Pacote norte-americano de salvação dos bancos é rejeitado e bolsas desabam
Tenho certeza que o Governo e o Congresso Americano vão chegar a um acordo na busca de solução imediata para minorar a crise, que repito, terá conseqüências mundiais. Só a ausência do acordo anunciado já gerou conseqüências desastrosas, mostrando a dimensão da crise que viveremos e que devemos ajudar a equacionar nos próximos anos. O Brasil segundo todos os indicadores está bem. Mas nem por isso, devemos baixar a guarda. Para os nossos padrões, as reservas que temos são significativas, mas estamos diante de um tsumani anunciado e é hora de apostar na criatividade, na mobilização de todas as nossas energias cívicas, de preservar o crescimento do Brasil. E valorizar, ainda mais, o nosso mercado interno. Que tem sido sustentado por uma crescente (mas tímida) distribuição de renda e do reinvestimento dos salários e das economias dos trabalhadores no consumo.
Veja o que vai pelos principais jornais, de hoje:
A Câmara de Representantes dos Estados Unidos rejeitou ontem, por 228 votos a 205, o pacote de socorro do governo Bush para o sistema financeiro, no valor de US$ 700 bilhões. O resultado levou pânico às bolsas de todo o mundo, a começar por Nova York, onde o Índice Dow Jones teve a maior queda da história em termos de pontuação (777 pontos). Em termos porcentuais, o recuo foi de 6,98%.
Nos países ricos, principalmente da Europa, as bolsas tiveram o pior dia desde 1970. O Índice da Bolsa de Valores de São Paulo (Ibovespa) caiu 9,36%, mas chegou a despencar mais de 10%, provocando a suspensão do pregão por meia hora, o que não ocorria desde 14 de janeiro de 1999, um dia depois da desvalorização do real.
As bolsas asiáticas abriram a manhã de hoje seguindo a tendência negativa do Ocidente. Os mercados de Tóquio e Seul perdiam mais de 5% logo na abertura dos pregões.
Menos de um terço dos congressistas republicanos, 65, votou a favor da lei, um grande golpe contra o presidente George W. Bush, que se declarou "muito decepcionado" com o resultado. O secretário do Tesouro, Henry Paulson, disse que é preciso "aprovar alguma coisa que funcione o mais rápido possível". Líderes do Congresso pretendem votar uma versão modificada da lei ainda esta semana, mas não há garantias de que conseguirão angariar o apoio necessário.
A rejeição do pacote americano mudou o tom das declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre a crise. Pela manhã, no programa de rádio "Café com o Presidente", ele alertava: "É importante que o povo brasileiro saiba que uma recessão num país como os Estados Unidos pode trazer problemas a todos os países."
Após o rejeição do pacote pela Câmara, o presidente voltou a falar em confiança na economia do País, mas ressaltou que há problemas sérios e deixou claro que a solução está com os EUA. "Penso que a responsabilidade que os americanos têm diante do mundo vai obrigá-los a tomar uma posição. Ou eles assumem a responsabilidade de cobrir o rombo que eles permitiram que fosse criado ou vão criar uma crise muito séria no mundo inteiro."
Embora ainda tenham esperança na aprovação de algum plano de resgate, os analistas no Brasil já traçam cenários para a pior hipótese - de que o Tesouro e o Federal Reserve enfrentem a pior crise financeira desde a Grande Depressão.
Em um mês, devastação na Amazônia aumenta 133%
Absurdo. É hora de mobilizar a Nação brasileira, através dos sindicatos, das centrais, do Ministério Público. Porque acabar com a Amazônia é acabar com a vida. Lá está a esperança da sobrevivência da humanidade, da manutenção da biodiversidade. É preciso mobilizar os deputados federais para se criar uma CPI específica e criar mecanismos para mandar para a cadeia os criminosos que atuam contra a Amazônia e contra nossas vidas. Não bastasse a calamidade, o Incra, segundo o ministro Carlos Minc, do Meio Ambiente, lidera o desmatamento.
Veja o que foi publicado hoje:
Minc atribui crescimento a dificuldades em combater problema na campanha eleitoral. Aumento é registrado entre julho e agosto deste ano; no entanto, o ritmo triplica se for feita a comparação com agosto do ano passado
"Péssimo", resumiu o ministro Carlos Minc (Meio Ambiente) ao comentar os novos números do desmatamento na Amazônia registrados pelo Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais). Em agosto, a floresta perdeu o equivalente a pouco mais da metade da cidade de São Paulo: 756,7 km2.
Os números mostram recrudescimento no abate de árvores depois de uma queda registrada no mês anterior, segundo o Deter, sistema que capta o desmatamento em tempo real. Em agosto, as motosserras cortaram mais que o dobro (133%) das árvores cortadas em julho. Em comparação com agosto de 2007, o ritmo triplicou.
