Gerenciar o otimismo governamental
Infelizmente acho que o pior da crise ainda não passou. É louvável o otimismo do ministro Carlos Lupi, mas a crise é composta por vários fatores que influenciam uns aos outros. Não é mais só uma crise de falta de crédito, mas também de confiança no sistema, de expectativas negativas criadas por omissão dos principais líderes empresariais, que simplesmente suspenderam a produção e demitiram apressadamente como é também de consumo, motivada, principalmente pelas demissões ou ameaça de se perder o emprego.
Há grandes esperanças no front. Como é o lançamento na próxima segunda-feira do plano habitacional do governo federal. A prorrogação do IPI Zero com a contrapartida de manutenção dos empregos na indústria automobilística. E até mesmo o otimismo de grandes patriotas que ainda acreditam no Brasil. Patriotas que se concentram, principalmente, no seio da classe trabalhadora e que não têm ainda o poder de interferir, a curto prazo, na busca de solução da crise. A médio prazo, ou seja, nos próximos seis meses, o otimismo e a energia brasileira vencerão. Mas ainda teremos que amargar alguns períodos que exigirão de nós muita determinação e disposição de luta. Algo, que felizmente, não falta à classe trabalhadora brasileira. (Ricardo Patah)
Mercado de trabalho brasileiro já viu o pior da crise
O mercado de trabalho do Brasil já deixou o pior da crise financeira mundial para trás, disse o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, nesta quinta-feira, ainda que aumentem os temores de que a queda da demanda possa levar a maior economia da América Latina à recessão.
Lupi disse à Reuters que os dados de emprego melhores em janeiro e fevereiro mostram que o mercado de trabalho está se estabilizando e previu que mais de 100 mil vagas formais serão criadas em março.
"Em março nós vamos ser o primeiro país a virar a página da crise do emprego; vamos gerar mais de 100 mil empregos", disse ele, em entrevista à Reuters.
Questionado se isso significa que o mercado de trabalho já passou pelo pior, ele disse: "Com absoluta segurança e certeza. Eu não estou apostando, eu estou afirmando."
Lupi disse prever que o saldo líquido do mercado de trabalho seja positivo até pelo menos junho, mas não comentou sobre se é possível ter algum número negativo depois disso.
Os números foram divulgados um dia após a notícia de que a economia brasileira ganhou mais 9 mil vagas formais em fevereiro, ainda que após três meses seguidos de cortes de vagas e que esse seja o crescimento de empregos mais fraco no mês de fevereiro em 10 anos.
A economia brasileira perdeu mais de 650 mil postos de trabalho em dezembro e analistas dizem que a previsão de março é ambiciosa, dados os recentes números fracos do governo.
No quarto trimestre de 2008, a economia do país se contraiu 3,6 por cento na maior queda trimestral em mais de uma década. Economistas prevêem que a economia cresça apenas 0,6 por cento este ano, frente os 5,1 por cento em 2008. (Leia mais no site da Abril)
Arrecadação deve perder R$ 48,3 bi
Queda de receita do governo leva a corte de gastos e à redução da previsão do crescimento da economia este ano
Por causa da crise econômica, o governo estimou ontem que a receita total da União será R$ 48,3 bilhões menor do que aquela que está projetada no Orçamento deste ano. A quantia é superior a tudo que o governo arrecadava com a Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF). O Orçamento prevê receita total de R$ 805,2 bilhões este ano, mas o governo acha que ela poderá ficar em R$ 756,9 bilhões.
Mesmo assim, a nova previsão para a receita ainda pode estar subestimada, pois foi feita com base em um crescimento de 2% da economia em 2009 - muito acima daquele considerado provável pelo mercado, que é de 0,59%.
Com menor receita este ano, o governo decidiu diminuir o superávit primário (a economia para pagar uma parte dos juros das dívidas públicas) e, assim, fechar as suas contas. O superávit será reduzido de 3,8% do Produto Interno Bruto (PIB) para 3,3% do PIB, como permite a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), apenas com o desconto dos gastos do Projeto Piloto de Investimentos (PPI), que poderão chegar a R$ 15,6 bilhões.
Não haverá, pelo menos por enquanto, mudança na meta formal do superávit de 3,8% do PIB, fixada na LDO. O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, admitiu, porém, que isso poderá ocorrer se o cenário das receitas da União se deteriorar mais ainda. "É arriscado dizer que isso (a meta de superávit) é imutável, pois pode ocorrer deterioração maior (da receita)." (Mais informações no Estadão)
Para BC, poupança dificulta sua atuação
Queda na Selic deixa caderneta com ganho superior ao de fundos, o que atrapalha a condução da política monetária, segundo o banco. Autoridade monetária sugere que metodologia da correção da poupança precisa mudar, o que depende de alteração na lei pelo Congresso
O Banco Central deflagrou ontem uma campanha indireta contra a atual metodologia de correção da poupança, que tem rendimento de TR (Taxa Referencial) mais 6% ao ano estabelecido por lei. Em três momentos diferentes -ata do Copom, evento dos fundos de pensão e seminário sobre renda fixa-, a autoridade monetária defendeu a tese de que os juros reais [descontada a inflação] atuais de 5,4% ao ano, os menores desde o Plano Real, pedem revisão dos atuais indexadores da economia, entre eles a correção da poupança.
