Trabalhadores do mundo todo unidos contra a crise
Participei, representando a UGT Brasil, do evento sindical mundial, em Genebra, na Suíça, na última semana. A reunião foi promovida pela UNE, entidade sindical mundial que representa sindicatos de comerciários, bancários, eletricitários, profissionais de internet, dos correios etc. do mundo inteiro. Lideraram a reunião o diretor geral da Organização Internacional do Trabalho, Juan Somavia e o secretario geral da CSI (Confederação Sindical dos Trabalhadores e Trabalhadoras das Américas), Guy Rider. Em pauta a crise mundial e como os trabalhadores se mobilizarão no mundo todo para pressionar seus respectivos governos a criar proteção para a manutenção do emprego e dos níveis salariais. O consenso que estamos já aplicando ao Brasil, até mesmo antes da conferencia, é exigir contrapartidas governamentais que protejam o trabalho e o emprego nesta crise criada pelos gestores do capitalismo, especialmente os especuladores e agiotas. E que agora afeta todos nós.
Impacto da crise no emprego é mais rápido do que se esperava
Felizmente, nesta época do ano teremos como conter a escalada da crise que mostra seus dentes através da demissão em setores geradores de empregos, como é o caso da construção civil, indústria automobilística e de eletroeletônicos. O governo federal tem tentado fazer o seu dever de casa, conforme pudemos constatar na última reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico que participamos, conduzido pelo presidente Lula e seus principais ministros. Mas percebe-se uma dificuldade imensa de as orientações e inicitivas chegarem até a base da economia, com facilitação do crédito para manter o consumo em níveis aceitáveis. O que se vê é o terrorismo na hora de fornecimento de crédito. Um verdadeiro tiro no pé, pois o exagero e despreparo na concessão de crédito agora se transforma em mais restrições ainda ao consumo, acelerando a crise, através de um círculo vicioso que a ninguém interessa.
Leia mais: Construção civil foi um dos setores mais afetados; segundo sindicato, foram feitas mais de 100 homologações por dia nas últimas 2 semanas
O impacto da crise econômica no emprego foi mais rápida do que o que a maioria dos analistas esperava. Segundo dados de sindicatos e empresas, a crise foi responsável por pelo menos 6,5 mil pessoas nos últimos 45 dias - o número, no entanto, pode ser muito maior, pois as homologações em sindicatos contabilizam apenas as demissões de funcionários com mais de um ano de casa.
"Chegamos a fazer mais de 100 homologações por dia nas duas últimas semanas de outubro", conta o presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil de São Paulo, Antônio de Souza Ramalho. "Porém, todos diziam que os cortes haviam sido mais fortes entre os funcionários com menos de um ano de trabalho. E esses não temos como medir."
A construção civil foi um dos setores que mais demitiram por causa da crise, assim como a metalurgia (que inclui a cadeia automotiva) e os eletroeletrônicos. Até agora foram 2,3 mil, 2,7 mil e 900 demissões confirmadas, respectivamente.
"Existe uma ordem", diz o presidente do instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Marcio Pochmann. "Os setores afetados foram aqueles que demandam que seus consumidores usem mais crédito. Dificilmente uma casa, um carro ou um eletrônico novo cabem com folga no orçamento de uma família."
A Syntax, empresa montadora de PCs e notebooks, por exemplo, demitiu ao todo mais de 100 funcionários em outubro. Na fábrica da Bahia, ficaram só 25 empregados de um total de 100. O corte no escritório administrativo da companhia, em São Paulo, foi de 30 pessoas. Alguns departamentos, como o de pesquisa e marketing, foram extintos.
Pochmann, do Ipea, considerou "surpreendente" a velocidade com que os efeitos da crise chegaram ao emprego. "Esperava uma desaceleração para outubro, mas um resultado negativo foi inesperado", afirmou, sobre a pesquisa divulgada esta semana pela Fiesp.O nível de emprego na indústria paulista caiu 0,41% em outubro, ante setembro, o que significou o corte de 10 mil postos de trabalho. A maior parte dos cortes nas empresas brasileiras ocorreu no Estado de São Paulo, mas a região de Manaus (AM) também foi muito afetada. "Nosso normal era fazer cerca de mil homologações por mês", conta João Brandão, secretário de formação do Sindicato dos Metalúrgicos do Amazonas. "Mas em setembro fizemos 1.439 e em outubro, 1.733."
