Rotatividade de mão-de-obra no país sobe para 53,8% em 2010
A taxa de rotatividade dos brasileiros no mercado de trabalho subiu para 53,8% no ano passado, ante 49,4%, em 2009, de acordo com dados do Ministério do Trabalho e do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômico (Dieese). O cálculo compara o total de contratações e admissões no período em relação ao estoque médio de vagas.
Ao desconsiderar os desligamentos por motivos de transferência, aposentadoria, falecimento e demissão voluntária, o índice cai para 37,3%, em 2010, e 36%, no ano anterior. “Essas taxas de rotatividade expressam a demanda potencial de acesso ao seguro-desemprego e parte da demanda potencial ao FGTS”, explica o estudo MTE/Dieese.
Os setores de construção civil e agropecuário foram apontados como os mais rotativos, em virtude principalmente da sazonalidade da demanda por mão-de-obra. O motivo dos altos índices nacionais, segundo o Dieese, é que as empresas desligam empregados para contratar substitutos com salários menores.
A pesquisa também comparou o tempo médio de emprego entre 25 países. O Brasil apresentou, em 2009, um dos mais curtos períodos médios de permanência no emprego: cinco anos. Apenas nos Estados Unidos a taxa é menor, de 4,4 anos. (Valor)
Aumento do mínimo injeta R$ 64 bi na economia e dá fôlego ao PIB em 2012
Elevação do piso, considerado vilão em épocas de economia aquecida, deve garantir retomada do crescimento no primeiro trimestre.
O reajuste de 14,3% no valor do salário mínimo, que passa dos atuais R$ 545 para R$ 622,73 em janeiro, deverá injetar cerca de R$ 64 bilhões na economia brasileira em 2012. A destinação desses recursos para consumo ou pagamento de dívidas tende a acelerar os negócios e permitir que o Produto Interno Bruto (PIB) volte a crescer no primeiro trimestre do ano que vem, depois de ficar praticamente estagnado ao longo do segundo semestre de 2011.
"Nossa estimativa é de que o PIB brasileiro volte a crescer em um ritmo de 0,8% no primeiro trimestre de 2012, principalmente por causa do impulso dado pelo salário mínimo em um período que tradicionalmente é fraco", diz o economista-chefe da LCA Consultores, Bráulio Borges, autor do estudo sobre o impacto do aumento do mínimo no crescimento econômico do País.
Nesse cenário, o aumento do mínimo em 2012 passa de vilão a mocinho. No lugar de dar mais combustível à escalada da inflação, como criticavam economistas e empresários, essa montanha de dinheiro passou a ser bem vinda para reacelerar a economia brasileira. "Se isso viesse num momento de atividade econômica excitada, promoveria muita preocupação", diz Paulo Francini, diretor da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). "Porém, vem em um momento em que a economia dá sinais de redução e queda até maiores que o previsto."
Impacto. Nos cálculos da LCA, o ganho real de 7,5% do salário mínimo deverá agregar 0,3 ponto porcentual ao crescimento do consumo das famílias, componente que responde por 60% do PIB brasileiro sob a ótica da demanda. Assim, o reajuste do mínimo agregaria 0,2 ponto porcentual ao crescimento do PIB como um todo no ano que vem.
O economista explica que o impacto relativamente pequeno sobre o PIB acontece porque a massa de rendimentos da economia vinculados ao salário mínimo (somando rendas do trabalho, previdenciária e assistencial) é de "apenas" 22% da massa total brasileira.
O aumento real de 7,5% deverá beneficiar cerca de 66 milhões de pessoas, o que representa 46% da população que recebe algum rendimento no País. Além de aposentados e pensionistas que recebem um salário mínimo, o cálculo inclui ocupados com rendimento de até 1,5 salário mínimo e beneficiários da Lei Orgânica Social (LOAS) e do Renda Mensal Vitalícia, também atrelados ao salário mínimo.
