segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Economia em expansão gera oportunidades e expõe Brasil ao apagão da Educação

Indústria automobilística quer ser a 4ª do mundo
De repente, o mercado interno sustenta a expansão da economia brasileira e permite à indústria local atingir padrões mundiais de produção. Digo "de repente" porque essa é a tese das principais lideranças trabalhadoras brasileiras nas últimas três décadas, apostando sempre na necessidade de expandir o mercado interno, de distribuir melhor a renda através de salários dignos para se obter e consolidar o mercado interno. É por isso que notícias como a que trouxe hoje para nossa reflexão tem se tornado cada vez mais comuns, ao lado de outras que mostram a expansão da classe média brasileira. Sempre insisto: ainda falta muito por fazer. E, principalmente, falta a gente manter as atuais conquistas que são constantemente ameaçadas pelos Meirelles da vida que apostam sempre no monetarismo, em juros altíssimos e na especulação em vez da produção:
Veja a notícia: Brasil mira 4ª maior produção de carros do mundo em 2010 -- A indústria automobilística brasileira, que, segundo dados divulgados esta semana, atingiu o sexto lugar entre os maiores produtores de automóveis do mundo, tem planos de investimento que a fazem aspirar a quarta posição, provavelmente, em 2010. Segundo analistas, tirando o trio Japão-China-Estados Unidos - os três maiores produtores - o País tem condições de ultrapassar Coréia do Sul e Alemanha no ranking mundial.
A produção de veículos no País explodiu nos últimos quatro anos, impulsionada pela demanda aquecida e exportações. De acordo com a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), só nos seis primeiros meses de 2008 o Brasil produziu 1,69 milhão de unidades, ou 93,9% de toda a produção do ano de 2003 inteiro.
Segundo a Anfavea, a produção de automóveis no País no primeiro semestre deste ano, ultrapassou a França e atingiu o sexto lugar no ranking dos maiores produtores, atrás somente de Coréia do Sul (2,08 milhão), Alemanha (3,31 milhões), EUA (4,89 milhões), China (5,2 milhões) e Japão (6,06 milhões).
Para 2008, segundo estimativas da Anfavea, o investimento das montadoras em expansão da capacidade deve ser de US$ 5 bilhões. Até 2010, juntando o setor de autopeças, os recursos aplicados em produção devem chegar a US$ 20 bilhões, projetou a entidade.
Para o gerente do departamento de Economia da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), André Rebelo, o setor ainda tem um bom espaço para crescer no País. "Tirando Japão, China e EUA, temos chance de passar todos e talvez em 2010", estimou.
Segundo ele, um dos fatores que propicia isso é o tamanho do mercado consumidor do País. "Os europeus têm pouca população. O maior deles é a Alemanha. A França, por exemplo, tem 50 milhões de habitantes. Nós temos 200 (milhões)", afirmou.
Na opinião dele, o volume de produção deve ficar em 4 milhões de unidades, este ano, atingindo 4,5 milhões em 2009.
Além disso, ele comentou que as condições de crédito e renda melhoraram no Brasil, o que proporciona um aumento no consumo desse tipo de bem. "(Analisando isso) daí a gente entende porque está bombando. Porque a renda está crescendo e o crédito explodindo. Eu olho pra frente só com otimismo", disse.
Segundo o ex-presidente da Anfavea e ex-vice-presidente da General Motors no Brasil, André Beer - atualmente presidente da Andre Beer Consultoria, o País tem condições de atingir a quarta colocação, mas serão necessários mais investimentos do que os anunciados pelo setor. "Elas (as montadoras) estão expandindo, mas essa não está sendo adequado. No ano que vem já devemos estar chegando ao máximo da capacidade (instalada). Isso (o quarto lugar) é só mais pra frente, talvez em 2010", afirmou.
Beer também estima que a produção deste ano pode ficar em 4 milhões de veículos. "Tudo vai depender do desempenho no final do ano, quando o setor geralmente se aquece. Mas acredito que podemos chegar a algo entre 3,8 (milhões) e 4 milhões (de unidades)", explicou.
Entre os investimentos recentes no País, a Fiat confirmou R$ 2,6 bilhões na sua fábrica de Betim. Quando a ampliação estiver pronta, em 2010, a capacidade de produção diária deve passar dos atuais 3 mil automóveis para 5,2 mil. Outra montadora que anunciou a ampliação da produção no Brasil foi a Toyota, que vai construir uma fábrica em Sorocaba (SP). Apesar de não haver confirmação da montadora quanto a valores, o investimento na planta foi estimado em US$ 7 bilhões. Quando pronta, em 2011, a produção deve ser de 150 mil veículos por ano.


