Governo prepara medidas de incentivo para indústrias químicas e de autopeças
O governo deve anunciar nas próximas semanas um conjunto de estímulos à indústria química e um programa de incentivo aos fabricantes de autopeças. As medidas estão sendo finalizadas pelos ministérios da Fazenda, Desenvolvimento, Ciência e Tecnologia e serão submetidas à presidente Dilma Rousseff.
Heloísa Menezes, secretária de Desenvolvimento da Produção do Ministério do Desenvolvimento, diz que a ideia é conceder estímulos tributários e de crédito aos setores em troca de investimentos em inovação e maior utilização de conteúdo nacional. O pacote da indústria de autopeças visa preparar os fabricantes para o novo regime automotivo, a partir de 2013.
A Receita Federal faz uma avaliação sobre a situação fiscal das companhias do setor, que pediram ao governo, por meio do conselho de competitividade do setor automotivo (um dos 19 previstos no programa Brasil Maior) refinanciamento de dívidas com o Fisco. "Esse não é nosso ponto de partida. Já verificamos que os débitos com a União não são generalizados. Podemos contornar isso de forma pontual", diz Heloísa. A ideia do governo é tornar as montadoras garantidoras de seus fornecedores - os fabricantes de autopeças - na tomada de empréstimos bancários. Renault e Volkswagen já fazem isso e os planos são de universalizar a prática.
O governo garantirá recursos da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) para projetos de inovação em autopeças, que terão acesso a instituições de pesquisa federais, ao Sebrae e Senai.
Para a indústria química será criado um regime especial de tributação. "Nosso desejo é estimular os investimentos, que estão represados, atrair centros de pesquisa e desenvolvimento para o Brasil e incentivar a inovação", diz Heloísa. Para ela, o principal desafio é qualificar diferentes elos da cadeia produtiva, que têm sido "esvaziados" pelas importações. Haverá redução de alíquotas de impostos desde que as empresas utilizem insumos nacionais em seus processos produtivos. Nos 12 meses encerrados em abril, o déficit do setor foi de US$ 26,9 bilhões. Para auxiliar a indústria, o governo vai intensificar as compras que faz de fármacos e biofármacos, que contam com insumos da cadeia produtiva do ramo químico. (Valor)
Juro do cartão se mantém em nível recorde
Na contramão das taxas de outras modalidades de crédito, as do rotativo resistem a cair e são as maiores desde 2000. Para especialistas, taxas não caem porque competição é menor no setor; associação de bancos não se pronuncia.
Enquanto as quedas nos juros básicos e o aumento da competição entre bancos provocaram em maio a quarta redução do ano na taxa média para pessoas físicas, o custo para o uso do cartão de crédito permanece estável.
A taxa para a modalidade, de 10,69% ao mês, é a maior desde junho de 2000 (10,70%) e acumula 27 meses no mesmo nível.
Os dados constam de levantamento da Associação Nacional dos Executivos de Finanças (Anefac).
Para o cartão, a entidade apura a média das taxas máximas por considerar que representam a maioria absoluta das operações.
Todas as outras cinco linhas ao consumidor pesquisadas pela associação caíram no mês e registram queda no ano. A média geral está no menor nível desde 1995.
Para os especialistas, a manutenção da taxa no rotativo do cartão de crédito reflete menor competição no segmento.
"Você abre uma conta bancária, recebe um cartão de crédito e você o mantém ao longo do tempo, não troca porque está mais caro ou mais barato", afirma o diretor-executivo da Anefac, Miguel Ribeiro de Oliveira, responsável pela pesquisa.
A expectativa da Anefac é que os dois fatores -queda nos juros e maior competição no setor- devem se acentuar e levar as taxas para níveis ainda mais baixos.
HORA DE NEGOCIAR - Para Myrian Lurd, planejadora financeira e professora da Fundação Getulio Vargas, os juros para o cartão de crédito só cairão se os consumidores começarem a negociar ou pararem de usá-lo. "Os bancos só mexeram quando se sentiram ameaçados."
A Febraban, a federação dos bancos, disse que não comenta taxas.
O crédito para aquisição de bens, por exemplo, recuou 7% no período. Para os economistas, a modalidade teve o maior impacto do estímulo à negociação gerado pelos recentes anúncios de redução.
Os juros do cheque especial caíram 1,2% no período.
A taxa de juros para o cartão de crédito é a maior do mercado. Ela é capaz de fazer uma dívida de R$ 1.000 chegar a R$ 3.382 em um ano.
Considerada uma linha de fácil acesso, a modalidade é apontada como grande vilã ao bolso dos brasileiros.
Para evitar uso inadequado, especialistas recomendam que os consumidores não tenham mais de um cartão de crédito e que tentem acompanhar a fatura pela internet para pagar à vista.
Caso a dívida já tenha sido contraída, a dica é trocá-la por uma mais barata, como o crédito consignado.
Lurd é até mais conservadora em sua recomendação: "Quem tem problema de fluxo de caixa não deve usar o cartão de crédito". O Brasil contava em março 179 milhões de cartões de crédito. (Folha)
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