UGT apresenta, para Lula, suas propostas para pacto nacional contra a crise
Na reunião de hoje com o presidente Lula vamos deixar muito claro que a crise financeira mundial, que nos afeta de maneira dura, tem que ser tratada atacando as suas causas que são de ordem financeira e econômica. Vamos pedir que se reduza a taxa Selic em pelo menos dois pontos percentuais, para gerar um círculo virtuoso e imediato de crédito e de contenção da inadimplência que ameaça especialmente os bancos públicos, já que os bancos privados simplesmente se recusam a exercer sua função social que é a de irrigar os setores privados com crédito. Vamos apresentar também para o presidente a necessidade de se discutir as soluções económicas por setores e exigir contrapartidas formais, através de repasse das ações das empresas em troca dos empréstimos públicos, como é feito nos Estados Unidos. Desta maneira, o governo terá voz e voto nas determinações das companhias e poderá impor um tratamento humano e social na questão do emprego. Vamos mostrar ao presidente nossa preocupação com o excesso de rotatividade, que tem sido usada de maneira indiscriminada tendo como desculpa a crise mundial, mas que na verdade é adotada para arrochar a folha salarial. A crise é violenta, mas não é maior que o Brasil. Por isso, vamos mobilizar os patriotas brasileiros em torno da solução da crise e isolar os banqueiros e empresários que agem pensando apenas no próprio bolso, de maneira irresponsável e socialmente inconsequente. Vamos expor estes quintas colunas que não têm o Brasil como parâmetro e mobilizar a opinião pública a favor de um grande pacto nacional para superar a crise financeira mundial. Leia no link a seguir o texto base que já apresentamos para Carlos Lupi, ministro do Trabalho e que entregaremos hoje para o presidente Lula: http://www.ugt.org.br/images/noticiasimg/propostas_ugt_crise.pdf
Leiam, por favor, os textos do dia:
Lula se reúne com Lupi e centrais sindicais e pode definir medidas para conter demissões
Centrais sindicais devem pedir a ele iniciativas para garantir o emprego.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva se reúne nesta segunda-feira (19) com o ministro do Trabalho e Emprego, Carlos Lupi, e receberá em primeira mão os dados do Cadastro Geral de Emprego e Desemprego (Caged) de dezembro e do ano passado. Na semana passada, Lula pediu ao ministro que preparasse um balanço específico para saber quais setores da economia mais estão demitindo.
Segundo o ministro, de posse dos números Lula deve decidir que medidas podem ser adotadas para impedir o desemprego em massa o país. O governo já está trabalhando há algumas semanas num conjunto de medidas para manter aquecido o setor da construção civil. Essas mudanças devem ser anunciadas ainda nesta semana pelo governo.
Entre janeiro a novembro a geração de empregos formais no país bateu um recorde e foram criadas mais de 2,1 milhões de vagas com carteira assinada, o que representou um aumento de aproximadamente 7,2% em relação total de postos de trabalho em dezembro de 2007. Contudo, o governo teme os efeitos da crise sobre o emprego e o ministro Lupi já disse que espera um número muito alto de desligamentos em dezembro.
Tradicionalmente, segundo ele, são fechadas cerca de 300 mil vagas no último mês do ano. Dessa vez, a expectativa no governo é que esse número seja quase o dobro.
Sindicalistas — A reunião com Lupi precede um encontro do presidente com as centrais sindicais. Os sindicalistas estão preocupados com a onda de demissões por conta da crise financeira internacional e querem uma intervenção do governo para garantir os postos de trabalho.
Na semana passada, o ministro do Trabalho chegou a propor que o governo só concedesse novos financiamentos com recursos do Fundo de Amparo do Trabalhador (FAT) e do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) para as empresas que garantissem o emprego de todos os funcionários.
Cortes podem zerar saldo de vagas em 2008
Os 123 mil postos criados até novembro na indústria de SP devem ter sido zerados com 120 mil demissões em dezembro
Número de demissões no último mês de 2008 é o maior já registrado na década; dados oficiais da Fiesp serão divulgados na quinta
O desemprego em São Paulo se acelerou no final de 2008. A indústria paulista fechou de 100 mil a 120 mil postos de trabalho com carteira assinada em dezembro, número superior ao que ocorre tradicionalmente no mês.
Com esse resultado, a geração líquida de emprego na indústria em São Paulo deve ter praticamente zerado no ano passado. No ano, até setembro, a geração líquida havia sido de 167 mil empregos. Em 2007, foram geradas 104 mil vagas.
Os efeitos da crise mundial começaram a ser sentidos com mais força na indústria paulista a partir de outubro. Naquele mês, foram cortadas 10 mil vagas; em novembro, 34 mil; em dezembro, o total de cortes é estimado entre 100 mil e 120 mil. Em novembro, a geração líquida era de 123 mil vagas.
Os números de dezembro são o resultado preliminar da pesquisa de nível de emprego industrial feita pela Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo). O resultado final será divulgado na quinta.
O total de cortes em dezembro foi o maior já registrado na década. A pesquisa da Fiesp é realizada desde 1981, mas já sofreu várias mudanças metodológicas, e por isso é difícil fazer uma comparação tomando por base toda a série histórica.
O universo abrange cerca de 3.000 empresas e o levantamento é feito com base no número de empregados no último dia do mês.
