quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Patrões apostam na concentração de renda e no arrocho salarial

"Metalúrgicos param montadoras no interior de SP por reajuste" e

"Faturamento da indústria cresce 13,2%, apura CNI"

Fiz questão de juntar as duas notícias para que percebamos o absurdo que vivemos em nossa relação capital trabalho. Num dos melhores anos de nossa economia, provavelmente, em séculos, os patrões mostram toda a sua mesquinhez nas negociações salariais. É essa falta de patriotismo, de reconhecimento da contribuição dos trabalhadores para a acumulação do lucro que está na base da concentração de renda no Brasil. A UGt apoia os metalúrgicos. Temos que endurecer nas negociações, mobilizar a opinião pública e quando for necessário, parar a produção. Patrão que só quer aproveitar do crescimento do Brasil em causa própria tem que ser enfrentado com firmeza.

GM, Honda, Toyota e Mercedes-Benz enfrentam paralisação. Funcionários protestam contra reajuste oferecido pelas empresas.

Milhares de metalúrgicos no interior de São Paulo pararam a produção de pelo menos quatro montadoras de veículos nesta quarta-feira (3) em protesto contra reajuste salarial proposto pelas empresas, segundo informou o Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos.

A greve de 24 horas iniciada nesta quarta-feira afetou as fábricas de General Motors, em São José dos Campos, e de Honda, em Sumaré; Toyota, em Indaiatuba; e Mercedes-Benz, em Campinas.

Segundo o secretário geral do sindicato, Luís Carlos Pratez, cerca de 5 mil trabalhadores da GM decidiram pela greve em assembléia na manhã desta quarta-feira. A paralisação afeta 9 mil funcionários e a produção de cerca de 950 a 1.000 veículos, além da produção de motores, segundo informou a entidade.

A assessoria de imprensa da GM confirmou a paralização da fábrica mas evitou comentar o impacto na produção.

Reivindicações -- De acordo com Pratez, metalúrgicos do interior de São Paulo pedem reajuste de 18,83% (índice que inclui inflação mais o aumento real) além de garantia de gatilho salarial toda a vez que a inflação atingir 3%.

As montadoras, que negociam representadas pelo Sinfavea, ofereceram na última negociação reajuste de 1,25% real mais inflação, segundo os metalúrgicos. A assessoria de imprensa da entidade informou que não comenta detalhes das discussões com os trabalhadores.

"A proposta das montadoras é rídicula diante do crescimento que vêm tendo desde 2003, tanto em relação a vendas internas e externas e ganho de produtividade", disse o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Campinas e Região, Jair dos Santos.

"Queremos uma proteção dos salários porque a inflação tende a continuar em alta. Corremos o risco de fechar a campanha salatial em setembro e quando chegar janeiro esse aumento real terá sido corroído pela inflação", disse o sindicalista sobre o gatilho.

Ano passado, as negociações foram encerradas sem greve com aumento de real de cerca 2,5%, informou o dirigente.

As montadoras acumulam nos primeiros sete meses deste ano vendas recordes de 1,7 milhão de veículos, volume cerca de 30% acima do comercializado no mesmo período de 2007.

Santos afirmou que na tarde de quinta-feira haverá nova reunião de metalúrgicos com o Sinfavea. Se não houver acordo, no domingo a categoria poderá decidir por greve por tempo indeterminado.

Faturamento da indústria cresce 13,2%, apura CNI — Confederação registra avanço no emprego. A CNI (Confederação Nacional da Indústria) reconheceu ontem que subestimou os números sobre o crescimento da economia neste ano, que levaram o setor a registrar novos números recordes em julho.

Apesar da desaceleração esperada para o mês passado, o faturamento do setor registrou expansão de 13,2% em 12 meses e um resultado recorde de 9% no acumulado do ano.

O gerente da Unidade de Política Econômica da CNI, Flávio Castelo Branco, afirmou que a entidade irá rever neste mês a previsão de crescimento da economia brasileira neste ano. A projeção atual é de 5%, em linha com a feita pelo governo federal.

