Carvalho tenta reaproximar governo de centrais sindicais
A presidente Dilma Rousseff determinou ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) que não sejam liberados financiamentos a empresas que desrespeitem os direitos de seus trabalhadores, informou ontem o chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho. Sem dar mais detalhes ou revelar o nome da companhia citada, o ministro contou ter recebido denúncias de que operários de grande empresa estariam sofrendo maus tratos. Carvalho disse que, em seguida, foi ao gabinete de Dilma para repassar a queixa. A presidente, narrou o ministro, automaticamente telefonou para Luciano Coutinho, presidente do BNDES, e ordenou: "Luciano, não quero um tostão para empresa que não respeita o trabalhador".
Pouco tempo depois, prosseguiu o ministro, a empresa, que tentava obter crédito para executar outra obra, entrou em contato com o Palácio do Planalto para resolver a situação. Carvalho não revelou o desfecho da história.
O ministro contou a história ontem em seminário sobre a participação social no processo decisório do governo. "O governo não vai contemporizar com qualquer tipo de infringência às normas e queremos avançar", afirmou.
As declarações feitas por Carvalho foram recebidas pelo BNDES com naturalidade. Desde o governo de Luiz Inácio Lula da Silva, o banco passou a incluir uma cláusula social em seus contratos. O mecanismo abre a possibilidade para o banco interromper o financiamento ou até mesmo pedir o pagamento adiantado das dívidas de empresas que não estiverem cumprindo garantias ambientais e sociais previstas em contratos. O BNDES, informou ontem sua assessoria, pode lançar mão dessas medidas se as denúncias forem comprovadas.
A cláusula social dos contratos do BNDES, adotada após gestões realizadas por movimentos sociais e Luiz Dulci, antecessor de Gilberto Carvalho na Secretaria-Geral da Presidência, reforçou a política de responsabilidade social do banco. O BNDES também não financia projetos sem licenças ambientais e empresas que constem do cadastro de trabalho escravo do Ministério do Trabalho e Emprego.
Em março, duas grandes construtoras, Camargo Corrêa e Odebrecht, enfrentaram graves problemas com milhares de trabalhadores insatisfeitos com as condições de trabalho nos canteiros de obras das usinas hidrelétricas de Jirau e Santo Antônio, em Rondônia. O episódio, que contou com cenas de vandalismo e disputas entre as centrais sindicais, levou o governo a criar mesa de negociação para intermediar os interesses das empresas do setor de construção e as demandas dos sindicalistas.
Consultadas se a determinação da presidente Dilma Rousseff atingiria suas obras, Odebrecht e Camargo Corrêa não comentaram o assunto. A Odebrecht ressaltou que cumpre rigorosamente a legislação trabalhista. E o ministro assegurou ontem que o governo tem tomado providências para que os mesmos problemas não se repitam na construção da usina de Belo Monte, no Pará.
Em sua palestra, Gilberto Carvalho negou que esteja ocorrendo um afastamento entre o governo Dilma Rousseff e os movimentos sociais. O ministro da Secretaria-Geral da Presidência enumerou as iniciativas do Palácio do Planalto para aproximar os segmentos organizados da sociedade dos debates conduzidos pelo governo.
Citou, por exemplo, as mesas de negociação criadas para discutir o reajuste do salário mínimo, as condições de trabalho na construção civil e mudanças no sistema previdenciário. O governo também pediu contribuições da sociedade na elaboração do Plano Plurianual (PPA) de 2012.
"Nunca o movimento sindical esteve, como no governo Dilma, tão presente aqui dentro do Palácio e discutindo cada uma das questões", ressaltou, acrescentando que estranhou recentes queixas feitas por sindicalistas.
Perguntado se a aproximação da Força Sindical com o PSDB em Minas Gerais seria um reflexo das críticas de falta de interlocução com o governo, o ministro discordou. "As opções partidárias nós respeitamos. Nem todo sindicalista tem que estar próximo ao governo e nem todos devem estar filiados a partidos da base do governo", respondeu. "Não vejo que qualquer diálogo com outros partidos se dê por conta da falta de diálogo com o governo. Isso não." (Valor)
Governo vai apertar fiscalização sobre as carteiras de crédito dos bancos
O governo resolveu apertar a fiscalização sobre as carteiras de crédito dos bancos para evitar fraudes, como as que ocorreram no banco PanAmericano, que precisou de recursos do Fundo Garantidor de Crédito (FGC), em 2010, para não quebrar. As instituições serão obrigadas a registrar todas as operações de "cessão de crédito", como são chamadas no jargão financeiro.