Em relação a novembro, o número de dezembro representa queda de cerca de 5,5% no total de postos de trabalho na indústria paulista. Dezembro normalmente é um mês de retração do emprego na indústria, mas a queda nunca passa de 3,5%, percentual já considerado alto pelos técnicos.
Em dezembro de 2007, foram fechadas 76 mil vagas na indústria, um número elevado, mas que tinha sido inchado pelo fato de as empresas terem adiado as demissões de novembro. Mesmo assim, a indústria paulista fechou 2007 com expansão de 5,01% na oferta de emprego, o que significou a geração líquida de 104 mil vagas.
O total de cortes na indústria paulista em dezembro explica em parte o recorde de demissões com carteira assinada no Brasil na pesquisa do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) que será anunciada amanhã pelo governo. A previsão é que tenham ocorrido 600 mil demissões, o dobro do que normalmente é registrado em dezembro.
"O aumento do desemprego é lastimável e, por isso, temos de quebrar paradigmas para evitar a escalada desse processo", afirma Paulo Skaf, presidente da Fiesp.
Setor que puxava PIB agora lidera cortes
Antes no rol dos líderes da vigorosa expansão da economia de 6,8% no acumulado até setembro, material de transporte (inclui a indústria automobilística) e metalurgia (siderurgia) estão entre os que mais desempregaram em novembro.
Esses ramos perderam, respectivamente, 11,6 mil e 11 mil empregos formais naquele mês, segundo levantamento da LCA Consultores, feito a pedido da Folha com base em dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados). Os números correspondem ao saldo líquido entre admissões e demissões informadas pelas empresas ao Ministério do Trabalho e Emprego .
Até outubro, esses ramos mantinham as contratações, apesar de já se notar uma desaceleração. Ao lado deles, outros importantes ramos cortaram postos de trabalho em novembro, como química (7.200 empregos), mecânica (5.400), borracha (6.000) e material elétrico e de comunicações (4.100).
Todos mantinham, até o recrudescimento da crise mundial, em setembro, um bom ritmo de crescimento, segundo Fábio Romão, economista da LCA e autor do estudo.
Agora esses ramos sofrem com os efeitos da crise, que fez secar o crédito e desidratar as exportações de vários setores na esteira da forte contração da demanda mundial, diz Romão. (Leia mais na Folha)
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Sindicatos fecham acordos diretamente com empresas
Um grande número de empresas e trabalhadores preferiu não esperar o resultado do debate público sobre flexibilização de direitos trabalhistas. Enquanto a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), as centrais sindicais e políticos discutem se devem ou não rever direitos trabalhistas para evitar demissões, pelo menos 130 indústrias e nove sindicatos (representando 532 mil metalúrgicos) negociam discretamente por conta própria. Pelo menos oito acordos já foram fechados.
Os acordos já concluídos envolvem desde banco de horas - em que a redução de trabalho numa época é compensada por horas extras em outro período - até redução de jornada de trabalho e salários. Os acordos são uma alternativa às demissões, mas não deixam os trabalhadores imunes a cortes. Por enquanto, as negociações se concentram nas empresas mais afetadas pela crise: montadoras, autopeças, eletroeletrônicos e indústrias ligadas à siderurgia.
É em São Paulo, que responde por 40% da produção industrial do País, que está sendo costurado o maior número de acordos diretos entre sindicatos e empresas. Só na capital, 92 indústrias negociam com o sindicato dos metalúrgicos. Já no interior, a Volkswagen fechou acordo com o Sindicato dos Metalúrgicos de Taubaté, filiado à CUT, para introduzir o banco de horas. A proposta, que será apresentada a 5 mil trabalhadores amanhã, prevê até 25 dias de descanso em 2009, sem corte no salário, mas com compensação. (Leia mais no Estadão)
Governo estuda nova desoneração de tributos
O temor de que o Brasil viva uma recessão técnica no período entre outubro e março colocou na pauta do governo novas medidas de desoneração tributária.
Na empreitada para tentar conter os efeitos da crise, o Ministério do Desenvolvimento encaminhou ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva proposta com três vertentes: isenção total de impostos e contribuições sobre bens de capital, redução de tributos incidentes nos bens de consumo duráveis (geladeiras, televisores, outros produtos de linha branca e eletroeletrônicos) e o fim da incidência tributária sobre todas as exportações, mostra reportagem do Globo, neste sábado.
Essas medidas se somariam às que já estão sendo estudadas para a construção civil. Este setor, que é destaque na geração de empregos, ajudará o país, segundo técnicos, a crescer cerca de 4% em 2009.
As medidas contam com o apoio da classe empresarial, mas o Ministério da Fazenda se opõe à ideia de novas desonerações. Alega falta de espaço fiscal devido à queda da arrecadação em novembro, o que deve se repetir em dezembro.
Com a divisão dentro do governo, caberá ao presidente Lula bater o martelo. Fontes da equipe econômica afirmam que o melhor seria não privilegiar setores específicos, tal como ocorreu com as indústrias automobilísticas, beneficiadas com redução do IPI e R$ 4 bilhões para capital de giro ( Leia também: Receita reduz IPI para jipes de fabricação nacional ). A alegação é de que, no momento, muitos segmentos precisam de ajuda. (Leia mais no Globo)
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