sexta-feira, 13 de março de 2009

Nos manter atentos aos desdobramentos da crise, mas sem perder a esperança, jamais

Economia brasileira deve crescer até 2% em 2009, indica IBGE

Ufa! Que alívio. De repente, no meio de tanta notícia que busca propositalmente os aspectos mais aterrorizantes, o Ipea, com a autoridade do Márcio Pochmann, nos mostra que teremos um crescimento modesto de 2%, mas um crescimento. Vai depender, claro das atitudes e ações dos atores sociais. Teremos que neutralizar os pessimistas de plantão, os especuladores e trabalhar muito para a partir, talvez, de Maio, iniciarmos um rápido processo de recuperação de nossa economia. Temos um mercado interno sólido, sustentado por iniciativas sociais do atual governo, com reajuste real de 45% do salário mínimo, com incentivos ao crédito, com redução do IPI dos carros, com apoio continuado à exportação. Ou seja, o governo brasileiro tem feito o dever de casa e tem atuado com patriotismo. É hora de os atores sociais, empresários, líderes políticos (inclusive da oposição) começarem a ajudar na reconstrução da nossa economia. Os trabalhadores estão fazendo sua parte. Entregando o próprio emprego, sacrificando suas famílias, mas mesmo assim, sem perder a fé no País. Afinal, o Brasil e os brasileiros somos maiores que a crise.

Leia mais e não se deixe contagiar pelas notícias que insistem em apostar apenas nos aspectos negativos: Recuo do PIB no primeiro trimestre de 2009 deve ser menor do que no último trimestre de 2008, avalia economista Alcides Leite.

Dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) mostram que o PIB (Produto Interno Bruto) de 2008 foi de R$ 2,9 trilhões, um crescimento real de 5,1% em relação à 2007. Ano passado, a produção industrial cresceu 4,3%; os serviços, 4,8%; e a agropecuária, 5,8%.

Dentre os setores da indústria, merecem destaque a construção civil, o fornecimento de eletricidade, gás, esgoto e limpeza urbana, e o setor de extração mineral. No setor de serviços, as atividades financeiras, de informação e de comércio foram as que mais expandiram.

O crescimento do PIB de 2008 só não foi maior devido ao forte recuo ocorrido no último trimestre do ano, que sofreu uma redução de 3,6% em relação ao terceiro trimestre.

Na comparação (4º trimestre de 2008 em relação ao 3º trimestre de 2008), os investimentos caíram 9,8%, o consumo das famílias encolheu 2%, o consumo do governo subiu 0,5%, as exportações decresceram 2,9%, e as importações encolheram 8,2%. Pelo lado da produção, a indústria sofreu recuo de 7,4%, os serviços caíram 0,4%, e a agropecuária diminuiu 0,5%.

Os dados do IBGE indicam que a economia brasileira, que vinha em um ritmo acelerado de crescimento em 2008, sofreu forte freada no último trimestre do ano. Espera-se também um outro recuo do PIB no primeiro trimestre de 2009, porém de intensidade menor. A situação deve começar a se normalizar a partir do segundo trimestre. Em 2009 devemos ter um crescimento da economia brasileira entre 1% a 2%.

. Por: Alcides Leite é professor de economia e de mercado financeiro da Trevisan Escola de Negócios e autor do livro “Brasil, a trajetória de um país forte”, da Trevisan Editora Universitária. (Revista Fator)

 

Emprego industrial de SP cai ao nível de 2007

 

Saldo negativo de vagas registra 3º recorde seguido em fevereiro, com 43 mil cortes; desde outubro, são 236,5 mil postos fechados. Em cinco meses, indústria paulista perde mais vagas do que criou em todo o ano de 2004, o melhor período para o segmento no Estado.

 

Com a perda recorde no saldo de geração de postos de trabalho da indústria paulista desde o final do ano passado, o nível de emprego do setor voltou ao patamar de fevereiro de 2007, segundo a Fiesp/Ciesp (Federação e Centro da Indústria do Estado de São Paulo).

De acordo com pesquisa das entidades divulgada ontem, fevereiro foi o terceiro mês seguido de recorde negativo para o setor. Dezembro e janeiro haviam sido os piores meses para a geração de empregos desde 1995, quando a série histórica teve início. No mês passado, a indústria paulista perdeu mais 43 mil vagas ante janeiro.