Mas a participação da massa de rendimentos vinculados ao mínimo muda bastante dependendo da região. No Norte, ela é de 29% e, no Nordeste, de 37%. Já no Centro-oeste é de 19%, enquanto no Sudeste e no Sul fica em 17% e 18%, nessa ordem. (Estado)
No iPad de Dilma, dois boletins diários da crise
Presidente segue de perto a economia e convoca Mantega para reuniões
Preocupada com o impacto da crise mundial no Brasil, a presidente Dilma Rousseff lê todo dia, religiosamente, dois boletins econômicos: um de manhã e outro à tarde.
Os papers são preparados pelo Ministério da Fazenda e contêm dados sobre câmbio, taxa de juros, preço de commodities e risco país. Dilma recebe as análises por e-mail criptografado e acompanha os cenários em seu iPad.
Nessas ocasiões, não é raro ela passar a mão no telefone e cobrar mais detalhes do ministro da Fazenda, Guido Mantega. Vira e mexe "Guidinho", como é chamado pela presidente, tem de correr ao Palácio do Planalto para reuniões não agendadas.
Depois de cruzar informações de todos os cantos, Dilma chegou a uma conclusão: os primeiros três meses de 2012 vão caminhar "devagar". A partir do segundo trimestre, porém, a economia brasileira começará a reagir, na esteira do aumento do salário mínimo, do corte de juros e das desonerações de impostos para setores estratégicos. A equipe econômica estima que, mesmo com o abalo internacional, o crescimento pode chegar a 4,5% ou até 5%, no ano que vem, se houver investimento privado.
É isso o que Dilma tem dito em conversas reservadas com empresários, como Josué Gomes da Silva, da Coteminas; Benjamin Steinbruch, da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), e Jorge Gerdau, coordenador da Câmara de Políticas de Gestão, Desempenho e Competitividade do governo. Banqueiros do porte de Roberto Setúbal, do Itaú Unibanco, também integram o time de interlocutores da presidente.
Embora tenha estilo diferente, Dilma mantém alguns hábitos do antecessor e padrinho político Luiz Inácio Lula da Silva. Gosta, por exemplo, de ouvir economistas de fora do governo, como Otaviano Canuto, vice-presidente do Banco Mundial para Redução da Pobreza e Gerenciamento Econômico, Delfim Netto e Luiz Gonzaga Belluzzo. "A locomotiva do governo Dilma é a economia, já que as crises políticas são uma constante. Sob nenhuma hipótese ela vai deixar isso fazer água", resumiu um auxiliar da presidente.
Para enfrentar a turbulência, Dilma decidiu fortalecer a economia doméstica e turbinar os investimentos. Ela está convencida de que os juros podem cair até chegar a 9% ao ano, por volta de maio de 2012. Atualmente, ela tem três obsessões: acelerar o crescimento, fazer a inflação convergir para 4,5%, que é o centro da meta, e monitorar a taxa de câmbio.
O governo trabalha com um cenário pessimista para a economia mundial no ano que vem. Não é só: acredita que problemas políticos na Europa e nos EUA podem agravar o quadro, com consequências a longo prazo. Apesar das incertezas, Dilma avalia que já tomou as medidas necessárias para amortecer os efeitos da crise, ao menos por enquanto. A questão, agora, é apenas de calibragem.
Depois da queda de seis ministros - cinco dos quais sob suspeita de corrupção - e com uma reforma da equipe prevista para o início de 2012, a presidente faz de tudo para mostrar que o Brasil pode escapar da crise sem sobressaltos. (Estado)
Ternium paga mais de R$ 5 bi e entra no bloco de controle da Usiminas
A Ternium anunciou na noite de ontem a compra das participações acionárias dos grupos Camargo Corrêa e Votorantim na Usiminas. A empresa vai desembolsar mais de R$ 5 bilhões para, com isso, entrar no bloco de controle da siderúrgica. Conforme o Valor havia antecipado em sua edição online mais cedo, o acordo foi fechado a R$ 36 por ação. A compra será feita pela Ternium e suas coligadas, inclusive a Confab.