Ele afirmou também que ainda não há sinais de que haverá uma desaceleração no resultado da indústria neste ano, mas disse que os números do setor não confirmam a avaliação do Banco Central de que há descompasso entre o crescimento da oferta e da demanda no mercado interno.

"O setor industrial não é a fonte maior das pressões inflacionárias", afirmou Castelo Branco. Ele afirmou que o valor recorde do uso da capacidade instalada alcançado em julho (83,5%) não significa que haja um gargalo na oferta de produtos, o que poderia pressionar os preços. Segundo a CNI, esse indicador aponta apenas a maturação dos investimentos feitos desde 2006.

Entre as indústrias que mais investiram na ampliação da produção nos últimos 12 meses, estão as montadoras de veículos. A capacidade instalada delas passou de 87,2% para 90,3%, de acordo com a CNI.

Em relação à reunião do Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central) da próxima semana, o economista disse que os números da inflação apontam para uma acomodação de preços.

"Há sinais de que talvez a política monetária não precise ser apertada por um período tão longo como foi apontado pelo BC", afirmou Castelo Branco.

Emprego -- Os resultados se refletiram no emprego. O número de trabalhadores na produção industrial cresceu 4,4% no ano, as horas trabalhadas tiveram alta de 6,1% e a massa salarial avançou 5,6%.

Famílias gastam mais com saúde do que o poder público

Um absurdo. A saúde da população foi abandonada pelo poder público, em todos os níveis. Apostam no descaso, na indiferença. A UGT vai mobilizar seus sindicatos e a opinião pública para pressionar o Governo Federal, através do Congresso Nacional, para buscar uma solução urgente para este absurdo. É por isso, que nos casos de epidemias, como tivemos recentemente, com a dengue, os pobres morrem e os ricos vão para verdadeiros Spas.

Veja a notícia:

De R$ 10 investidos no setor, as pessoas pagam R$ 6 e o Estado, R$ 3,8, diz IBGE

Ao contrário do que acontece na maioria dos países desenvolvidos, onde a administração pública financia grande parte das despesas em saúde, no Brasil, de cada R$ 10 gastos no setor, as famílias pagaram R$ 6,02 e o governo R$ 3,88, de acordo com dados de 2005. O restante vem de instituições sem fins lucrativos. O padrão nos países da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico é de, no mínimo, 70% de financiamento público, com exceção dos Estados Unidos e México, onde é de 45%.

A pesquisa Economia da Saúde, Perspectiva Macroeconômica do Setor entre 2000-2005, divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), revelou que o gasto médio das famílias brasileiras com saúde correspondeu a 8,2% de tudo o que elas consumiram em 2005. Essas despesas foram principalmente com remédios (35%) e outros serviços relacionados, como consultas e exames feitos fora do ambiente hospitalar (34%). O crescimento dos serviços ambulatoriais, em detrimento das internações hospitalares (só 1,9% do consumo das famílias) é uma tendência mundial.

O total das despesas com saúde em 2005, incluindo famílias, governos e instituições, foi de R$ 171,6 bilhões - 8% do Produto Interno Bruto (PIB). Os dados sobre despesa média mensal familiar com saúde revela que os 10% mais ricos da população gastam R$ 376, quase 13 vezes mais do que os 40% mais pobres, que consomem R$ 28. A pesquisa indica também uma diferença na forma de gastar esse recurso. A maior despesa no grupo dos mais ricos foi com planos e seguros de saúde (R$ 144,41), remédios (R$ 97,78) e consultas e tratamentos dentários (R$ 43,98). Já os mais pobres gastaram com remédios (R$ 19,19). Planos de saúde e consulta vêm em seguida, com valor mínimo.

As despesas com saúde somaram 15,6% (R$ 66,6 bilhões) de tudo o que o governo gastou em 2005. Mas esses dados ainda serão detalhados. A maior parte (R$ 56,6 bilhões) foi consumida pela saúde pública, que inclui desde atendimentos individuais pelo Sistema Único de Saúde (SUS) até distribuição e produção de medicamentos. O estudo também não calculou os indicadores gerados pelos hospitais universitários, militares e penitenciários.