Desde outubro, quando os efeitos da crise começaram a ser sentidos de forma mais intensa no Brasil e no mundo, a indústria paulista eliminou 236,5 mil vagas -aproximadamente 10% dos empregos do setor. O número é maior do que o referente ao ano em que a indústria do Estado mais gerou empregos recentemente, em 2004, quando foram criadas 145 mil vagas.

"Em 13 anos, nunca tínhamos visto uma queda com essa expressão em fevereiro. Foi o terceiro mês com recorde negativo, e sabe Deus a quantos vamos assistir em razão da crise", disse Paulo Francini, diretor do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos da Fiesp.

De outubro a fevereiro, tradicionalmente há queda no saldo de emprego no Estado em razão do fim da safra de cana-de-açúcar -os empregos no campo são adicionados às admissões da indústria porque os contratos são feitos pelas usinas-, mas esta retração foi muito superior à que ocorria.

Em 2007 e 2008, houve perda de 35,5 mil e de 38 mil postos, respectivamente, no período de outubro a fevereiro, contra os 236,5 mil agora.

O total dos empregos na indústria paulista é de 2,35 milhões, ante 2,58 milhões em setembro de 2008, mês em que a quebra do banco Lehman Brothers acelerou a crise global.

Francini prevê que a partir deste mês o saldo de criação de empregos possa chegar, pelo menos, à estabilidade. A percepção dos empresários nesta quinzena, monitorada pelo indicador Sensor da Fiesp, mostra que melhorou a expectativa das empresas para emprego, vendas, investimentos e mercado em relação à última quinzena de fevereiro.

Setores mais afetados — No mês passado, o setor que mais extinguiu vagas foi o de outros equipamentos de transporte -por exemplo, ferroviário e aeronáutico. O segmento foi responsável por 22% das vagas cortadas em fevereiro, com eliminação de 9.565 postos de trabalho. As mais de 4.200 demissões na Embraer foram as principais responsáveis pelo dado ruim do setor e pelo fato de São José dos Campos ter registrado o pior desempenho entre as diretorias regionais.

O levantamento também mostra que a eliminação de postos de trabalho ocorre tanto na capital quanto no interior do Estado. Das 36 diretorias da associação, 30 tiveram saldo negativo de geração de empregos, 1 registrou estabilidade e 5 tiveram resultados moderadamente positivos no mês (Jaú, Araraquara, Jacareí, Limeira, Santa Bárbara do Oeste e Araçatuba). (Leia mais na Folha)

Inflação afeta negociações e reduz ganho real em acordos salariais de 2008

Os trabalhadores conseguiram aumento real em 77,6% dos acordos salariais realizados no ano passado, segundo levantamento do Dieese a partir de 706 negociações feitas no país.

Apesar de o resultado ser considerado positivo, esse percentual é menor do que o obtido em 2007, quando 87,7% dos acordos analisados tiveram reajustes superiores à inflação medida pelo INPC do IBGE -o indicador mais usado nas negociações salariais.

A aceleração da inflação no ano passado, especialmente a partir do segundo trimestre, é a principal explicação para a diminuição no percentual de acordos com ganhos reais.

"A crise financeira internacional não teve influência nos resultados do ano passado. O que explica a queda nos acordos com ganhos reais é o avanço da inflação. Mas vale ressaltar que esse é o terceiro melhor resultado das negociações salariais desde o início da série histórica, em 1996", diz José Silvestre de Oliveira, coordenador de relações sindicais do Dieese.

Os aumentos reais concedidos no ano passado se concentraram, em sua maior parte, no intervalo até 1% acima da inflação medida pelo INPC. Em 2007, houve mais acordos com ganhos reais no intervalo entre 1,01% e 2% acima da inflação. "A inflação média [acumulada nos 12 meses anteriores às datas-bases das categorias] foi de 3,89% em 2007 e, no ano passado, chegou a 6,46%. Quanto maior a inflação, menor tende a ser o ganho real", diz Oliveira.

