segunda-feira, 8 de junho de 2009

O principal indicador de saída da crise é a recuperação do nível de emprego com a recuperação salarial


O que interessa é o emprego

(Postado por Chiquinho Pereira) — Basta uma olhada recente nos jornais  que a gente garimpa aqui e ali notícias favoráveis de recuperação da economia. De repente o crédito está voltando, o consumo aumenta, os indicadores indiretos estão todos favoráveis. Encontramos até notícias de que a Bolsa de Valores é, de novo, uma boa opção de investimento. Muito bem. Mas e os reflexos desta superação da crise nos indicadores de emprego? Porque ainda está para ser descoberto recuperação de consumo, de mercado interno sem a recuperação dos salários, sem a contratação de trabalhadores, sem a reposição das mais de 600 mil vagas perdidas durante a crise. Além disso, ainda paira no ar, pelo menos do ponto de vista patronal, as desculpas que envolvem a crise financeira mundial para recusar reajustes reais durante as negociações salariais. No nosso setor, por exemplo, os donos de padaria quando consultados por jornalistas, dizem que o consumo vai bem obrigado. Mas quando negociam com os trabalhadores, afirmam que estão em crise e que não poderiam repassar os ganhos. O que confirma nossa tese, enquanto não se resolver a crise do ponto de vista dos trabalhadores, não adianta a manipulação de notícias e tentar reaquecer a economia através de campanhas positivas. Queremos a plena recuperação do emprego, a recuperação do valor dos nossos salários, queremos, enfim, voltar a participar com nosso esforço pleno de trabalhadores, de cidadãos e de brasileiros da grande obra de fazer o Brasil crescer.

Com R$ 100 bi a mais, consumo puxa reação

Quadro de recessão pode estar no fim. Quase R$ 100 bilhões em recursos extras deverão ser injetados no consumo dos brasileiros neste ano, especialmente no segundo semestre. Esse dinheiro, proveniente do aumento da massa de rendimentos e da ampliação da oferta de crédito, viabilizada pela queda dos juros, deverá transformar a demanda doméstica no motor da recuperação da economia prevista para o segundo semestre.

A retomada do mercado interno deixa para trás o cenário de recessão técnica, marcado por dois trimestres consecutivos de queda do Produto Interno Bruto (PIB), que vai ser confirmado terça-feira pelo IBGE. Projeções do mercado indicam queda entre 3% e 0,75% do PIB no primeiro trimestre, segundo a Agência Estado. No último trimestre de 2008, o PIB caiu 3,6% em relação ao trimestre anterior.

Nesta semana, além de ser conhecido o PIB do primeiro trimestre, o Comitê de Política Monetária (Copom) se reúne e deve anunciar um novo corte na taxa básica de juros (Selic), o que deve contribuir para a recuperação da economia. Desde o início do ano, a Selic já caiu 3,5 pontos porcentuais, para 10,25% ao ano. Os efeitos desse corte nos juros devem ter impacto maior na atividade no segundo semestre. "Leva ao menos seis meses para que as reduções na Selic comecem a repercutir", diz Sergio Vale, economista-chefe da consultoria MB Associados.

A queda dos juros abre espaço para a ampliação da oferta de crédito e o alongamento dos prazos ao consumidor. Nas projeções da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), a oferta de financiamentos para pessoas físicas deve crescer R$ 54,5 bilhões este ano, que correspondem a um aumento de 20% no saldo de dezembro de 2008. Desse total, R$ 40,3 bilhões deverão ser injetados na economia de maio a dezembro.

"Há perspectiva de aceleração da oferta de crédito para o segundo semestre", diz Miguel Ribeiro de Oliveira, vice-presidente da Anefac. "A queda na Selic e a inadimplência controlada deixam os bancos mais confortáveis para emprestar."

