Vale agora a pergunta que Kennedy fez aos americanos: o que você pode fazer pelo Brasil neste momento que a crise econômica mundial se acirra?
Nas crises é que conhecemos a têmpera das pessoas, dos políticos, dos partidos e dos grupos sociais que dão sustentação ao Brasil. Desde o início da crise, alertávamos, independente do clima eleitoral, que a coisa seria brava e nos atingiria. Com realismo e otimismo. Porque a preocupação da UGT é com os trabalhadores e com o Brasil. Agora a crise chegou pra valer. E o governo do presidente Lula, que nos recebeu para exatamente discutir alternativas à crise, está agindo com rapidez, com firmeza para corrigir as falhas dos banqueiros, das empresas que eslpecularam com o dólar e na Bolsa de Valores. Nesta hora, o que temos visto é a oposição espernear, por espernear, sem propor alternativas para enfrentamento da crise. Mas já começamos a ver também pessoas de bom senso, como podemos ler abaixo, como o presidente do Banco Itaú, mostrando que é possível uma saída, que a situação está ruim, mas gerenciável. Conto com você que sabe, como a UGT, que o Brasil precisa agora, mais do que nunca, de todo o esforço possível de seus patriotas.
Leia os três textos a seguir:
Brasil jogará no ataque para vencer a crise, diz Lula
Ao receber o governador Jaques Wagner (PT-BA), Lula disse aos fotógrafos: "Vocês não vão parar de tomar cerveja por causa da crise. Continuem aproveitando os prazeres da vida"
Em entrevista na tarde de ontem, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou a oposição, alfinetou os bancos pela falta de crédito e argumentou que as medidas contra a atual crise não têm efeito imediato.
Diante do atual cenário econômico, utilizou uma expressão futebolística para defender a ousadia brasileira. "Eu aprendi, mais uma vez falando de futebol, que a melhor defesa é o ataque. E neste momento o Brasil tem de ir para o ataque e fazer as coisas acontecerem."
O presidente falou um dia após ter editado a medida provisória que autoriza o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal a comprarem bancos e empresas em dificuldades.
"Serão feitas quantas medidas forem necessárias", disse Lula, ao ser questionado sobre a repercussão negativa da MP no Congresso, em especial entre os opositores.
"Eu não posso ficar preocupado com os gritos da oposição. Porque tudo o que a oposição deseja é que o Brasil entre numa crise profunda, para eles poderem ter razão nos discursos deles", completou.
Lula respondeu às perguntas da imprensa no Itamaraty, após almoço com o rei da Jordânia, Abdullah 2º bin al Hussein. Ele demonstrou incômodo quando indagado sobre os efeitos práticos das medidas.
"Se eu pudesse fazer uma medida provisória e resolver o problema no dia seguinte, certamente eu estaria contratado para resolver o problema da crise mundial. A medida provisória tem, primeiro, o cuidado de ser muito cautelosa; ela permite que a gente vá resolvendo os problemas na medida em que eles estejam acontecendo, antecipando alguns problemas", disse Lula.
O presidente voltou a dizer que obras de infra-estrutura e do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) não serão interrompidas ou perderão verbas por conta do atual cenário econômico. "As medidas que nós tomamos foram medidas meditadas, pensadas de forma muito articulada."
A falta de crédito no mercado é a principal preocupação de momento de Lula. Na entrevista, ele alfinetou os bancos ao tratar desse tema. "Esse [falta de crédito] é um problema que nós temos. E aí o ministro Guido Mantega [Fazenda] e o presidente do BC [Henrique Meirelles] já têm a orientação de chamar os bancos, que têm responsabilidade concreta, e conversar com os bancos, porque não há nenhuma razão para que os bancos parem abruptamente qualquer política de financiamento. Nenhuma."
Luta também criticou a metodologia usada por instituições internacionais para a definição do risco-país. "Confesso a vocês que fico extremamente irritado, quando vejo a notícia no jornal, de que o risco Brasil cresceu, quando, na verdade, o que deveria crescer era o risco da Inglaterra, era o risco da Alemanha, era o risco dos Estados Unidos. Porque foi lá que o sistema financeiro quebrou, foi lá que teve o problema", disse.
MP não obriga a vender banco, diz Setubal
Presidente do Itaú elogia medida provisória que autoriza BB e Caixa a comprarem instituições e diz não ver intenção estatizante
"Num momento como este, com essa falta de liquidez, é mais uma alternativa para o empresário em dificuldade", afirma Roberto Setubal
O presidente do banco Itaú, Roberto Setubal, considerou positiva a medida do governo autorizando o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal a comprarem participações em bancos privados. Ele não vê nessa medida uma intenção estatizante. "Ninguém é obrigado a vender o banco." Segundo ele, o sistema financeiro é sólido, e será isso que vai garantir o crescimento do país nos próximos dois anos. "O Brasil não vai entrar em recessão."
FOLHA - Como o senhor vê a possibilidade de os bancos públicos comprarem bancos privados?