Onde estão os empregos?
Estamos diante do risco de "apagão de mão-de-obra" em vários setores. Em função da expansão da economia interna. A resposta que a UGT sempre insiste é uma só: educação e treinamento; educação e reciclagem da mão-de-obra, adaptando-a aos níveis modernos de tecnologia. Essa é uma inisistência do movimento sindical há décadas. Que foi deixada de lado pelas elites brasileiras. E que agora volta como uma preocupação cada vez mais presente. E que tem que ser radicalmente equacionada, com o mesmo vigor com que enfrentamos a inflação e que agora enfrentamos o problema das absurdas mortes no trânsito, ao adotar e fazer valer a Lei Seca.
Veja a notícia: Com o aquecimento da economia, algumas empresas já sentem dificuldade para preencherem vagas abertas. É tempo de oportunidades para quem busca um lugar no mercado
A retomada do crescimento econômico trouxe à tona o problema da escassez de profissionais qualificados no mercado de trabalho. Alguns setores já começam a sentir sinais de um “apagão” de mão-de-obra e têm dificuldade para preencher as vagas abertas.
Os setores mais atingidos são os que estão com demanda aquecida, como construção civil, indústria do petróleo, de material de transporte, tecnologia da informação, agronegócio e varejo.
A forte procura, por outro lado, tem favorecido o aumento dos salários e a valorização de algumas profissões, como a de engenheiros, analistas de sistemas, vendedores e mecânicos. Para quem procura uma colocação, significa que é hora de ficar atento às oportunidades de qualificação e aos setores que estão crescendo.
A demanda por engenheiros, de todas as áreas, atualmente é 30% superior à oferta de profissionais no mercado, calcula Euclesio Finatti, diretor técnico do Sindicato da Indústria da Construção Civil (Sinduscon) no Paraná. Para reter trabalhadores, as grandes empresas aumentaram os salários e ampliaram a concessão de benefícios. Outras criaram programas de qualificação e treinamento com recursos próprios.
Quanto mais especializada a função, mais difícil é achar mão-de-obra no mercado. A Sepac Serrados e Pasta de Celulose, fabricante de papel com sede em Mallet, no Sul do estado, criou uma escola técnica em parceria com o Senai para capacitar pessoal. Com investimento de R$ 100 milhões, a empresa acaba de colocar em operação uma nova máquina que vai dobrar a capacidade de produção, para 200 toneladas por dia. “Sem isso [parceria com o Senai], não achamos pessoal técnico no mercado para o setor de celulose e papel”, diz Valéria Borges, supervisora de Recursos Humanos. “Hoje tenho 30 vagas para contratação imediata e parte delas deve ser formada no curso”, afirma. Com a ampliação, o número de funcionários da fábrica deve passar de 320 para 500.
Para a coodernadora de recursos humanos da gigante norte-americana ExxonMobil em Curitiba, Lissandra Fieltz, é preciso ser rápido na contratação de alguns profissionais, principalmente da área de informática, para não perder o candidato para outra empresa. “Atualmente, cada concorrente já tem três, quatro propostas em estudo. Não dá para adiar a decisão de contratação”, afirma. Segundo ela, a ExxonMobil contrata em média de 20 a 30 pessoas por mês na capital paranaense, onde está o Centro de Serviços para Negócios do grupo e trabalham 1,3 mil pessoas. Até o fim do mês, a empresa recruta candidatos para o seu programa de estágio para 2009. São 77 vagas, para as áreas de Administração, Contábeis, Economia, Engenharias e Informática. “Na última edição, dos 77 selecionados, 60 foram contratados ao fim do estágio”, afirma.
Segundo o economista Cid Cordeiro, do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), o mercado de trabalho deve continuar crescendo no segundo semestre, ainda que em ritmo menor. “Tradicionalmente, a geração de emprego é maior no primeiro semestre, mas ainda assim teremos um fim de ano muito bom”. Segundo ele, o crescimento da economia, do crédito, da renda da população e o aumento da confiança na manutenção do emprego ajudaram a aquecer setores estratégicos, como o da construção civil, da alimentação, de vestuário e metal-mecânico.
No acumulado do primeiro semestre, o Paraná registrou um saldo – diferença entre admissões e demissões – recorde de 109.162 vagas, o maior desde o início da série histórica, em 1992. O nível de emprego formal cresceu 5,6% em relação aos primeiros seis meses de 2007, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). O Paraná tem crescido acima da média nacional graças ao bom desempenho da agricultura e da agroindústria, dois segmentos que têm bastante peso na economia do estado. No Brasil todo, o nível de emprego cresceu 4,7% no primeiro semestre, segundo o Dieese.