Avisado com antecedência sobre queimadas e cortes de árvores registrados pelos satélites, Minc já vinha se antecipando em apontar sinais de cansaço da operação de combate ao desmatamento e as dificuldades em combater o problema no período eleitoral.
"Nenhum prefeito quer ser antipático [em período eleitoral]. A turma do Ibama vai para frente, mas tem que ter uma Polícia Militar para dar cobertura", disse pela manhã, no Rio.
"Foi um dado péssimo e nossa função é correr atrás do prejuízo", afirmou depois, em Brasília. Também teriam contribuído, disse o ministro, o aumento da atividade agropecuária, sobretudo no Pará, e a expectativa de regularização fundiária em terras públicas.
Minc apontou ainda a existência de um mercado irregular de autorizações de cortes de árvores, movimentado a partir de planos de manejo "fajutos". "Na prática, os Estados licenciaram planos altamente duvidosos. É a ecopicaretagem", disse, anunciando esforço para controlar autorizações de corte nos três Estados que mais desmatam a Amazônia: Pará, Mato Grosso e Rondônia.
Em agosto, os satélites registraram mais áreas de desmatamento no Pará, apesar de as nuvens terem encoberto 24% da área total do Estado.
Entre as medidas reiteradas por Minc para tentar frear o abate da floresta está a criação de uma força federal para combater crimes ambientais, com 3.000 novos agentes, a serem contratados por concurso público, sem data marcada. Esses agentes vão se somar aos cerca de 1.500 fiscais do Ibama e do Instituto Chico Mendes.
Assentamentos lideram desmate -- 6 projetos do Incra são os campeões da devastação; governo cria conselho interministerial, um Copom ambiental.
Oito assentamentos do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) na Amazônia estão na lista dos cem maiores desmatadores do País, de acordo com informações do Ministério do Meio Ambiente. Desses, todos localizados em Mato Grosso, seis encabeçam a relação dos que mais feriram a floresta, um está em 40º lugar e o outro em 44º. Por causa dos desmatamentos de 2.282 quilômetros quadrados (228.208 hectares) nas oito áreas, o Incra foi multado pelo Instituto do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) em R$ 265,5 milhões.
A lista, divulgada pelo Ministério do Meio Ambiente, relaciona os cem maiores desmatadores de 2005 (com dois casos) para cá. Juntos, eles derrubaram 5.225 quilômetros quadrados de floresta (522,5 mil hectares).
Os assentamentos do Incra foram responsáveis por 44% desse total e as áreas particulares, por 56%. Da mata derrubada, 85,6% foram de floresta nativa; 7,9% de reservas legais; 5,6% de matas primárias e 0,8% de áreas de proteção permanente - margens de rios e lagoas, por exemplo.
Diante da situação, o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, anunciou ontem 12 medidas. Uma delas é a criação do Conselho Interministerial de Combate ao Desmatamento, que funcionará como uma espécie de Comitê de Política Monetária (Copom) para a área ambiental. Mas, ao contrário do Copom, que fixa taxa de juros, o "Copom" ambiental não fixará metas, mas a cada dois meses fará reuniões para estudar formas de conter desmatamentos, de acordo com a taxa de derrubada que for identificada pelos satélites do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), que ontem divulgou os números de desmate relativos a Agosto.
Minc anunciou ainda que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva autorizou a criação da Força Federal de Combate a Crimes Ambientais, que deverá ser constituída por 3 mil homens. "Com isso, não ficamos mais na dependência das forças estaduais para fazer nossas operações", disse Minc. Ele chegou a mostrar para os repórteres um casal já vestido com a roupa da futura Força Ambiental, portando metralhadora e pistolas. De acordo com Minc, será uma tropa altamente especializada no combate aos crimes ambientais. Não se sabe ainda se o governo enviará ao Congresso um projeto de lei ou uma medida provisória para criar a Força. Nem disse quanto custará.
Outra medida anunciada pelo ministro é a criação de um plano de prevenção e combate ao desmatamento, em conjunto com os governos estaduais. "O governo de Estado que não tiver o seu plano não terá direito a verbas do Fundo da Amazônia", disse Minc.
Esse fundo, que até 2015 deverá receber US$ 1 bilhão, já conta com US$ 20 milhões, doados pelo governo da Noruega. Esse mesmo país prometeu mais US$ 100 mil até o fim do ano, desde que o governo brasileiro mostre que realmente está empenhado em reduzir o desmatamento.
Minc criticou o desmatamento feito pelos assentamentos do Incra. Disse que a partir de agora as licenças ambientais somente serão concedidas depois que o instituto apresentar a área de reserva. "Não podemos dizer que a reforma agrária na Amazônia está uma maravilha, porque não está, mas também não dá para dizer que é preciso acabar com ela. Por isso, vamos encontrar um jeito de fazer a reforma agrária com sustentabilidade ambiental", disse ele.