Sozinha, a queda dos juros não tem força para dar grande impulso à demanda. Estudo da MB indica que a massa de renda real das famílias deve ter acréscimo de R$ 42,9 bilhões em 2009. Desse total, R$ 26,6 bilhões virão dos cofres do governo. Isso inclui o reajuste do funcionalismo, o aumento do salário mínimo e a ampliação do Bolsa-Família. "A maior parte do reajuste do funcionalismo está programado para junho e o Bolsa-Família vai incorporar 500 mil famílias em agosto e 500 mil em outubro, além de ter aumentado o valor do benefício", diz Vale.

O varejo já faz contas de quanto vai expandir os negócios. "Estamos otimistas", diz Valdemir Colleone, diretor de R elações com o Mercado da Lojas Cem. "O nosso faturamento do segundo semestre deve crescer 8%." (Leia mais no Estadão)

Brasileiro vê crise amena, indica Datafolha

População se diz mais informada sobre a crise econômica global e não espera elevação de desemprego ou inflação. Faixa de renda de até dois salários mínimos é a mais preocupada; levantamento sugere que crise não deve mudar hábitos de consumo.

Pesquisa Datafolha revela que os brasileiros se consideram hoje mais bem informados sobre a crise econômica do que há dois meses.

E metade dos entrevistados diz acreditar que a retração mundial terá efeito modesto sobre a economia brasileira e sobre o país em geral.

A percepção de que o Brasil será só um pouco prejudicado pela turbulência econômica internacional é comum a todas as regiões do país, mas não a todas as faixas de renda.

Pessoas com renda inferior a dois salários mínimos são mais pessimistas: 36% dizem que o Brasil será muito prejudicado pelo cenário recessivo.

A confiança avança paralelamente à faixa de renda. Entre os que ganham mais de dez salários mínimos, o índice recua para 29%.

Fernando Sampaio, sócio-diretor da consultoria LCA, diz que os trabalhadores de menor renda tinham começado a ter acesso ao crédito e a assistir à queda na taxa de desemprego do país antes da crise.

Com os cortes dos últimos meses, que eliminaram primeiro vagas de menor qualificação, ficaram mais sensíveis a mudanças na economia.

"As famílias de baixa renda estão com o nariz na linha d'água. Qualquer maré assusta", afirma Sampaio.

Mauro Paulino, diretor-geral do Datafolha, argumenta, entretanto, que as pessoas veem a retração da economia de forma mais amena, sem esperar avanço do desemprego ou da inflação nos próximos meses.

"O brasileiro não está mais tão preocupado com a crise", na avaliação de Paulino.

As mulheres brasileiras são mais pessimistas que os homens. Segundo o Datafolha, 40% das mulheres creem que o Brasil será muito prejudicado, contra 29% dos homens.

Para o coordenador da pesquisa, o cotidiano das pessoas não foi tão afetado como o das empresas, o que explicaria a percepção menos pessimista sobre a crise internacional.

Consumo — Pesquisas anteriores do Datafolha mostraram que os consumidores não mudaram significativamente hábitos de compra, principalmente em relação a bens que não dependem de crédito, por medo do desemprego ou da queda no ritmo de crescimento econômico.

Paulino ressalta ainda que a confiança dos entrevistados no governo também contribuiu para que os brasileiros acreditassem que o Brasil superará a crise internacional.

De acordo com Eugenio Foganholo, diretor da Mixxer, consultoria especializada em varejo, os brasileiros continuam consumindo, mas estão mais conservadores. No início do ano, segundo ele, as vendas feitas por meio do crediário diminuíram, e as compras à vista cresceram.

"O comportamento no início do ano refletiu a preocupação dos trabalhadores com o desemprego, e houve queda nas vendas de bens duráveis. Recentemente, o cenário se desanuviou, e o consumo tem se mostrado normal", afirma Foganholo.

Sampaio observa, porém, que a percepção de que o Brasil será pouco afetado pela crise é equivocada. "Saímos de um crescimento do PIB [Produto Interno Bruto] de 6% ao ano para uma retração no quarto trimestre de 2008 e, provavelmente, no primeiro trimestre deste ano", afirma Sampaio. (Leia mais na Folha)

Minas Gerais assume a segunda posição na geração de empregos no Brasil

Se o principal sintoma da recuperação da economia é a empregabilidade, como afirmou o ministro do Trabalho e Emprego, Carlos Lupi, durante a coletiva do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), Minas Gerais representa bem esse papel. Com 15.602 empregos gerados no mês de abril, o Estado teve o segundo melhor desempenho do Brasil e da Região Sudeste e apresentou alta de 0,46% em relação ao mesmo período do mês anterior.

