Competitividade é gargalo na economia por falta de investimento em qualificação
Por Ricardo Patah, presidente nacional da UGT
Como brasileiros acompanhamos constrangidos a queda de seis posições do Brasil no ranking da competitividade mundial. Em um ano, o Brasil perdeu seis posições -só Grécia e África do Sul perderam mais- e foi passado por México, Peru, Itália, Filipinas, Turquia e Emirados Árabes, como relata hoje a Folha. É o quarto da América Latina, atrás também do Chile. As alegações oficiais são problemas na infraestrutura e ineficiência do governo. Estas desculpas genéricas escondem a falta de comprometimento dos empresários locais (com grande responsabilidade para os políticos de plantão) no investimento em qualificação. É aí que se configura o gargalo que afeta diretamente a competitividade brasileira. E temos ainda o problema de mantermos nossa economia a reboque das demais economias globais, a irresponsabilidade de muitos empresários brasileiros com os destinos do país, que se tornam mais ricos que as próprias empresas, gente que olha só para o próprio umbigo e não acrescenta ao seu dicionário reinvestir na própria empresa e no seu pessoal. O que garantiria ampliar a competitividade e ajudar o Brasil a fazer frente às demais empresas que têm, cada vez mais, padrão mundial.
Brasil cai para 44º em competitividade
País perde 6 posições em ranking que avalia ambiente de negócios; baixa produtividade e altos custos pesam. Infraestrutura ruim e ineficiência do governo são pontos fracos; EUA e Hong Kong lideram lista de 59 países.
Baixa produtividade e alto custo de vida se somaram a velhos problemas (como sobrecarga tributária e infraestrutura ruim) e derrubaram a posição do Brasil no ranking global de competitividade.
Em um ano, o Brasil perdeu seis posições -só Grécia e África do Sul perderam mais- e foi passado por México, Peru, Itália, Filipinas, Turquia e Emirados Árabes. É o quarto da América Latina, atrás também do Chile.
A oitava economia mundial ocupa o 44º lugar entre 59 países. Os EUA voltaram ao topo, dividido com Hong Kong (em 2010, haviam perdido para Cingapura).
O estudo, que mede o ambiente de negócios, foi feito pelo Instituto Internacional para o Desenvolvimento da Administração, da Suíça, em parceria no Brasil com a Fundação Dom Cabral. Ele considera dados oficiais e entrevistas com empresários.
O Brasil se destacou positivamente em dois subfatores. O primeiro foi Mercado de Trabalho (geração de empregos), em que saiu do 33º para o 9º lugar, bem longe do 44º de 2007. O outro foi Investimento Internacional (do 42º para o 19ª), atraído pelo bom desempenho econômico do país e por seus juros altos.
"Mas os empregos gerados são em setores de baixa agregação de valor, que vão gerar pouco em relação ao PIB (Produto Interno Bruto). E os investimentos que entraram foram para fazer oferta ao mercado doméstico ou para ganhos financeiros, não em infraestrutura ou indústria de alto valor", afirma Carlos Arruda, da Dom Cabral.
Foi no subfator Produtividade e Eficiência que o Brasil mais caiu: do 28º para o 52º lugar, voltando ao patamar de 2007 (53º). No estudo, a produtividade considera o reflexo da alta do número de trabalhadores sobre o PIB.
CÂMBIO — Para Arruda, essa discrepância, aliada a um câmbio desfavorável à indústria, pode levar a um círculo vicioso.
A massa desqualificada consome cada vez mais -e com mais crédito a juros altos disponível.
"Com real valorizado e salário alto, fica muito caro produzir para o mercado doméstico; a importação é mais fácil. Daí haver fabricantes preferindo importar." À indústria brasileira restaria o nicho de baixo valor.
Para José Márcio Camargo, professor da PUC-RJ, uma força de trabalho pouco educada invariavelmente leva à baixa produtividade.
Ou seja, "se quiser ter um trabalho com elevado nível de produtividade, é preciso investir pesadamente em educação".
"Você incorpora trabalhador com baixa produtividade e tem de pagar muito porque o mercado está superaquecido. É a principal razão no trabalho pela qual o Brasil não pode crescer mais que 4,5% no longo prazo", afirma.
Além de produtividade e preço (custo de vida alto), as principais fraquezas seguem as mesmas: falta de eficiência do governo em todas as esferas (55ª posição) e infraestrutura ruim (51ª), segmento que inclui logística, tecnologia, ciência, educação, saúde e ambiente. A diferença entre a eficiência privada e a governamental é maior no Brasil: 26 posições.
Leis defasadas, carga tributária alta e burocracia excessiva seguem como travas.
"Coisas clássicas, que qualquer sistema tributário já resolveu há anos, nossas empresas ainda enfrentam. É mais capital de giro, custo e incerteza jurídica", afirma José Augusto Fernandes, diretor-executivo da CNI.
O Ministério do Desenvolvimento não comentou o estudo. Na semana passada, o governo criou a Câmara de Políticas de Gestão, Desempenho e Competitividade, presidida pelo empresário Jorge Gerdau. (Folha)
Criação de empregos em abril cresce duas vezes ante março
Depois de um resultado fraco em março, o número de vagas com carteira assinada registrou forte crescimento em abril.
