Com juro alto, mais pessoas deixam de pagar crediário
Em maio, inadimplência avança 8,21% em relação a igual mês de 2010.
Elevação dos juros pelo BC afeta vendas de forma mais negativa do que positiva, diz entidade de lojistas.
A inadimplência do consumidor brasileiro registrou alta de 8,21% em maio, na comparação com o mesmo período do ano passado.
Essa é a quarta elevação seguida da taxa neste ano. Nos cinco primeiros meses de 2001 a inadimplência avançou 3,61%.
Os dados foram divulgados ontem pelo SPC (Serviço de Proteção ao Crédito) e pela CNDL (Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas).
Segundo Roque Pellizzaro Junior, presidente da CNDL, um dos fatores que contribuíram para a inadimplência do consumidor é a elevação da taxa básica de juros da economia, que está em 12,25%.
"A elevação dos juros começa a afetar de forma mais negativa do que positiva", declarou Pellizzaro.
Para ele, a inadimplência do consumidor deve continuar em alta. Por isso, a entidade vai alertar os lojistas para serem mais criteriosos na concessão de crédito.
"É um aumento significativo em relação a maio do ano passado; isso não é bom no contexto geral. A ideia é fazer com que o comércio analise melhor [a situação do consumidor] e com mais critério na hora de conceder o crédito."
Na comparação com abril, o indicador teve queda de 0,27%. Segundo a entidade, a explicação para essa redução no nível de inadimplência é a proximidade do Dia dos Namorados. "Existe uma tendência do consumidor em honrar compromissos para se manter ativo no consumo", diz nota da CNDL.
As consultas feitas pelos lojistas ao SPC também cresceram em maio. O indicador subiu 7,76% ante o mesmo mês de 2010. É a segunda elevação seguida desse índice. (Folha)
Governo do Rio antecipa aumento para bombeiros
Governador Sérgio Cabral cede e recria a Secretaria de Defesa Civil, atendendo a reivindicação da corporação. Novo secretário chama medidas de "recado por volta à normalidade'; manifestantes insistem na libertação de presos.
O governo do Rio fez duas concessões ontem aos bombeiros ao recriar a Secretaria de Defesa Civil e antecipar para julho um aumento de 5,58% que previa dar, escalonadamente, até o fim do ano.
As medidas, na prática, significam que o governador Sérgio Cabral (PMDB) começou a ceder aos bombeiros, a que chamara de "vândalos e irresponsáveis" após a invasão do Quartel Central na última sexta. Cabral afirmara que não havia qualquer possibilidade de negociação.
O novo secretário da Defesa Civil e comandante do Corpo de Bombeiros, Sérgio Simões, disse que as medidas são "um recado para que a corporação volte à normalidade".
O aumento salarial beneficia também os policiais civis e militares e os agentes penitenciários do Estado.
Os bombeiros que estão acampados nas escadarias da Assembleia Legislativa desde sábado insistem que só suspenderão a mobilização quando os 439 presos forem libertados.
"Esse reajuste não é condizente com o salário que reivindicamos, de R$ 2.000 líquidos. Mas agora nosso foco é a libertação dos presos", disse Cristiane Daciolo, 37, mulher do cabo Benevenuto Daciolo, um dos líderes do movimento e que está preso.
Ontem, um grupo de 27 deputados estaduais apresentou proposta de anistia aos bombeiros detidos. Se aprovado, o texto precisará ser sancionado por Cabral.
Simões insistiu que o governo não pode fazer nada para soltar os bombeiros e que a decisão cabe à Justiça Militar, que já negou um pedido de habeas corpus e outro de relaxamento de prisão.
O coronel Simões já se reuniu com líderes do movimento, e a retirada do Corpo de Bombeiros da esfera da Secretaria de Saúde era uma das reivindicações da tropa.
Anteontem, a Associação de Cabos e Soldados do Corpo de Bombeiros aumentou de R$ 2.000 para R$ 2.900 o pedido de aumento do piso salarial. Representantes dos bombeiros afirmaram ontem que não reconhecem a associação como entidade capaz de negociar com o governo.
