Bancos têm perdas nos EUA e Europa em novo dia de tensão
Na França, rumores sobre o Société Générale derrubam mercado; Bank of America registra desvalorização de 11%.
Em mais um dia de quedas acentuadas em Bolsas pelo mundo, os bancos sofreram especialmente, levantando temor de que sua fragilidade acentue ainda mais a crise econômica mundial.
Houve perdas sobretudo em instituições na França e nos EUA. No caso francês, as quedas foram puxadas pelo risco de rebaixamento dos títulos do país.
A Bovespa fechou com leve alta, o que não impediu que empresas brasileiras começassem a refazer planos de obter financiamento externo. Em Brasília, a presidente Dilma Rousseff reuniu-se com aliados e pediu "maturidade" na questão fiscal. (Folha)
Uma janela de oportunidades
Por mais contraditório que possa parecer, a crise nos países centrais poderá abrir "uma janela de oportunidades" para o Brasil, na avaliação de fonte do governo. Embora a crise venha a ter efeitos negativos sobre o nível de atividade da economia brasileira, o enfrentamento dos problemas poderá ser feito pelo governo de forma que, ao final, o país esteja com taxas de juros mais próximas das dos demais países emergentes. A estratégia oficial de combate a esse novo round de turbulência internacional está sendo montada nessa direção.
A rigor, ainda não há no governo, como também entre os principais analistas do mercado, um diagnóstico muito claro da extensão e profundidade da atual crise. A única certeza é que o mundo conviverá com sérias dificuldades econômicas durante um bom tempo, principalmente porque a solução para o cerne dos problemas, como é caso do excessivo endividamento de vários países da zona do euro, não é trivial.
Há um entendimento, no entanto, de que um dos canais de transmissão da crise para o Brasil será a redução dos preços das commodities. Outro canal poderá ser a redução dos fluxos financeiros internacionais ao país, numa repetição do que aconteceu em 2008, embora em menor escala. As ações de alguns bancos internacionais acumulam perdas expressivas nas últimas semanas nas principais bolsas, o que poderá levá-los a frear a oferta de crédito para o mundo todo.
Fazenda quer fazer agora o que não conseguiu em 2008 -- A esperada desaceleração mundial, que alguns acreditam que pode vir a se transformar em recessão, reduzirá os preços das principais commodities. A aversão dos investidores ao risco tenderá também a diminuir a especulação com essas mercadorias, o que ajudará a deprimir os preços. Mesmo que o real se desvalorize, em decorrência de uma eventual redução de fluxos de capitais para o país e da queda das exportações brasileiras, o efeito da desvalorização sobre os preços internos será menor do que a queda das commodities, raciocinam os técnicos do governo. Assim, o efeito líquido será favorável ao controle da inflação.
Assim, a área econômica do governo já conta com a possibilidade de que a primeira resposta à crise será dada pela política monetária. Em sua próxima reunião, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central deverá paralisar o ciclo de elevação da taxa de juros, iniciado em janeiro. Se a crise se aprofundar, com efeitos negativos mais fortes sobre a atividade da economia brasileira, o Banco Central poderá reduzir os juros. Ou seja, o estímulo inicial contra um eventual quadro recessivo não será fiscal, mas monetário.
O Ministério da Fazenda não quer perder a oportunidade que a crise poderá criar para que o Brasil reduza os juros e se aproxime dos patamares praticados nos demais países, onde as taxas estão muito baixas. Ou seja, a Fazenda quer fazer o que o governo do presidente Lula não conseguiu em 2008, quando a crise financeira internacional provocou uma recessão mundial, mas o Brasil, por uma série de razões, continuou com taxas de juros muito elevadas.
A redução da Selic não apenas estimularia a atividade produtiva brasileira, argumentam as fontes, mas teria condições de resolver um dos grandes problemas que o diferencial de juros internos e externos provoca, ao tornar atrativas as operações de arbitragem que estimulam o ingresso de divisas no Brasil e a consequente valorização do real. Por último, a queda da taxa Selic iria reduzir o custo da dívida pública e, ao final do ciclo, aumentar o espaço para os gastos públicos e para a diminuição da carga tributária.
Essa estratégia só dará certo - e as autoridades do Ministério da Fazenda e do Banco Central sabem disso - se o governo conseguir segurar os gastos públicos, evitando que eles se tornem uma fonte de expansão da demanda agregada da economia. Desde segunda-feira, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, alerta para a necessidade de o Brasil manter uma política fiscal sólida. Na terça-feira, durante depoimento no plenário da Câmara dos Deputados, Mantega pediu ao Legislativo e ao Judiciário que evitem propostas que elevem as despesas públicas daqui para frente.
