Os trabalhadores brasileiros e a UGT perderam ontem, 19 de outubro, às 20h30, o companheiro Jorge Medeiros de Freitas, o Montanha, foto, presidente do Sindicato dos Rodoviários de Nova Iguaçu, presidente da UGT do Estado do Rio e diretor nacional da UGT.
Montanha, como era conhecido, participou das grandes lutas do movimento sindical há mais de 35 anos. Sua morte, aos 69 anos, deixa um vácuo enorme dentro da organização e mobilização dos trabalhadores brasileiros e sua falta será tremendamente sentida junto aos 25 mil trabalhadores e trabalhadoras que fazem parte de sua categoria profissional na Baixada Fluminense.
Montanha participou da CGT, como membro de sua executiva e presidente da CGT estadual, e teve uma importância enorme na unificação das centrais (CGT, SDS e CAT) em torno da UGT.
A UGT está de luto e transmite aos companheiros rodoviários e, em especial, à família, amigos e parentes de Montanha nossos mais profundos sentimentos.
Comércio do Rio não funciona hoje, em
homenagem ao Dia do Comerciário
Com orgulho parabenizamos os companheiros comerciários do Rio de Janeiro que hoje, 20 de outubro, comemoram o Dia do Comerciário.
E um momento de festas e de reflexão. A crise internacional que nos ameaça só terá seus principais efeitos debelados com a manutenção da mobilização de todos os trabalhadores, em especial os comerciários do Brasil todo, para fazer frente às ameaças aos aos nossos salários e renda.
O Dia dos Comerciários é 30 de Outubro. Em São Paulo vamos comemorar num evento na Câmara Municipal no dia 31 de outubro a partir das 19h30 horas. Venha e traga sua família para o evento.
Leia mais: O comércio ficará fechado no Rio, hoje, dia 20, quando é comemorado o Dia do Comerciário. Lojas de rua, shopping centers e supermercados não funcionam. O feriado para os funcionários desses estabelecimentos acontece toda a terceira segunda-feira do mês de outubro. De acordo com a Associação de Lojistas de Shopping Centres (Aloserj), as praças de alimentação dos shoppings abrirão no mesmo horário que é estabelecido aos domingos.
Bancos travam o crédito para empresas
Em reunião que a UGT terá hoje com o presidente Lula vamos exigir mais espaços para a Caixa Econômica Federal, o Banco do Brasil, o Banco da Amazônia e o Banco do Nordeste para fazer frente à indiferença dos bancos privados com as ameaças crescentes de estrangulamento de crédito internacional e da liquidez para as empresas brasileiras.
Leia mais e participe da luta contra a indiferença e falta de patriotismo dos banqueiros privados nacionais: Os banqueiros privados brasileiros estão acostumados à mamata da ciranda financeira, da especulação e da agiotagem. São frios e indiferentes com a sorte da economia nacional. Por isso, A rigidez dos bancos na concessão de crédito começa a sufocar as empresas brasileiras que precisam de capital para tocar os negócios. Nas últimas semanas, com a deterioração da crise financeira e as incertezas sobre os rumos da economia mundial, o dinheiro praticamente desapareceu do mercado e comprometeu o planejamento estratégico de companhias de setores e tamanhos diferenciados. Quem teve o privilégio de, pelo menos, ser atendido pelos gerentes bancários levou um susto com as condições embutidas nas linhas de financiamento: as taxas de juros dobraram, os prazos encolheram e as garantias foram ampliadas.
Nem mesmo o esforço do Banco Central (BC) para irrigar o mercado de crédito conseguiu comover as instituições financeiras. Quase todo o dinheiro liberado do recolhimento dos compulsórios - que deveria manter a oferta de crédito no mercado - voltou para os cofres da autoridade monetária. Os bancos preferiram comprar títulos públicos a emprestar ao setor produtivo. Na sexta-feira, o volume de recursos que retornou ao BC ficou em R$ 65 bilhões, ante uma média de R$ 29 bilhões em agosto e R$ 49 bilhões em setembro.
Em estrevista ao Estado, o presidente da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Fabio Barbosa, disse que as medidas ainda não fizeram o efeito esperado porque nem todos os recursos foram liberados. Ele ressalta, porém, que mesmo quando isso ocorrer o crédito ficará mais caro. "Teremos uma condição melhor que a das últimas semanas, mas não é o cenário de seis meses atrás."
No mercado há quem diga que a falta de confiança dos bancos está relacionada às perdas milionárias de grandes empresas em operações de derivativos, a exemplo de Sadia, Aracruz e Votorantim. "Como ainda não se sabe quais companhias estão expostas ao chamado subprime brasileiro, as instituições ficam com um pé atrás em dar crédito e ficar no prejuízo lá na frente", explica o analista da Austin Rating, Luiz Miguel Santacreu. Junta-se a isso o fato de haver uma grande incerteza sobre os efeitos da crise mundial na economia brasileira.
