Crise dá trégua e já falta mão de obra
(Postado por Laerte Teixeira da Costa) Sempre faltou mão de obra qualificada independente dos ciclos de crise. O que acontece com o aquecimento da economia é que surgem as rachaduras. E se percebe que deveríamos ter investido, mesmo na crise e no desemprego, na requalificação da mão de obra. Ainda dá tempo, aliás, sempre é tempo de o governo retomar os investimentos na qualificação, de maneira responsável para que gere resultados. E não fingir que qualifica que gera uma falsa sensação de preparo que o mercado acaba por não aceitar.
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Retomada do crescimento agrava falta de trabalhadores qualificados
A retomada da economia agravou o problema da escassez de mão de obra treinada no mercado, considerado um dos gargalos mais sérios e objetivos que o Brasil deverá enfrentar nos próximos anos. Apesar de existência de quase 2 milhões de desempregados apenas nas seis principais regiões metropolitanas do País, faltam profissionais especializados, sobretudo em setores estratégicos, como petróleo e gás, construção civil e agronegócio.
Empresas e governo correm para se antecipar a uma demanda que vai ficar cada vez maior e investem na formação e treinamento de pessoal. A exploração das jazidas de petróleo e gás na área do pré-sal, por exemplo, torna ainda mais difícil a busca por profissionais qualificados.
Com base no plano de negócios da Petrobrás, que prevê investimentos de US$ 174 bilhões até 2013, anunciado em março pela estatal, o Programa de Mobilização da Indústria Nacional do Petróleo e Gás (Prominp) estima que será necessário qualificar mais 285 mil profissionais nos próximos três anos.
Esse número, porém, deverá ser revisto para cima, pois apenas um pedaço do pré-sal está previsto no horizonte de investimentos até 2013.
"O pré-sal ainda está no início e certamente a quantidade de profissionais que vamos ter que qualificar para o pré-sal como um todo é um número maior", diz o assessor da setor de qualificação profissional do Prominp, Guilber Dumas de Souza.
O Prominp é um programa do governo federal que visa à formação de pessoal para trabalhar nas empresas que atuam em conjunto com a Petrobrás na exploração de petróleo e gás. Esses profissionais são preparados para atender à crescente demanda por mão de obra qualificada em empreendimentos como construção de navios e plataformas, construção e ampliação de refinarias, gasodutos e estações de compressão de ar, além da manutenção das operações do setor.
"Se não tivermos esse pessoal qualificado, teremos gargalos sérios nesses empreendimentos todos e na produção de equipamentos, como atrasos e problemas de qualidade", observa Souza. "A variável pessoas qualificadas é fundamental para alcançar os objetivos estabelecidos pela Petrobrás."
O cenário não é muito diferente na construção civil, cuja atividade não sofreu tanto impacto da crise financeira mundial como outros setores mais afetados, como a indústria de transformação. A demanda das construtoras por mão de obra especializada vai ficar cada vez maior para atender ao programa de habitação popular Minha Casa, Minha Vida, o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e as obras para a Copa do Mundo. (Leia mais no Estadão)
Bancos privados perdem mercado, mas não cortam juro
Os banqueiros privados brasileiros agem assim porque estão ganhando demais. Não precisam correr riscos. O que deveria levar o governo (já passou da hora, aliás) a pressionar o setor para que assuma a responsabilidade social dos bancos que é o repasse de crédito, especialmente para as pequenas e médias empresas. Risco faz parte do DNA dos bancos, infelizmente, não dos bancos brasileiros acostumados ao longo de décadas a ganhar dinheiro emprestando para o governo e a obter ganhos absurdos com as taxas bancárias. Além disso, basta dar uma olhada no texto a seguir e vemos que os bancários foram obrigados a fazer greve em função da ganância dos banqueiros que só querem ganhar mas se recusam a repassar, inclusive, os ganhos de produtividade. Algo tem que ser feito e com urgência. Não podemos aceitar a ditadura dos bancos para sempre.
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Política agressiva de concessão de empréstimos fez instituições públicas aumentarem sua participação.
A agressividade na concessão de empréstimos após o aprofundamento da crise global, em setembro passado, fez os bancos públicos ampliarem substancialmente sua fatia no bolo do crédito no País. A participação, que era de 34,2% do total no mês em que o banco americano Lehman Brothers quebrou, subiu para 40% no fim de julho deste ano. As instituições privadas, incluindo as estrangeiras, viram sua parcela encolher de 65,8% para 60% no período.