Mobilização contra o desemprego precoce
De novo a Educação (ou seja a falta de investimentos consistentes em Educação) gera um problema social gravíssimo para o Brasil. Nossos jovens no momento de mais energia, na hora do amadurecimento humano, quando saem para buscar vagas no mercado só encontram as portas fechadas.
Vamos mobilizar o País a favor da extensão do tempo na escola; adaptar a escola às expectativas modernas do mercado; criar cursos que se adaptem, por sua vez, à juventude cada vez mais antenada para as novas tecnologias. São essas as preocupações de dois expoentes da UGT dentro do parlamento. O deputado federal Roberto Santiago e o deputado estadual Davi Zaia.
Veja a notícia: É muito preocupante o resultado de novíssimo estudo referente ao Brasil, divulgado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), que indica ser o desemprego, na faixa etária de 15 a 24 anos, 3,5 vezes maior do que o dos trabalhadores adultos.
É muito preocupante o resultado de novíssimo estudo referente ao Brasil, divulgado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), que indica ser o desemprego, na faixa etária de 15 a 24 anos, 3,5 vezes maior do que o dos trabalhadores adultos. Mais grave é a constatação de que o problema cresce paulatinamente, atingindo sua proporção mais elevada desde o ano 2000. A falta de oportunidades de trabalho para a juventude não atinge apenas os brasileiros, conforme se observa em estatísticas da Organização Internacional do Trabalho (OIT): 44% dos mais de 200 milhões de desempregados no mundo têm menos de 24 anos. No entanto, a taxa de desemprego dos jovens no Brasil, em relação à população adulta, é uma das maiores entre dez países incluídos na pesquisa do Ipea, ficando em situação mais favorável apenas em relação à Itália (3,9), Suécia (3,8) e Reino Unido (3,6). O fato é que essa situação, nacional e mundial, compromete seriamente um dos mais importantes compromissos da Declaração do Milênio, que especificamente coloca como objetivo: "elaborar e aplicar estratégias que proporcionem aos jovens a possibilidade real de encontrar um emprego digno e produtivo".
Fica muito clara, portanto, a premência de se cumprirem rigorosamente as determinações do decreto presidencial n 5.598, de 1 de dezembro de 2005, que regulamenta a contratação de aprendizes no Brasil. Mais do que atender ao marco legal, uma obrigação inalienável de pessoas físicas e jurídicas, trata-se de uma atitude imprescindível de responsabilidade com os jovens e o futuro do País. Como se sabe, tendo como base o total de seus trabalhadores cujas funções demandem formação profissional, todo estabelecimento brasileiro é obrigado a empregar número de aprendizes equivalente a 5%, no mínimo, e 15%, no máximo. Estão dispensadas desse compromisso apenas as pequenas e microempresas e as entidades sem fins lucrativos que tenham por objetivo a educação profissional.