A determinação foi feita por meio de resolução do Conselho Monetário Nacional (CMN). Isso significa que, sempre que passar para outro banco uma carteira de crédito de pessoas físicas ou jurídicas, a instituição terá que informar a transação, segundo o chefe do Departamento de Normas do Banco Central (BC), Sérgio Odilon dos Anjos.
- Esse sistema de registro dá conforto e transparência. É muito bom para os controles do BC. Favorece a rigidez do sistema financeiro, dadas as características do mercado de cessão. A medida traz segurança - disse.
Odilon dos Anjos afirma que a iniciativa já vinha sendo estudada e era uma demanda do próprio sistema financeiro. Isso porque, quanto mais transparente for este mercado, menores os riscos e, portanto, os custos impostos às instituições. Mas a medida foi publicada meses depois
Os problemas do PanAmericano, que apresentou um rombo de mais de R$ 4 bilhões, foram identificados a partir de "inconsistências contábeis" em seus balanços. A instituição não teria dado baixa nas carteiras vendidas. A falta de transparência do sistema acabou por secar a fonte de recursos para instituições financeiras de menor porte que conseguiam captar recursos ao passar adiante as suas carteiras de crédito.
Os registros obrigatórios começarão pelas operações com crédito consignado e de financiamento de veículo, que, atualmente, representam o maior volume de transações entre os bancos. A medida começa a valer em 22 de agosto. Posteriormente, o BC pode estender a obrigação para outras modalidades de crédito.
- As cessões de crédito relativas a empréstimos e financiamentos com consignação das prestações em folha de pagamento, bem como de financiamento de veículos, deverão ser registradas, pelo cedente e pelo cessionário, em sistemas de registro e de liquidação financeira de ativos autorizados pelo Banco Central do Brasil.(O Globo)
BC indica que ciclo de alta dos juros está perto do fim
Instituição diz que medidas de restrição ao crédito ainda reduzirão inflação. Ata sobre reunião na semana passada que subiu juros para 12,50% mostra preocupação com cenário externo.
O Banco Central reforçou as apostas de que o ciclo de alta dos juros está próximo do fim, com a divulgação ontem da ata do Copom (Comitê de Política Monetária).
Um dos sinais de que o BC poderá interromper em breve o aperto monetário é a avaliação de que as medidas de restrição ao crédito e o aumento recente dos juros ainda terão seus efeitos incorporados aos preços, o que tende a se acentuar neste semestre.
No documento em que explica porque elevou a taxa básica de 12,25% para 12,50% ao ano na semana passada, o BC avalia que o cenário para a inflação mostra sinais mais favoráveis.
As projeções divulgadas na ata, no entanto, mostram o contrário. A estimativa para 2012 continua acima do centro da meta de 4,5%. Somente no primeiro semestre de 2013, a projeção oficial fica "ao redor" desse patamar.
O BC destaca ainda a "deterioração adicional" no cenário externo. Aumentaram as preocupações com as dívidas de países e bancos europeus e com a possibilidade de desaceleração econômica na China. Esses são fatores que podem contribuir para segurar os preços no Brasil.
A instituição faz, no entanto, ressalvas. Avalia que incertezas, principalmente fora do país, não permitem identificar "com clareza" a persistência de pressões inflacionárias recentes.
A expansão da oferta de crédito, por exemplo, tende a persistir, apesar das indicações de que houve "certo arrefecimento". O mercado de trabalho também segue preocupando, por conta dos reajustes salariais.
Por isso, o BC deixou aberta a possibilidade de promover mais elevações na taxa de juros, se necessário.
Cristiano Souza, economista sênior do Santander, avalia que as projeções de inflação acima do centro da meta indicam que são necessárias mais elevações de juros. Ele projeta mais duas, para 13% ao ano:
"Não é um cenário tranquilo. O trabalho não pode ser considerado terminado."
Para ele, não houve melhora que justifique uma parada no ciclo de aperto monetário. "É possível que isso aconteça, mas a probabilidade é baixa", avalia.
O Itaú-Unibanco, por outro lado, projeta uma última alta de juros em agosto, para 12,75% ao ano, mas diz que a chance de que a taxa básica pare de subir é elevada.
