“Derrota do mínimo, nos obriga a reorganizar a agenda trabalhista”
Ricardo Patah, presidente nacional da UGT
Diferente da raposa, que disse que as uvas inacessíveis estavam verdes, reconhecemos que o rolo compressor da presidente Dilma impôs aos 48 milhões de trabalhadores, aposentados e pensionistas, que dependem do mínimo, uma derrota. Mas se perdemos a batalha não desistiremos das grandes lutas que temos à frente a favor da agenda da classe trabalhadora brasileira que passa pelo fim do fator previdenciário, pela imediata correção da tabela do Imposto de Renda, pela Convenção 158, entre outras. Várias batalhas que nos estimulam a continuar atentos ao governo Dilma e tentar preservar ao máximo as boas relações pois o que percebemos foi um ajuste do atual governo às pressões do mercado e uma insensibilidade à sobrevivência dos trabalhadores, aposentados e pensionistas da base da pirâmide social. Um contingente não desprezível que soma mais de 48 milhões de pessoas, todas com títulos eleitorais em mãos. Que todos os meses, quando receberem seus salários, vão repensar que governo é este que conseguiu apoio expressivo de seus principais deputados de esquerda para votar um salário mínimo que todos sabemos ser insuficiente. Que governo é esse que pela primeira vez na História de nossa democracia recente temos o PMDB 100% unido contra o aumento do salário mínimo.
Com 100% do PMDB, Dilma aprova mínimo de R$ 545
Índice zero de traição será usado por aliado como barganha por cargos federais. Projeto prevê regra fixa para reajuste até 2015; oposição atacou texto que dá a Dilma poder de aumento por decreto.
Após forte pressão do Planalto sobre ministros e partidos que disputam cargos do segundo escalão, a presidente Dilma obteve ontem sua primeira vitória legislativa ao aprovar na Câmara o salário mínimo de R$ 545 para 2011 e derrubar propostas de valores mais altos.
Apesar da união inusitada da oposição com as centrais sindicais, a dissidência da base governista foi mínima.
Com apoio de 100% dos deputados do PMDB, o rolo compressor do governo derrubou facilmente as emendas para elevar o valor a R$ 600 (promessa de campanha do PSDB) e R$ 560 (proposta pelo DEM).
Elas foram derrubadas por larga margem: 376 votos a 106, no primeiro caso; e 361 a 120, no segundo.
"Vai ser um trator, o trator da dona Dilma", já dizia o líder do DEM, Antonio Carlos Magalhães Neto (BA), minutos antes das votações.
Para virar lei, o mínimo de R$ 545 precisa ser aprovado ainda no Senado, que deve votá-lo na próxima quarta-feira. A expectativa é de uma nova vitória folgada.
Com a necessidade de cortar gastos para conter a inflação, o governo jogou pesado para evitar a aprovação de um valor maior do que os R$ 545. Nos últimos dias, ameaçou tratar como opositores eventuais dissidentes. A estratégia funcionou.
O mapa das votações mostrou que os 77 deputados do PMDB presentes votaram com o governo. O mesmo aconteceu com o PSB.
Por sua vez, aliados, principalmente peemedebistas, já falavam ontem em usar o apoio maciço como barganha na partilha de cargos do segundo escalão.
No PT, houve duas traições. Na oposição, também foram registradas quatro dissidências pró-governo, sendo duas do PSDB.
REGRA ATÉ 2015 — A lei aprovada prevê regras fixas para o cálculo do mínimo até 2015 -correção pela inflação, mais o índice de crescimento da economia de dois anos antes
O PPS tentou derrubar um trecho do texto segundo o qual os reajustes devem ser feitos por decreto presidencial, sem passar pelo Congresso Nacional.
Esse ponto foi duramente criticado pela oposição. A emenda, porém, foi derrubada, também por maioria.
De acordo com o governo, 47,7 milhões de trabalhadores têm os salários calculados com base nas regras do mínimo, entre trabalhadores formais e informais (29,1 milhões) e beneficiários da Previdência (18,6 milhões).
Durante a votação, representantes das centrais vaiaram petistas, tradicionais aliados, entre eles o ex-presidente da CUT Vicentinho (PT-SP). Relator do projeto, ele foi chamado de "traidor".
O deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), presidente da Força Sindical, disse que a disputa continua no Senado. "A avaliação de Dilma vai cair drasticamente", disse. (Folha)
Mecanização da colheita de cana aumenta em usinas de São Paulo
Nesta safra, uso de máquinas deve subir de 67% para 70%; principal efeito é reduzir queimadas. Objetivo da Secretaria do Meio Ambiente agora é ampliar esse movimento para médios e pequenos produtores.
A média de mecanização das usinas na colheita de cana do Estado de São Paulo deve crescer para 70% na safra 2010/2011, segundo estimativa da Secretaria de Estado do Meio Ambiente.