Ontem, a presidente Dilma Rousseff reuniu os líderes de sua base política no Congresso com o mesmo objetivo. A preocupação de Dilma é com os projetos de lei, já em tramitação no Congresso, que concedem aumentos de salários para os servidores. O esforço do governo - é bom que se diga - é para evitar a ampliação dos gastos públicos em 2012. Isso porque a expansão das despesas no próximo ano já está contratada e decorre, principalmente, do aumento de cerca de 14% para o salário mínimo. Por causa disso, as despesas previdenciárias e assistenciais subirão cerca de R$ 23 bilhões.
O pedido do governo para o controle dos gastos não é, portanto, uma sinalização de um Orçamento restritivo em 2012, mas um alerta para que as despesas públicas não se tornem uma fonte autônoma de expansão da demanda e, dessa forma, não inviabilizem uma redução mais forte da taxa de juros pelo Banco Central. (Valor)
Com bolsa em baixa, fundos de pensão vão às compras
Enquanto outros investidores corriam para vender ações numa reação automática à crise, os fundos de pensão aproveitaram a volatilidade que tomou conta dos mercados indo às compras para fortalecer suas carteiras. Petros, Valia, Funcef e Real Grandeza, quatro das maiores fundações do país, que somam um patrimônio de R$ 120 bilhões, estão no mercado. Nos três pregões mais agudos da crise, só a Real Grandeza, fundação de previdência dos funcionários de Furnas, gastou R$ 300 milhões com aquisição de papéis de empresas de primeira linha, como Petrobras e Vale.
"Estávamos abaixo da nossa alocação estratégica na parte de bolsa, então aproveitamos esse momento para poder fazer compras", disse Eduardo Henrique Garcia, diretor de investimentos do fundo de pensão. Antes de ir às compras, a carteira de renda variável da Real Grandeza correspondia a 14% dos R$ 8,9 bilhões do seu patrimônio. A operação realizada desde a semana passada elevou essa fatia para perto dos 18% apontados pela alocação estratégica delineada pela própria fundação.
A Valia, dos funcionários da Vale, está analisando as boas oportunidades para recompor o portfólio. Com a baixa da bolsa, a fundação, com patrimônio de R$ 14 bilhões, sendo 25% investidos em ações, teve sua carteira de renda variável encolhida em 15%.
"Mesmo com essa queda, nossa carteira de ações está acima do Ibovespa, que caiu 28% no ano. Até agora estamos fazendo pequenos ajustes em relação ao índice. Ainda não fizemos nenhuma compra grande, mas estamos avaliando o mercado. A fundação da Vale tem em sua carteira empresas sólidas que passam tranquilas por essa turbulência", disse Lott.
A Petros, dos empregados da Petrobras, com patrimônio de R$ 51 bilhões, tem 40% deste valor aplicado em papéis de empresas e planeja até ampliar um pouco esse percentual. Luís Carlos Afonso, presidente da Petros, pretende aproveitar o momento de baixa da bolsa para construir novas participações ou aumentar as que já detém em empresas de primeiríssima linha. "Estamos apostando no crescimento da nossa carteira de participações e várias empresas que hoje têm preços convidativos estão no nosso radar. Não pretendemos vender nenhuma dessas participações. Em caso de necessidade, temos a carteira de giro que é mais defensiva e funciona como um complemento de liquidez".
A partir da crise de 2008, segundo Afonso, a Petros adotou dois tratamentos diferenciados para sua carteira de renda variável: um portfólio de giro, com ações que podem ser negociadas facilmente, e outro de participações, mais estratégico. "De 2008 para cá, crescemos muito em renda variável, de 23% para 34%, em 2009, e agora estamos em 40%".
Para a Funcef, que tem R$ 44 bilhões em ativos e aplica 33% na bolsa, o colchão de liquidez vem da renda fixa, que responde por 75% do patrimônio. Demostenes Marques, diretor de investimentos da fundação, disse que esse colchão tem liquidez para fazer frente às obrigações da casa por dois anos, sem ter de "realizar perdas com ações". Por isso, quando a crise se acentuou, no final da semana passada, a direção da Funcef tomou a decisão de ir às compras, que iniciou logo no primeiro pregão desta semana.