Segundo a instituição, a piora do cenário externo e a maior convicção do BC de que a atividade doméstica está desacelerando sugerem a proximidade ou o fim do processo de alta dos juros. (Folha)
Vale anuncia lucro recorde de R$ 10,27 bi no segundo trimestre
No acumulado do ano, lucro tem crescimento de 126% e já chega a R$ 21,5 bilhões.
A Vale registrou no segundo trimestre deste ano lucro líquido de R$ 10,275 bilhões, 54,9% superior ao obtido no segundo trimestre de 2010. Foi o maior já verificado pela companhia em segundo trimestre. Na comparação dos dois períodos, a receita líquida da mineradora cresceu 34,9%. No segundo trimestre de 2011, ela atingiu R$ 25,614 bilhões.
Os preços mais elevados dos produtos no segundo trimestre contribuíram positivamente para a receita da Vale, com US$ 1,344 bilhão, segundo o balanço. No acumulado do semestre, o lucro avançou 126,7%, somando R$ 21,566 bilhões. A receita líquida aumentou 53,7%, para R$ 49,187 bilhões. O balanço foi o primeiro da gestão do novo presidente, Murilo Ferreira, que em maio substituiu a Roger Agnelli, no cargo ao longo dos últimos dez anos.
A Vale informou ter reduzido a dívida líquida para US$ 11,232 bilhões no segundo trimestre do ano, abaixo dos US$ 17,724 bilhões do mesmo período do ano anterior. No trimestre anterior, o primeiro de 2011, a dívida líquida foi de US$ 11,936 bilhões. A dívida bruta total em 30 de junho era de US$ 24,459 bilhões, segundo o comunicado da empresa.
A companhia revelou ter pago em abril a primeira parcela do dividendo mínimo de 2011 aos acionistas, de US$ 2 bilhões. A Vale registrou resultado financeiro líquido positivo de US$ 648 milhões no trimestre. No mesmo período do ano passado, os indicadores foram negativos: US$ 491 milhões.
A mineradora anunciou também ter realizado investimentos de US$ 4,036 bilhões no segundo trimestre, o que representa crescimento de 47,1% em relação ao primeiro trimestre. Na comparação com o segundo trimestre de 2010, a alta foi de 69,9%. A companhia informou ter investido 28% do total orçado para 2011, com aportes de US$ 6,779 bilhões no primeiro semestre. Ela programou investimentos de US$ 24 bilhões este ano.
Preço maior. No segundo trimestre, a mineradora operou com o preço médio de US$ 145,30 por tonelada na venda de minério de ferro, o que representa aumento de 15,14% diante dos US$ 126,19 no primeiro trimestre e de 58% na comparação com o mesmo período de 2010. O preço médio de pelotas ficou em US$ 206,07 por tonelada - alta de 13,6% na comparação com o trimestre anterior e de 34% em relação ao período de 2010.
As vendas do minério pela Vale somaram 60,642 milhões de toneladas no segundo trimestre, volume correspondente a um incremento de 6,23% frente ao mesmo período do ano passado (57,081 milhões de toneladas vendidas). As vendas de pelotas apresentaram ligeiro recuo no período, de 12,946 milhões para 12,861 milhões de toneladas.
A mineradora informou que as operações no segundo trimestre continuaram influenciadas pela chuva intensa em Carajás (PA), o que também desacelera o processo de descarga de trens no terminal marítimo de Ponta da Madeira, por causa do grau mais elevado de umidade do minério. A companhia diz que houve problemas com um virador de vagões em manutenção no trimestre.
Com a venda de ferro, a Vale obteve receita de US$ 9,102 bilhões no segundo trimestre, cifra superior aos US$ 5,435 bilhões apurados no mesmo período de 2010. As vendas de pelotas geraram US$ 2,113 bilhões, inferior aos US$ 1,610 bilhões do mesmo intervalo do exercício anterior.
A participação da China no total de minério de ferro e pelotas vendido pela Vale no segundo trimestre registrou pequena queda, passando para 41,7%. No trimestre imediatamente anterior, a fatia chinesa era de 42,3%. A Vale exportou para a China 30,6 milhões de toneladas de minério no segundo trimestre, contra 29 milhões de toneladas no trimestre anterior. As vendas para a Ásia somaram 45 milhões de toneladas, respondendo por 61,2% das vendas da mineradora. No trimestre anterior, a fatia asiática era de 60,7%.