Até a safra 2009/2010, o percentual era de 67%, segundo o gerente do projeto Etanol Verde da pasta, Ricardo Viegas. A mecanização ajuda a reduzir queimadas.
O fator para o aumento são os investimentos na mecanização em troca da redução de custos. A maioria das grandes usinas já apresenta índice de colheita mecanizada acima dos 75%, mas a Usina São Martinho atinge 90%.
A marca foi registrada na unidade de Pradópolis (a 315 km de São Paulo), na safra 2010/2011. Lá, a São Martinho bateu, pela segunda vez, recorde mundial de moagem da planta, com 8,4 milhões de toneladas.
Nas três usinas do grupo -São Martinho, Iracema e Boa Vista-, a mecanização alcançou 85,3% na safra. O aumento verificado foi de 0,8 ponto percentual em relação à safra anterior, de 84,4%.
A mecanização e a estagnação da lavoura de cana, aliás, têm sido apontadas como principais fatores para o aumento em 7,2 pontos percentuais (para 63%) da área de cana colhida mecanicamente no Estado.
"Os dados oficiais só serão divulgados no final de março, mas há uma tendência de crescimento na área de cana colhida mecanicamente no Estado, impulsionado por esses fatores", disse Viegas.
O Estado tem cerca de 5,2 milhões de hectares plantados com cana.
A Cosan, maior produtora de açúcar e etanol do país, por exemplo, apresentou índice de mecanização de 78,1% da cana própria. A empresa faz a renovação do canavial prevendo a colheita mecanizada.
"A intenção é remodelar o canavial para garantir 100% da mecanização", disse o diretor financeiro e de relação com investidores da empresa, Marcelo Martins. A Cosan tem 26 fábricas de açúcar e etanol em cinco Estados.
PREOCUPAÇÃO — Segundo Ricardo Viegas, a maior preocupação a partir deste ano é mecanizar a colheita de pequenos e médios produtores. Ele afirmou que a discussão está sendo feita entre órgãos do governo com o objetivo de encontrar uma saída ambiental para o setor.
Segundo estimativa da secretaria, seriam necessárias 5.000 colheitadeiras para toda a cana plantada no Estado. Atualmente, esse número é de 2.600, sendo 170 para fornecedores de cana, geralmente pequenos e médios produtores paulistas.
"Uma alternativa pode ser a formação de consórcios entre os fornecedores [de cana], porque eles integram uma cadeia importante", disse.
O prazo para mecanização é de 2014 para áreas mecanizáveis e 2017 para não mecanizáveis (com declive acima de 12%). (Folha)
Balanço mostra banco de Silvio inviável
Apesar de ser "máquina" de fazer empréstimos, instituição tinha custos elevados de captação e de comissões. Novos donos, Caixa e BTG Pactual garantirão dinheiro com custo baixo; negócio e foco serão remodelados.
O balanço do PanAmericano revelou que o banco, apesar de ser uma "máquina" de fazer empréstimos, não era viável comercialmente da forma como foi concebido.
Tinha custos elevadíssimos para captar dinheiro -chegou a pagar juros de 30% ao ano para um CDB, enquanto a concorrência pagava menos de 9%- e ainda repassava comissões polpudas (R$ 137 milhões só em dezembro) à rede de franqueados e de lojistas, que "vende" os empréstimos.
Em dezembro, único mês de balanço sob a nova gestão, o banco teve um prejuízo de R$ 142 milhões, mesmo "produzindo" R$ 1 bilhão em créditos que depois são vendidos para outros bancos.
Naquele mês, só a atividade de crédito trouxe uma receita de R$ 179 milhões -insuficiente para pagar as despesas de R$ 184 milhões para fazer esses empréstimos.
E isso antes de pagar R$ 164 milhões em despesas como salários, comissões, aluguel e tributos, entre outros custos só parcialmente cobertos pela arrecadação de R$ 21 milhões em tarifas.
O prejuízo só não foi maior em dezembro porque, no caso do PanAmericano, o Imposto de Renda trouxe um ganho de R$ 23 milhões por conta de benefício fiscal devido a prejuízos anteriores.
Para Celso Antunes da Costa, que comandou o banco após o escândalo contábil, a derrocada decorre mais de má gestão do que de eventual desvio de dinheiro.
"Os sistemas contábeis e de controles do banco estavam corrompidos. Existia um acúmulo de funções em cima de algumas poucas pessoas. Mudamos isso", disse.
SOCORRO — Para viabilizar a operação do PanAmericano, os dois principais sócios -Caixa Econômica Federal e BTG Pactual- terão de garantir dinheiro com custo baixo.
A Caixa se comprometeu a comprar até R$ 8 bilhões em empréstimos que o banco fizer e ainda emprestar mais R$ 2 bilhões com taxas baixas. O BTG Pactual também garante mais R$ 4 bilhões.
