UGT prepara campanha contra juros de cartão de crédito
A União Geral dos Trabalhadores (UGT) iniciará uma campanha contra os altos juros dos cartões de crédito. O primeiro ato de protesto será realizado quarta-feira na capital paulista, às 10 horas, quando a central pretende levar cerca de 2 mil afiliados para a frente da sede de uma operadora de cartão de crédito na Avenida Brigadeiro Faria Lima. Os manifestantes vão montar uma guilhotina, símbolo, segundo o presidente da UGT, Ricardo Patah, da ameaça constante que paira sobre os consumidores endividados no cartão de crédito.
A iniciativa ocorre na esteira de decisões recentes da presidente Dilma Rousseff para tornar viável uma grande queda de juros no País. Aproveitando os cortes dos juros básicos (Selic) promovidos pelo Comitê de Política Monetária (Copom), as duas maiores instituições financeiras públicas, Banco do Brasil e Caixa, reduziram taxas e foram seguidas por bancos privados. Na semana passada, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, anunciou também um novo cálculo de rendimento das cadernetas de poupança para, de acordo com o governo, permitir uma queda maior da Selic, hoje em 9% ao ano.
No seu discurso alusivo ao 1º de Maio, a presidente Dilma afirmou, em cadeia nacional de rádio e televisão, considerar "inadmissível que o Brasil, que tem um dos sistemas financeiros mais sólidos e lucrativos, continue com os juros mais altos do mundo".
Segundo Patah, a UGT também elegeu os juros altos como um dos principais alvos de suas manifestações neste ano. "Não estamos aderindo à política da presidente, mas temos a Dilma como aliada, a principal propagandista do tema", disse.
Para o presidente da UGT, a classe média é a mais atingida pelos juros cobrados nos cartões de crédito, em média de 12% ao mês, segundo ele, contra os 9% do cheque especial. "A classe média, base da pirâmide de consumo, constituída em boa parte de trabalhadores e aposentados, recorre ao cartão de crédito e acaba sendo massacrada pelas cobranças abusivas dos juros", reclamou. (Agência Estado)
Governo pretende facilitar mudança de dívida de banco
Objetivo é que instituição que receberá os débitos tome as providências para transferência, com menos burocracia. Hoje, cliente tem de ir aos dois bancos para negociar a chamada portabilidade; meta é reduzir custo do crédito.
O governo quer que a migração de dívida de um banco para outro passe a ser feita on-line e que o cliente não precise mais fazer uma peregrinação entre dois bancos para refinanciar seus débitos.
A medida é parte da próxima ação da equipe da presidente Dilma Rousseff para tentar reduzir o custo dos empréstimos, que passará também pelo aperfeiçoamento do cadastro que atesta o bom histórico de crédito do cliente.
A nova etapa vem depois de o governo decidir mudar o rendimento da caderneta de poupança com o objetivo de permitir que o Banco Central continue reduzindo os juros básicos da economia. Antes, os bancos públicos baixaram algumas taxas, sendo seguidos pelos privados.
Agora, a meta é tomar medidas para forçar os bancos a cortar seus "spreads" -diferença entre o que eles pagam ao captar recursos e o que cobram ao emprestar aos clientes. Essa cobrança é considerada abusiva pelo governo.
A chamada portabilidade é permitida desde 2006, mas os bancos dificultam burocraticamente essas operações para não perder clientes.
COBRANÇA -- Em março, representantes do sistema financeiro estiveram na Fazenda e incluíram o aprimoramento da portabilidade e o cadastro positivo entre as medidas necessárias para reduzir os juros.
Agora, o governo estuda um meio de obrigar os bancos a cumprir integralmente a lei.
No caso da portabilidade, a ideia é fazer com que o cliente resolva tudo com o banco para o qual deseja migrar sua dívida, a exemplo do que ocorre na telefonia.
Caberia a esse banco tomar as providências para completar o processo de transferência da dívida, o que se pretende fazer de forma on-line.
Hoje, o cliente tem de ir pessoalmente às duas instituições para negociar a portabilidade, o que gera burocracia e desestimula o refinanciamento de dívidas.
O governo estuda ainda estabelecer algum tipo de trava para desencorajar um "mercado rotativo" de dívidas, de modo a evitar que bancos menores roubem clientes dos grandes sem lastro financeiro, apenas com o objetivo de engordar suas carteiras.
Outra medida em estudo também emula o que ocorre com os telefones: a possibilidade de que uma conta seja migrada de banco a banco de forma completa, ou seja, carregando consigo, por exemplo, débitos automáticos.
No caso do cadastro positivo, a equipe econômica vai atender o pedido dos bancos e definir mais claramente as responsabilidades jurídicas pelos dados. A ideia é deixar claro que a responsabilidade, no caso de questionamentos e problemas futuros de uso inadequado das informações, será de quem montar o banco de dados. (Folha)
Bancos e Dilma têm novo desentendimento
Informativo da Febraban levanta dúvidas sobre possibilidade de governo conseguir ampliar crédito na economia. Bancos desautorizaram texto e disseram ao Planalto que mantêm compromisso de reduzir juros e elevar crédito.
Um informativo da Febraban (Federação Brasileira dos Bancos) divulgado anteontem causou mal-estar no governo e levou banqueiros a entrar em contato com Planalto para informar que "não concordam" com o texto.
Nas conversas, eles reafirmaram compromisso assumido na semana passada de trabalhar para reduzir as taxas de juros e aumentar o crédito.
O presidente do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco, tentou falar com a presidente Dilma Rousseff, mas foi orientado a procurar o ministro Guido Mantega (Fazenda). Na conversa com o ministro, o banqueiro não só desautorizou o documento da entidade como disse que mantinha o que havia prometido durante a reunião com Dilma em que foi anunciada a mudança na caderneta de poupança.
Na ocasião, Trabuco tomou a iniciativa de dizer à presidente que o setor financeiro, que vinha de uma disputa com o governo, iria cooperar: "Nós, do sistema financeiro, estamos juntos do governo nesse esforço para reduzir os juros no país", afirmou o banqueiro durante a reunião.
O documento que irritou o governo, divulgado ontem pelo jornal "O Globo", foi elaborado pelo economista-chefe da Febraban, Rubens Sardenberg. Nele, o economista diz que não adianta o governo pressionar por aumento de crédito se os consumidores não estiverem dispostos a contrair novas dívidas neste momento de incerteza.
O documento foi visto pelo governo como sinal de uma atitude pouco cooperativa da Febraban.
Dilma reagiu com "estranheza", pois havia considerado a atitude de Trabuco na semana passada como sinalização de "bandeira branca".
Ontem, a equipe de Mantega ironizava a frase de Sardenberg em sua análise, a de que "alguém já disse que você pode levar um cavalo até a beira do rio, mas não conseguirá obrigá-lo a beber água".
A frase foi usada pelo economista britânico John Keynes (1883-1946) para dizer que não adianta governos reduzirem juros para estimular o crédito se consumidores e empresários não estiverem dispostos a contrair dívidas.
Assessores de Mantega disseram que isso pode levar a Febraban a "cair do burro". À tarde, a federação soltou nota dizendo que o texto não representa posicionamento oficial da entidade. (Folha)
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