Já a fatia da Europa apresentou leve recuperação, de 20,4% para 20,6%. (Estado)
Melhor negócios migrarem para exterior do que a indústria, diz Gianetti
O aperto no controle das operações de câmbio no mercado futuro agradou aos exportadores, apesar das críticas levantadas no mercado financeiro, garante o diretor do departamento de relações internacionais e comércio exterior da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), Roberto Gianetti da Fonseca. "Estão dizendo que o mercado de câmbio vai migrar para o exterior; melhor assim do que ver migrar a indústria", ironizou o executivo, um dos mais experientes traders do país. "Os especuladores perderam a teta da vaca", diz Gianetti.
O diretor da Fiesp afirma ser exagero o temor de migração do mercado de câmbio, porque é o Banco Central, hoje, a principal ponta compradora nos mercados futuros de dólar. "O mercado brasileiro de derivativos de câmbio é hoje o segundo maior do mundo, só perde para o Japão", diz Gianetti, ao rejeitar o argumento de que as operações com derivativos (venda e compra de dólares no mercado futuro) são pequenas demais para merecer a ação severa do governo.
Nos últimos três anos, segundo estudo da Fiesp, as transações no mercado futuro de câmbio superaram quatro vezes em média as do mercado à vista, o que contribuiu para que as operações com os chamados derivativos passassem a influir decisivamente na formação da taxa de câmbio. Segundo o Banco Internacional de Compensações (BIS), o normal em outros países é haver um mercado à vista maior que o de futuros, argumenta a Fiesp.
Gianetti informa que foi um dos primeiros empresários a sugerir ao Ministério da Fazenda medidas de controle do que chama de excessos especulativos no mercado futuro de câmbio. Ele contou com o apoio do então assessor do ministro da Fazenda, Guido Mantega, o economista Emílio Garófalo, hoje secretário-executivo da Câmara de Comércio Exterior (Camex). O diretor da Fiesp garante que a medida recebeu "entusiasmado aplauso do setor privado", embora venha sendo alvo de intensa pressão contrária por parte de operadores e executivos do mercado financeiro, que preveem redução dos recursos disponíveis para os mercados de hedge (operações de proteção contra risco).
"É bom que se reduza o mercado, que fiquem apenas as operações efetivamente de hedge, e não de especulação", diz Gianetti. "Podem ocorrer efeitos colaterais adversos para operações legitimas de hedge cambial e precisariam ser mitigados", reconhece o executivo, que, no entanto, acredita ser possível fazer o "ajuste fino das medidas" no Conselho Monetário Nacional (CMN).
O pacote anunciado na quarta-feira traz muitas das sugestões discutidas por Gianetti e Garófalo com Mantega, mas algumas medidas ainda podem ser adotadas, sugere o diretor da Fiesp. "Discutimos medidas para reduzir a atratividade e aumentar o risco nesses mercados", comenta ele. Hoje, 90% das operações têm menos de 30 dias, o que aumenta seu caráter especulativo, diz ele. Entre as medidas sugeridas pelo executivo, e ainda não adotadas, está a exigência de margens maiores nas operações no mercado futuro de câmbio - o que aumenta seu custo e afasta especuladores. (Valor)
Lucros da Cielo e Redecard caem um ano após fim da exclusividade
O fim da exclusividade entre bandeiras e credenciadoras de cartões de crédito, que completou um ano no início deste mês, se refletiu nos balanços do segundo trimestre das duas maiores operadoras do país: Cielo e Redecard.
A Cielo, que tinha exclusividade da bandeira Visa, teve queda de 7,5% no lucro líquido, estimado em R$ 423,6 milhões entre abril e junho últimos.
Já a Redecard, que operava com cartões da MasterCard, teve queda de 13,9% em seu lucro líquido, calculado em R$ 322,6 milhões no período.
Um dos principais motivos para as quedas nos lucros das empresas de cartões foi o aumento do poder de barganha dos lojistas, que pressionaram as operadoras para reduzir os preços.
De acordo com Cláudio Yamaguti, presidente da Redecard, a redução no lucro se explica tanto ao aumento da competitividade como às despesas em tecnologia que a empresa teve para se adaptar às mudanças.
O presidente da Cielo, Rômulo Dias, também relacionou a queda do lucro à diminuição da receita com os serviços prestados. Apesar disso, os dois presidentes veem como positiva a mudança.
"O lojista conta hoje com mais opções e nós podemos operar com várias bandeiras", afirma Dias.
"Completamos nossa cesta de produtos", diz Yamaguti. (Folha)
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