Marques não revela o montante que destinou para o que chama de "reentrada", mas a orientação para as aquisições, dessa vez, é bem diversa do habitual. Em vez de 80% ou 90% referenciados em um índice, só a metade vai seguir esse parâmetro. Com a outra, a fundação vai em busca de papéis que, na pressa de sair da bolsa, outros investidores deixaram depreciados demais.
"Tem algumas oportunidades que ficaram evidentes", disse Marques. Segundo ele, a Funcef trabalha com o que chama de "carteira de retorno absoluto", composta por 12 ações escolhidas pelos analistas da próprio fundo de pensão, conforme os fundamentos das empresas. Além desse grupo, há ainda papéis de alta liquidez que a Funcef considera terem sido muito castigados, apesar da boa saúde financeira das empresas. Algumas dessas companhias, segundo Marques, talvez saiam até melhor posicionadas da crise, em relação aos seus competidores.
A avaliação é parecida com a feita pelo presidente da Petros. Para Afonso, o mercado de ações local, por ser de alta liquidez, paga o preço da volatilidade internacional. "Quando comparada ao resto do mundo, a bolsa brasileira é a que tem a maior queda. Não vejo razões objetivas para isso. Nossas empresas estão muito baratas, estão até recomprando suas ações. O preço dos papéis de algumas, até da primeira linha, está muito abaixo do que de fato vale".
Os gestores dessas fundações acreditam que a irracionalidade verificada nos últimos pregões decorre da entrada e saída do capital estrangeiro da bolsa. No momento da baixa, mecanismos de "stop loss" (limitação de perdas) são acionados automaticamente e desfazem carteiras muitas vezes montadas criteriosamente, abrindo mão de ações de alta qualidade a um preço baixo. A corrida do capital em direção aos títulos do Tesouro dos Estados Unidos, mesmo após o rebaixamento, é apontada como uma das causas para a revoada da BM&F Bovespa.
Na visão dos fundos de pensão, grandes investidores de longo prazo, esta não será nem a primeira, nem a última crise. "A crise lá fora é diferente da de 2008", avalia o presidente da Petros. A expectativa dele é que, se agora a bolsa sofre com a revoada do capital especulativo, mais tarde, com provável desaceleração das economias desenvolvidas, o Brasil pode se tornar um destino atraente para capitais de investimento de melhor qualidade. (Valor)
Pesquisa CNI aponta queda na aprovação do governo Dilma
Pesquisa CNI/Ibope divulgada ontem aponta queda na aprovação de Dilma Rousseff e de seu governo.
O percentual dos que deram nota ótimo/bom ao governo caiu de 56% no levantamento de março para 48% agora. Com isso, subiram os conceitos de regular (de 27% para 36%) e ruim/péssimo (5% para 12%).
A aprovação da maneira como Dilma governa também caiu. O percentual dos que aprovam passou de 73% para 67%, e a taxa dos que desaprovam passou de 12% para 25%.
Para Flávio Castelo Branco, gerente-executivo da Unidade de Política Econômica da CNI, a aprovação de Dilma e do governo petista ainda é "bastante elevada", comparada aos índices verificados nos governos de Lula e FHC.
"Houve, sem dúvida, um pequeno recuo com relação ao levantamento anterior. O momento de março é especial, com a entrada de uma nova administração, momento em que há um conjunto de avaliações favoráveis."
A pesquisa aponta ainda um aumento no número dos entrevistados que consideram o governo Dilma pior que o Lula. Entre março e junho, o percentual mais que dobrou -de 13% para 28%.
Foram ouvidas 2.002 pessoas entre os dias 28 e 31 de julho, quando já eram conhecidos os escândalos na Casa Civil e nos Transportes. A margem de erro é de dois pontos percentuais. (Folha)
MP reduz INSS de microempresa e dona de casa para 5%
BRASÍLIA - O plenário do Senado aprovou hoje a Medida Provisória 529, que reduziu a alíquota de contribuição do microempreendedor individual à Previdência Social de 11% para 5%. Transformada em projeto de lei de conversão, a proposta seguirá diretamente à sanção presidencial. A expectativa é que o aumento da formalização no mercado de trabalho acarrete aumento de arrecadação da Previdência Social, diminuindo o impacto da renúncia fiscal.
O alcance social da medida foi destacado pelo relator, senador Armando Monteiro Neto (PTB-PE), que apontou a redução como um "incentivo importante para a formalização da economia". A medida foi tão elogiada que até a oposição subiu à tribuna para elogiar o governo pela iniciativa. "Qualquer proposta que reduza o volume da atividade informal certamente é uma grande contribuição ao aperfeiçoamento da legislação, estímulo às atividades econômicas e ao desenvolvimento social e econômico do País", discursou o líder do PSDB, Álvaro Dias (PR).