Com a percepção consolidada de que o Brasil se recuperou rapidamente, analistas esperam que os privados corram para recuperar o terreno perdido. Até agora, porém, essa reação não ocorreu. Dados do Banco Central (BC) mostram que as instituições privadas continuam cobrando mais caro pelos empréstimos do que as públicas, sobretudo nas operações de pessoas físicas.
No dia 23 de setembro, segundo o site do BC, o juro médio do crédito pessoal era de 4,39% ao mês no Itaú Unibanco, 5,09% no Bradesco e 3,52% no Santander Real, ante 2,43% no Banco do Brasil, 2,30% na Caixa Econômica Federal e 2,33% ao mês no Banco Nossa Caixa (comprado pelo BB em novembro do ano passado).
No capital de giro prefixado, uma das operações mais usadas por empresas, as taxas são mais próximas. No Itaú Unibanco, estava em 2,42% ao mês, no Bradesco, em 2,81%, no Santander Real, em 2,28%. O BB cobrava 1,74% ao mês, a CEF, 1,81% e a Nossa Caixa, 2,06%.
Além disso, a expansão do crédito nos bancos públicos se mantém em ritmo bem mais acelerado do que nos privados. De junho para julho (mês mais próximo em que há estatísticas disponíveis), o saldo de empréstimos nos privados avançou R$ 3 bilhões, de R$ 784,6 bilhões para R$ 787 bilhões. Nos públicos, o crescimento foi dez vezes maior, de R$ 493,4 bilhões para R$ 523,7 bilhões.
"Isso mostra que os bancos públicos continuam, gradualmente, aumentando sua participação de mercado no crédito", disse o analista de instituições financeiras da Austin Rating, Luís Miguel Santacreu. "Ainda não vemos os bancos privados acelerando, mas a tendência é que eles voltem", afirmou o analista de bancos da Spinelli Corretora, Jayme Alves.
DEMANDA EM EXPANSÃO — Declarações dos presidentes dos dois maiores bancos privados do País na semana passada indicam que a mudança a que se refere Alves pode estar em curso. Quinta-feira, tanto Roberto Setubal, do Itaú Unibanco, quanto Luiz Carlos Trabuco Cappi, do Bradesco, disseram que o crédito crescerá mais do que eles esperavam nos próximos meses.
Executivos das duas instituições ouvidos pelo Estado confirmam. O Itaú Unibanco, informa o diretor executivo de finanças, Silvio Carvalho, espera agora uma expansão do crédito entre 12% e 18% este ano, ante uma projeção anterior de 8% a 12%. No Bradesco, segundo o diretor do Departamento de Empréstimos e Financiamentos, Nilton Pelegrino, a expectativa para os 12 meses entre julho deste ano e junho de 2010 é de um crescimento de 15%. Antes, o intervalo ia de 8% a 12%. (Leia mais no Estadão)
Mais bancários aderem à greve, diz sindicato
A greve nacional dos bancários encerrou esta sexta-feira, segundo dia de paralisação, com a adesão de mais de 3,5 mil agências e departamentos de bancos em todo o país, contra pouco mais de 2 mil no dia anterior. Segundo o comando nacional dos bancários, a Fenaban, entidade que reúne os representantes dos bancos, ainda não procurou os sindicalistas para retomar as negociações e encontrar uma solução para o impasse. No Rio, o sindicato informou que 17 mil empregados teriam cruzado os braços e 658 agências estariam fechadas.
- A ampliação da greve foi uma resposta à intransigência dos bancos - disse Carlos Cordeiro, presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf) e coordenador do movimento dos bancários.
A greve dos bancários poderá prejudicar o pagamento dos aposentados e pensionistas do INSS, que vai até o dia 3 de outubro. A alternativa é sacar o benefício nos terminais de autoatendimento ou nas lotéricas. A Previdência alerta, no entanto, para os segurados não entregarem o cartão ou informarem a senha a desconhecidos.
A Fenaban não quis comentar a paralisação. Entre as reivindicações da categoria (são mais de 450 mil bancários em todo o país) estão reajuste salarial de 10% (sendo 5% de aumento real), participação nos lucros e resultados (PLR) composta pelo pagamento de três salários, acrescidos de valor fixo de R$ 3.850, e pisos salariais entre R$ 1.432 e R$ 4.605,73. Os bancos oferecem reajuste de 4,5% e 5,5% de participação nos lucros.