ROBERTO SETUBAL - Assim como o mundo inteiro está adotando medidas excepcionais, o governo também está se preparando para enfrentar uma situação mais difícil. A medida é positiva, de caráter preventivo e que mostra uma atitude de quem está à frente da curva.
FOLHA - Não cheira a estatização?
SETUBAL - Ninguém é obrigado a vender o banco. Num momento como esse, com essa falta de liquidez, é mais uma alternativa para o empresário em dificuldade. Se alguém quiser vender o banco, vai procurar a melhor alternativa.
FOLHA - O mercado recebeu mal.
SETUBAL - O mercado se surpreendeu com essa ação preventiva do BC, e foi mesmo uma surpresa, mas o que ela mostra é que o governo está comprometido em manter a funcionalidade do setor.
FOLHA - Os bancos estão comprando as carteiras de crédito das instituições pequenas?
SETUBAL - Os bancos estão comprando as carteiras de crédito, mas não é um processo simples. A operacionalização demora. Mas já foi feito um volume significativo de compras de diversas carteiras. Os grandes bancos estão procurando colaborar ativamente.
FOLHA - Os bancos estão resistindo a voltar a emprestar?
SETUBAL - Nós, do Itaú, estamos operando num ritmo praticamente normal. Os bancos grandes estão operando normalmente. Tanto que os números do BC mostram que o desembolso no crédito caiu apenas 13% neste mês em relação a setembro. Ou seja, 87% do que foi feito na área do crédito no mês passado está sendo feito agora e setembro foi recorde.
FOLHA - O BC demorou a agir no câmbio?
SETUBAL - Não sei avaliar, mas o importante é que agiu e, com isso, o BC demonstra que está comprometido a não deixar tanta volatilidade no câmbio.
FOLHA - Como estão as negociações entre os bancos e as empresas que sofreram perdas no mercado derivativo de câmbio?
SETUBAL - O Itaú é um "player" pequeno nesse mercado, e, portanto, não tenho muita informação, mas estão sendo discutidas várias soluções. As empresas que exageraram nessas operações vão ter que encontrar uma alternativa ou de capitalização ou de alongamento de suas dívidas.
FOLHA - Há um impasse?
SETUBAL - A empresa fica relutante em saber o preço que o dólar vai se estabilizar, o que cria alguma dificuldade. Acho difícil imaginar que o dólar fique abaixo de R$ 2 no ano que vem. Talvez fique entre R$ 2 e R$ 2,20 na média.
FOLHA - Qual é sua expectativa para o Brasil?
SETUBAL - O Brasil não vai entrar em recessão. Vamos ter uma pequena desaceleração. Para o ano que vem, estamos prevendo um crescimento entre 3% a 3,5%, e, para 2010, entre 3,5% e 4%. O que garante esse crescimento são os fundamentos e o sólido sistema financeiro, principalmente se comparado aos Estados Unidos e à Europa.
Para o mercado, MP fortalece o setor
Executivos, empresários e especialistas do sistema financeiro foram unânimes em considerar positiva a nova medida anunciada ontem pelo Banco Central e fizeram diversas leituras sobre os motivos que o levaram a adotá-la. A que sobressaiu é a que o governo quer restabelecer de maneira definitiva a liquidez no mercado, por meio particularmente do restabelecimento da confiança. Quer que os bancos voltem a captar e a dar crédito para atender as necessidades da economia brasileira, pois alguns setores já sentem a falta de recursos para tocar investimentos e até o dia a dia. Com a medida, pretende ajudar não somente eventuais bancos em dificuldades, mas também empresas que dependem de crédito, afirmam os especialistas.
A ação também foi entendida como um recado do governo aos grandes bancos, que não responderam prontamente às medidas de utilização do compulsório para a compra de ativos, o que contribuiria para elevar a liquidez no mercado e beneficiaria principalmente os bancos de menor porte, que tradicionalmente têm mais dificuldades na captação de recursos. "Ontem, o governo disse: os bancos públicos vão ficar mais agressivos, vão poder comprar fatias importantes do mercado, sem burocracia, como se fosse um banco privado; e vão crescer, ao mesmo tempo que fornecem liquidez. É uma estratégia inteligente e é uma forma de estimular a oferta de crédito pelo lado que é mais sensível às instituições: a concorrência", disse Alcides Leite, professor de economia da Trevisan Escola de Negócios.
"O governo está eliminando a necessidade de licitação para esses eventuais negócios. A licitação é um mecanismo que emperra e não funciona quando a transação é a de compra de um banco, por exemplo. Com isso, ele dá mais agilidade aos bancos públicos, ao mesmo tempo em que minimiza a falta de crédito para a compra do carro ou do imóvel, que teria conseqüência negativa na atividade econômica e no nível de emprego", avalia Roy Martelanc, coordenador do MBA Bank da FIA, ressaltando que a compra da Nossa Caixa pelo Banco do Brasil (BB), por exemplo, hoje em curso, será já sob esse novo instrumento.
