Caixa reduz taxa de administração de fundos de investimento ligados ao varejo
Banco disse em nota que não basta cortar juros na concessão de crédito, mas também é necessário ‘oferecer condições atrativas de aplicação’
Em nova ofensiva, a Caixa Econômica Federal anunciou há pouco o corte nas taxas de administração de alguns fundos de investimento ligados ao varejo. Em nota, o banco estatal diz que não basta cortar os juros na concessão de crédito, "é necessário também oferecer condições atrativas de aplicação, que resultem em menores custos para os clientes e, portanto, em melhores rentabilidades para suas aplicações em fundos de investimento."
A partir da próxima segunda-feira, 23, as taxas de administração dos fundos "CAIXA AZULFIC RF Longo Prazo" caem de 3,00% para 1,50% ao ano. No "CAIXA FIC Clássico RF Longo Prazo", de 1,85% para 1,40% ao ano. O banco também reduziu o valor de aplicação inicial de R$ 1 mil para R$ 100,00 nestes fundos.
A instituição informou ainda que, "atenta ao novo patamar de juro real" lançou dois novos fundos de varejo com taxa de administração reduzida para clientes com conta salário na instituição: o "Caixa FIC Relacionamento Personal RF LP" e o "Caixa FIC Relacionamento Ideal RF LP" que possuem taxas de administração de 0,7% e 1,00% ao ano e aplicação mínima de R$ 20 mil e R$ 1 mil, respectivamente.
A Caixa informou que pretende incrementar a captação nestes fundos em mais de R$ 1 bi somente neste ano. (Estado)
Ipea: pedágio de estradas privatizadas sobe até 168% acima da inflação
O primeiro conjunto de rodovias federais concedidas pelo governo à iniciativa privada, entre 1995 e 1997, já teve seus pedágios reajustados em valores até 168% maiores do que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acumulado no período.
A análise consta de estudo divulgado hoje pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). O caso mais grave é o da BR-116, no Rio de Janeiro, administrada pela CRT. Desde 1996, quando foi assinado o contrato de concessão, a tarifa de pedágio aumentou 308%. O IPCA acumulou alta de 139% no período.
Outras quatro rodovias privatizadas tiveram pedágios reajustados em níveis muito superiores ao da inflação: a Nova Dutra (Rio-São Paulo), a Ponte Rio-Niterói, a BR-290 no Rio Grande do Sul (Concepa) e a BR-040 entre o Rio e Minas (Concer). A tarifa média de pedágio dessas rodovias é de R$ 9,86/km. Já as estradas concedidas no segundo lote, em 2007, têm pedágio médio de R$ 2,96/km.
A diferença se explica, segundo o Ipea, pela falta de experiência do governo na concessão das primeiras rodovias e pelas condições macroeconômicas. Com taxas de juros maiores e risco-país mais alto, a rentabilidade exigida pelos investidores era maior. Na década de 90, a União optou por licitar as rodovias com preço fixo do pedágio, definindo o vencedor dos leilões pelo maior valor de outorga.
A partir de 2007, a definição dos vencedores passou a ser a proposta de menor tarifa. Os contratos da segunda etapa de concessões também têm o IPCA como índice de reajustes dos pedágios. Na primeira etapa, era uma cesta de preços usados na construção e nas obras rodoviárias. (Valor)
A Argentina tem razão
Não faz sentido deixar sob controle estrangeiro um setor estratégico para o desenvolvimento do país.
A Argentina se colocou novamente sob a mira do Norte, do "bom senso" que emana de Washington e Nova York, e decidiu retomar o controle do Estado sobre a YPF, a grande empresa petroleira do país que estava sob o controle de uma empresa espanhola. O governo espanhol está indignado, a empresa protesta, ambos juram que tomarão medidas jurídicas para defender seus interesses. O "Wall Street Journal" afirma que "a decisão vai prejudicar ainda mais a reputação da Argentina junto aos investidores internacionais". Mas, pergunto, o desenvolvimento da Argentina depende dos capitais internacionais, ou são os donos desses capitais que não se conformam quando um país defende seus interesses? E, no caso da indústria petroleira, é razoável que o Estado tenha o controle da principal empresa, ou deve deixar tudo sob o controle de multinacionais?
Em relação à segunda pergunta parece que hoje os países em desenvolvimento têm pouca dúvida.
Quase todos trataram de assumir esse controle; na América Latina, todos, exceto a Argentina.
Não faz sentido deixar sob controle de empresa estrangeira um setor estratégico para o desenvolvimento do país como é o petróleo, especialmente quando essa empresa, em vez de reinvestir seus lucros e aumentar a produção, os remetia para a matriz espanhola.
Além disso, já foi o tempo no qual, quando um país decidia nacionalizar a indústria do petróleo, acontecia o que aconteceu no Irã em 1957. O Reino Unido e a França imediatamente derrubaram o governo democrático que então havia no país e puseram no governo um xá que se pôs imediatamente a serviço das potências imperiais.
Mas o que vai acontecer com a Argentina devido à diminuição dos investimentos das empresas multinacionais? Não é isso um "mal maior"? É isso o que nos dizem todos os dias essas empresas, seus governos, seus economistas e seus jornalistas. Mas um país como a Argentina, que tem doença holandesa moderada (como a brasileira) não precisa, por definição, de capitais estrangeiros, ou seja, não precisa nem deve ter deficit em conta corrente; se tiver deficit é sinal que não neutralizou adequadamente a sobreapreciação crônica da moeda nacional que tem como uma das causas a doença holandesa.
A melhor prova do que estou afirmando é a China, que cresce com enormes superavits em conta corrente. Mas a Argentina é também um bom exemplo. Desde que, em 2002, depreciou o câmbio e reestruturou a dívida externa, teve superavits em conta corrente. E, graças a esses superavits, ou seja, a esse câmbio competitivo, cresceu muito mais que o Brasil. Enquanto, entre 2003 e 2011 o PIB brasileiro cresceu 41%, o PIB argentino cresceu 96%.
Os grandes interessados nos investimentos diretos em países em desenvolvimento são as próprias empresas multinacionais. São elas que capturam os mercados internos desses países sem oferecer em contrapartida seus próprios mercados internos. Para nós, investimentos de empresas multinacionais só interessam quando trazem tecnologia, e a repartem conosco. Não precisamos de seus capitais que, em vez de aumentarem os investimentos totais, apreciam a moeda local e aumentam o consumo. Interessariam se estivessem destinados à exportação, mas, como isso é raro, eles geralmente constituem apenas uma senhoriagem permanente sobre o mercado interno nacional. (LUIZ CARLOS BRESSER-PEREIRA)
Nenhum comentário:
Postar um comentário