Com os 5,58%, o salário mais baixo da categoria, irá para R$ 1.265, diz Simões. (Folha)
Só Brasil e mais 9 países, entre 40, têm juro positivo
País lidera ranking de juros mais altos, muito à frente do segundo colocado; outros países mantêm juros abaixo da inflação, na tentativa de reanimar a economia
Entre as 40 principais economias do mundo, 29 têm juro real negativo. Apenas dez países mostram juro real positivo e um deles pratica taxa de 0% ao ano. O juro real mais alto é o brasileiro, com taxa de 6,8% ao ano. O segundo lugar é do Chile, que tem juro real de 1,5% anual. Os dados são de levantamento feito por Jason Vieira, da Cruzeiro do Sul Corretora.
Economistas explicam que a atual configuração do ranking se dá, basicamente, por dois motivos. O primeiro tem a ver com a crise financeira de 2008, que forçou a redução das taxas de juros ao redor do mundo, ao ponto de deixá-las negativas. O objetivo dos países com o recuo é tentar aquecer a suas economias.
O segundo fator - e que explica porque o Brasil é o líder (com folga) da listagem - está relacionado à alta taxa básica de juros (Selic) para conter a inflação no País. Na quarta-feira, o Banco Central elevou novamente a Selic em 0,25 ponto porcentual, para 12,25% ao ano, reforçando a posição brasileira na listagem.
"Agora, o Brasil está em primeiro com taxa real de 6,8% porque a inflação do País obrigou o Banco Central a subir a Selic", comenta Rafael Martelo, economista da Tendências Consultoria.
A professora do Insper (ex-Ibmec São Paulo) Vitória Saddi acredita também que a memória de hiperinflação no Brasil "provoca medo no governo em reduzir o juro". Ela cita, no entanto, que a curva do juro está em queda. "Em 2002 tínhamos juro real próximo de 40% ao ano."
Para o Brasil ter juro real de 1,5% (como é o do Chile) seria necessário reduzir a Selic (hoje em 12,25% ao ano) para algo como 5,5% ao ano - considerando a meta de inflação de 4,5% anuais.
Enquanto o Brasil eleva o juro para conter a inflação provocada sobretudo pelo consumo excessivo, os países desenvolvidos derrubam suas taxas para tentar movimentar suas economias.
"O padrão histórico é juro real positivo", frisa Martelo, da Tendências. "As taxas negativas são sazonais. É mais uma das tentativas de recuperação econômica", endossa Vitória. (Estado)
Petrobrás descobre gás e petróleo em poço no Golfo do México
De acordo com a estatal, esta pode ser uma das maiores descobertas realizadas na região na última década
A Petrobrás informou nesta quinta-feira, 9, mais duas descobertas de petróleo e uma gás em águas ultraprofundas na área de Hadrian, situado na concessão Keathley Canyon, na porção norte-americana do Golfo do México. De acordo com a estatal, estima-se um volume recuperável superior a 700 milhões de barris de óleo equivalente no conjunto dos blocos de Keathley Canyon, configurando uma das maiores descobertas realizadas no Golfo do México na última década.
As descobertas de Hadrian estão localizadas a cerca de 250 milhas (400 km) a sudoeste de Nova Orleans, em uma profundidade de água de aproximadamente 7 mil pés (2,1 mil metros).
Segundo a Petrobrás, a descoberta ocorreu através da perfuração do poço KC 919#3, no bloco KC 919, e confirmou uma acumulação de petróleo com mais de 475 pés (144 metros) de espessura de reservatório. "Objetivos mais profundos ainda serão perfurados", afirma a petroleira em comunicado.
A estatal revela que em atividades anteriores de perfuração já havia sido descoberto petróleo nos blocos KC 919 e KC 918 - Hadrian Norte -, e gás nos blocos KC 963 e KC 964 - Hadrian Sul. "Avaliações preliminares acenam para a existência de um importante conjunto de descobertas de hidrocarbonetos nessa região", destaca a Petrobrás.
A ExxonMobil é a operadora do projeto, com 50% de participação nos blocos KC 918, KC 919, KC 963 e KC 964; a Petrobras, através da Petrobrás America Inc. detém 50% do bloco KC 918 e 25% dos blocos KC 919, KC 963 e KC 964, enquanto a Eni Petroleum US LLC participa com os 25% restantes. (Estado)
Brasil Foods já admite acordo com o Cade
Acuada pelo voto desfavorável do relator do processo à fusão das marcas Sadia e Perdigão , a BRF - Brasil Foods não perdeu tempo e começou nesta quinta-feira a procurar os demais membros do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) para tentar fechar um acordo que garanta a operação. A empresa mudou assessores e contratou a LCA Consultoria - fundada pelo presidente do BNDES, Luciano Coutinho - para ajudar nas negociações, informa a reportagem de Patrícia Duarte, Martha Beck e Ronaldo D'Ercole. Dificilmente, a solução evitará a venda de uma das marcas principais, Sadia ou Perdigão, ou de produtos líderes, avaliam especialistas.