Além do crédito ao consumidor, o banco agora quer focar as pequenas e médias empresas, segmento mais rentável e próximo da área de atuação do Pactual.
"Não tenho dúvidas de que o banco é viável. Uma maioria de funcionários foi vítima de uma minoria."
Finalmente, o banco pouco pagará impostos nos próximos anos. Só de tributos que não serão pagos devido a benefícios fiscais permitidos, o PanAmericano já consegue contabilizar hoje R$ 1,5 bilhão -esse valor pode crescer em mais R$ 500 milhões.
Com presença nacional, o banco tem mais de 20 mil parceiros comerciais e 270 lojas próprias, que atendem 2,1 milhões de clientes. É o primeiro em financiamento de motos e o quinto em carros. (Folha)
Índice do BC estima que PIB brasileiro cresceu 7,81% em 2010
O Índice de Atividade Econômica (IBC-Br) do Banco Central (BC) mostrou que a economia brasileira teve um crescimento de 7,81% em 2010. O indicador veio acima até mesmo da projeção do próprio BC sobre a expansão do Produto Interno Bruto (PIB, conjunto de bens e serviços produzidos no país), de 7,3%, no período.
Para 2011, a autoridade monetária espera aumento de 4,5%. Especificamente em dezembro, quanto comparado com novembro, o IBC-BR ficou praticamente estável, com leve crescimento de 0,07%, mostrando uma perda de força. Em novembro, o índice havia registrado aumento de 0,33% sobre o mês anterior.
O IBC-Br é visto pelo mercado como uma antecipação do desempenho do PIB.
Mantega: restrição ao crédito já produz desaceleração — O ministro da Fazenda, Guido Mantega, confirmou nesta quarta-feira que o PIB deve ter crescido entre 7,5% e 8% em 2010. Mas acrescentou que as medidas de restrição ao crédito adotadas pelo governo "já estão produzindo efeitos de desaceleração do financiamento e do comércio".
- A economia desacelera devido a medidas fiscais e monetárias - afirmou ele, em discurso durante evento promovido pelo banco BTG Pactual com investidores brasileiros e estrangeiros.
Segundo especialistas, no entanto, essa trégua do fim de 2010 não deve se intensificar nos primeiros meses deste ano, já que diversos indicadores mostram que a economia continua aquecida.
Entre os indicadores, destacou o economista-chefe da Austin Asis, Alex Agostini, estão as vendas de papelão ondulado (um dos mais clássicos termômetros de atividade), que cresceram 2% sobre janeiro de 2010. Ele também citou as vendas de veículos no período, cujo crescimento encostou em 15%. Por isso, acredita Agostini, o cenário ainda aponta para a atividade aquecida, mesmo com as medidas macroprudenciais tomadas em dezembro pelo BC, que restringiram e encareceram o crédito de longo prazo voltado para bens duráveis.
- O primeiro trimestre vai ser fundamental para avaliar o comportamento da inflação - afirmou Agostini, acrescentando que, por conta desse cenário, o BC deverá continuar elevando a Selic - hoje em 11,25% - até 12,75% ao ano. (O Globo)
Alta do investimento do Brasil em 2010 superou a da China, diz Mantega
Segundo o ministro da Fazenda, os investimentos no País avançaram 20% e na China, 13%.
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou que o Brasil conseguiu registrar uma velocidade de investimentos em 2010 maior do que a registrada pela China. "Os investimentos do País avançaram 20% no ano passado, enquanto que na China subiram 13%", comentou o ministro durante palestra fechada realizada durante a manhã pelo banco BTG Pactual, cujo áudio foi divulgado para a imprensa nesta tarde. Mantega ressaltou, contudo, que o aumento da Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) no ano passado foi muito forte porque a base de comparação era muito fraca, dado que o PIB caiu 0,6% em 2009.
O ministro, que viaja ainda hoje para participar da reunião do G-20, em Paris, ressaltou que os investimentos neste ano deverão manter um bom ritmo de expansão, com crescimento entre 10% e 12%, velocidade muito semelhante, segundo ele, a que deve ser registrada pela China. Mantega destacou que os investimentos no Brasil estão crescendo de duas a três vezes a mais que o ritmo do Produto Interno Bruto (PIB), "o que é muito positivo". "A novidade é que o crescimento é sustentável, pois não causa desequilíbrios macroeconômicos."
Guido Mantega disse ainda que "a inflação está dentro da meta mesmo com fatores extraordinários como choque de commodities". "Contudo, temos que impedir que a inflação de commodities se propague para outros preços da economia. É por isso que o governo tem tomado medidas para desacelerar um pouco a economia."
No ano passado, observou ele, apesar do avanço expressivo das cotações de matérias-primas, o IPCA atingiu 5,91%, abaixo do teto da meta de 6,5%. "Sem alimentos e transportes a inflação está muito próxima do centro da meta", disse Mantega. (Estado)
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