Produtividade sobe mais que salários na indústria
No ano passado, 80% dos acordos coletivos registraram aumento real de renda, com reajuste médio de 2% acima da inflação.
Os salários estão subindo, mas a produtividade na indústria cresceu muito mais. Nos 12 meses encerrados em abril, a indústria de transformação ampliou sua produtividade em 4,7%, enquanto o custo salarial médio por trabalhador aumentou 1,9% no mesmo período. Na avaliação de economistas ouvidos pelo Valor, o crescimento mais intenso da produtividade em relação ao custo da folha de pagamentos cria uma folga para que a indústria acomode reajustes sem pressionar a inflação.
No primeiro semestre, algumas categorias importantes já negociaram acordos salariais com reajuste real superior a 2%, como os 2,4% dos trabalhadores da construção civil de São Paulo e os 3,2% dos operários da mesma categoria no Rio. Outros sindicatos menos representativos, como os trabalhadores nas indústrias de suco, negociaram ganhos reais de 2,5% para o piso salarial e 1,6% para os demais empregados.
Categorias mais fortes, como metalúrgicos e químicos, têm data-base no segundo semestre, período em que a pressão por reajuste real deve ser ainda mais intensa que em 2009. No ano passado, 80% dos acordos coletivos registraram aumento real de renda, com reajuste médio de 2% acima da inflação.
Na comparação entre os primeiros quatro meses de 2010 e igual período de 2009, a diferença entre a produtividade e os salários é muito maior - os ganhos de eficiência subiram 15% e os dos salários, 2,5%. Nessa comparação, em 15 segmentos analisados pelo Valor (a partir do cruzamento de duas pesquisas diferentes do IBGE), em somente três o aumento da folha de pagamento real por trabalhador superou os ganhos de produtividade. Para Flávio Castelo Branco, da Confederação Nacional da Indústria (CNI), o custo salarial cresceu menos porque durante a crise a indústria não cortou mão de obra na mesma proporção em que derrubou a produção.
Para Rogério Cesar de Souza, economista do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), os investimentos que estavam sendo realizados em 2008, antes da crise, maturaram ao longo de 2009 e permitiram à indústria aumentar sua produtividade, abrindo espaço para os salários. (Valor)
Capital aprova aumento de 33% para professor
Índice é superior a projeto enviado pelo Executivo; decisão beneficia 92 mil docentes e gera pressão política sobre o prefeito Gilberto Kassab.
Em ano eleitoral, com 23 dos seus 55 vereadores candidatos no pleito de outubro, a Câmara Municipal de São Paulo aprovou aumento de 33,79% para os 92 mil professores ativos e inativos das escolas da rede municipal. O piso da categoria por 20 horas de trabalho saltará, caso a proposta seja sancionada pelo Executivo, de R$ 1.709 para R$ 2.287.
O reajuste foi possível após um inédito acordo entre as 14 lideranças da Casa, incluindo PSDB e PT. Os vereadores se uniram para derrubar o projeto original enviado ao Legislativo pelo prefeito Gilberto Kassab (DEM), cujo índice era de 28,41%. O novo aumento será escalonado em três parcelas de 10,19% a partir de 2011, mas a reposição para quem ganha o piso salarial da categoria será imediata por meio de um abono de R$ 488. Ao final dos três anos dos reajustes, em dezembro de 2013, o abono acaba. Para quem não ganha o piso, o aumento começa em 2011 em três parcelas.
A articulação da Câmara vai gerar forte pressão política sobre Kassab. A estratégia da bancada do PT no Legislativo, a segunda maior com 11 parlamentares, era a de tentar gerar um desgaste ao prefeito, que ainda não decidiu se vai vetar ou sancionar a proposta. A tendência é a de que a cúpula da campanha presidencial do candidato José Serra (PSDB) peça que o prefeito sancione a proposta. Se houver veto, os petistas pretendem explorar na campanha o aumento do governo federal aos aposentados como contraponto ao que foi feito com os docentes de São Paulo.
Impacto. O impacto do aumento costurado pelos vereadores na folha de pagamento do município será de R$ 682 milhões já neste ano, valor R$ 100 milhões superior aos gastos estimados com o aumento proposto pela Prefeitura, de 28,14%. "O governo teve um aumento de mais de R$ 1 bilhão de IPTU neste ano. Esse aumento de receita tem também de ser repassado em valorização ao funcionalismo", argumentou o vereador Aurélio Miguel (PR), líder do bloco político conhecido com "centrão", que agrega 16 vereadores.