De acordo com fontes próximas ao assunto, a empresa sinalizou que entregará uma proposta na próxima semana, mas ainda não indicou o desenho. O trabalho de convencimento dos demais quatro conselheiros que ainda precisam votar não será fácil, porque, em linhas gerais, concordam com a avaliação feita pelo relator Carlos Ragazzo, que votou contra.
Para uma fonte ligada ao Sistema Brasileiro de Defesa da Concorrência (SBDC), dificilmente a operação será fechada sem a venda ou o licenciamento de das marcas Sadia ou Perdigão. Especialistas em defesa da concorrência concordam. O advogado Sérgio Bruna, do escritório Lobo & Rizza, disse que qualquer iniciativa terá que envolver marcas conhecidas pelos consumidores como ocorre com as margarinas, onde há participação de 60%. A BRF é dona, por exemplo, dos nomes Doriana, Qualy e Becel.
Segundo o ex-presidente do Cade e ex-secretário de Direito Econômico Rui Coutinho, a proposta da BRF de alienar marcas menos conhecidas, como a Excelsior Alimentos, foi equivocada:
Boatos de preparação para uma batalha judicial -- Coutinho disse que, no meio empresarial, circularam boatos ontem de que a BRF já estaria se preparando para uma ação judicial. Embora queira resolver o assunto administrativamente, a empresa quer garantir o negócio.
- Ela tem o argumento de que a fusão traz ganhos líquidos para a economia - afirmou Coutinho.
Para Marcelo Calliari, da Tozzini Freire Advogados, no entanto, a negociação no Cade seria positiva para os dois lados, pois há atos de concentração há anos na Justiça, o que provoca um desgaste para empresas (queda nas ações e perda de valor) e SBDC. Outro agravante, segundo Sérgio Bruna, é o fato de a BRF ter sido constituída com o patrocínio do BNDES. Ainda assim, o governo analisa que a estratégia adotada pelas empresas (Sadia e Perdigão) durante o processo, iniciado em 2009, foi "desastrosa" porque foram intransigentes ao insistir que a fusão poderia ocorrer sem restrições.(O Globo)
Apesar de queda no índice, brasileiros continuam otimistas com a economia, informa o Ipea
Apesar da redução do número de famílias satisfeitas com a economia, os brasileiros continuam otimistas em relação à situação socioeconômica do país, segundo o Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (Ipea).
O Índice de Expectativa das Famílias (IEF), medido através de pesquisa em 3.810 domicílios em mais de 200 municípios do país, caiu de 63,8 pontos em abril para 62,9 pontos em maio. Mas, de acordo com a metodologia aplicada, como o resultado ficou na faixa entre 60 e 80 pontos, o índice é considerado um sinal de otimismo.
De acordo com o Ipea, as informações confirmam que as famílias de maior renda são as mais otimistas. Os melhores resultados foram verificados na faixa de renda entre quatro e cinco salários mínimos, e grau de instrução superior. O instituto também revela que 71% das famílias se sentem pouco endividadas e 93% não pretendem fazer empréstimos ou financiamentos nos próximos meses, mas cerca de 41% informaram que não sabem se conseguirão quitar suas dívidas atuais.
Os brasileiros também estão otimistas com o mercado de trabalho, pois 76% dos chefes de família se sentem seguros em suas ocupações, e em pelo menos 38% das casas acredita-se que as condições de trabalho vão melhorar nos próximos meses. (O Globo)
STF adia decisão sobre reajuste anual do funcionalismo
O Supremo Tribunal Federal (STF) começou, ontem, a julgar um recurso em que servidores públicos pedem reajustes e o relator do processo, ministro Marco Aurélio Mello, concluiu que a elevação salarial dos funcionários públicos deve ser anual.
O caso não foi concluído porque a ministra Cármen Lúcia Antunes Rocha pediu vista. Mas, a prevalecer o voto de Marco Aurélio, mais de 10 milhões de servidores públicos terão direito a reajustes anuais automáticos. Ao votar, o ministro fez uma diferença entre aumento e reajuste. "No caso, não se trata de fixação ou de aumento de remuneração. Objetiva-se a manutenção do poder aquisitivo", afirmou.
