Congresso dos EUA fecha acordo sobre pacote econômico
Felizmente ou infelizmente, temos que ver até com alegria essa decisão do governo americano. Foi lá que começou o descontrole dos mercados e ficamos aliviados que o governo norte-americano comece a fazer a limpeza, a assumir parte dos grandes rombos que os especuladores causaram e, principalmente, que se estabeleçam controles rígidos. Mesmo com essa soma astronômica que o governo americano vai investir, ainda vai sobrar para o mundo inteiro. Infelizmente. Veja o que foi publicado hoje e converse com sua categoria para nos mantermos sempre alertas:
Plano de US$ 700 bi deve ser votado na Câmara na segunda-feira. Líderes dos partidos Republicano e Democrata no Congresso dos Estados Unidos chegaram neste domingo a um acordo sobre o texto do pacote de US$ 700 bilhões para socorrer o setor financeiro.
Os congressistas fecharam um acordo sobre detalhes do projeto, que tem mais de cem páginas e modifica pontos do plano original apresentado pelo governo, depois de negociações que se estenderam por todo o final de semana.
No final da tarde de domingo, o projeto foi publicado na internet. A previsão é de que o plano seja votado na Câmara dos Representantes nesta segunda-feira e chegue ao Senado até quarta-feira.
O Congresso deveria ter entrado em recesso na sexta-feira, mas teve de realizar uma rara sessão no fim de semana devido à necessidade de um acordo sobre o plano.
Congressistas e governo queriam que o acordo fosse fechado antes da abertura dos mercados asiáticos na segunda-feira. Após o anúncio do acordo, as principais bolsas de valores asiáticas iniciaram os pregões de segunda-feira em alta.
"A festa acabou" -- Ao falar sobre o acordo, a presidente da Câmara dos Representantes, a democrata Nancy Pelosi, disse que a mensagem para Wall Street era de que "a festa acabou".
Pelosi disse que o acordo bipartidário não é um resgate para Wall Street, e sim um projeto destinado a garantir que pensões, poupanças e empregos estejam seguros.
O líder da maioria democrata no Senado, Harry Reid, disse que os americanos têm "toda a razão de estarem preocupados e até mesmo furiosos" diante da "ganância de Wall Street" e da falta de regulamentação.
No entanto, o senador afirmou que "todo americano tem interesse em consertar essa crise". "Inação paralisaria a economia", disse.
Ao comentar o acordo, o presidente George W. Bush disse que o projeto vai enviar uma mensagem de que os Estados Unidos estão comprometidos em restaurar a confiança em seus mercados financeiros.
"Esse projeto fornece as ferramentas e fundamentos necessários para ajudar a proteger nossa economia contra um colapso", disse o presidente em um comunicado.
Intervenção — O pacote representa a maior intevenção nos mercados desde a Grande Depressão da década de 30 e tem como objetivo principal retirar do mercado os "créditos podres" ligados à crise de hipotecas que estão em poder do mercado financeiro nos Estados Unidos.
O governo pretende comprar esses papéis para retirá-los da mão das empresas, fazendo com que sua situação financeira melhore, diminuindo o risco de falência e, em tese, aumentando o volume de dinheiro e crédito à disposição do mercado em geral.
O acordo contempla a maior parte das exigências dos democratas e dos republicanos que eram contra o pacote original proposto pelo governo.
Entre as mudanças estão a determinação de que os US$ 700 bilhões serão liberados em etapas.
O novo texto prevê a liberação de US$ 250 bilhões imediatamente e de outros US$ 100 bilhões a pedido da Casa Branca. Os US$ 350 bilhões restantes, porém, só serão liberados após aprovação do Congresso.
Os bancos que aceitarem o socorro financeiro terão de entregar ações em troca, o que permitirá que os contribuintes americanos possam se beneficiar da recuperação dessas instituições financeiras.
O acordo também estabelece limites para o pagamento de salários e benefícios a executivos das empresas que receberão socorro.