Foram criados 272.225 empregos formais no mês passado, segundo dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) do Ministério do Trabalho.
Em março, foram 92,6 mil. O ministro Carlos Lupi (Trabalho) prevê números ainda melhores em maio e diz que em 2011 serão criados 3 milhões de empregos.
O economista Rafael Bacciotti, da consultoria Tendências, discorda da projeção. Para ele, os dados do Caged vão refletir, nos próximos meses, as medidas tomadas pelo governo para conter a inflação.
Entre elas, estão o aumento da taxa básica de juros e a restrição ao crédito. A Tendências prevê a criação de 1,8 milhão de vagas no ano. De janeiro a abril, o Brasil já criou 880.717 postos de trabalho.
Apesar do bom resultado do mês passado, no confronto com abril de 2010 o total de vagas criadas caiu 10,7%.
Segundo o ministério, o mercado de trabalho cresceu em todos os setores e regiões.
O Sudeste foi responsável pelo maior número de empregos no mês passado, sendo que somente o Estado de São Paulo gerou 119.133 empregos.
Na outra ponta, o número recuou no Nordeste. Juntos, Sergipe, Pernambuco e Alagoas perderam quase 20 mil vagas que, segundo o ministro, estão ligadas ao fim da colheita de cana-de-açúcar. (Folha)
Volume de crédito com recursos da caderneta cresce 51% e poupança tem, pela primeira vez no ano, captação positiva
O volume de crédito imobiliário com recursos da caderneta cresceu 51% em março frente ao mesmo período do ano passado, bem como 21% na comparação com fevereiro deste ano. De acordo com dados da Associação Brasileira de Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), 37 mil unidades foram financiadas, uma alta de 29% na comparação com o mesmo mês do ano passado.
O montante representa a melhor marca na história do sistema.Considerando os últimos 12 meses, o saldo de financiamentos atingiu R$ 62,2 bilhões, em alta de 63% em relação a igual período anterior. Foram realizadas 451 mil operações.
Captação líquida — Em março, pela primeira vez no ano, o volume de recursos depositados foi maior do que o sacado: no saldo, R$ 461 milhões. Segundo especialistas, isso se explica pela recomposição da renda livre dos trabalhadores após o término do período de pagamento das contas do início do ano.
O saldo das contas de poupança atingiu R$ 304,7 bilhões em março e superou em 17% o saldo do terceiro mês do ano passado. (O Globo)
Área comercial foi a que mais criou vagas em abril, mas profissional mais buscado continua sendo engenheiro, diz pesquisa
O mercado continua abrindo novas vagas em abril e, segundo especialistas, a tendência é que esse panorama de empregabilidade continue em alta. Levantamento mensal feito pela consultoria Ricardo Xavier Recursos Humanos aponta que, em abril deste ano, 2.098 novas oportunidades foram criadas contra 439 no mês anterior, número que representa um aumento de 26,46% no total de posições.
- Com base nesse cenário, a disputa por talentos se acirrará cada vez mais - avisa João Xavier, diretor geral da empresa.
A pesquisa também levantou as dez áreas que mais abriram posições no mês passado. Assim como no mês de março, a que apresentou maior destaque no período foi a comercial, representando 13,3% das oportunidades geradas. Na sequência, os setores que mais ofereceram oportunidades foram o de engenharia, com 7,9%; financeiro, com 5,4%; industrial, com 5,2%; administrativo, com 5%; tecnologia da informação, com 4,6%; e recursos humanos e marketing, com 3,8% cada.
De acordo com Xavier, os dados da pesquisa reforçam o bom momento do cenário econômico brasileiro:
- O mercado está aquecido, mas a falta de mão de obra pode frear o crescimento do país. Os profissionais devem aproveitar para aprimorar conhecimentos e se especializarem.
No mês passado, a graduação mais solicitada pelo mercado de trabalho continuou sendo engenharia (19,18%), como aconteceu em março deste ano. Em seguida, aparecem os profissionais de administração (12,15%), ciências contábeis (5,73%); economia (3,77%), propaganda/ publicidade e marketing (3,65%); direito (2,27%); psicologia (1,54%); análise de sistemas (1,50%); tecnologia da informação (1,11%) e comunicação social (1,04%).
Da mesma forma que nos meses anteriores, as empresas nacionais lideraram as contratações no mercado em abril, com 79,22% das vagas. Já as multinacionais ofertaram 20,78% das posições no período.
O estudo da Ricardo Xavier Recursos Humanos abrange as seguintes localidades: São Paulo (capital e Grande SP), Campinas (interior de SP), Rio de Janeiro (RJ), Belo Horizonte (MG), Porto Alegre (RS) e Salvador (BA). Dentre elas, as que mais abriram vagas em abril foram: São Paulo (42,28%), Campinas (17,45%), Porto Alegre (12,01%), Salvador (11,01%), Rio de Janeiro (10,96%) e Belo Horizonte (6,29%).(O Globo)
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