O relator apontou que, ao não conceder os reajustes anuais que estão previstos na Constituição, os governos dos estados obtêm uma vantagem indevida ao ficar com esses valores. "Não se pode admitir a supremacia absoluta do Estado", disse Marco Aurélio.
O ministro ressaltou que o Judiciário não pode conceder aumento de servidor através de decisões. Essa seria uma competência do Legislativo. Ele citou uma súmula do próprio STF neste sentido. Mas, em seguida, Marco Aurélio disse que o tribunal já decidiu a favor da correção da moeda para os trabalhadores. "O STF já assentou que a correção monetária é mera reposição do valor da moeda corroída pela inflação", enfatizou o ministro.
O processo que o STF está julgando envolve várias categorias de servidores públicos, como policiais militares de São Paulo, policiais civis de Londrina, no Paraná e policiais federais de Santa Catarina. Como o STF deu repercussão geral ao caso, a decisão vai servir de orientação para todos os casos que discutem o assunto. (Valor)
Empresa antecipa recursos para projeto e aplica em juro
Para embolsar o diferencial de juros, escapar do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) e ainda realizar um investimento produtivo, que justifique o não-recolhimento de IOF, empresas privadas estão praticando uma espécie de "arbitragem regulatória". Essa é a avaliação do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), que prepara estudo sobre o "boom" de endividamento externo recente, a que o Valor teve acesso. De acordo com o estudo, o país assiste a uma antecipação dos planos de investimentos das empresas. Os empréstimos inter-companhias, isso é, da matriz à subsidiária, estão livres da cobrança do IOF. Assim, as companhias antecipam a entrada de divisas que financiarão investimentos futuros e aplicam os recursos no mercado financeiro.
O endividamento externo brasileiro aumentou 42,4% entre janeiro de 2009 e abril deste ano, e, ainda que o total acumulado (US$ 282,4 bilhões) seja superado pelas reservas internacionais do Banco Central, causa alerta por sua composição - em sua maior parte, trata-se de dívida externa privada. No período, a participação dos bancos no total contraído com o exterior foi de 42,8%, enquanto das empresas de outros setores foi de 51,8%. "Como nesses grupos predominam agentes privados", diz o estudo, "pode-se afirmar que o endividamento externo pós-crise é um processo intenso e virtualmente todo ele privado, sob a liderança dos bancos".
A participação de bancos e empresas no total do endividamento externo aumentou em quase oito pontos percentuais no período, atingindo 76% em abril, dado mais recente do BC.
Quando o governo retomou as elevações na alíquota do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) sobre a aplicação em títulos de renda fixa, em outubro de 2010, o fluxo de investimento estrangeiro direto fora de US$ 6,8 bilhões. Dois meses depois, em dezembro, já atingira US$ 15,4 bilhões e, nos primeiros quatro meses de 2011, ingressaram US$ 23 bilhões sob a forma de investimento.
"O veloz aumento no endividamento externo privado é muito preocupante", diz Júlio Sérgio Gomes de Almeida, consultor do Iedi e autor do estudo, "porque, neste ritmo, pode ultrapassar o patamar das reservas, que já crescem em uma toada menor". Para Almeida, que foi secretário de política econômica do Ministério da Fazenda, a "arbitragem regulatória" praticada por empresas e bancos para escapar do IOF está "revertendo todo o esforço recente do setor público em reduzir o endividamento externo".
Ao antecipar a internalização de recursos para investimentos, as companhias cumprem a regulação vigente, que livra de IOF o investimento estrangeiro direto. "É muito complexo, para o governo, fiscalizar o que as empresas fazem com o capital que tomam no exterior, seja com a matriz seja no sistema financeiro", diz Almeida. "A única coisa certa é que esse fluxo de recursos não vai durar para sempre, seja por uma aversão a risco quanto à elevação do endividamento externo, seja pela pressão sobre a taxa de câmbio, que pode atingir um piso de valorização a partir do qual o mercado comece a precificar uma desvalorização".
Segundo uma fonte consultada pelo Valor, o processo a que o Iedi denomina de "arbitragem regulatória" funciona da seguinte forma: em vez de disparar US$ 100 milhões para a subsidiária no Brasil investir em janeiro de 2012, a matriz estrangeira antecipa o envio de US$ 80 milhões, que são aplicados no mercado financeiro brasileiro até janeiro do ano que vem, quando o dinheiro é sacado e aplicado como investimento, seguindo o planejamento estratégico da companhia. "Esse modelo foi impulsionado pelo governo federal", diz a fonte, que atua na intermediação de empresas e mercado financeiro.