O comando nacional marcou para este sábado uma reunião com representantes dos 32 maiores sindicatos e federações do país para avaliar e ampliar o movimento grevista a partir de segunda-feira. Em São Paulo, à tarde, mais de mil pessoas encerraram o segundo dia de greve com uma passeata na Avenida Paulista. Eles se concentraram em frente ao prédio do Real, adquirido pelo Grupo Santander. No local, está instalado o escritório de Fábio Barbosa, presidente do Santander e da Febraban.
Já o Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo e Mogi das Cruzes informou que cerca de dez mil trabalhadores aprovaram indicativo de greve nesta sexta-feira, em São Paulo. A greve ainda não tem data de início e só será deflagrada, segundo os sindicalistas, caso as empresas não apresentem proposta de aumento salarial satisfatória nem aceitem a redução da jornada para 40 horas semanais. (Leia mais em O Globo)
FGTS preocupa parlamentares e vira alvo de 276 projetos no Congresso
A baixa rentabilidade do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) nos últimos anos, a ingerência do Executivo no Conselho Curador (regulador do fundo) e o uso dos recursos em quantidade cada vez maior em programas do governo são motivos de preocupação no Congresso Nacional. Levantamento feito pela Comissão Mista, a pedido do GLOBO, revela que existem 276 propostas em tramitação na casa neste momento. Deste total, 227 na Câmara dos Deputados e 49 no Senado Federal.
O senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) apresentou um projeto que substitui a correção das contas vinculadas - atualmente feita via Taxa Referencial (TR) mais 3% ao ano - pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) mais 3% ao ano. Garibaldi, no entanto, adiantou que deverá trocar o índice proposto por Jereissati pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) - mesmo referencial usado para os benefícios da Previdência Social, mais 20% do ganho real da taxa de juros básica da economia (Selic).
Outro projeto em análise é do senador Paulo Paim (PT-RS). Ele propõe alterar a composição do Conselho Curador de modo que o governo tenha o mesmo peso nas decisões que os trabalhadores. Hoje, o governo detém a metade dos votos e tem a palavra final em caso de empate.
Na semana passada, a Comissão de Assuntos Sociais (CAS) aprovou projeto que prevê a distribuição de 50% do patrimônio líquido do FGTS para os cotistas. A ideia é fazer uma analogia com as Sociedades Anônimas, que distribuem lucros e dividendos aos acionistas. (Leia mais em O Globo)
Desemprego neste ano deve cair para menor nível desde 2002, diz BC
O Banco Central (BC) prevê que a taxa de desemprego no país chegará em dezembro próximo a seu menor nível histórico, puxada sobretudo pela recuperação da indústria. De acordo com o diretor de Política Econômica da autoridade monetária, Mário Mesquita, essa taxa fechará o ano em 6,7%, abaixo dos 6,8% registrados um ano antes e atual recorde da série histórica, iniciada em 2002.
Segundo Mesquita, trata-se de um indicador de que a crise internacional perdeu força e o país está dando sinais consistentes de recuperação.
- Parece que, de fato, o pior da crise já passou para o país - comentou ele, ao anunciar a manutenção da projeção do BC para o Produto Interno Bruto (PIB) em 2009, cuja variação real foi mantida em 0,8% sobre 2008.
Para Mesquita, o desemprego cairá porque a indústria está se recuperando e voltando a concentrar. O setor de serviços - começa a temporada de contratação para as festas de fim de ano - também tem um papel importante, ainda mais que, mesmo com a crise, continuou mostrando crescimento, apesar de menor.
O diretor melhorou, e muito, a expectativa anunciada em junho, que era uma taxa de desemprego de 7,6%.
Mesquita, que apresentou o relatório trimestral de inflação do BC, também deu recados ao mercado financeiro, sobretudo por causa das recentes elevações no mercado futuro de juros. Para ele, toda vez em que houve desconfiança de que o BC poderia "se descuidar do controle de preços", as apostas acabaram sempre originando resultados negativos. Ou seja, reforçou que a autoridade monetária não vai deixar de perseguir o cumprimento das metas de inflação, mesmo num ano eleitoral (2010) ou com uma eventual saída do presidente do BC, Henrique Meirelles, que pode decidir concorrer a algum cargo político no próximo ano.
Mesquita também afirmou que a apreciação no mercado acionário decorre das melhores expectativas dos investidores sobre a economia brasileira que, se concretizadas, possibilitarão resultados mais positivos às empresas. Ele, no entanto, evitou comentar se o atual momento da bolsa - que acumula ganhos acima de 60% no ano - é uma bolha financeira ou não.
- As bolhas parecem óbvias depois que elas terminam - afirmou o diretor. (Leia mais em O Globo)
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