Perda de empresas com o câmbio pode chegar a US$ 20 bi, diz Mantega
Do mesmo jeito que o Brasil fez opção clara contra a inflação e a ditadura devemos ser claros quanto ao combate aos especuladores e agiotas de plantão. Os especuladores, por mais importantes que sejam suas empresas, devem pagar o preço do risco que correram e não terão o apoio dos cofres púiblicos se depender da UGT.
Lei mais: A Aracruz deve solucionar nos próximos dias o problema de crédito para equacionar o prejuízo bilionário por conta de operações com derivativos de câmbio. A informação foi dada hoje pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, que disse que a economia brasileira estaria apta a absorver "com tranqüilidade" um rombo de até US$ 20 bilhões em perdas das empresas com este tipo de instrumento financeiro.
Ele fez questão de salientar, no entanto, que o governo não irá ajudar essas empresas a cobrir seus prejuízos.
"As empresas que ousaram terão que pagar por sua ousadia", disse o ministro.
Porém, Mantega lembrou que as companhias expostas aos chamados "derivativos exóticos" irão precisar de crédito para zerar os prejuízos e que o papel do governo é irrigar o mercado para que o funding possa ser oferecido.
Sem revelar projeções, Mantega disse acreditar que as perdas anunciadas por Votorantim (R$ 2 bilhões), Aracruz (R$ 1,9 bilhões) e Sadia (R$ 765 milhões) são as maiores do país e que, segundo ele, os "casos menores" estão sendo negociados "em condições normais".
Mantega informou ainda que o governo vem solicitando informações para a Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM & F), Câmara de Custódia e Liquidação (Cetip) e bancos de empresas na busca do valor total das perdas com derivativos, montante ainda desconhecido.
Mantega vê recessão mundial e pede que Brasil consuma
É uma brincadeira de mau gosto do ministro. Só pode ser. Claro que devemos manter a serenidade e consumir de acordo com nossas necessidades e condições de pagamento. Mas devemos ter o bom senso de adequar nosso desejo de consumo às condições externas, ou seja, se vamos ter condições de manter o emprego, se vamos poder honrar nossos compromissos. Por isso, deve ser apenas uma maneira de o ministro ganhar espaços na mídia, afirmar que é hora de consumir. É hora de ter bom senso e trabalharmos, todos, para ajudar o Brasil a superar a atual crise mundial.
Lei mais: O ministro da Fazenda, Guido Mantega, admitiu nesta segunda-feira que a economia mundial caminha para a recessão, mas ressaltou que o governo brasileiro está tomando medidas para conter o impacto aqui e recomendou que a população continue consumindo para não prejudicar a atividade.
Ele acrescentou que as medidas que o Banco Central vem tomando nas últimas semanas estão servindo para recompor o crédito que tinha diminuído no país, mas lembrou que algumas delas não têm impacto imediato.
"É quase certo que haverá uma retração na atividade econômica (mundial) e até mesmo uma recessão", disse Mantega a jornalistas após reunião com o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, e com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em São Paulo.
"O impacto aqui no Brasil continua o mesmo. Temos uma escassez de crédito para operações de ACC (Adiantamentos de Contratos de Câmbio)... Estamos preocupados também com a irrigação de crédito no setor agrícola, que precisa de recursos nesta época do ano. Estamos ativando linhas para isso", acrescentou ele, referindo-se a medidas já anunciadas pelo governo.
Ele mostrou preocupação também com o capital de giro para pequenas e médias empresas e para a indústria automobilística. Depois da reunião com os ministros, Lula encontrou-se com o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Jackson Schneider. A Presidência não divulgou informações sobre a reunião.
"Há uma redução momentânea do crédito que está sendo sanada pelo governo. Nós sabemos que houve uma redução drástica... mas já há uma recomposição desse crédito", afirmou Mantega.
"O crédito vinha crescendo num volume muito grande, tinha alguma gordura. Então, de fato, houve uma redução, principalmente setorial. Com a liberação do compulsório pelo BC, nós estamos recompondo esse crédito."
Mantega afirmou que as medidas sobre o compulsório já liberaram R$ 50 bilhões na economia.
"Algumas medidas demoram um pouco porque é a primeira vez que nós a estamos tomando..., medidas que havia muito tempo não se fazia, e tivemos que aperfeiçoar os instrumentos."
Contágio psicológico — Mantega acrescentou que parte do impacto da crise financeira mundial no Brasil é psicológico e que as pessoas não podem ter medo.
"O contágio é um pouco psicológico, diante do quadro internacional muito forte nos Estados Unidos", disse.