Descartada nova reforma previdenciária até 2050
O que preocupa quando o assunto é Previdência é a falta de transparência. Que permite as mais diversas manipulações. Se é um problema de contabilidade, como afirma o atual ministro José Pimentel, que se coloquem as contas na mesa. Os trabalhadores, através do Dieese estão preparados para esmiuçar os números. E saberão agir através de suas lideranças políticas para equacionar a Prrevidência Social enquanto é tempo. Evitando que um apagão nas aposentadorias prejudique enormes contingentes de trabalhadores quando a idade mais avançada chegar.
Leia, por favor, a notícia, publicada pela Agência Estado: O governo enterrou de vez qualquer expectativa em relação a uma reforma previdenciária nos próximos dois anos, segundo avaliação feita pelo ministro da Previdência Social, José Pimentel. "Os cálculos que temos mostram que até 2050 não é preciso nova reforma previdenciária; a questão é gestão e crescimento econômico", declarou Pimentel, que está no cargo há cerca de dois meses. Ele substituiu Luiz Marinho, que deixou a pasta para se candidatar à prefeitura de São Bernardo do Campo (SP).
Segundo Pimentel, as orientações que recebeu do presidente Luiz Inácio Lula da Silva são claras: continuar investindo em gestão e melhorar o atendimento aos segurados.Entre os desafios de Pimentel, está a retomada da idéia - já discutida dentro do governo em 2006, mas engavetada até agora - de formalizar em lei uma nova contabilidade da Previdência, separando as contas das aposentadorias urbanas dos benefícios especiais (trabalhadores rurais, pescadores artesanais e atividade extrativista). Também ficariam explícitas nas contas quanto a previdência deixa de receber em contribuição patronal das entidades filantrópicas nas áreas de saúde e de educação e sobre produtos agrícolas exportados, que são isentos. As micro e pequenas empresas inscritas no Simples não são isentas, mas recolhem menos que os 20% de cota patronal."O presidente Lula determinou que seja feita essa separação na contabilidade. Já fazemos isso administrativamente e agora vamos formalizar", afirmou o ministro. De acordo com Pimentel, a proposta de nova contabilidade será encaminhada ao Congresso Nacional ainda este ano dentro de um projeto de lei (ou Medida Provisória) que também tratará da montagem do Cadastro Nacional de Informações Sociais (CNIS) que permitirá a inversão do ônus da prova no momento em que o trabalhador pedir a sua aposentadoria. Assim, não será mais o trabalhador que terá que provar que contribuiu, mas caberá ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) conceder automaticamente a aposentadoria pois terá todos os dados informatizados e, se desconfiar de fraude, provar que o solicitante não contribuiu.


Mangabeira Unger novo livro: "O que a esquerda deve propor"

A UGT recebeu, recentemente, o ministro Mangabeira Unger. Uma das teses que o ministro defende´, com o nosso apoio, é rediscutir a representação da População Economicamente Ativa, incluindo além dos trabalhadores formais os informais. E a revisão da massa salarial que tem caído no setor privado nos últimos 50 anos, em função da rotatividade.

Veja a análise sucinta do livro e, se puder, leia: "O mundo sofre, hoje, sob a ditadura da falta de alternativas", escreve o professor Roberto Mangabeira Unger, na primeira linha do livro que acaba de lançar pela editora Civilização Brasileira, O que a esquerda deve propor.
Esgotadas todas as aventuras ideológicas do século 20, Mangabeira acha que o repertório das alternativas disponíveis à humanidade fez água. Ficou estreito demais para o tamanho e a profundidade das mazelas e dificuldades do presente. Os problemas das sociedades contemporâneas tornaram-se insolúveis se corrigidos dentro dos limites desse repertório.
– É preciso ampliar, até mesmo radicalmente, as alternativas institucionais disponíveis – sugere, ao falar de um dos temas centrais do livro e de sua vasta obra teórica.
– A social-democracia resultou de um compromisso. As forças que lutavam por uma reconstrução institucional da economia e do Estado abandonaram essa luta. Em troca desse abandono, conseguiram que o Estado conquistasse uma posição forte no domínio da distribuição ou redistribuição da riqueza. Ocorre que, mesmo nas sociedades mais ricas, os problemas fundamentais não podem ser equacionados nos limites do compromisso histórico.
O resultado, diz ele, é o distanciamento de três mundos: o dos setores avançados da produção e do conhecimento; o mundo das indústrias tradicionais, da produção em larga escala de bens e serviços padronizados; e o mundo dos imigrantes, dos pobres, dos empreendimentos descapitalizados e desqualificados.
– O Estado trata de aplacar os problemas pela prestação de serviços sociais – afirma Mangabeira. – O problema é que essa violenta segmentação hierárquica da sociedade, resultante da separação desses três mundos, não pode ser revertida, ou nem sequer controlada, por políticas meramente distribuidoras.
Conclusão: é preciso encontrar uma maneira de espalhar o acesso do primeiro mundo – os setores avançados da produção e do conhecimento – a uma parcela maior das sociedades. E o caminho, sugere, passa longe da via escolhida até aqui.
Se o repertório institucional disponível é estreito, se falta imaginação criadora, se a inclusão social prometida é meramente acessória e não transformadora, a trilha sugerida em O que a esquerda deve propor é o que Mangabeira chama de "agenda de reconstrução das instituições e das consciências": mudanças na forma de organização do Estado, da política democrática e da economia de mercado.

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