Faturamento de micro e pequenas empresas tem recuperação
Eis aí um fato promissor. A superação da atual crise financeira mundial depende do que acontece com a micro e pequena empresa, geradora de emprego por natureza. E vítima preferencial, assim como os próprios empregos, da atual crise. Os donos das pequenas e micro empresas são empresários acostumados a sobreviver sem crédito. E se estão se recuperando é em função da garra, da determinação, da capacidade de criar na crise, de sobreviver no limite. Porque o governo federal e os bancos privados cortaram o crédito para o micro e pequeno empresário. A UGT insiste que o crédito chegue até estas empresas porcausa do grande potencial gerador de empregos. Apesar da recuperação, temos que ter cautela e nos manter atentos. Ainda falta muita água para rolar debaixo desta ponte. E o otimismo realista e cuidadoso não deve deixar lugar para a euforia. Printipalmente porque ainda faltam a recuperação dos empregos, que tem que ser plena para dar espaço para os jovens que chegam todos os meses no mercado de trabalho e por ser o nível de emprego essencial para a manutenção do mercado interno.
Leia mais: Pesquisa da Sebrae-SP aponta que queda no faturamento registrada em março foi a menor desde Outubro.
As micro e pequenas empresas paulistas tiveram em março a menor queda de faturamento real desde outubro, mês em que a crise financeira mundial se agravou a partir da quebra do banco Lehman Brothers, no dia 15 de setembro. De acordo com a pesquisa Indicadores Sebrae-SP, realizada em colaboração com a Fundação Seade, o recuo no setor foi de 9% em relação ao mesmo mês do ano passado, resultado pouco menor do que a queda de 9,8% verificada em outubro do ano passado ante o mesmo período de 2007. Na comparação com fevereiro, houve expansão de 10,4%.
Na opinião dos economistas do Sebrae-SP, os dados mostram recuperação dos pequenos negócios. Em fevereiro, o recuo na receita havia sido de 14,4% em comparação com o mesmo período do ano passado. Em janeiro, o resultado tinha sido ainda pior: queda de 16,5%.
Entre os setores incluídos na pesquisa, a indústria foi o que apresentou maior queda em março deste ano sobre o mesmo mês do ano passado: 11,2%. Comércio e serviços tiveram redução de 10,2% e 3,8%, respectivamente.
A pesquisa monitora o desempenho de 2,7 mil empresas no Estado e também verificou a expectativa dos proprietários de micro e pequenos negócios para o futuro do setor, mostrando que 50% dos entrevistados esperam manutenção no faturamento real e 52% acreditam em estabilidade para o nível de atividade na economia.
De acordo com o diretor superintendente do Sebrae-SP, Ricardo Tortorella, o bom resultado em relação a fevereiro não indica que o pior da crise já passou, mas é um bom exemplo de que medidas adotadas para os pequenos negócios começam a surtir efeito. "É muito bom para as expectativas de retomada do emprego e da renda do País", avaliou.(Estadão)
Acordos mantêm ganho real dos salários
Porcentual cai, mas sindicatos têm conseguido negociar reajustes.
Categorias profissionais com data-base para renovação da convenção coletiva de trabalho no primeiro semestre têm conseguido negociar acordos que garantem reposição da inflação e aumento real de salário, apesar da crise. O que mudou foi o porcentual dos ganhos: em vez de se concentrarem na faixa entre 2% e 3% acima da inflação, têm ficado entre 0,5% e 1%.
Sob os efeitos da crise, as negociações ficaram mais difíceis. Muitas empresas começam a negociar oferecendo reajuste abaixo da inflação, enquanto sindicalistas reivindicam aumentos de dois dígitos. Um exemplo é o dos 25 mil sapateiros de Franca, no interior paulista, que pediam 16,75%.
Com data-base em 1º de fevereiro, os trabalhadores só fecharam acordo em 30 de abril. Eles aceitaram 7% (ganho real de 0,5%), a ser aplicado em duas etapas: 6,5% retroativos a fevereiro, e 0,5% a partir de julho. "Reivindicamos o que era necessário e fechamos o acordo com aquilo que foi possível", diz Paulo Afonso Ribeiro, presidente do sindicato dos calçadistas.
Em setores menos afetados pela crise, as negociações têm favorecido ganhos salariais. Na indústria de alimentação do setor de doces e conservas, os salários foram corrigidos em 7,5% - aumento de 1,18% além da inflação acumulada desde o reajuste do ano passado. O acordo beneficiou 25 mil trabalhadores no Estado de São Paulo, com data-base em 1º de março.