Nesse clima de desconfiança, as empresas foram obrigadas a peregrinar pelos bancos para conseguir um financiamento, muitas vezes sem sucesso. Durante a reportagem do Estado, alguns empresários preferiram não se identificar com medo de represálias dos bancos. Mas relataram que a situação tem dificultado o seu dia-a-dia.
A falta de capital de giro tem atrapalhado o andamento de projetos já iniciados com objetivo de aumentar a capacidade instalada do País. Em casos de grandes obras, muitas empresas não conseguem repactuar financiamentos que vencem neste momento, destacou o presidente da IP Desenvolvimento Empresarial e Institucional, Ingo Plöger. "Todos estão sendo surpreendidos pela velocidade da crise."
Baixa renda teme a volta da inflação e se prepara para crise
Como sempre, os trabalhadores, a base da pirâmide social brasileira, são sempre as vítimas preferenciais das crises econômicas. Desta vez, não apenas o Brasil está mais preparado para enfrentar os efeitos da crise internacional, nós trabalhadores, em torno das centrais reconhecidas e com a liderança da UGT vamos trabalhar para afastar de nós esse cálice amargo da crise, negociando com o governo federal, pressionando os deputados federais, para criar mecanismos de proteção à nossa renda e geração de emprego.
Leia mais e se prepare para ser convocado a qualquer momento para as grandes mobilizações que a UGT organiza:
Segundo o Ibope, 35% estão preocupados com alta de preços em geral e 30% em alimentos.
A nova classe média está consciente de que o tsunami financeiro internacional está fazendo marola no Brasil - para recorrer à analogia usada pelo presidente Lula - e já começa a apertar os cintos. O Natal deste ano, acreditam os novos consumidores das classes C e D, será mais magro. E o temor, no caso de uma arrebentação, é a volta da inflação.
Os dados fazem parte de uma pesquisa do Ibope sobre a "Percepção dos efeitos da crise financeira no País pelas classes C e D", encomendada pela agência de publicidade 141 SoHo Square, do grupo WPP. O instituto foi a campo entre 7 e 9 de outubro - dias de pânico nos mercados e em que o dólar disparou, chegando a R$ 2,30. Foram ouvidas 400 pessoas com renda familiar de até R$ 1,2 mil, em Brasília, Porto Alegre, São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Salvador. A margem de erro é de cinco pontos porcentuais para mais ou para menos.
Os entrevistados são uma pequena amostra dos 20 milhões de brasileiros que ingressaram no mercado consumidor nos últimos dois anos, impulsionados pelo aumento do crédito. Com mais televisores, computadores e celulares, estão mais bem informada: 89% sabem que existe uma crise financeira internacional. Para 10%, contudo, a crise não passa de "exagero da imprensa".
O grupo dos 89% que sabem que há uma crise mundial se divide entre os que acham que ela já chegou ao Brasil (48%), os que acham que pode chegar nos próximos anos (25%) e os otimistas (16%), que, assim como Lula semanas atrás, acham que a crise não se refletirá no País.
MEDO DA INFLAÇÃO — O maior medo da população de baixa renda é a inflação: 35% temem a volta da inflação dos "produtos em geral" e 30% temem a alta dos preços dos alimentos. Já 20% dos entrevistados temem a perda do emprego. O medo de não conseguir pagar as prestações aflige 13%.
Os dados mostram uma população cautelosa: 45% prevêem um Natal mais magro que o do ano passado. Para 31%, o Natal deste ano será igual ao de 2007 e 21% planejam uma festa mais farta. Numa pergunta de múltipla escolha, 26% dos entrevistados afirmaram já ter cortado algum item da cesta básica e 24% abriram mão de algum lazer; 20% pararam de pagar alguma dívida, enquanto 21% afirmaram não ter cortado nada.
Questionados sobre "o que deve acontecer com o crescimento da economia brasileira", 56% declararam que ela deve crescer "mais lentamente". Para 23%, o ritmo não muda e 18% acreditam que a economia vai "parar de crescer". A pergunta foi precedida da afirmação de que "nos últimos anos o Brasil construiu uma economia sólida e incluiu socialmente milhões de pessoas".
Para o diretor de atendimento do Ibope Inteligência, Hélio Gastaldi, o instituto subestimou a percepção das classes C e D em relação à crise. "Quando estávamos elaborando as perguntas, queríamos saber se as pessoas já tinham ouvido falar da crise", afirma.