O maior impulsionador dessa recuperação foi o setor da agropecuária, responsável pela criação de 6.954 novos postos de trabalho e também pelo maior índice de crescimento, 2,49%. Serviços criou 4.880 empregos, com destaque para o subsetor administração de imóveis, com 1.460 (0,45%); seguido de alojamento, alimentação, reparação e manutenção, com 1.165 (0,26%); e ensino, 1.063 (0,89%).

Indústria de transformação empregou 2.436 novos trabalhadores; construção civil, 1.219; serviços industriais e de utilidade pública, 171; administração pública, 28. Apenas dois setores da economia apresentaram negativa no Estado: extrativa mineral e comércio, com -11 e -75, respectivamente.

No acumulado dos últimos doze meses, Minas Gerais gerou 21.192 empregos formais, número que representa um crescimento de 0,65%. Cinco, dos oito setores da economia apresentaram crescimento ao longo do último ano.

O mês de abril apresentou saldo de 106.205 novos postos de trabalho com carteira assinada. O resultado representou crescimento de 0,33% em relação ao estoque de março, sendo o melhor resultado mensal de 2009 e o terceiro mês consecutivo de expansão na empregabilidade formal. Tal geração parece indicar a consolidação do quadro de recuperação do emprego após os saldos negativos do pico dos impactos da crise econômica mundial.

"O principal sintoma da recuperação da economia é a empregabilidade. Onde tem crescimento, tem geração de emprego. Na minha avaliação, vamos viver em 2009 o inverso de 2008. Ano passado tivemos um início mais forte e depois a queda por conta da crise. Esse ano tivemos um começo ainda impactado pela turbulência financeira internacional, mas já verificamos a recuperação. Ouso prever que teremos uma geração de 1 milhão de postos até o final do ano. E crescimento da economia de mais de 2%", disse o ministro Carlos Lupi, durante coletiva. (Folha de Blumenau)

Mulheres aumentam a capacidade competitiva das empresas

Interessadas em melhorar a diversidade de ideias, companhias têm se preocupado mais em aumentar a proporção de mulheres no quadro de funcionários. As mulheres já aumentaram sua presença dentro das empresas, mas ainda são poucas em posição de liderança.

A presença de mulheres dentro das empresas tem aumentado, mas ainda representa uma minoria. Levantamento feito pelo Instituto Great Place to Work mostra que o grupo feminino representa hoje 44,5% do total de funcionários das 10 Melhores Empresas Brasileiras para se Trabalhar. Essa proporção diminui quando se observa os cargos mais altos. Nas cadeiras de liderança as mulheres são 33% do total e no topo das organizações, entre presidentes ou CEOs, a relação desaba para 8%.

O que essa diferença significa para a empresa? Na opinião de Michel Levy, presidente da Microsoft Brasil, o baixo número de mulheres pode afetar a capacidade competitiva da empresa. “Quanto maior a diversidade de pessoas e idéias, maior a flexibilidade das empresas para superar os problemas”, disse o executivo durante evento promovido pelo instituto Great Place to Work e Microsoft, que discutiu as boas práticas para as mulheres dentro das empresas.

Mais do que um desejo, a presença feminina é um pré-requisito dentro da Microsoft. Tanto que a empresa está realizando mundialmente um trabalho de equiparação de gêneros. Hoje, dos 577 funcionários da companhia no Brasil, 27% são mulheres. Já entre os 12 diretores que se reportam diretamente ao presidente, quatro são mulheres. Uma dessas mulheres é Claudia Ferris, que está à frente da diretoria de grandes negócios da Microsoft.