"Esse resultado serve para nortear outras negociações salariais em outros segmentos que teremos este ano", diz Neusa Barbosa, diretora da Federação dos Trabalhadores na Indústria de Alimentação do Estado de São Paulo.
No segmento de bebidas, o aumento real foi de 0,7%, o que, somado à inflação de 6,2%, medida pela variação do INPC de 12 meses, corresponde a um reajuste de 7%. Também com data-base em 1º de março, a categoria reúne 12 mil trabalhadores no Estado.
"Os resultados das negociações estão muito parecidos com os do ano passado, quando quase 90% das categorias conseguiram reajustes iguais ou superiores à inflação", diz Clemente Ganz Lúcio, diretor técnico do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).
Ganz Lúcio avalia que isso se deve em grande medida à inflação em níveis considerados baixos para o padrão brasileiro. "Com inflação de 4,5% a 5% ao ano, dar mais 1% ou 2% nos salários não faz tanta diferença." Além disso, segundo ele, a maioria das empresas fez o ajuste de custos por meio de demissões.
O professor de Relações do Trabalho e consultor da Confederação Nacional da Indústria (CNI), José Pastore, vê nesses acordos mais um indicador de que a crise não é generalizada. Segundo ele, os resultados das negociações este ano serão diferenciados não apenas por setores, mas também pelas regiões. "A crise passou longe do Norte, Nordeste e Centro-Oeste", diz Pastore. "São regiões preservadas, com um ou outro ponto de crise, onde as obras públicas têm papel importante."
Na capital paulista, foi preciso uma greve de advertência de 24 horas para que as construtoras fizessem uma proposta que rompeu o impasse nas negociações. Os trabalhadores queriam 5,5% além da inflação, mas aceitaram 1,2% de aumento real para salários de até R$ 2,5 mil, o que beneficia 90% da categoria.
"As construtoras exploraram uma frase infeliz do presidente Lula, de que não era hora de pedir aumento, e sim de ajudar as empresas a manter o emprego", diz Antonio Ramalho, presidente do sindicato, que representa 300 mil operários. (Leia mais no Estadão)
Pacote deve estimular feirão de imóveis
Temporada de feirões da Caixa Econômica para compra da casa própria começa na quinta-feira e vai até 21 de Junho. Feira ocorre em dez cidades e, em São Paulo, será entre os dias 21 e 24; nos cinco eventos iniciais, serão ofertados 109 mil imóveis.
O programa "Minha Casa, Minha Vida", a partir do qual o governo federal pretende viabilizar a construção de 1 milhão de moradias, deve atrair mais interessados neste ano aos feirões da Caixa Econômica Federal, que acontecem a partir de quinta-feira e vão até 21 de junho em dez cidades. Nos cinco primeiros estarão disponíveis 109 mil imóveis, incluindo usados, novos e em construção.
Em 2008, o evento movimentou R$ 4 bilhões, considerando os 39 mil contratos fechados e encaminhados durante os eventos.
Segundo Bernadete Coury, superintendente nacional de Habitação do banco, a expectativa é superar esses números, mas ela não informou meta de crescimento. A previsão de empréstimos de R$ 27 bilhões para todo o ano foi mantida, mesmo com o financiamento recorde de R$ 10 bilhões até abril, dobrando o valor referente ao mesmo período de 2008. Em unidades (96,6 mil), a alta foi de 114%. Se for necessário, acrescentou, o banco vai buscar alocação de mais recursos.
No Rio, será possível escolher entre mais de 66 mil imóveis. Em São Paulo, serão oferecidos 93,5 mil na Grande São Paulo. De acordo com a superintendente nacional, o público é diversificado e há opções com valor superior a R$ 500 mil.
Vale lembrar que, em março, o Conselho Monetário Nacional aumentou o valor máximo, de R$ 350 mil para R$ 500 mil, dos imóveis que podem ser financiados com recursos da conta individual de cada trabalhador no FGTS.
Os imóveis dos feirões têm financiamento de até 100% pela Caixa, com pagamento em, no máximo, 30 anos com recursos da poupança ou do FGTS. Nesse último caso, a moradia deve estar avaliada em até R$ 130 mil nas regiões metropolitanas e a renda do trabalhador não pode ultrapassar R$ 4.900.
Para se enquadrar no "Minha Casa, Minha Vida", o teto é de R$ 4.650. Entre as facilidades do programa iniciado em 13 de abril, o mutuário pode ficar até 36 meses sem pagar a prestação se ficar desempregado e não há cobrança de seguro, além de redução nos custos cartoriais.
A construção civil foi um dos setores escolhidos pelo governo federal para reaquecer a economia em meio à crise mundial. Com o "Minha Casa, Minha Vida", a meta é construir um milhão de unidades para famílias com renda mensal de até dez salários mínimos, dos quais 600 mil por meio de financiamento com a Caixa, com recursos do FGTS, para quem recebe acima de três salários mínimos.