Na indústria, setor que concentra metade das 706 negociações estudadas pelo Dieese, 87% dos acordos tiveram reajustes acima da inflação, 6,6% foram equivalentes ao INPC e 6,4% ficaram abaixo do indicador. Em 2007, 94% dos acordos foram acima da inflação.

No comércio, ganhos reais foram conquistados em 85% dos acordos -mesmo percentual das negociações em 2007. No setor de serviços, os resultados foram mais desfavoráveis: 61% dos acordos ficaram acima do INPC em 2008, enquanto em 2007 foram 81%. (Leia mais na Folha)

CCJ veta prisão especial para preso que tem diploma

Também os religiosos ficarão em prisão comum, segundo prevê o projeto de lei aprovado em comissão do Senado. Pela proposta, só terão direito à cela especial ministros, governadores, prefeitos, delegados e juízes, por "segurança".

Os portadores de diploma de nível superior, religiosos e cidadãos condecorados com a Ordem Nacional do Mérito poderão perder o direito à prisão especial, segundo projeto de lei aprovado na última quarta pela CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) do Senado.

A proposta, porém, mantém o benefício para autoridades como ministros, governadores, prefeitos, promotores, juízes e delegados. A justificativa é que, nesses casos, a medida é necessária por questão de segurança.

Como ocorre atualmente, a prisão especial continuará valendo até a condenação definitiva do acusado. Depois disso, ele deverá ser transferido para uma cela comum.

Pela lei em vigor, a prisão especial prevê o recolhimento do suspeito em um prédio que não seja a prisão comum, quando disponível. Se não houver um estabelecimento específico para o preso especial, ele será colocado em uma cela separada na prisão comum.

Segundo a lei federal 10.258, de 2001, a cela especial poderá ser um alojamento coletivo, com "aeração, insolação e condicionamento térmico adequados à existência humana". A mesma lei prevê que o preso especial não pode ser transportado com o preso comum.

Tramitação — O projeto de lei terá ainda que ser aprovado pelo plenário do Senado. Como o projeto original foi alterado no Senado, com a inclusão da restrição à prisão especial, deverá voltar para a Câmara dos Deputados. Para entrar em vigor, terá ainda que ser sancionado pelo presidente da República.

Além das novas regras para prisão especial, o projeto de lei estabelece outras mudanças no Código de Processo Penal, de 1941. Entre elas está a imposição de um limite de 180 dias para a prisão provisória antes de cada julgamento de primeira e segunda instância. (Leia mais na Folha)

Setor produtivo se mantém apreensivo, indica Ipea

A pesquisa Sensor Econômico, realizada pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) com 115 entidades representativas de trabalhadores e empresários em diversos setores da economia (exceto o setor financeiro), apontou que, no mês de fevereiro, o setor produtivo se mantém apreensivo quanto à expectativa socioeconômica, com o indicador em 4,36 pontos, contra 6,78 em janeiro. Quanto mais baixa a pontuação, mais próximo de uma cenário adverso se mostra o setor.

Mesmo assim, o presidente do Ipea, Marcio Pochmann, avalia que a expectativa pode vir a melhorar na próxima pesquisa, uma vez que a redução da taxa de juros - na quarta-feira, o Copom baixou para 11,25% ao ano a taxa básica da economia brasileira, um corte de 1,5 ponto percentual -, as ações dos governos com o aumento do salário mínimo e o fim dos ajustes dos estoques pelas empresas pode mudar o quadro em relação ao último trimestre de 2008, quando a situação foi de ajuste de estoque, remessa de recursos de empresas transnacionais para matrizes e efeito da alta dos juros no primeiro semestre de 2008 no quarto trimestre do mesmo ano.

- A pesquisa vem sendo feita desde janeiro. Acreditamos que as expectativas constituem parâmetro importante para o planejamento. Em relação a janeiro temos a manutenção de uma expectativa de apreensão, mas o setor produtivo vê as contas nacionais adequadas e taxas de juros em um patamar decrescente, inflação controlada. Mas do ponto de vista dos efeitos sociais são de piora. É um quadro que pode ser alterado para melhor ou para pior e dá uma percepção de muita incerteza - disse o presidente do Ipea, acrescentando que a última redução na taxa Selic pelo Banco Central poderá ajudar a mudar este quadro, do ponto de vista de expectativas do setor.

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