Geral da OIT, Juan Somavia, disse que a Conferência Internacional do Trabalho, que será realizada em Genebra entre 3 e 19 de junho, discutirá um "pacto mundial para o emprego" de emergência planejado para promover uma resposta política coordenada à crise mundial de emprego.

- Estamos vivendo um aumento sem precedentes no nível mundial de desemprego e do número de trabalhadores em risco de cair na pobreza. Isto é motivo de séria preocupação - disse Juan Somavia.

As projeções atualizadas sobre a pobreza global assinalam que 200 milhões de trabalhadores estão em risco de passar a fazer parte do segmento de pessoas que vive com menos de dois dólares por dia entre 2007 e 2009.

Entre os jovens espera-se que o número de desempregados aumente entre 11,6 milhões e 17,7 milhões entre 2008 e 2009. Prevê-se que a taxa de desemprego dos jovens aumente cerca de 12,2 % em 2008 para 14,1 % a 15,1% em 2009. (O Globo)

Atividade da indústria paulista cai 14,4% em abril e Fiesp prevê retração de pelo menos 5% em 2009

O Indicador de Nível de Atividade (INA), que mede o desempenho da indústria de transformação paulista, caiu 14,4% em abril, frente a igual mês do ano passado, e 1,6% em relação a março, na série sem ajuste sazonal, segundo dados divulgados nesta quinta-feira pelo Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp) e pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). E a previsão da Fiesp é de uma retração de pelo menos 5% em 2009, considerando uma projeção otimista para os próximos oito meses.

Na série com ajuste sazonal, o desempenho da indústria paulista ficou praticamente estável em abril, frente a março, com alta de 0,1%, na série com ajuste sazonal, contra 0,5% em março.

Nos últimos 12 meses, a variação do INA ficou negativa em 3,6% No acumulado do primeiro quadrimestre, o INA declinou 14,6% ante o mesmo intervalo de 2008.

Já as vendas reais da indústria paulista apontaram queda de 10,2% em abril frente ao mês de março, sem considerar ajuste sazonal. Na comparação com abril do ano passado, as vendas caíram 2,8%.

Dados revisados pela Fiesp indicam que, no mês de março, as vendas reais cresceram 20,1% sobre fevereiro, e não 18,7%, conforme havia sido divulgado.

No acumulado dos primeiros quatro meses deste ano, as vendas ficaram 0,3% menores do que o apurado no mesmo período de 2008.

E o nível de utilização da capacidade instalada (NUCI) da indústria de transformação paulista foi de 78,4% em abril, sem ajuste sazonal, maior do que aquele apurado em março, de 77,1%. Em abril de 2008, esse percentual havia sido de 82,6%.

Na série com ajuste, o NUCI ficou em 78,9% no quarto mês de 2009, superior aos 76,9% apurados um mês antes e inferior aos 83,1% de registrados em abril do ano passado.

Queda de pelo menos 5% este ano — A projeção de queda de 5% do nível de atividade da indústria paulista leva em conta uma projeção, considera "otimista", de que haverá crescimento mensal de 2,4% ao mês, sem ajuste sazonal, pelo próximos oito meses.

Walter Sacca, diretor-adjunto do departamento de pesquisa econômica da Fiesp admitiu, no entanto, que crescimentos desse porte nas comparações mês a mês são "muito difíceis de serem alcançados". Sacca não fez, entretanto, nenhuma outra estimativa que contemple cenários mais realistas ou pessimistas.

Até hoje, a Fiesp vinha protelando a divulgação de sua projeção para o ano, tendo em vista o quadro de incertezas criado pela crise econômica internacional. (Valor online)