Presidente Dilma se reunirá com centrais sindicais, mas manterá correção do IR em 4,5%
Na reunião que fará nesta quinta-feira com as centrais sindicais, a presidente Dilma Rousseff dirá que o governo não vai atendê-las na reivindicação de conceder um reajuste de 6,47% na tabela de Imposto de Renda para Pessoa Física (IRPF). Dilma baterá na tecla que o máximo que o Palácio do Planalto está disposto a oferecer são os 4,5% já anunciados, o que equivale ao centro da meta da inflação do ano passado. Não será uma conversa fácil. Além da tabela do IR, a pauta das centrais incluirá o fim do fator previdenciário e o reajuste para os aposentados que ganham acima do salário mínimo. Nesta quarta-feira, o presidente da Câmara, deputado Marco Maia (PT-RS), disse preferir que a presidente envie um projeto sobre a correção da tabela do IR , e não opte por uma medida provisória, como está previsto. Ele argumentou que o projeto seria votado mais rapidamente, já que, com urgência (como aconteceu com o projeto de lei que reajustou o salário mínimo), poderia passar na frente das MPs que trancam a pauta. Do encontro desta quinta-feira, além da Força, participarão a CUT, UGT, CGTB, CTB e NCST. (Fonte: O Globo)
Desaquecimento e inflação complicam acordos salariais
Inflação mais alta e perspectivas menos otimistas para o crescimento já complicaram as primeiras negociações salariais na indústria. Enquanto os 13 mil motoristas de ônibus de Curitiba conseguiram, no mês passado, um reajuste nominal de 10% nos salários - alta real de 3,3% -, os 22,5 mil metalúrgicos de Jaraguá do Sul (SC), cuja data-base ocorre em janeiro, obtiveram um reajuste real inferior ao de 2010. O sindicato obteve 1,3% de aumento real neste ano, diante de 1,9% no ano passado. "A não ser que o sindicato represente uma categoria industrial muito pressionada pela falta de mão de obra, os reajustes de 2011 tendem a ser menores que os de 2010", diz Cid Cordeiro da Silva, coordenador do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) do Paraná.
Se nos primeiros meses do ano passado a inflação acumulada pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), usado nas negociações trabalhistas, era de 4,5%, nos primeiros meses de 2011 está em 6,5%. Assim, os acordos salariais nominais estão mais vistosos, mas o ganho real, menor. Como coloca José Milton Camargo, vice-presidente do Sindicato dos Comerciários de Curitiba, "se negociarmos um reajuste de 7% com inflação em 4,5%, o ganho real de 2,5% é aplaudido por todos. Mas se a inflação estiver em 6,5%, os mesmos 7% dão um ganho real de apenas 0,5%, e todo mundo reclama".
Mesmo segmentos que registraram crescimento acelerado nos últimos anos, como construção civil, encontram neste começo de ano um cenário mais árido para negociações salariais.
O sindicato dos trabalhadores na construção civil de Salvador e região, que representa mais de 140 mil operários, registrou no ano passado um acréscimo salarial de 5,6%, além da inflação - um dos maiores do país. Neste ano, as negociações estão mais lentas (em 2010 foram só duas reuniões e este ano elas se arrastam desde o começo de janeiro), a categoria está em greve há 30 dias. Em Camaçari (BA), onde estão 20 mil trabalhadores na construção civil, o sindicato alterou a data-base, transferindo de janeiro para abril, de forma a estender as negociações. Em 2010, o reajuste real foi de 7,7%.
O Valor levantou oito categorias cuja data-base ocorre entre janeiro e fevereiro e verificou que as dificuldades encontradas na construção civil atingiram a indústria, segmento que completou em janeiro o décimo mês consecutivo de crescimento fraco da produção. "Quando começamos a preparar nossa pauta de reivindicações, achávamos que as negociações seriam mais fáceis neste ano, porque tínhamos fechado um ano de crescimento forte não só no setor, mas no país como um todo", diz Vilmar Garcia, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Jaraguá do Sul (SC). "Definitivamente, não foi o que aconteceu", completa.
Segundo Garcia, as negociações foram mais "complexas" porque, diferentemente do ano passado, a economia não aponta para um crescimento tão elevado, e também a inflação ronda em patamares mais elevados. "Se no começo de 2010 falávamos de um crescimento de 7% na economia e a inflação em 4,5%, hoje falamos de um crescimento econômico de 4,5% e uma inflação batendo em 7%", diz Garcia. Os 14 mil metalúrgicos de Jaraguá do Sul conquistaram reajuste real de 1,3% nos salários - no ano passado, a alta fora de 1,9% acima da inflação.