Dando um exemplo pessoal, Mantega afirmou que está comprando um imóvel que será pago entre 8 e 10 parcelas. Mas a operação será feita diretamente com o proprietário e não por intermédio de um banco.
"Eu estou comprando um imóvel e nós devemos procurar ter uma vida normal. Se todo mundo ficar preocupado e ficar com medo, aí é que vai criar um problema econômico, porque as pessoas vão deixar de consumir e vão reduzir o nível de atividade", afirmou.
Mantega ressaltou que o governo "não vai salvar nenhuma empresa" de perdas com operações no mercado financeiro, mas ponderou que irá garantir crédito para as companhias.
"As empresas que ousaram no mercado futuro têm que pagar o preço de sua ousadia e não será o governo que vai cobrir isso. Agora, o governo tem obrigação de dar crédito e liquidez a valores de mercado", disse o ministro.
Na sexta-feira, o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho, disse que o banco de fomento iria ajudar empresas que tiveram problemas com derivativos cambiais.
Pequena empresa já enfrenta efeitos da crise
Essa é a grande preocupação da UGT. Como já alertamos, as empresas mais vulneráveis são as pequenas e médias. Que são as que mais geram empregos e retornos para o País. Vamos insistir junto ao presidente Lula para criar apoios de crédito para as pequenas e médias empresas, aliás função que o BNDES deveria cumprir com prioridade. Investir no pequeno e médio empresário é apostar no social e no retorno imediato para o Brasil.
Leia mais: Empresários estão com dificuldade para conseguir financiamentos nos bancos
Dona de uma indústria de produtos de higiene hospitalar e cosméticos, a empresária Fabiana Hübner estava animada com as perspectivas do negócio para 2009. A conquista de mercados e a expansão das vendas fizeram a pequena fábrica em São Paulo atingir o limite da capacidade produtiva. "Nossa produção cresceu sete vezes de 2002 até hoje", diz a empreendedora, que previa crescer mais de 50% no próximo ano.
Há dois meses, ela resolveu pedir empréstimo a um banco privado para financiar a expansão da fábrica e a compra de equipamentos. Os juros e o prazo do financiamento se ajustavam ao orçamento da companhia. "A chance de aprovação era grande", conta. Mas, desde o início de outubro, com o agravamento do crise financeira mundial, as negociações com a instituição travaram. "As linhas de crédito disponíveis foram todas suspensas."
O problema enfrentado por Fabiana mostra que a crise já bate à porta das pequenas empresas brasileiras. Para alguns especialistas, em momentos de crise econômica, elas sofrem até mais que as grandes corporações. "A pequena não tem o fôlego que uma grande empresa. Ela não possui reserva para parar e esperar o que vai acontecer", diz o professor de empreendedorismo da Fundação Getúlio Vargas de São Paulo, Tales Andreassi.
A suscetibilidade dos pequenos negócios também se revela maior em um dos efeitos da crise: restrição ao crédito. "Os bancos estão apertando as empresas, em busca de garantias reais, como imóveis, para seus empréstimos", diz Laecio Barreiros, diretor da L & Barreiros Controladoria, especializada em gestão financeira e controladoria. As pequenas e médias empresas, muitas vezes, não têm os ativos exigidos. "Esse empresário vai crescendo com o próprio movimento do negócio. Poucos formam um patrimônio no curto prazo."
A informalidade dessas empresas também prejudica a busca de crédito. Isso porque a preocupação dos bancos com a saúde financeira das empresas aumentou. E as pequenas não mantêm o mesmo rigor que as grandes com os balanços e a documentação das finanças. "O que o mercado não quer hoje é garantia podre", diz Barreiros.
Já os microempresários sofrem de forma diferente os efeitos da crise. Segundo dados do Sebrae-SP, apenas 36% tomam empréstimos no sistema bancário. "Esses, se já tinham dificuldades antes, agora terão ainda mais", diz o diretor-superintendente do Sebrae-SP, Ricardo Tortorella.
Os que estão de fora do mercado tradicional usam recursos próprios ou da família, o que continuarão fazendo, afirma Tortorella. Por isso, o impacto imediato nesses empreendimentos virá da retração no consumo. "Em momentos de instabilidade, as pessoas compram menos", diz Andreassi, da FGV.
A desaceleração do consumo, segundo o professor, também acertará em cheio os pequenos negócios. A redução da atividade de indústrias que mantêm uma cadeia de produção longa, como a automobilística, também deve puxar para baixo o desempenho das pequenas, médias e microempresas. "A hora é de manter o rigor nos gastos e o conservadorismo no planejamento", aconselha.