MERCADO DE SAÚDE — Uma análise do mercado nos cinco anos do estudo mostra que em 2002 e 2003 o setor cresceu menos do que a média da economia. Entre 2004 e 2005, há uma tendência de recuperação, com uma taxa de crescimento real de 3% e 5,9%, respectivamente. Neste período foram criados 660 mil novos postos de trabalho, cuja média salarial foi de R$ 15,9 mil, superior à média nacional. No total, são 3,9 milhões de postos de trabalho ocupados por profissionais de saúde, que correspondem à 4,3 % do total de vagas do País.

A pesquisa também mediu o valor econômico do setor, que gerou R$ 97,3 bilhões em 2005. A atividades de maior valor foi a saúde pública, que participou com 33,4%. "A saúde não é só uma gastadora de recursos, mas uma mola propulsora do desenvolvimento", disse Elias Jorge, diretor de Economia da Saúde e Desenvolvimento do Ministério da Saúde.

Para a pesquisadora da Fundação Oswaldo Cruz Angélica Borges dos Santos, que trabalhou na publicação, as famílias estão gastando mais porque houve aumento de renda e vêem o setor como um bem de consumo. "Acredito que haja um componente razoável de medicina estética (no gasto da família)." Para ela, o SUS tem insuficiências em algumas áreas, mas em outras, como na distribuição de remédios para aids e hepatite, consegue atender a todos.

A pesquisadora Ligia Bahia, do Laboratório de Economia Política da Saúde da Universidade Federal do Rio discorda que o consumo das famílias com saúde tenha a ver com o crescimento de clínicas de estética. "A maior causa de morte são as doenças crônicas e os maiores gastos, com remédios", disse. Inédito, o estudo compilou pesquisas de indústria e comércio, assistência médico-sanitária, sistema de conta nacional e dados da Agência Nacional de Saúde Suplementar.

Inocentes deixam CDP sob aplausos

Uma situação calamitosa destas, só ganha publicidade porque o verdadeiro criminoso decidiu confessar o crime e inocentar os jovens que estavam presos. Ou seja, dependemos da boa vontade de um criminoso para se fazer Justiça. Porque o aparato policial e a Justiça estão despreparados para investigar, apurar e identificar os verdadeiros criminosos, nos casos mais simples de investigação. Temos, no Brasil, o caminho mais curto da tortura, que é uma praga no País. Por isso, somos contra a pena de morte. Imagina se estes três jovens tivessem sido condenados à morte. O que adiantaria agora a inocência deles?

Acompanhe o absurdo:

Sob aplausos e choro de parentes, três rapazes deixaram às 15h35 de ontem o Centro de Detenção Provisória (CDP-1) de Guarulhos, na Grande São Paulo, após 2 anos e 15 dias de prisão. Wagner Conceição da Silva, de 25 anos, Renato Correia de Brito, de 24, e Willian César de Brito Silva, de 28, foram acusados injustamente de matar e violentar Vanessa Batista de Freitas, de 22 anos, em 19 de agosto de 2006. Só foram libertados porque Leandro Basílio Rodrigues, de 19 anos, apontado pela polícia como o Maníaco de Guarulhos, confessou o crime.

Ao revelar que era o verdadeiro autor do assassinato de Vanessa, Rodrigues disse aos policiais: "Se tem pessoas presas, são inocentes. Quem matou essa moça fui eu." Responsáveis pelas investigações dos crimes cometidos pelo Maníaco de Guarulhos consideram que ele pode ter cometido mais crimes e seria um criminoso pior que o motoboy Francisco de Assis Pereira, o Maníaco do Parque, que teria cometido pelo menos dez assassinatos.