Em nenhum dos casos, no entanto, a palavra poupança foi citada diretamente.
Na ata do Copom, o BC sugeriu que a "flexibilização monetária adicional" -leia-se corte nos juros- dependerá também de mudanças no "arcabouço institucional", que remonta o "longo período de inflação".
Para o mercado, ficou claro que o BC quis dizer que há espaço para novos cortes, mas que isso dependerá da redução da correção da poupança ainda antes da próxima reunião do Copom, no final de abril.
Caso contrário, a caderneta pagará mais do que os títulos públicos pós-fixados -dificultando a rolagem da dívida-, o que levará a uma fuga de recursos de fundos para a poupança, tema que preocupa os bancos.
Nesta semana, o presidente Lula disse que o governo estuda mudanças na aplicação.
O diretor de Política Monetária do BC, Mario Torós, afirmou que a estabilidade econômica chegou a um ponto que requer novo padrão de desindexação, "sob pena de prejudicar avanços" na gestão da "política econômica". Questionado sobre a que indexadores estava se referindo, admitiu o caso da poupança. "Isso [poupança] seria impeditivo [para baixar juro], na medida em que digo que a taxa de juros real está em 5,4% e a poupança rende 6%."
Torós afirmou que o tema não diz respeito exclusivamente ao BC, mas que cabe ao Congresso decidir mudar a lei. "O BC faz estudos técnicos." (Leia mais na Folha)
Devolução de cheques cresce 19,7% no primeiro bimestre, calcula Serasa
O volume de cheques devolvidos por falta de fundos aumentou 19,7% em janeiro e fevereiro, ante o primeiro bimestre de 2008.
De acordo com as informações divulgadas há pouco pelo Serasa, foram registrados 4,6 milhões de cheques devolvidos e 199,37 milhões de compensados, o que indica uma relação de 23,1 cheques retornando sem fundos, a cada mil compensados. Nos dois primeiros meses de 2008, esta relação tinha ficado em 19,3 devoluções a cada mil compensações.
Na avaliação regional, o Acre foi o estado que representou o maior volume de cheques devolvidos a cada mil compensados no período, com a relação em 102,4. Por outro lado, São Paulo ficou em último lugar do ranking, com 17,8.
A Serasa credita o avanço da inadimplência com cheques no país ao maior endividamento de parte da população, às despesas sazonais de início de ano (IPTU, IPVA e despesas escolares) e à redução do número de empregos formais no último trimestre de 2008. "O desemprego é fator determinante para a inadimplência", acrescentou a entidade. (Leia mais em O Globo)
Brasil tem elementos para atenuar efeitos da crise
Estudo divulgado nesta quarta-feira (18) pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) afirma que o Brasil dispõe de elementos para reduzir os efeitos da crise internacional sobre o mercado de trabalho.
Segundo o economista Antonio Marcos Hoelz Ambrozio, da Área de Pesquisas Econômicas do BNDES, autor do estudo, a adoção do câmbio flutuante e a estruturação tecnológica das empresas funcionam como atenuantes do impacto da crise sobre o emprego. “Algum efeito adverso vai ocorrer, mas existem elementos estruturais no mercado de trabalho que podem funcionar como atenuantes ao impacto da crise.”
Isso não ocorreu nos anos 90, com as crises da Rússia e da Ásia, quando houve também aumento significativo na taxa de desemprego no Brasil, lembrou o economista. As condições da economia brasileira naquele período eram diferentes das de hoje. O câmbio era fixo e as empresas ainda se achavam em processo de ajuste à abertura econômica iniciada na década.
“Atualmente, o fato de já estar esgotado o processo de estruturação ao movimento de abertura econômica e a existência de um sistema de câmbio flexível podem dar proteção ao mercado de trabalho no caso de uma desaceleração do crescimento da economia mundial”. O estudo salienta que, mesmo com a queda do crescimento econômico, o impacto da crise será negativo, mas bem menor do que seria se mudanças estruturais não tivessem ocorrido no país.
No período de 2003 a 2008, a taxa de desemprego no Brasil recuou 4,4 pontos percentuais, caindo de 12,3% para 7,9%. Nos próximos meses, por conta da crise externa, entretanto, é possível que as condições do mercado de trabalho continuem piorando, com elevação na taxa de desemprego, diz o autor do estudo.
Segundo Ambrozio, o vetor principal do que vai acontecer na economia brasileira vai ser o desdobramento da crise internacional. Os sinais são de retomada do crescimento econômico a partir de 2010. E o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), que é a soma das riquezas produzidas no país, deve ser acompanhado de um alívio do mercado de trabalho. São variáveis que andam juntas, completou o economista. (Agencia Brasil)
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