Há 14 anos na empresa, a executiva afirma que já teve de falar mais grosso e mais alto do que gostaria para ser levada a sério. “Quando comecei na área de vendas, tinha apenas 25 anos. Nas reuniões, sentia que a qualquer momento os clientes iriam perguntar onde estava o meu chefe”, lembra. Claudia afirma que, apesar do desejo de querer receber o mesmo tratamento e ter as mesmas oportunidades, as mulheres continuam apreciando as gentilezas. “Gosto que me dêem preferência para entrar e sair do elevador”, conta a diretora da Microsoft.

Características "mais femininas" como a sensibilidade, têm sido cada vez mais valorizadas no ambiente corporativo. No entanto, muitos lamentam que algumas mulheres, quando chegam num cargo de chefia, tendem a endurecer. "Já ouvi muitos funcionários reclamarem da tirania de suas chefes", conta o Miguel Anjel Filgueira Monzu, diretor de RH da AstraZeneca.

A explicação para este tipo de comportamento está na própria formação dessas profissionais. "O modelo de liderança para as mulheres que hoje estão na faixa etária acima de 35 anos é todo masculino. Elas seguem os padrões e os exemplos que tiveram durante sua vida", afirma Alessandra Paulelli, gerente de recursos humanos da Microsoft. (Leia mais na Época Negócios)

Mangabeira quer legislação que obrigue empresas a repartir lucros com funcionários

O ministro-chefe da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, Mangabeira Unger, defendeu hoje (21) mudanças na legislação trabalhista, baseadas em desoneração da folha de pagamentos, novas regras para funcionários terceirizados e repartição dos lucros entre os empregados. Mangabeira participou do 25o Encontro Nacional de Sindicatos Patronais do Comércio, que ocorre até amanhã (22) no Rio.

 “Agora é o momento para começar a romper a camisa de força de instituições, práticas e idéias que reprimem a vitalidade do povo brasileiro. Temos que construir um novo modelo de desenvolvimento, baseado na ampliação de oportunidades para aprender, trabalhar e produzir. Transformar isso no motor do crescimento”, disse Mangabeira, para cerca de 400 empresários do comércio.

Segundo ele, há uma segunda classe média emergente no país que luta por inclusão no mercado de trabalho. “Ao lado da classe média tradicional fragilizada, surge outra classe média, mestiça, morena, de milhões de brasileiros que vêm de baixo, que lutam para abrir pequenos negócios, estudam à noite, se filiam a novos clubes e novas igrejas. Quase desconhecida das elites brasileiras, esta segunda classe média já está no comando do imaginário popular”, afirmou.

Para alcançar o crescimento socialmente includente para esses milhões de brasileiros, afirmou o ministro, um dos passos mais importantes é a reconstrução das relações entre trabalho e capital no país, o que não acontece desde o período de Getúlio Vargas, responsável pela criação da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).

 “Eu não quero [destruir a CLT]. Quero é uma grande renovação. Desde o início de 2008, comecei a procurar as seis maiores centrais sindicais e as organizações empresariais, a pedido do presidente Lula. Precisamos de outro caminho. É algo que temos que fazer, se queremos o Brasil grande e livre”, disse.

De acordo com Mangabeira, das três mudanças, a primeira a ser posta em prática deve ser a divisão do lucro das empresas com os trabalhadores, que está prevista na Constituição, mas depende de lei complementar. O projeto já foi entregue por ele ao presidente Lula, que, dentro de mais algumas semanas, receberá outro projeto, o da normatização dos empregados sem vínculo permanente com as empresas, que hoje não têm proteção da legislação.

 “É a formulação de um corpo de regras para complementar a CLT, destinado a proteger e organizar os trabalhadores temporários, terceirizados e autônomos na economia formal”, explicou.

Quanto à desoneração da folha de salários, o ministro disse que deverá ser o último ponto discutido, pois depende de reformas mais profundas, como a tributária e a previdenciária, decididas no Congresso Nacional. Para reduzir os impostos incidentes sobre a contratação de trabalhadores, Mangabeira sugeriu a criação de um imposto geral, a ser diluído em toda a sociedade, mas reconheceu que o assunto depende de um grande debate nacional.