Na opinião de alguns especialistas, na outra ponta das intenções do governo estaria o objetivo de deixar suas instituições tão ágeis quanto às privadas para aproveitar as oportunidades que um mercado em crise pode oferecer, assegurando ao menos que não percam suas atuais posições de mercado. Já outros temem que o governo esteja utilizando bancos públicos para salvar instituições falidas.
Bolívar Tarregó, vice-presidente de ativos de terceiros da Caixa Econômica Federal - que anunciou ontem a criação do Banco de Investimento Caixa, com capital inicial de R$ 2,5 bilhões, para comprar participações em bancos e construtoras -, disse que a Caixa ainda não tem em análise a compra de empresa ou banco e que somente fará tal negociação se gerar resultados e sinergias. "Não é objetivo salvar empresa quebrada." Tarregó ressaltou que o plano do governo é favorável à Caixa à medida que amplia as suas possibilidades de olhar as oportunidades do mercado. "O Banco do Brasil e a Caixa são bastante líquidos e podem participar de oportunidades, que não as vejo, no entanto. O que há hoje é uma aversão ao risco e um problema de liquidez."
Manoel Felix Cintra Neto, que comanda o Banco Indusval Multistock , endossa. "O mercado está bastante saudável. O que o governo pretende é fazer fluir a liquidez. Se tiver problema, é pontual." O presidente da agência Austin Rating, Erivelto Rodrigues, engrossa o coro dos que consideram a função da medida apenas como mais um sinal de tranqüilidade do governo. "O sistema financeiro é sólido e essa medida é prova disso." Segundo Adalberto Savioli, presidente da Acrefi, a conseqüência de bancos não darem crédito é uma economia fraca e, quando o governo toma uma medida dessas, é o mesmo que dizer: "Dá crédito que garanto."
"Apesar do Brasil estar muito bem, com os fundamentos adequados para enfrentar o atual cenário, entendo que o governo deve agir preventivamente. Momentos de crise exigem medidas não usuais e corajosas. Acredito que venha a dar mais instrumentos para o governo garantir a estabilidade no sistema financeiro nacional", disse Roberto Setubal, presidente do Banco Itaú, em nota. Também em nota, a Febraban informou que a medida é essencialmente preventiva, transitória e está em linha com as adotadas em outros países.
Estudo mostra despreparo de jovens brasileiros
Infelizmente, o estudo do BID não nos mostra nenhuma novidade. Nossos meninos e meninas foram abandonados dentro das escolas. Temos uma situação sui generis de ter menor abandonado nas ruas, dentro das escolas e muitas vezes dentro de lares sem a devida infra-estrutura porque faltam aos pais o emprego, a educação, o apoio social. Lamentável a situação retratada pelo BID e esperamos que ainda dentro deste governo do presidente Lula possamos acelerar resultados a favor dos jovens excluídos.
Leia mais: Segundo BID, 71,6% de pessoas de 15 a 19 anos, no Brasil, não estão aptas a conseguir empregos bem remunerados
O Brasil tem a segunda maior proporção de jovens de 15 a 19 anos despreparados para o mercado de trabalho entre seis países latino-americanos, revela estudo do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). O levantamento, que será divulgado na próxima segunda-feira, diz que 71,6% dos brasileiros nessa faixa etária não estão aptos a obter empregos bem remunerados na economia global.
Dos seis países analisados, o Peru é o único em pior situação, com 84,7% dos jovens despreparados. Os demais são México (65,4%), Uruguai (58,8%), Chile (53,4%) e Argentina (53,3%). Em todos, mais da metade da juventude está em condição desfavorável. Os dados são do período de 2000 a 2003, conforme o país. No caso do Brasil, o ano-base é 2003. Leia mais em O Globo
Lula nega ajuda a empresa ou banco em dificuldade
E não é para ajudar mesmo. É essa a posição da UGT. Especulou, lucrou. Agora especulou, perdeu, assuma o prejuízo.
Leia mais: Lula deixou claro que a autorização para que bancos oficiais comprem instituições financeiras privadas não significa dar dinheiro a empresas em dificuldade por conta da crise financeira global.
- Não estamos dando dinheiro para qualquer empresa e para qualquer banco. E não vamos dar dinheiro. É importante saber que quem errou pagará pelo seu erro - disse o presidente a jornalistas nesta quinta-feira, após almoço oficial com o rei da Jordânia.
Na véspera, o governo anunciou um conjunto de medidas para proteger empresas e bancos dos impactos da crise global e permitiu, entre outras ações, a compra total ou parcial de bancos privados pelo Banco do Brasil e pela Caixa Econômica Federal.
- Não vamos dar dinheiro porque não vamos favorecer quem fez especulação - enfatizou Lula.
O presidente negou qualquer socialização de perdas e sinalizou que o dinheiro gasto em eventuais operações de aquisição de bancos e empresas pelas estatais poderá voltar aos cofres públicos.
- O que o governo pode fazer em alguns momentos é comprar ações e, na medida que a empresa se recupere, vender as ações de volta - acrescentou.
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