Além disso, a Ternium e a Nippon Steel, que já pertence ao bloco de controle, comprarão parte das ações da Caixa dos Empregados da Usiminas. A Ternium é o braço siderúrgico do grupo Techint, de nacionalidade ítalo-argentina.
Com isso, o bloco de controle da siderúrgica mineira ficará dividido entre Nippon, com 46,1% dos votos, Caixa dos Empregados, com 10,6%, e Ternium, com 43,3%. (Fonte: Valor)
Petrobras vazou duas vezes mais óleo em 2010 do que acidente da Chevron
Para analistas, petrolíferas não investem o bastante em segurança
Os vazamentos de petróleo no Brasil são mais comuns do que se pensa. Só a Petrobras, a maior empresa do setor, encerrou o ano passado poluindo mais e recebendo um grande volume de autos de infração dos órgãos de fiscalização. Em 2010, a estatal registrou 57 vazamentos, contra 56 ocorrências em 2009. O volume de petróleo e derivados derramado cresceu cerca de 163%, pulando de 1.597 mil barris, em 2009, para 4.201 mil barris espalhados na natureza no ano passado, quase o dobro dos 2.400 barris que teriam vazado do poço da Chevron no campo de Frade (Bacia de Campos), onde a Petrobras tem 30% de participação no consórcio de exploração.
O óleo vazado pela Petrobras em 2010 foi o maior em pelo menos quatro anos, segundo levantamento do GLOBO com base em seus relatórios de sustentabilidade. O número ficou acima do Limite Máximo Admissível, índice anual usado pela estatal, de 3.895 mil barris. Especialistas dizem que as empresas não estão investindo o suficiente em sistemas de segurança e ressaltam que os desafios são maiores com o pré-sal.
Segundo o Relatório de Sustentabilidade de 2010, o Sistema Petrobras recebeu, em 2010, 21 autos de infração ambientais, que geraram multas de R$ 80,75 milhões. O número é 131,04% maior em relação a 2009, quando três autos totalizaram R$ 34,95 milhões. Esses números consideram multas com valores iguais ou superiores a R$ 1 milhão.
Presidente do IBP: empresas investem muito em prevenção -- Segundo a advogada ambientalista Beatriz Paulo de Frontin, falta uma fiscalização mais rigorosa nos pequenos vazamentos que ocorrem não apenas nas plataformas, mas em oleodutos, refinarias, navios e bases. Ela ressalta que, às vezes, esses derramamentos não são nem considerados acidentes, por serem de pequeno porte, nem chegam ao conhecimento do público, mas causam grandes danos:
— Por serem pequenos, esses vazamentos não têm muito controle, mas devem ter um impacto ambiental grande. Deveria haver uma fiscalização mais constante para esses pequenos vazamentos e, principalmente, que fossem feitos de forma preventiva.
O presidente do Instituto Brasileiro do Petróleo (IPB), João Carlos França de Luca, garante que as petrolíferas estão preparadas para produzir com segurança em águas profundas, como no pré-sal. O executivo destacou que as petrolíferas do mundo todo investem muito não só em novas tecnologias, mas em sistemas de prevenção e contenção de acidentes.
— As indústrias investem muito em prevenção, e em caso de acidente, em sua contenção. É quase uma obsessão, pois os custos financeiros, o impacto negativo de sua imagem, os impactos ambientais, caso aconteça um acidente, são muito grandes — destaca.
Segundo De Luca, quando ocorre um acidente, como o da BP no Golfo do México, no ano passado, e agora o da Chevron, na Bacia de Campos, inovações tecnológicas e novos sistemas são incorporados por toda a indústria. As nove maiores petrolíferas, incluindo Petrobras, que fazem parte da Associação Internacional dos Produtores de Petróleo e Gás (OGP), estão investindo cerca de US$ 2 bilhões em quatro unidades de um equipamento (capping) desenvolvido e usado para conter o vazamento da BP.