Lula pede, mas banco não eleva crédito
Hoje torna-se pública uma notícia que sempre soubemos. Até mesmo o presidente Lula não é o último a saber. Os bancos privados brasileiros fazem o que está no seu DNA, ganhar dinheiro em cima de dinheiro. O que o governo tem que fazer, imediatamente, é buscar alternativas para fazer chegar o dinheiro público aos pequenos e médios empresários, ao comércio, aos consumidores em busca de crédito com juros decentes. É assim que entendemos a expressão “irrigar a economia com crédito” e não a facilitação da vida dos grandes bancos que só pensam nos interesses deles.
Leia mais: Presidente liga a banqueiros e ouve que momento é de erguer "muro de liquidez" contra crise financeira global. Bancos aumentam sua capitalização também de olho em possíveis aquisições e investem em papéis do governo atraídos por juro
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva conversou com grandes banqueiros na semana passada para pressioná-los a abrir as torneiras do crédito. Ouviu respostas desanimadoras.
Segundo a Folha apurou, os grandes bancos disseram que a prioridade, no momento, é construir um "muro de liquidez" -ação preventiva e de sobrevivência no médio e longo prazo em relação à crise econômica mundial, que estrangula o crédito e as empresas.
Lula ficou contrariado, segundo relato de integrantes da equipe econômica. Os grandes bancos aumentaram muito o grau de seletividade para concessão de crédito. A maior parte do dinheiro que entra via redução do compulsório após medidas do Banco Central não retorna ao mercado sob a forma de empréstimo.
Receosos em emprestar e preocupados em manter sua solidez num momento de grandes incertezas, os grandes bancos seguram em caixa os recursos e aplicam nos títulos do próprio governo, atraídos por uma taxa básica de juros (Selic) de 13,75% ao ano.
A Folha apurou ainda que os maiores bancos privados do Brasil têm também procurado se capitalizar para, caso apareça uma oportunidade de compra estratégica de carteiras ou de instituição, terem recursos em caixa para a operação.
Ou seja, a liberação condicionada de estimados R$ 50 bilhões do compulsório (parcela dos depósitos que os bancos são obrigados a recolher no BC), deixando mais recursos livres para empréstimos, tem tido pouco efeito prático.
Os bancos acreditam que neste momento de incerteza o mais importante é manter o caixa reforçado e não comprar carteiras de crédito de instituições menores, que têm pouca liquidez.
Na semana passada, Lula enviou alguns emissários para conversas com empresários e banqueiros. O presidente tem ouvido opiniões de fora da equipe econômica tradicional -Fazenda, Planejamento e BC. Esses emissários detectaram um pessimismo maior do que Lula imaginava. Os contatos diretos do presidente com banqueiros receosos reforçaram a percepção do presidente de que o efeito sobre o Brasil será maior do que a "marola" prevista por ele anteriormente.
Mais informações na Folha
Eis aí uma medida acertada do governo federal. Investir na casa própria é apoiar os sonhos dos brasileiros por uma casa própria e ao mesmo tempo ajuda a reaquecer a economia, investindo na construção civil.
Leia mais: O governo federal quer liberar R$ 11,49 bilhões para a compra da casa própria com os recursos do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) em 2009. Neste ano, foram liberados R$ 8,49 bilhões. Se a proposta for aceita, haverá R$ 3 bilhões a mais em relação a que foi oferecido neste ano.
A proposta, divulgada pelo ministro do Trabalho e Emprego, Carlos Lupi, deverá ser apresentada na próxima reunião do conselho curador do FGTS, na quinta. "Esse dinheiro é fruto da arrecadação do FGTS neste ano, e significa que a desaceleração da economia não deverá acontecer."
O conselho irá decidir se aprova ou não a proposta. Segundo Celso Petrucci, membro do conselho, a proposta poderá ser aprovada. "O ministro quer sinalizar que não irão faltar recursos para a construção em 2009. É um dinheiro de custo barato para o consumidor."
A proposta é aumentar os recursos na linha de crédito de habitação popular, que tem juros de 6% a 8,16% ao ano. A linha é oferecida a quem tem renda familiar de até R$ 4.900 e quer um imóvel de até RS 130 mil, dependendo do tamanho da cidade onde o imóvel será comprado. Quem é cotista do FGTS há pelo menos três anos tem 0,5 ponto percentual de desconto nos juros. Essa linha, hoje, tem R$ 4 bilhões para a compra da casa própria.
Segundo Petrucci, não há risco de faltar recursos para a habitação popular neste ano. Com a proposta, a linha deverá ter R$ 7 bilhões em 2009. Se a proposta for aprovada na quinta, irá entrar no Orçamento do ano que vem.
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