Para Almeida, uma saída seria a instituição do IOF para os empréstimos inter-companhia. "Apenas o investimento estrangeiro direto para participação em capital ficaria livre da taxação", avalia. (Valor)
Negativa de plano gera dano moral
As disputas com consumidores estão pesando no bolso das operadoras de planos de saúde. O Superior Tribunal de Justiça (STJ) vem, com mais frequência, condenando as empresas a pagar danos morais, além de exigir a cobertura de internações e cirurgias e o fornecimento de próteses e medicamentos. Recentemente, a 3ª Turma reconheceu o "abalo moral" sofrido por uma paciente gaúcha, diagnosticada com câncer, e determinou à Bradesco Saúde o pagamento de indenização no valor de R$ 15 mil.
Com o crescente número de decisões favoráveis aos consumidores no STJ, a segunda instância, até então resistente, começou a editar súmulas prevendo o pagamento de danos morais. Em maio, o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ) aprovou texto estabelecendo indenização em casos de "indevida recusa de internação ou serviços hospitalares, inclusive home care". No Estado, tramitam hoje quase 12 mil ações envolvendo planos de saúde. A Corte estadual pernambucana também já publicou uma orientação nesse sentido.
No Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) também já há precedente favorável aos consumidores. No início do mês, a 5ª Câmara de Direito Privado negou provimento a um recurso apresentado pela Unimed Paulistana contra decisão que a condenou a pagar R$ 5 mil, a título de danos morais, a uma consumidora. A sentença obrigou ainda a empresa a custear uma cirurgia e todo o material necessário. "Qualquer pessoa que necessita de tratamento médico e hospitalar já está com seu equilíbrio emocional abalado, situação que se agrava com uma negativa da operadora de plano de saúde", diz o advogado Julius Cesar Conforti, do escritório Araújo e Conforti Advogados Associados, que defende a consumidora.
A Unimed Paulistana informou, por meio de nota, que vai recorrer da decisão ao STJ. A operadora alega que "não negou o procedimento", que incluía cirurgia e o fornecimento de uma prótese importada, e que foi surpreendida pela ação judicial enquanto analisava o caso. A empresa lembra, no entanto, que "as próteses importadas são perfeitamente passíveis de exclusão de cobertura, conforme disposição expressa da Lei nº 9.656, de 1998, e das diretrizes da própria Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), que fiscaliza e regulamenta os planos de saúde no Brasil".
No STJ, os ministros têm frequentemente acatado a tese dos consumidores. No caso julgado pela 3ª Turma, a ministra Nancy Andrighi, relatora de um recurso apresentado pela paciente gaúcha, entendeu que "maior tormento que a dor da doença é o martírio de ser privado de sua cura". Já internada e prestes a ser operada, ela foi surpreendida pela notícia de que a prótese a ser utilizada na cirurgia não seria custeada pelo plano de saúde. Teve, então, que emitir cheque "desprovido de fundos" para garantir o procedimento.
"O diagnóstico positivo do câncer certamente trouxe forte comoção à recorrente. Porém, talvez pior do que isso, tenha sido ser confortada pela notícia quanto à existência de um tratamento para, em seguida, ser tomada de surpresa por uma ressalva do próprio plano de saúde - que naquele momento deveria transmitir segurança e tranquilidade", disse a ministra, acrescentando que a negativa de cobertura se demonstrou "injustificada, ilegal e abusiva". Em nota, a Bradesco Saúde informou que "não comenta casos levados à apreciação do Poder Judiciário".
A 4ª Turma do STJ também tem seguido entendimento semelhante. Recentemente, manteve decisão que condenou a Golden Cross a pagar R$ 4 mil de danos morais a um consumidor do Rio de Janeiro. Os ministros entenderam que "a recusa indevida à cobertura pleiteada pelo segurado é causa de danos morais, pois agrava a sua situação de aflição psicológica e de angústia do espírito." Para o advogado da Golden Cross, Flávio Zveiter, essas decisões prejudicam muito os planos, "condenados a indenizar por negativas legítimas". (Valor)
Juros do cheque especial apresentam nova alta em junho, diz Procon-SP
As taxas médias de juros do cheque especial subiram mais uma vez em junho, segundo revela pesquisa divulgada nesta quinta-feira (9) pela Fundação Procon de São Paulo.