O líder do PSDB, Carlos Alberto Bezerra, e o do governo, o também tucano José Police Neto, defenderam o aumento. "O governo teve um aumento de arrecadação forte. Essa atitude de a Câmara mudar o projeto não cria conflito com o governo de forma alguma. Existe fluxo de caixa que permite esse aumento", avalia Bezerra.
Presidente do Sindicato Municipal dos Professores Municipais, o líder do PPS, vereador Cláudio Fonseca, considerou o reajuste de 33,79% o mais adequado. O aumento aos professores também deve ser explorado pelos vereadores que vão tentar vagas na Assembleia Legislativa e na Câmara Federal. (Estado)
Maior parte das famílias brasileiras gasta mais do que ganha, diz IBGE
De acordo com levantamento, 68% das famílias têm seus gastos desequilibrados; em 2003, porcentual era de 85%.
A maior parte das famílias brasileiras gasta mais do que ganha. Nada menos que 68,4% das famílias do País têm, em média, uma despesa mensal superior ao rendimento, segundo revela a POF 2008 e 2009. O levantamento mostra, porém, uma evolução no equilíbrio orçamentário familiar, já que, na pesquisa anterior, de 2003, 85% das famílias estavam com gastos desequilibrados.
Na camada mais baixa de renda da pesquisa, para rendimentos mensais de até R$ 830, as despesas médias mensais, no ano passado, totalizavam R$ 744,98, enquanto o rendimento médio era de R$ 544,21. A coordenadora de trabalho e rendimento do IBGE, Márcia Quintslr, disse que, ainda que o desequilíbrio nas contas familiares ainda seja significativo, a redução do desequilibro em sete anos também é destaque. "É um período de aumento real do rendimento e da ocupação, então o maior equilíbrio no orçamento é resultado desses fatores", disse.
Como resultado desse aperto nas contas familiares, 75,2% das famílias entrevistadas revelaram que têm dificuldade para esticar a renda até o fim do mês. O resultado também é inferior à POF anterior (85,5%). Por outro lado, as famílias com "muita facilidade" para fechar o mês não ultrapassam 1% do total.
Renda — O rendimento das famílias brasileiras cresceu bem acima dos gastos desde o início do governo Lula. Segundo mostra o IBGE, o rendimento total médio mensal familiar chegava a R$ 2.763,47 em 2009 - de acordo com a Pesquisa de Orçamentos Familiares -, patamar 10,8% maior do que no início da atual gestão presidencial, em 2003. No mesmo período, as despesas aumentaram 5,98%.
A elevação de renda ocorrida em sete anos ocorreu nas transferências, que incluem os programas sociais federais, como o Bolsa Família, mas também aposentadorias e pensões e registraram um aumento, em valor, de 36,5% entre 2003 e 2009. No mesmo período, o rendimento do trabalho aumentou 9,17%.
No que diz respeito aos gastos, o destaque no período ficou com elevação das despesas ficou com a compra e reforma de imóveis (ou aumento do ativo, com 29% de alta nos gastos médios mensais) e no pagamento de dívidas, com alta de 11% nos sete anos de intervalo entre a POF relativa a 2002/2003 e a de 2008/2009, divulgada ontem.
Entre as regiões do País, o maior aumento de renda nos sete anos de governo foi registrado no Norte (19%), puxado sobretudo pelas transferências (alta de 47%). A menor variação no rendimento, abaixo da média nacional, ficou com o Sudeste (8,97%).
O aumento da renda familiar foi bem maior no campo do que na cidade. Enquanto na área urbana o rendimento médio mensal familiar foi de R$ 2.999,98 em 2009, com alta de 10,14% em relação a 2003, na área rural, apesar de bem inferior (R$ 1.481,91), o acréscimo foi bem maior no período, de 21,7%. Enquanto a renda com transferências nas cidades aumentou 35,2% em sete anos, no campo houve alta de 53%. (Estado)
Álcool ameaça 22% dos universitários
Esse é o índice de jovens sob risco de desenvolver dependência, segundo pesquisa da Senad nas 27 capitais. "Quanto mais precoce o uso, maiores as chances de dependência", diz um dos responsáveis pelo levantamento.