Mesmo em categorias que fecharam um acordo melhor este ano que no ano passado, como os operários das fábricas têxteis de Joinville (SC), o reajuste conquistado foi inferior à média de 2% acima da inflação registrados na indústria em 2010. "No ano passado, muitos trabalhadores deixaram o nosso setor e foram frequentar cursos de especialização para outros setores, que pagam salários maiores. Isso foi levantado nas negociações deste ano", diz Livino Steffemes, presidente do sindicato dos trabalhadores na indústria têxtil de Joinville, que conquistou reajuste real de 1,2% nos salários dos 6 mil operários do setor - no ano passado, o reajuste foi de apenas 0,8% acima da inflação.
Os 70 mil trabalhadores no segmento de tecnologia da informação (TI) e processamento de dados no Estado de São Paulo encontraram em 2011 um território mais "contrário" a benefícios trabalhistas, diz Antônio Neto, presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Processamento de Dados (Sindpd) de São Paulo. No acordo do ano passado, não só o sindicato conquistou reajuste de 1,9% acima da inflação, como o compromisso de ter a carga semanal de trabalho reduzida a 40 horas a partir de 2011. "Agora, pelo visto, a ficha caiu para os empresários. Alguns não se prepararam para uma jornada menor, mesmo sabendo que isso iria acontecer com um ano de antecedência", provoca o dirigente sindical. O sindicato patronal suspendeu as negociações - já atrasadas em dois meses. Neto convocou uma assembleia geral após o Carnaval, e fala em greve. (Valor)
Brasil é o único entre os emergentes sem universidades "top"
Ranking da THE (Times Higher Education) aponta as cem melhores instituições do mundo; Harvard é a primeira. Rússia, Índia e China têm representantes na lista internacional; EUA se destacam com sete entre as dez primeiras.
O Brasil avança na economia, mas tem um longo caminho a percorrer na educação. O país é o único dos BRICs a não ter nenhuma instituição de ensino superior entre as cem mais bem avaliadas por acadêmicos no mundo todo.
É o que mostra o novo ranking divulgado hoje pela THE (Times Higher Education), principal referência no campo das avaliações de universidades no mundo, que é baseada em Londres.
A Rússia aparece com a Universidade Lomonosov, de Moscou, na 33ª posição. A China tem cinco universidades no ranking (duas em Hong Kong e uma em Taiwan). A melhor é a Tsinghua, de Pequim, no 35º lugar. O Instituto Indiano de Ciência está na 91ª colocação.
Foram ouvidos 13.388 acadêmicos de 131 países para chegar à lista das universidades com melhor reputação
São estudiosos com, em média, mais de 16 anos de trabalho em instituições de ensino superior e 50 trabalhos científicos publicados.
Na liderança, mais uma vez, aparece a americana Harvard, que também lidera o ranking geral da THE divulgado em setembro de 2010 e que a Folha publicou com exclusividade no Brasil.
A diferença entre os rankings é que o geral leva em conta 13 critérios- relação estudante/professor, quantidades de alunos e professores estrangeiros, número de trabalhos científicos publicados, ênfase em pesquisa etc.
O índice de reputação, divulgado pela primeira vez pela THE, considera apenas a imagem que as instituições têm entre os acadêmicos.
Foi pedido que apontassem, entre mais de 6.000, até dez universidades como as melhores do mundo em seus campos específicos. Itália, Espanha e Portugal não figuram no ranking. (Fonte: Folha)
Remédios vão ficar mais caros a partir do dia 31
Os brasileiros vão pagar mais caro por medicamentos importantes como antibióticos e antiinflamatórios a partir do dia 31 deste mês. O governo anunciará nos próximos dias um reajuste de pelo menos 6% nesses produtos, que ainda têm os preços controlados pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (Cmed) - ligada à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Ficarão mais salgadas cerca de 20 mil apresentações de remédios. Como muitos destes medicamentos são de uso contínuo, ou utilizados no tratamento de doenças graves, o governo define o quanto podem subir a cada ano. O objetivo é evitar que a população seja prejudicada por eventuais aumentos excessivos por parte da indústria farmacêutica. Entre os produtos cujos reajustes foram autorizados estão vasodilatadores, como Viagra, e ansiolíticos, como Lexotan.
O IPCA acumulado de março de 2010 a fevereiro de 2011 foi de 6,01%. Mas, como a Cmed calcula o aumento dos medicamentos com base na inflação e em alguns critérios técnicos, o reajuste pode ficar um pouco acima ou abaixo do índice. Isso porque ainda são levados em conta a produtividade da indústria no último ano e a concorrência imposta pelos genéricos (que têm o mesmo princípio ativo dos remédios de marca, mas custam mais barato) no mercado.