Assim que os três passaram pelo último portão de ferro do CDP-1, a dona de casa Iraildes Alves Conceição, de 49 anos, beijou e abraçou o filho Wagner, olhou para o céu e disse em voz alta emocionada: "Obrigada, Pai." O filho não conseguiu conter as lágrimas. Willian também deu um forte abraço na mulher, Natália Priscila Brandão, de 20 anos, e chorou. "É maravilhoso estar livre. Vocês não imaginam o sofrimento que passei. Só Deus. Agora quero curtir minha família e dar um beijo no meu filho." Segundo Natália, Cauã, de 3 anos, sentiu muito a ausência do pai e até hoje passa por sessões periódicas com um psicólogo.

O motorista Avelino Cardoso da Silva, de 48 anos, também se emocionou ao reencontrar o filho Willian. Ele disse que gastou R$ 20 mil para tentar provar a inocência dele e até hoje está com o nome sujo na praça. Silva destacou que o filho e os outros dois rapazes foram torturados por PMs, levados para um matagal e só não morreram porque um carro passou pelo local e os policiais resolveram levar os três para a delegacia. Acrescentou ainda que, no 1º Distrito Policial de Guarulhos, eles também apanharam.

Sindicalistas mobilizam voluntários contra McCain

Apoiamos as mobilizações dos trabcalhadores norte-americanos. Pois temos consciência de que o Partido Republicano, do atual presidente Bush e do candidato McCain, aposta na Guerra, na suposta perseguição a terroristas para poder invadir países na busca de petróleo e outras riquezas.

Veja a notícia: Mais de dez mil voluntários percorrerão os Estados Unidos na quinta-feira, quando o senador republicano John McCain aceitar a candidatura do partido em St. Paul (Minnesota), para denunciar a política econômica do político, informou hoje a federação sindical AFL-CIO.

"A classe trabalhadora não está contente com a trajetória" do senador McCain em assuntos de sobrevivência econômica, declarou hoje o presidente da AFL-CIO, John Sweeney.

"Enquanto o Partido Republicano pede a McCain em St. Paul para que continue o legado (do presidente George W.) Bush, as famílias trabalhadoras da AFL-CIO visitarão vizinhanças em todos os EUA" para educar os eleitores sobre o que significaria para os trabalhadores uma Presidência de McCain, especificou.

A mobilização dos sindicalistas é parte da campanha lançada pela central sindical, que pretende chegar a mais de 13 milhões de eleitores que pertencem a sindicatos em 24 estados em disputa neste ciclo eleitoral.

No total, os voluntários percorrerão mais de 150 localidades em estados como Ohio, Pensilvânia, Michigan, Minnesota e Wisconsin, para denunciar os planos econômicos de McCain, acusado pelos grupos de esquerda de continuar as políticas do presidente Bush.

Segundo a AFL-CIO, o apoio de McCain a tratados de livre-comércio, à indústria petrolífera e à privatização parcial da Seguridade Social, entre outros assuntos, ameaça o bem-estar dos trabalhadores americanos.

A federação sindical, historicamente aliada com a oposição democrata, pensa também em mobilizar, de setembro até o dia das eleições, em 4 de novembro, outros 250 mil voluntários.

O trabalho incluirá visitas a dez milhões de famílias, 70 milhões de ligações telefônicas e a distribuição de 20 milhões de folhetos publicitários em locais de trabalho.

A mobilização da AFL-CIO é afim com a estratégia da campanha do candidato democrata, Barack Obama, de tachar McCain como alguém que seguirá com as políticas de Bush.

Em conferência telefônica, o principal estrategista de Obama, Robert Gibbs, e o assessor do Comitê Nacional Democrata, Jamal Simmons, reconheceram hoje que os oradores de terça-feira à noite, durante a Convenção Nacional Republicana, elogiaram a obra e figura de McCain. No entanto, em suas opiniões, demonstraram estar alheios à realidade dos trabalhadores.

A campanha de McCain nega taxativamente as acusações da oposição democrata e grupos afins, e afirma que o plano de Governo do senador inclui estímulos econômicos a curto prazo e medidas fiscais para incentivar a criação de empregos no país.

McCain é, além disso, firme partidário do Tratado de Livre-Comércio (TLC) com a Colômbia, pendente de ratificação no Congresso dos Estados Unidos e que, de acordo com os republicanos, fomentará a criação de trabalhos em ambos os países. EFE