Emprego e renda resistem ao agravamento da crise
Rendimento dos
trabalhadores atinge em abril nível 6% superior ao de 2011. Força do mercado de
trabalho ajuda a entender por que Dilma mantém popularidade apesar de
desaceleração.
Os trabalhadores brasileiros estão conseguindo conservar
seus empregos e manter sua renda elevada, apesar do esfriamento da atividade
econômica no país e do agravamento da crise externa.
A taxa de desemprego nas seis maiores regiões metropolitanas
do país atingiu 6% em abril, pouco abaixo da observada em março, informou ontem
o IBGE.
Depois de seis meses seguidos de alta, o rendimento médio
real dos trabalhadores, descontada a inflação, sofreu uma ligeira contração de
0,4% em abril, mas se encontra num nível 6,2% superior ao de abril do ano
passado.
A força exibida pelo mercado de trabalho ajuda a entender
por que a presidente Dilma Rousseff tem mantido elevados índices de
popularidade apesar da forte desaceleração da atividade econômica nos últimos
meses.
Além disso, a manutenção dos empregos e de elevados níveis
de renda sugere que o mercado doméstico tem alguma força para sustentar o
consumo e a recuperação da atividade econômica no segundo semestre.
MELHOR ABRIL -- O início do ano normalmente é um
período de aumento do desemprego, porque é quando são dispensados os
trabalhadores contratados temporariamente para atender às encomendas do fim do
ano anterior.
Esse movimento fez a taxa de desemprego subir no primeiro
trimestre, mas agora chegou ao fim, segundo o gerente responsável pela pesquisa
mensal de emprego do IBGE, Cimar Azeredo.
A taxa de desemprego registrada no mês passado foi a mais
baixa observada no mês de abril desde 2002, de acordo com o IBGE.
O número de trabalhadores ocupados tem crescido em ritmo
moderado desde meados do ano passado, nota o economista Fábio Ramos, da Quest
Investimentos.
Isso indica que as empresas estão pensando duas vezes antes
de fazer novas contratações, mas os números do IBGE sugerem também que empresas
em dificuldades estão evitando fazer demissões.
"O empresário retém hoje o trabalhador porque teme
gastar mais para recontratar e retreinar pessoal se as coisas melhorarem
adiante", explica o economista Fábio Silveira, da RC Consultores.
Alguns instituições como o Bradesco, no entanto, não
descartam uma pequena alta da taxa de desemprego nos próximos meses, refletindo
a fraca atividade da economia.
Sondagem da FGV com consumidores revelou aumento dos que
dizem que está difícil encontrar emprego.
SERVIÇOS -- Embora muitas indústrias estejam sofrendo
com o esfriamento da economia e tenham feito demissões nos últimos meses,
outros setores continuam aquecidos.
O número de trabalhadores na construção civil em abril era
10% superior ao observado há um ano. O número de trabalhadores ocupados na
prestação de serviços a empresas era 3% maior.
Em abril, a massa salarial real das seis regiões
metropolitanas pesquisadas pelo IBGE, ou seja, a renda disponível para os
trabalhadores, atingiu um nível 8% superior ao de abril do ano passado.
O crescimento da renda foi ainda maior para empregadas
domésticas (11%) e trabalhadores de outros serviços (10%) e do comércio (9%).
O aumento do salário mínimo no início do ano, a perda de
fôlego da inflação e o aumento do poder de barganha dos trabalhadores dos
setores mais aquecidos explicam o aumento da renda, segundo a consultoria LCA.(Folha)
Anistia aos desmatadores será vetada hoje por Dilma
A intenção do
Planalto é tentar restaurar o projeto aprovado no Senado
Presidente definirá
com ministros estratégia de tramitação de nova proposta no Congresso para
cobrir lacunas.
A presidente Dilma Rousseff excluirá a anistia a
desmatadores do Código Florestal. A lista dos vetos da presidente ao texto da
Câmara será apresentada hoje, juntamente com uma proposta que o Planalto
enviará ao Congresso restaurando o texto do código do Senado.
A ideia é que nenhum proprietário rural seja desobrigado de
recompor as chamadas áreas de preservação permanente (APPs) em margem de rio,
principal polêmica gerada pelo texto da Câmara.
Haverá regras mais flexíveis para pequenos proprietários, na
linha do previsto no artigo 62 do texto do Senado, rejeitado em parte pelos
deputados na Câmara.
Outros pontos polêmicos excluídos pela Câmara do texto do
Senado serão restituídos. O principal deles é a previsão de corte de crédito
para os proprietários rurais que não aderirem aos programas de regularização
ambiental em cinco anos.
A proteção às margens de rios urbanos e o artigo 1º da lei,
que estabelecia princípios ambientais para o Código Florestal (como a conservação
das florestas e o combate às emissões de gases-estufa) também voltarão ao
texto.
Embora longe do que queriam os ambientalistas -o veto total
ao texto da Câmara-, a proposta do governo deve tranquilizar a opinião pública
no Brasil e no exterior, num momento em que a Europa vê no futuro da lei
florestal um indicador de sucesso ou fracasso da conferência ambiental Rio +20,
em junho.
"A reação da opinião pública confirmou a tese que
defendíamos de que seria melhor ter apostado no acordo do Senado", afirmou
a ministra Ideli Salvatti (Relações Institucionais) a jornalistas ontem, após
uma reunião com os líderes do governo Arlindo Chinaglia (Câmara), Eduardo Braga
(Senado) e José Pimentel (Congresso).
Às 9h de hoje, Dilma recebe Ideli e os líderes. O objetivo é
fazer uma exposição prévia dos vetos e acertar a estratégia na tramitação de
uma nova proposta no Congresso para cobrir as lacunas que eles deixarão na lei.
No encontro de hoje, Ideli vai sugerir a Dilma fazer uma
reunião com todos os líderes da base e os ministros envolvidos nas negociações.
A estratégia de veto foi decidida ontem à noite, após uma
exaustiva série de encontros que a presidente vinha fazendo desde sábado com os
ministros Gleisi Hoffman (Casa Civil), Izabella Teixeira (Meio Ambiente), Mendes
Ribeiro (Agricultura), Pepe Vargas (Desenvolvimento Agrário) e Luis Inácio
Adams (Advocacia-Geral da União).
Nos encontros, chamados por membros do governo de
"sessões de espancamento", cada artigo do código foi discutido, com
direito a aulas particulares de especialistas, como o agrônomo Gerd Sparovek,
da Esalq-USP, e o ex-ministro Roberto Rodrigues.
Prevaleceu no governo a posição de Izabella, que defendia o
texto do Senado como o melhor acordo possível para conciliar produção agrícola
e conservação.
Ontem à noite, ambientalistas iniciaram uma vigília em
frente ao Planalto. A Polícia teve de intervir, mas não houve confronto. O
governo recebeu uma petição com 1,9 milhão de assinaturas pedindo o veto ao
novo código. (Folha)
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