Quatro agência irão monitorar a implementação do plano, incluindo um conselho bipartidário.
Os bancos também serão obrigados a aderir a um programa de seguros para protegê-los de perdas com títulos lastreados em hipotecas.
Apesar das mudanças em relação ao pacote inicial, o novo plano ainda enfrenta críticas, e alguns legisladores já pediram a seus colegas que derrubem o projeto.
Recessão nos EUA pode "bater no Brasil", diz Lula -- Mas, para ele, país está mais preparado contra crise. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem que uma eventual recessão da economia dos EUA "vai bater em todo mundo, da China ao Brasil".
O presidente afirmou que conversa todos os dias com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, e com o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, sobre a crise financeira. Disse que seus efeitos precisam ser acompanhados "com lupa".
Segundo ele, porém, o Brasil agora está preparado para enfrentar a crise, diferentemente de experiências anteriores, em que "o país entrava em coma". Apontou que o país tem hoje US$ 207 bilhões em reservas e conta com um mercado interno aquecido.
Lula disse ainda que o Brasil não sofreu até agora grandes efeitos da crise financeira dos EUA porque a economia "não depende mais" das exportações feitas para os americanos.
"Quando entramos, era de quase 30% [a participação dos EUA nas exportações]. Agora, é só 14,5%. Aumentamos as nossas exportações para a América do Sul, a América Latina, a África e a Ásia", disse Lula em São José dos Campos.
Juros nas alturas
O jornalista Joelmir Beting divulgou ontem em seu site uma análise sobre o relatório mensal de crédito do Banco Central, divulgado nesta sexta-feira, revela que o juro médio de todas as linhas de financiamento da produção e do consumo, no país, subiu em agosto para 40% ao ano.
No crédito pessoal, avançou para 54,5% e no cheque especial, mui especial, a tacada alcançou 166,4%. Mesmo assim, o volume global emprestado continua crescendo; já passa de R$ 1,1 trilhão - cerca de 38% do PIB.
O lado bom da coisa: a inadimplência, a do atraso superior a 90 dias, permanece estável: é de 1,7% nas empresas e de 7,5% nas famílias.
A elevação dos juros no Brasil guarda relação com a inflação importada desde abril, no vácuo da crise financeira global.
Ou seja, conclui: não estamos blindados nos preços nem nos juros.
Para Lula, acabou a era dos economistas e começou a da engenharia
O presidente Lula sempre tem uma boa frase de efeito que os jornais aproveitam no dia seguinte. Mas muito mais que a frase de efeito que substitui economistas por engenheiros temos que nos preocupar em adotar políticas públicas conseqüentes, que apostem de maneira consistente no planejamento, na redução da burocracia e no fim da corrupção. Assim tanto faz engenheiro, economista, médico para ser a profissão homenageada pelo poder executivo, pois teremos um País caminhando de maneira organizada e transparente para o seu crescimento.
Veja o texto:
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou hoje, em São Bernardo do Campo, que o Brasil superou a "era da economia", quando "os economistas mandavam na economia". Segundo ele, os novos tempos são da engenharia, ou seja, do crescimento real.
Ele se referiu à construção de refinarias de petróleo e ao crescimento da indústria naval, com a descoberta da camada pré-sal. Lula também reafirmou ontem que as reservas brasileiras serão suficientes para suportar a crise financeira dos Estados Unidos.
- Agora, graças a Deus, acabou a era dos economistas, de os economistas mandarem na economia. Chegou a era da engenharia voltar a ter papel importante nesse país. Porque, durante 20 anos, nós ficávamos discutindo apenas a nossa dívida. Agora, podemos anunciar construção de refinarias, siderúrgicas e fábricas de cimento. Estamos fazendo isso porque quando a economia cresce, ela tem que ter estrutura - discursou Lula, durante comício da campanha do ex-ministro Luiz Marinho (Trabalho e depois Previdência), candidato a prefeito de São Bernardo do Campo.