A agência 141 SoHo Square, que tem entre clientes empresas que vendem para a baixa renda, também quis saber a percepção da população quanto ao preparo do governo para enfrentar a crise. Só 16% acreditam que o governo está bastante preparado e conseguirá resolver a situação. Para 43%, o governo está preparado, mas terá dificuldades para resolver a situação. Um grupo de 38% acredita que o governo não está preparado para enfrentar a crise.
Para o presidente da agência, Mauro Motoryn, o presidente Lula conseguiu traduzir a crise para a população. "As pessoas entenderam o que o Lula falou e estão fazendo a sua parte, apertando um pouco o cinto. Estão otimistas, pois são otimistas por natureza, e estão sendo realistas por necessidade."
Empresas com mais da metade do lucro em operações financeiras fazem mercado temer especulação
A crise internacional está tendo o efeito de desnudar os grandes especuladores. Foram surpreendidas pela crise internacional empresas que deveriam estar investindo na produção e que mantinham mais da metade de seus investimentos e lucros na especulação financeira. Agora, tentam a todo custo socializar o prejuízo. E a UGT não aceita tais artimanhas. Vamos combater os eventuais efeitos da crise. Mas não protegeremos empresários travestidos de especuladores.
Leia mais: O início da temporada de balanços do terceiro trimestre das empresas do país desperta em investidores e analistas receio do que pode vir por aí. Uma forma de identificar companhias candidatas a problemas é verificar nos últimos balanços o peso dos resultados financeiros - não ligados à sua atividade principal - em seu lucro líquido. A ameaça é que esses ganhos sejam fruto de excesso de especulação e que, com o agravamento da crise global, possam se transformar em perdas para os acionistas, alertam especialistas. Um levantamento inédito feito pela consultoria Economática a pedido do Globo mostra que, das 318 empresas que apresentaram balanços no primeiro semestre do ano, 80 obtêm mais da metade do seu lucro líquido em operações financeiras.
E mais: dessas, 35 têm resultado financeiro (ou receita financeira líquida) até mesmo superior ao lucro líquido. Ou seja, se não fosse o ganho com atividades não-operacionais, poderiam ter sofrido um prejuízo. O receio dos especialistas aumenta após grandes grupos, como Aracruz, Sadia e Votorantim, terem anunciado significativas perdas com operações no mercado financeiro devido à alta recente do dólar: de 19,22% apenas no terceiro trimestre, para R$ 1,904 no fim de setembro. Na última sexta-feira a moeda americana fechou num patamar ainda mais elevado: R$ 2,12.
Para alcançarem ganhos financeiros tão acentuados antes, essas companhias podem ter tomado posições arriscadas no mercado, como a aposta na queda do dólar na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F) ou em papéis do mercado de ações. Analistas ressaltam que, como o mercado virou do meio do ano para cá, a boa situação dessas empresas até então também pode ter se invertido. Não à toa, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) - entidade que regula o mercado de capitais brasileiro - editou na última sexta-feira nova regra sobre o assunto.
Bancos públicos terão caixa reforçado para empréstimos nos próximos meses
Eis uma boa notícia que vamos, inclusive, ressaltar em nossa reunião com o presidente Lula, hoje à tarde em São Paulo. Temos que mobilizar os bancos nacionais, reforçar o atendimento às empresas, repassar empréstimos para manter a economia em pleno funcionamento.
Leia mais:Com a missão dada pelo governo de preencher a lacuna da falta de crédito no país e provocar a concorrência, os bancos públicos poderão despejar na economia, nos próximos meses, pelo menos R$ 35,5 bilhões de recursos adicionais aos previstos antes da crise. O cálculo inclui o reforço que as quatro instituições federais de varejo - Banco do Brasil (BB), Caixa Econômica Federal, Banco da Amazônia (Basa) e Banco do Nordeste - pretendem dar em seu caixa para empréstimos; a folga decorrente da redução dos compulsórios (ou seja, do dinheiro que fica retido pelo governo); e o aumento no volume de depósitos que os "bancões" tendem a receber em momentos de turbulência.
Boa parte dos recursos será destinada ao financiamento a empresas, e, para isso, bancos que tradicionalmente não fazem operações de a apoio ao exportador, como Antecipação de Contrato de Câmbio (ACC), estão se preparando para entrar no segmento, dominado pelo BB. Esse tipo de operação responde por 40% das exportações brasileiras, ou US$ 60 bilhões hoje.
A Caixa já fez convênios com oito instituições financeiras para oferecer a operação no início de 2009. Terá US$ 400 milhões. O Basa fará algo semelhante, com recursos em reais do Fundo do Norte, no valor de R$ 400 milhões, nas próximas semanas. Falta a aprovação do conselho do Fundo, disse o diretor de Crédito do Basa, Gilvandro Negrão Silva. Além disso, o Basa vai dobrar a carteira comercial de R$ 2 bilhões.