A medida provisória também incluiu as donas de casa como beneficiárias do projeto, sendo que poderão aposentar por idade, mediante contribuição ao INSS da alíquota reduzida. Outra emenda aprovada pelos deputados estabelece como dependente do segurado o filho com deficiência intelectual ou mental, que seja considerado relativamente ou totalmente incapaz por declaração judicial. Por fim, uma emenda da Câmara permitiu o recebimento de pensão por morte aos dependentes com deficiência, prevendo, no entanto, redução de 30% caso exerçam alguma atividade remunerada. (Estado)
Mantega acena com mais desonerações para o setor produtivo
Na primeira reunião do Grupo de Avanço da Competitividade (GAC) após o anúncio da nova política industrial, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, acenou nesta quarta-feira com novos incentivos para o setor produtivo. Segundo empresários que participaram do encontro, o governo vai analisar a possibilidade de elevar a lista de materiais de construção que foram desonerados do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) até o final de 2012 e também aumentar do limite de faturamento para empresas que declaram Imposto de Renda (IR) pelo regime do lucro presumido.
Segundo o presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Material de Construção (Abramat), Melvyn Fox, Mantega disse que não houve tempo para ampliar a lista de produtos com IPI reduzido na política industrial lançada na semana passada, batizada de Brasil Maior, mas que esse benefício deve ser concedido em breve. Entre os itens que a Abramat quer incluir no rol estão telhas onduladas, vidros, pregos e pisos laminados.
Já o presidente da Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib), Paulo Godoy, levou ao Ministério da Fazenda a ideia de elevar de R$ 48 milhões para R$ 78 milhões o limite de faturamento para que empresas se enquadrem no regime do lucro presumido. Essa forma de apuração, comum entre empresas de médio porte, é mais simplificada e não passa por uma revisão de faturamento desde 2003. Segundo Godoy, Mantega se comprometeu a agendar uma reunião com a Receita Federal para tratar do assunto.
De acordo com o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Andrade, Mantega também fez questão de dizer aos empresários que o governo quer tirar logo do papel as medidas de defesa comercial que foram anunciadas dentro da nova política. Entre elas está um maior controle na entrada de produtos importados no país.
- O ministro falou sobre o que falta fazer agora, especialmente no contexto de crise. Precisamos logo de medidas de defesa comercial. Ele determinou que elas saiam (do papel) o mais rápido possível - disse Andrade, acrescentando:
- O Brasil continua sendo um mercado atrativo para mercadorias de outros países. Viramos a bola vez. (O Globo)
Indústria reivindica mais benefícios tributários ao governo
Um dia depois de o governo anunciar a correção da tabela do SuperSimples, regime tributário das micro e pequenas empresas, empresários reivindicaram nesta quarta-feira uma atualização dos parâmetros para as declarações das empresas médias.
A Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib) propôs uma elevação do limite máximo de faturamento para que as empresas possam optar pelo regime de tributação do Imposto de Renda (IR) pelo lucro presumido, que têm alíquotas menores.
A reivindicação foi feita durante reunião no Ministério da Fazenda do Grupo de Avanço da Competitividade (GAC), formado por representantes do setor produtivo e ministros da área econômica.
Segundo o presidente da Abdib, PauloGodoy, Mantega "acenou positivamente" à proposta e teria determinado a realização de uma reunião entre a associação, a Receita Federal e a Confederação Nacional da Indústria (CNI) para discutir a questão.
Atualmente, só podem recolher o imposto pelo lucro presumido as empresas com receita bruta anual de até 48 milhões de reais. A Abdib quer que este valor seja elevado para 78 milhões de reais, o que representaria a inflação acumulada desde 2003, data da última correção.
Também no GAC, a Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção (Abramat) reivindicou a redução de Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para insumos ainda não beneficiados pela taxação menor, como pregos, telhas onduladas e vidros. Segundo o presidente da entidade, Melvyn Fox, tratam-se de produtos relevantes para o programa Minha Casa Minha Vida.
"O que o ministro nos informou agora é que não deu tempo de analisar todas as propostas, que eles estão fazendo isso agora e que provavelmente haverá um anúncio de um aumento da relação de produtos com redução de IPI", afirmou Fox a jornalistas.
O Ministério da Fazenda não comentou o teor da reunião.(O Globo)
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