Lula também frisou hoje que a crise econômica dos Estados Unidos não atingirá o Brasil:
- Nós temos reservas suficientes para evitar a crise no Brasil.
Lula disse ainda que é preciso controlar a inflação porque quem "paga a conta é o povo que vai comprar o que comer". Ele voltou a comemorar o crescimento da economia e disse que os reajustes salariais dos trabalhadores estão sendo feitos graças ao "excelente" momento do país.
- A economia e as indústrias estão crescendo e o salário está aumentando. Noventa por cento dos acordos salariais feitos neste ano são feitos com ganhos reais de aumento salarial. Hoje, os trabalhadores estão tendo mais oportunidade que na minha época- disse.
Pantanal vale US$ 112 bilhões, diz estudo
O texto a seguir mostra que o Panatanal vale aproximadamente um quinto dos valores que o governo americano vai investir na tentativa de sanar os graves problemas que os especuladores criaram no mundo. Se não agirmos com determinação, mais umas duas décadas não teremos como recuperar o valor perdido no Pantanal. A hora de agir é agora. Por isso, a importância de você acompanhar com determinação informações como esta:
Valor anual da mata em pé é 270 vezes maior do que o lucro da pecuária que a derruba, afirma cientista da Embrapa
Migração da criação de gado extensiva para técnicas mais lucrativas estimula desmatamento nas áreas não-alagáveis do bioma.
Quanto vale um bioma? A pergunta pode parecer maluca, mas, se o bioma em questão for o Pantanal, ela já pode ser respondida: US$ 112 bilhões por ano, no mínimo. Várias ordens de grandeza mais que o máximo de US$ 414 milhões anuais que a devastação do local gera.
O cálculo foi feito por um pesquisador da Embrapa Pantanal, em Corumbá, e põe pela primeira vez em perspectiva o valor dos serviços ambientais prestados pela maior planície alagável fluvial do mundo, comparados com aquilo que é gerado pela pecuária, a mais rentável atividade econômica praticada na região.
Segundo o oceanógrafo e economista gaúcho André Steffens Moraes, "perdido no Pantanal desde 1989", um hectare preservado do bioma que detém a maior concentração de fauna das Américas vale entre US$ 8.100 e US$ 17.500 por ano. A conta é detalhada em sua tese de doutorado, recém-defendida na Universidade Federal de Pernambuco e disponível para download (www.cpap.embrapa.br/teses).
Nela, Moraes inclui valores potenciais de coisas como madeira, produtos florestais não-madeireiros e ecoturismo. Mas também de coisas que não estão nem podem ser colocadas facilmente no mercado, como o valor da polinização feita por aves e insetos, o controle de erosão e, principalmente, a oferta e regulação de água -produtos e serviços que são perdidos quando a vegetação tomba. "Eu analisei quanto a sociedade perde quando se desmata", disse o pesquisador.
Estilo Zé Leôncio
— Com terras que ficam alagadas até 8 meses por ano, impróprias para a agricultura e abundantes em gramíneas, o Pantanal parece combinar com a pecuária, única atividade -além do turismo- rentável ali. Hoje há 5,3 milhões de cabeças no bioma, segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
A pecuária também parece combinar com o Pantanal: como o capim faz parte do ecossistema, não é preciso recorrer ao desmatamento para criar gado. Há no bioma uma coexistência pacífica única no Brasil entre gado e fauna, que acaba tornando os fazendeiros da região conservacionistas, no melhor estilo Zé Leôncio (o fazendeiro consciencioso da novela "Pantanal", interpretado pelo ator Cláudio Marzo). No jargão dos economistas, esse pecuaristas são considerados "satisficers" (saciadores) e não "maximizers" (maximizadores).
Segundo Moraes, o gado é de certa forma bom para a fauna: com carne de sobra, a pressão de caça diminui.
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