Os últimos dados da Abecip, associação que reúne as entidades que operam com recursos da poupança, apontam crescimento de 8,1% em valores financiados (R$ 5,9 bilhões) e de 1,8% em unidades (55.797) no primeiro trimestre ante igual período do ano passado. (Leia mais na Folha)
Salário de funcionário público sobe mais que privado
Funcionalismo público federal teve aumento de 74,2% desde 2002, e no Judiciário o ganho real chegou a 79,3%.
Os trabalhadores do setor privado estão perdendo a corrida para os funcionários públicos em termos de rendimentos. De dezembro de 2002 a fevereiro de 2009, o crescimento dos salários do setor privado, com e sem carteira, foi de apenas 8,7% em termos reais, isto é, descontada a inflação de 43,3% no período.
O aumento real da remuneração média dos servidores na ativa do Executivo Federal, no mesmo período, foi 8,5 vezes maior do que a do setor privado, atingindo 74,2%. O aumento real da remuneração na ativa do Legislativo chegou a 28,5%, e o do Judiciário foi de 79,3%.
Com isso, a diferença entre o rendimento médio do setor privado e do público, que já era grande, cresceu ainda mais. Em dezembro de 2002, a remuneração média do servidor federal na ativa do Executivo, de R$ 2.680 (valor da época), era 3,6 vezes maior do que o rendimento médio de R$ 740,90 do setor privado. Em fevereiro de 2009, a ganho mensal médio no Executivo federal pulou para R$ 6.691, ou 5,8 vezes maior do que o rendimento médio do setor privado, de R$ 1.154.
No mesmo período, no caso do Legislativo, que teve remuneração mensal média de R$ 12,5 mil em fevereiro de 2009, o rendimento saltou de 9,2 para 10,9 vezes o do setor privado. Já no Judiciário, com remuneração média mensal de R$ 16,8 mil em fevereiro, o salto foi de 8,8 para 14,6 vezes. (Leia mais no Estadão)
Emprego em montadora cai ao nível de 2007
Apesar do alívio interno possibilitado pela redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), as montadoras brasileiras atingiram em abril o sexto mês seguido de cortes no emprego. Segundo a Associação Nacional das Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), a indústria empregava 120,8 mil trabalhadores ao final de abril deste ano, 6 mil a menos do que em dezembro de 2008, quando o governo reduziu o IPI. Com os cortes, o emprego no setor voltou ao mesmo nível do final de 2007, ou seja, foram eliminadas todas as contratações feitas no ano passado.
Os cortes nas montadoras, entretanto, vêm ocorrendo desde o final de outubro, quando as associadas da Anfavea informavam empregar 131,7 mil pessoas. De lá para cá, o emprego encolheu 8,3%, enquanto que as vendas internas, apesar da volatilidade, apresentaram variação mensal média negativa de 0,33%. Os últimos cortes acabaram levando o emprego ao mesmo nível do final de 2007, ou seja, foram eliminadas todas as contratações feitas no ano passado.
O problema, segundo a Anfavea, está nas exportações. Com a retração dos principais mercados compradores de veículos brasileiros, especialmente Argentina e México, as montadoras têm apresentado quedas importantes nas vendas externas. No entanto, em abril as exportações cresceram 5,8% contra março, para 36,4 mil unidades. Todavia, na comparação com o mesmo mês de 2008 houve recuo de 45,9%. No acumulado dos quatro primeiros meses deste ano, a queda é ainda maior: de 50,3%, para 123,1 mil veículos.
Segundo o presidente da Anfavea, Jackson Schneider, a queda do mercado externo é a responsável pelas demissões nas montadoras, que acabam produzindo menos. No mesmo intervalo das demissões, a produção nacional vem caindo a 2,54% por mês, em média.
O dirigente enfatizou, contudo, que os cortes de empregos estão sendo feitos por meio de programas de demissão voluntária e pela não renovação de contratos temporários, como acordado com o governo no âmbito da redução do IPI, que teve como contrapartida a manutenção do emprego.
Schneider afirmou que a indústria não tem condições de traçar, hoje, alguma perspectiva para a recuperação da demanda externa, o que também o impede de prever qualquer movimento em relação ao emprego. A entidade já revelou, entretanto, suas projeções para o desempenho do setor em 2009 e a expectativa para as exportações é de queda de 32% em relação a 2008, com o embarque de 500 mil unidades. A receita com estas vendas deve cair 39%, para US$ 8,5 bilhões. (Leia mais no Valor)
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