As ações contra os cem maiores desmatadores fazem parte de um trabalho conjunto do Ibama, Advocacia-Geral da União e Ministério Público Federal. Serão abertas também contra outros desmatadores que não estão na lista atual. Na divulgada ontem, além do Incra, tiveram o nome incluído na relação dos grandes desmatadores Léo Andrade Gomes, Honorato Lourenço, Margarida Barbosa, Floraplac Industrial, Ednar Gatti e Sebastião Lourenço, do Pará; Rosana Sorge, José Carlos Ramos, Celso Padovani, José de Castro Filho, João Vicentini, Agropecuária Jarina, Claudemir Guareschi e Olivier Vieira, de Mato Grosso; Cooperação de Trabalho de Roraima; e Aristides Corduva, de Rondônia, entre outros.
PARÁ — 150 pessoas são libertadas de situação análoga à escravidão
A UGT está ampliando suas parcerias com grandes empresas nacionais que atuam na Região Amazônica para colocar em prática ações contra a prostituição infantil e a escravidão que a todos constrange e envergonha. Enquanto isso, vamos dar espaço e denunciar junto às autoridades a lamentável situação que vivemos, em pleno Século 21, de ter ainda que arrancar os escravos de fazendas e de indústrias localizadas no cantão do Brasil e até mesmo dentro dos grandes centros. Denuncie, participe, pois enquanto existir uma pessoa escrava no Brasil, todos nós, brasileiros, somos responsáveis.
Veja o que foi publicado:
O grupo móvel da Superintendência Regional do Trabalho e Emprego do Pará libertou ontem 150 pessoas, entre elas 30 crianças, de uma indústria de processamento de cacau em Placas (1.127 km de Belém).
Todas as crianças estão doentes, com leishmaniose -enfermidade transmitida por um mosquito e que deixa lesões na pele. Uma ficou cega em um acidente de trabalho, ao cair com o rosto em um toco de árvore. Elas têm de 4 a 17 anos.
O resgate, que teve início há dez dias, ainda não foi concluído porque o local é de difícil acesso.
De acordo com o chefe da fiscalização, José Ribamar da Cruz, o grupo vivia em péssimas condições de habitação, alimentação e higiene e estava impedido de deixar o local em razão de dívidas contraídas, o que caracteriza situação análoga à escravidão. O dono da empresa, de 80 anos, foi preso em flagrante pela Polícia Federal.
Bancários de 12 Estados param hoje por 24 horas
Os bancários estão cheios de razão de realizar uma paralização de alerta. Os banqueiros brasileiros ganharam demais nas últimas décadas. Foram protegidos pelo Proer, quando passaram por dificuldades, e são absolutamente relutantes em distribuir riqueza. Além disso, ao contrário dos banqueiros norte-americanos que apostaram e perderam no verdadeiro cassino royale, no Brasil os donos de bancos são lideram verdadeiros esquemas de agiotagem. É hora de distribuir renda ou terão todos a vigilância permanente da UGT e demais centrais caso venham a precisar de apoio do Banco Central para protegê-los de eventuais enrascadas. Veja o que foi publicado:
Categoria rejeita reajuste de 7,5% e quer aumento real. Os bancários de São Paulo e de outros 11 Estados decidiram fazer paralisação por 24 horas a partir de hoje para reivindicar reajuste salarial maior do que o apresentado pela federação dos bancos. Em Brasília (DF) e na cidade do Rio de Janeiro (RJ), a greve foi aprovada por tempo indeterminado.
No país, são 434 mil bancários em campanha salarial -sendo que 120 mil trabalham em São Paulo, Osasco e região.
A maior parte das paralisações previstas para hoje foi decidida ontem à noite em assembléias realizadas por vários sindicatos espalhados pelo país.
Na capital paulista, os cerca de 1.300 funcionários que foram à assembléia na quadra dos bancários definiram que, se até o dia 8 de outubro não houver acordo salarial, a categoria pára por tempo indeterminado.
O comando nacional dos bancários, que representa a categoria nas negociações salariais, rejeitou o reajuste de 7,5% oferecido pelos bancos para os salários, pisos salariais e demais verbas trabalhistas -como vale-refeição, alimentação e auxílio-creche.
O percentual é considerado insuficiente pela categoria porque serviria apenas para repor a inflação acumulada de 7,15% (medida pelo INPC do IBGE) no período de setembro de 2007 a agosto deste ano e não contemplaria aumento real.
Os funcionários dos bancos pedem 5% de aumento real, vale-alimentação e auxílio-creche de R$ 415; e vale-refeição de R$ 17,50 por dia.
Na capital paulista, a paralisação deve começar hoje nas agências bancárias da região central da capital e se estender para as demais zonas da cidade.
"Os banqueiros, que tiveram bons resultados em lucro, rentabilidade e ativos, se recusam a retribuir aos bancários na mesma proporção que o trabalho empenhado", diz Luiz Cláudio Marcolino, presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região.
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