O setor mais afetado na região é o de eletroeletrônicos. Sony e Evadin já anunciaram mais de 500 demissões por causa de crise. "A Xerox demitiu 60 e está ameaçando fechar sua atuação na região", diz Brandão. "E as empresas fabricantes de motos e autopeças anunciaram férias coletivas. Se não receberem os mesmos incentivos que os automóveis, podem cortar gente em janeiro também", diz o secretário.
A economista Fernanda Batolla, da Credit Suisse Hedging-Griffo, diz que "já esperava um arrefecimento por causa da alta do juros, mas, agora, o efeito se dará mais rapidamente. Fernanda observa que a população ocupada já sem grandes movimentações para cima ou para baixo há três meses. Nas contas da instituição, a taxa de desemprego sairá dos atuais 7,6% para 9% em 2009. (Mais informações no Estadão)
Mercado de veículos tem calote recorde
A General Motors dos Estados Unidos está, segundo as notícias, à beira da falência. O mundo inteiro acompanha a situação com a esperança de o governo do presidente Barak Obama conseguir mecanismos de salvar a empresa. Torcemos para que a GM consiga escapar da atual situação, ainda mais que os reflexos no Brasil seriam catastróficos. NO Brasil, o governo federal e os governos de São Paulo e de Minas Gerais estão agindo para tentar manter os níveis de crédito. Ainda falta uma política clara de contrapartida para a manutenção do emprego e dos salários dos trabalhadores envolvidos nestes setores.
Mas a crise chegou. Temos que gerenciá-lo, minorar o seu impacto sobre a renda e o emprego. E além de patriotas sermos criativos para manter o consumo em bases necessárias para garantir, rapidamente, a retomada da economia.
Leia mais: Dívidas com atraso de mais de 90 dias somam R$ 4,6 bi, segundo o BC. Após recordes seguidos de produção e venda nos últimos meses, o setor automotivo bate mais uma marca. Só que, desta vez, a notícia não é boa e pode ser considerada um dos primeiros e mais dramáticos exemplos do efeito da crise econômica na vida das pessoas.
Em setembro, a inadimplência nos financiamentos para a compra de veículos atingiu o maior patamar da série histórica: 3,83% dos empréstimos apresentavam atraso superior a 90 dias. Isso quer dizer que a dívida pendente dos brasileiros soma R$ 4,6 bilhões. Esse valor que os bancos têm a receber já é superior à ajuda dada recentemente pelo governo federal ao setor, de R$ 4 bilhões.
Nas concessionárias e financeiras, o clima é de muita preocupação com a crise que parecia tão distante meses atrás. A sensação é que a roda do setor - que só andava para frente e em alta velocidade - desacelerou o ritmo e começa a dar sinais de que pode começar a dar ré. Números do Banco Central comprovam o clima de fim de festa.
A inadimplência cresce sem parar desde janeiro e, se forem somados os atrasos mais curtos - superiores a 15 dias, a dívida pendente salta para R$ 13,4 bilhões, ou 11,23% de todos os financiamentos para compra de veículos. Além disso, os novos financiamentos estão rareando. Em setembro, os bancos concederam, na média diária, R$ 207 milhões em crédito para a compra de carros. O valor é muito menor que o recorde recente, visto em dezembro de 2007, quando os empréstimos somavam R$ 308 milhões por dia.
Motivos para essa ressaca parecem não faltar: clientes com endividamento acima do razoável, consumidores que não previam gastos gerados pelo carro e a piora do mercado de crédito explicam a dificuldade em se manter o carnê em dia. (Mais informações no Estadão)
Semana do Empreendedorismo busca despertar iniciativas em meio à crise
Evento ocorre simultaneamente em mais de 60 países até 23 de novembro.
No Rio e em SP, programação conta com palestras, debates e oficinas.
Em meio ao pessimismo e o temor dos efeitos da crise financeira mundial, uma série de eventos quer ajudar a despertar atitudes empreendedoras a partir desta segunda-feira (17). Pela primeira vez no Brasil, a Semana Global do Empreendedorismo acontece simultaneamente em mais de 60 países até o próximo dia 23.
“É até bom que [o evento] esteja acontecendo em meio à crise. No empreendedorismo, crise é igual a oportunidade”, afirma o coordenador de empreendedorismo da Universidade Veiga Filho (UVA), Celso Leonardo Barbosa, um dos idealizadores do Rio Empreendedor, que ocorre de 17 a 19 de novembro.