Os medicamentos serão mais um fator de pressão sobre a inflação de 2011. Segundo o economista-chefe do banco ABC Brasil, Luís Otávio Leal, embora esses produtos não tenham um efeito em cadeia sobre a economia - ou seja, não impactem outros produtos ou serviços -, deverão puxar para cima o índice de abril. (O Globo)
Empréstimos do BNDES sobem 257% de 2005 a 2010
Os empréstimos concedidos pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) subiram 257% entre 2005 e 2010, saltando de R$ 47,1 bilhões para R$ 168,4 bilhões. O patamar ultrapassa os financiamentos concedidos do Banco Mundial (Bird). No mesmo período, o Banco Mundial apresentou uma evolução dos recursos liberados de US$ 9,72 bilhões para US$ 28,85 bilhões, uma alta de 196%. No ano passado, os desembolsos do BNDES atingiram US$ 96,32 bilhões, marca 2,33 vezes superior aos empréstimos concedidos pelo Banco Mundial. Para este ano, a estimativa do governo é de que o BNDES empreste R$ 145 bilhões.
De acordo com o chefe do departamento econômico do BNDES, Fernando Puga, o avanço dos empréstimos concedidos pelo banco está diretamente relacionado ao avanço da economia brasileira. Em 2010, o Brasil se tornou a sétima economia do mundo, com um Produto Interno Bruto (PIB) que cresceu 7,5% e atingiu R$ 3,6 trilhões. Ao longo dos últimos anos, o País recebeu o selo de "grau de investimento" das três principais agências de risco (Moody''s, Standard & Poor''s e Fitch), com reservas internacionais de US$ 309,5 bilhões (até o dia 2) e se tornou credor do Fundo Monetário Internacional (FMI). Uma outra evidência desse salto é a ascensão de 32 milhões de brasileiros à classe média desde 2003 e o fato de o País ser o quarto mercado doméstico de automóveis, com 3,52 milhões de unidades vendidas no ano passado.
Puga destaca que a ampliação da formação bruta de capital fixo no País cresceu muito nos últimos anos, com a colaboração do BNDES. Os investimentos que contaram com a colaboração do banco oficial chegaram a R$ 987 bilhões entre 2006 e 2009. Esse montante deve subir, segundo o presidente do banco, Luciano Coutinho, para R$ 1,6 trilhão até 2014. "A concessão de empréstimos pelo BNDES, que atende todos os setores, ocorre com grande controle, o que gera um nível de inadimplência mínimo, 0,2% em 2010 e 2009", disse Puga.
Subsídios — Os economistas divergem sobre a dimensão que o orçamento do BNDES atingiu nos últimos anos. Na avaliação do professor da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ) e economista da Opus Gestão de Recursos, José Márcio Camargo, o problema foi a liberação de R$ 121,3 bilhões em seis anos. "Há um subsídio expressivo na concessão de recursos pelo banco oficial, pois os juros médios de captação no sistema financeiro são de, pelo menos, 13%, relativos à média das taxas cobradas pelos vários papéis da dívida pública, enquanto empresta com base em 6%, baseado na Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP)", disse.
"Há uma apropriação de recursos da sociedade pelos empresários que tomam recursos no BNDES." A diferença aritmética de 7%, segundo ele, indica que cada R$ 100 bilhões financiados, há um subsídio próximo a R$ 7 bilhões. Assim, dos R$ 168,4 bilhões liberados pelo banco no ano passado, o subsídio teria ficado ao redor de R$ 11,78 bilhões.
Na avaliação do professor da Universidade de Campinas (Unicamp), Fernando Sarti, o papel que o BNDES desenvolve no País é fundamental para viabilizar o crescimento empresarial e da geração de empregos de diversos setores. "Não há privilégios na atuação do banco, que é rigorosa, dá lucros elevados e atende todos os segmentos produtivos que exibem projetos viáveis do aspecto econômico e financeiro", comentou.
Sarti destaca que os empresários nacionais historicamente não aceitam tomar riscos para atuar em projetos de longo prazo, e que, sem o BNDES, a taxa de investimento do País seria bem menor do que os 18,4% do PIB registrados em 2010. "Quem investe em estradas, rodovias, hidrelétricas no Brasil se não tiver a participação do BNDES? Poucos", destacou. De acordo com o banco oficial, entre os projetos com pelo menos cinco anos de maturação, 75% do crédito é concedido pelo BNDES.
Sarti e Camargo concordam que seria oportuno que o banco reduzisse sua participação relativa no funding das empresas dedicados a investimentos, que hoje está em cerca de 20%. "Contudo, isso precisa ocorrer de forma gradual, pois do contrário os juros para financiamentos à ampliação da Formação Bruta de Capital Fixo vão subir de forma proibitiva", comentou Sarti. (Estado)
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