Um em cada cinco universitários brasileiros (22%) está sob risco de desenvolver dependência de álcool, de acordo com o mais recente levantamento realizado em universidades públicas e privadas do país.
O risco é considerado moderado para 19,2% e elevado para 2,6%, segundo a pesquisa encomendada pela Senad (Secretaria Nacional Antidrogas). Para o estudo, foram entrevistados cerca de 18 mil estudantes, nas 27 capitais do país em 2009.
O risco foi calculado levando em conta um teste desenvolvido pela OMS (Organização Mundial da Saúde) sobre frequência e consumo pesado de bebidas.
O levantamento também mostrou que o perigo quanto a uma possível dependência de álcool é maior para os homens (29%) do que para as mulheres (16%).
"Quanto mais precoce o uso de álcool, maiores as chances de desenvolver uma dependência alcoólica", disse o médico Arthur Guerra, um dos responsáveis pelo levantamento.
Os dados revelam que o jovem brasileiro começa a beber cedo -80% dos universitários com menos de 18 anos responderam já ter consumido bebida alcoólica.
Além disso, dentro das faixas etárias, os jovens de 18 a 24 anos são os que mais bebem.
O consumo pesado (cinco ou mais doses para homem e quatro ou mais doses para mulheres, num período de duas horas) atinge um patamar preocupante.
Um em cada quatro universitários afirmou ter bebido nesse padrão nos 30 dias anteriores ao teste. (Folha)
Crédito segue em alta no Brasil, apesar de custo mais elevado, diz BC
O crédito total disponibilizado pelos bancos brasileiros cresceu 2,1% em maio e alcançou o volume recorde de R$ 1,3 trilhão. A expansão ocorreu a despeito de um encarecimento dos empréstimos, mostrando que o aperto monetário ainda não desaqueceu o que tem sido um dos grandes motores da atividade.
O estoque de crédito somou o equivalente a 45,3% do Produto Interno Bruto (PIB) no mês passado, informou o Banco Central nesta quarta-feira. O BC prevê que essa relação siga aumentando e feche o ano em 48%, mas destacou que o ritmo de alta não preocupa.
"A trajetória de crescimento do crédito prossegue de forma compatível com o dinamismo da atividade econômica e com a manutenção de indicadores positivos no mercado de trabalho, elementos que continuam impulsionando projetos de investimento e gastos de consumo", destacou o BC em comunicado.
Em meio a preocupações com um superaquecimento da economia, o BC elevou a taxa básica de juro em 1,5 ponto percentual desde o final de abril .
"Os efeitos da política monetária mais apertada devem demorar a se fazer sentir sobre o crédito, começando a ocorrer de forma mais importante no último trimestre do ano", avaliou a consultoria Rosenberg & Associados em relatório.
O chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes, afirmou que, em um primeiro momento, as instituições conseguem contornar parte do efeito da elevação do juro aumentando os prazos dos financiamentos oferecidos aos clientes. "Mas há um limite para isso", disse.
A taxa média de juros cobrada pelos bancos subiu 0,6 ponto percentual ante abril, para 34,9% ao ano.
Esse encarecimento refletiu a elevação dos custos de captação dos bancos, uma vez que o spread bancário ficou quase estável. O spread -que mede a diferença entre a taxa de captação dos bancos e os juros cobrados dos tomadores finais- teve alta de 0,1 ponto, a 23,9 pontos percentuais.
Para as pessoas físicas, o juro médio aumentou 0,4 ponto percentual, para 41,5% ao ano. No caso das empresas, a alta foi de 0,7 ponto, a 27% ao ano.
A inadimplência ficou estável em 5,1% em maio pelo terceiro mês e o BC prevê que essa será a tendência do indicador também para os próximos meses. Segundo Altamir, o emprego e a renda elevados sustentarão os pagamentos em dia, mesmo diante de um encarecimento dos empréstimos.
O BC reviu suas projeções para a alta do crédito de bancos públicos e privados em 2010. A nova estimativa é que o crédito de bancos públicos cresça 20% no ano, ante elevação de 24% dos bancos privados nacionais e de 9% dos estrangeiros.
O estoque total de crédito deverá ter expansão de 20% no ano, segundo o BC. (Globo)
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