Já atuando nesse segmento, o Banco do Nordeste aguarda autorização para ampliar o limite por tomador, de R$ 5 milhões para R$ 40 milhões. Com recursos do Fundo do Nordeste, pretende emprestar R$ 300 milhões. Segundo o vice-presidente de Finanças da Caixa, Márcio Percival, a instituição terá R$ 9,17 bilhões a mais, excluídos os financiamentos habitacionais, nos próximos meses. Parte será reservada para empréstimos a empresas e pessoas físicas, e parte para comprar carteiras de bancos menores. A Caixa garantiu que terá condição de ofertar aos mutuários da casa própria mais R$ 6 bilhões, com recursos da poupança e do FGTS, além do orçamento do Fundo previsto para 2008 em habitação e saneamento, de R$ 21 bilhões.
Artigo do LUIZ GONZAGA BELLUZZO: “Pane ideológica”, para sua avaliação.
Além do bloqueio do crédito, a crise planetária também ameaça paralisar os cérebros, até mesmo os bem-dotados
DURANTE a semana, a crise financeira ganhou velocidade. Em sua pedagogia truculenta, ensinou aos desavisados e aos nefelibatas que a paralisia no sistema de crédito causa danos consideráveis ao mundo "real". Os bancos não emprestam, as empresas reduzem a produção e o emprego, a atividade econômica afunda e, finalmente, os bancos não recebem o dinheiro que emprestaram antes da tormenta.
As certezas dos analistas mais certeiros desmoronam. Um deles proclamava na televisão: "Os investidores são racionais, mas estão em pânico". Imaginei que antes da emboscada do "subprime" e de outros créditos alavancados, os investidores racionais estivessem apenas eufóricos em sua peculiar racionalidade.
Enquanto arengavam os oráculos, transtornados por incertezas e infortúnios, uma pulga intrometida desembarcou atrás de minha orelha. A Pulex irritans esmerou-se em insinuações: além do bloqueio do crédito, a crise planetária também ameaça paralisar os cérebros, até mesmo os bem-dotados -para não falar do meu, apenas mediano. O pânico dos mercados induziu à pane na razão. O ineditismo dos acontecimentos abalroa seus modelos e faz naufragar suas previsões. Desconcertados, os sábios de ontem embarcam em hipóteses exóticas e peregrinas, como as que atribuem responsabilidade aos devedores "ninja" ("no income", "no job", "no asset"), gente irresponsável que não deveria aceitar os empréstimos gentilmente oferecidos por bancos generosos. A culpa é, afinal, dos políticos que estimularam os créditos predatórios.
A pane cerebral afeta com particular virulência o pensamento imune à experiência histórica. Percebo resmungos e muxoxos quando alguém menciona os "anos dourados", a era em que o capitalismo juntou prosperidade, avanço tecnológico, inovação institucional e redução das desigualdades. Esse período, assinala o economista Kenneth Rogoff, registrou a mais baixa freqüência de crises financeiras e de crédito, desde o século 19. Não escaparia ao crítico desconfiado que o sucesso do "modelo" do pós-Guerra possa ter nascido de um arranjo virtuoso entre a democracia e o capitalismo.
Depois de 30 anos de progresso material, redução das desigualdades nos países centrais e altas taxas de crescimento na América Latina e na Ásia emergente, o vento virou. A estagflação dos anos 1970 foi entendida como uma advertência e uma recomendação: era preciso dar adeus a tudo aquilo. O mal, como sempre, era o intervencionismo do Estado, o poder dos sindicatos, o controle dos mercados financeiros, os obstáculos ao livre movimento de capitais.
Não por acaso, há espanto e inquietação, além de alívio naturalmente, com a ousadia de Gordon Browm, o primeiro-ministro da pérfida Albion. Ele não hesitou em adquirir participação acionária nos periclitantes bancos ingleses. Foi seguido pelos colegas europeus. Convenceu Paulson e Bernanke de que essa era a melhor solução. Há fundados receios, entre os sobreviventes do naufrágio financeiro, de que o bote salva-vidas do Estado seja baixado por políticos populistas para resgatar a turma do "andar de baixo".
LUIZ GONZAGA BELLUZZO, 65, é professor titular de Economia da Universidade Estadual de Campinas. Foi chefe da Secretaria Especial de Assuntos Econômicos do Ministério da Fazenda (governo Sarney) e secretário de Ciência e Tecnologia do Estado de São Paulo (governo Quércia).
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