Na capital fluminense, a programação contará com de workshops, palestras, mesas-redondas, além de debates e oficinas temáticas. Segundo Barbosa, a intenção é que os participantes não apenas troquem conhecimento, mas também ponham planos em prática.
“O participante vai poder botar a mão na massa e até sair com um plano de negócio debaixo do braço. Não é um processo acadêmico, mas mercadológico. A intenção é mostrar que [a iniciativa] não está na mão de grandes empresários, mas de cada um”, diz.
Com alta do dólar, troca de produtos importados por nacionais pode chegar US$ 9 bilhões
Temos com a alta do dólar uma armadilha terrível. De um lado interessa aos exportadores, de outro lado traz inflação para a economia interna. O que decididamente não interessa aos trabalhadores brasileiros. Vamos trabalhar para que o dólar fique no patamar de R$ 1,90 ou R$ 1,95 que manteria o equilíbrio entre a exportação e importação, sem gerar inflação para nossa economia.
Leia mais e acompanhe: A partir do início de 2009, a forte valorização do dólar - que passou de R$ 1,559, a menor cotação do ano em 4 de agosto, para R$ 2,270 até a última sexta-feira, em decorrência da crise financeira internacional - deverá estimular a troca de insumos importados por produtos nacionais em setores, como as indústrias químicas, siderúrgicas, têxteis e de móveis. Isso significa pelo menos US$ 9 bilhões a mais em insumos do mercado interno, segundo estimativa de associações e sindicatos, conforme mostra a reportagem de Bruno Villas Bôas publicada neste domingo.
Na indústria têxtil, fabricantes de roupas e acessórios importaram este ano US$ 1,167 bilhão em fibras, fios, tecidos e filamentos. A fabricante das cuecas D`Uomo, no Rio, suspendeu este mês a importação de poliéster da China, matéria-prima de seus produtos. Vai tirar o produto 100% poliéster de linha e substituí-lo por um 100% de algodão nacional. (Mais informações no Globo online)
Pesquisa mostra que 46% de brasileiros deverão cortar gastos no Natal devido à crise mundial
Toda crise tem um componente de estouro da boiada, quando se perde o bom senso e todo mundo corre para um lado do barco, que neste caso, corre o risco de afundar. É hora de consumir com cuidado, mas sem conter o consumo, pois neste caso significa acelerar a crise, que tem os trabalhadores e a grande maioria da população como principais vítimas. Vamos manter o consumo com bom senso, ou seja, se precisamos do produto ou do serviço, e temos como pagar, vamos consumir. Evitando, claro, os juros extorsivos, as prestações fora da nossa realidade financeira.
Leia mais, avalie com distanciamento, e evite acelerar a crise económica: Estudo inédito realizado, no início deste mês, pela consultoria TNS InterScience em seis capitais de diferentes regiões do país mostra que as famílias brasileiras já reduzem a lista de despesas para o fim do ano e alteram os planos para 2009. Os consumidores estão preocupados e esperam uma queda em seu poder de compra no ano que vem.
Segundo Ivani Rossi, diretora da TNS, a forte retração na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) e os cortes na produção feitos pelas empresas têm um impacto psicológico negativo. Ela revela que 56% das pessoas acreditam que o país será totalmente afetado pela crise mundial.
- O consumidor está reagindo a todos os sinais. As famílias da classe C são as mais pessimistas. Eles (49%) acham que mesmo o Lula tendo boa vontade não vai conseguir conter a influência externa. E, em todas as entrevistas, o medo do desemprego é o que faz o brasileiro frear o seu consumo e apertar o cinto. (Mais informações em O Globo online)
Crédito habitacional terá juros menores
A linha de crédito habitacional exclusiva para servidores públicos federais que estará disponível na Caixa Econômica Federal e no Banco do Brasil deverá contar com os juros mais baixos praticados pelas duas instituições. De acordo com fontes dos bancos, na Caixa a taxa deve ser em torno de 8,4% ao ano mais TR, com prazo máximo de financiamento de 30 anos. No BB, a taxa deve ser de 8,9% ao ano mais TR, com prazo de 25 anos. A estimativa na Caixa é que o volume de recursos destinados para a linha seja de R$ 1 bilhão. Os bancos devem usar recursos captados em cadernetas de poupança para os empréstimos.
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