Já o especialista em petróleo Claudio Pinho, autor do livro "Pré-sal: história, doutrina e comentário das leis" (Editora Legal), acredita que as empresas não vêm investindo o suficiente. Lembra ainda que, no caso do pré-sal, há agravantes, pois não foi prevista qualquer reserva de recursos para prevenção e combate a acidentes na exploração:
— Hoje, o conceito de segurança para explorar petróleo no pós-sal e no pré-sal é igual. Estamos vivendo uma espécie de corrida tecnológica, com os equipamentos e os exames sísmicos sendo desenvolvidos de forma difusa. A questão é que um vazamento só chama atenção quando é concentrado. As multas que a Petrobras recebeu (R$ 80 milhões em 2010) são representativas.
Minc vai pedir números de investimentos em prevenção -- A Petrobras não comentou em que locais ocorreram os vazamentos. Chevron, ExxonMobil, Shell, BG Group e Repsol não revelam quanto investem em segurança. O analista Adriano Pires também considera insuficientes os investimentos em segurança:
— Mas é nítido que o setor terá de investir mais com o aumento de produção que está previsto (com o pré-sal). A fiscalização deveria ser mais rigorosa, com o uso de equipamentos mais sofisticados.
As empresas, porém, poderão ter de divulgar investimentos em prevenção. É o que Carlos Minc, secretário de Ambiente do Rio, vai pedir às petroleiras.
— A Chevron será a primeira da lista. Na próxima semana, é a vez de outras empresas. Essas informações são essenciais. Não sabemos se elas estão de fato preparadas quando os vazamentos ocorrem — diz Minc.
Para Fabio Guinancio, diretor da Comtrol Beneficiamento de Resíduos, é preciso investir em pesquisa para ter equipamentos adequados aos diferentes ambientes terrestres e aquáticos:
— Uma questão que se pode apontar como problema é a falta de conhecimento das diferentes regiões aos efeitos do óleo e dos produtos químicos.
Muitos especialistas, no entanto, não sabem dimensionar se o país está preparado para um grande desastre ambiental. Para biólogos, faltam equipamentos de segurança em escala nacional. A Petrobras conta com 30 embarcações de grande porte para recolhimento de óleo, 150 mil metros de barreiras de contenção, 200 recolhedores de óleo e 200 mil litros de dispersantes.
— Esses números já incluem as atividades relacionadas ao pré-sal. Hoje, a empresa tem ainda dez centros de defesa ambiental, 13 bases avançadas e 130 embarcações de apoio — diz uma fonte ligada à empresa.
Ainda segundo o Relatório de Sustentabilidade da Petrobras, a estatal registrou alta de 11% em gastos ambientais com produção e operação, passando de R$ 1,575 bilhão em 2009 para R$ 1,750 bilhão em 2010. Mas o total com equipamentos e sistemas de controle de poluição caiu de R$ 197,5 milhões para R$ 172,3 milhões — recuo de 12,76%.
— O Brasil vai para campos mais ousados, onde os riscos são maiores. É óbvio que a técnica para alcançar o óleo em maior profundidade, assim como seu sistema de segurança, devem ser mais estudados e desenvolvidos — afirma o biólogo David Zee
Repasse da Petrobras para universidades cresceu só 3,4% -- Especialistas criticam o pequeno avanço no volume repassado pela Petrobras para universidades em projetos para desenvolvimento de pesquisas. Entre 2009 e 2010, o repasse cresceu apenas 3,4%: de R$ 500 milhões para R$ 517 milhões.
— Não acho viável um crescimento tão baixo com todo o desafio do pré-sal batendo na porta — afirma um professor de uma faculdade do Rio. (O Globo)
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