A taxa média do cheque especial ficou em 9,53% ao mês, 0,06 ponto percentual acima do verificado em maio, quando a taxa era de 9,47%. Segundo o Procon, o Banco do Brasil (de 8,27% para 8,37%) e a Caixa Econômica Federal (de 7,95% para 8,27%) foram os responsáveis pelo acréscimo.
Empréstimo Pessoal -- No que diz respeito à taxa do empréstimo pessoal, em junho ela permaneceu estável, ficando em 5,6% ao mês.
Apesar disso, o Procon-SP alerta que a conjuntura continua desfavorável para os tomadores de empréstimo, devendo o consumidor ficar atento e analisar as alternativas de crédito, de modo a amenizar o impacto no orçamento.
O estudo verifica as cobranças dos sete maiores bancos do país, tomando para comparação o empréstimo pessoal para um período de 12 meses e o cheque especial para 30 dias. (Infomoney)
OIT: mais de 100 milhões de crianças em todo o mundo trabalham em atividades perigosas
A Organização Internacional do Trabalho (OIT) divulgou hoje (10) relatório sobre o trabalho infantil perigoso. Os dados mostram que há no mundo 115 milhões de crianças (7% do total de crianças e adolescentes) nesse tipo de atividade. Segundo o relatório, esse número é quase metade dos trabalhadores infantis (215 milhões). É considerado trabalho perigoso qualquer tipo de atividade que possa ser prejudicial à saúde e à integridade física e psicológica da criança.
O relatório também afirma que embora o número total de crianças entre 5 e 17 anos em trabalhos perigosos tenha caído entre 2004 e 2008, houve aumento de 20% na quantidade de crianças entre 15 e 17 anos nessas atividades, passando de 52 milhões para 62 milhões.
O documento diz que o maior número de crianças em trabalhos perigosos está na Ásia e no Pacífico, onde há 48,1 milhões. Contudo, é na África Subsaariana que se encontra o maior número proporcional de crianças em
trabalhos perigosos - são 38,7 milhões para uma população total de 257 milhões.
Na América Latina há 9,43 milhões de crianças desenvolvendo trabalho perigoso. Nas outras regiões, como a Europa e a América do Norte, há registro de 18,9 milhões de crianças nesse tipo de atividade.
O estudo afirma ainda que a redução do trabalho infantil perigoso foi maior para as meninas do que para os meninos. Entre 2004 e 2008 houve uma redução de 9% no número de meninos realizando trabalhos perigosos,
enquanto no mesmo período a redução do número de meninas foi 24%.
A agricultura é o setor onde há o maior número de crianças trabalhando, 59% delas em atividade perigosa, com idade entre 5 e 17 anos. Fazem parte desse setor a pesca, a silvicultura, o pastoreio e a agricultura de subsistência. O restante está dividido entre o setor de serviços (30%) e em outras atividades (11%). O relatório diz ainda que pelos menos um terço das crianças faz trabalhos domésticos e não recebe nenhuma remuneração para isso.
O estudo afirma ainda que as crianças e os jovens que desenvolvem trabalho perigoso sofrem mais acidentes do que os adultos. O relatório cita que Agência Europeia para a Seguridade e Saúde no Trabalho chegou à conclusão de que os jovens tem 50% mais chances de sofrer alguma lesão do que os adultos.
O estudo lembra que no Brasil, foram registrados entre 2007 e 2009 mais de 2,6 mil lesões de trabalho em crianças. No Chile, em 2008, foram observadas mais de mil lesões em jovens com idade entre 15 e 17 anos.
Para acabar com o trabalho perigoso de crianças e de adolescentes em todo o mundo,o relatório recomenda a todos os governo que sejam tomadas medidas com base em três eixos. A primeira é que os governos devem assegurar que as crianças frequentem a escola até, pelo menos, a idade mínima permitida para o trabalho. Os governos também devem melhorar as condições sanitárias próximas aos locais onde é realizado o trabalho e adotar medidas específicas para jovens que tenham entre a idade mínima para trabalhar e 18 anos.
Também devem ser adotadas medidas jurídicas para atuação contra o trabalho infantil perigoso, com a colaboração de empregadores e trabalhadores. (Agência Brasil)
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