sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Cenários econômicos apontam para um ano de grande mobilização e de recuperação salarial

Crise consolida Brasil como 8ª economia
Com base nos números do 1º trimestre, País superou a Espanha; PIB nominal brasileiro seria de US$ 1,8 tri e o espanhol, US$ 1,5 tri
A crise espanhola permitiu que o Brasil se firmasse na oitava posição entre as maiores economias do mundo. Com base em números oficiais, o jornal econômico espanhol Expansion revelou que o ranking das maiores economias foi bastante modificado com a crise global nos últimos dois anos.
A China ultrapassou o Japão e agora se tornou a segunda maior economia do mundo. Já o Brasil supera a Espanha e é a oitava potência, em termos de Produto Interno Bruto (PIB) nominal. Com base nos números do primeiro semestre, o PIB brasileiro seria de US$ 1,8 trilhão, ante US$ 1,5 trilhão da Espanha. Segundo o jornal, a Espanha chegou a ficar na sétima posição em 2007, quando ainda vivia um boom econômico. Mas, com 20% de desemprego, um déficit colossal e uma economia estagnada, perdeu posições.
Já dados do Fundo Monetário Internacional (FMI), organizados por Alex Agostini, economista-chefe da Austin Rating (ver gráfico), indicam que a ultrapassagem da Espanha pelo Brasil teria acontecido ainda em 2009. Mas a persistência da crise nos países ricos e a rápida recuperação dos emergentes, como o Brasil, fizeram com que a diferença entre os dois países disparasse em 2010.
Em 2009, segundo os dados do FMI, o Brasil, com PIB de US$ 1,57 trilhão, estava na oitava posição do ranking, mas colado na Espanha, que era a nona colocada com US$ 1,46 trilhão. Já a projeção do Fundo para 2010 joga o PIB brasileiro para US$ 1,91 trilhão, bem acima do US$ 1,56 trilhão previsto para a Espanha.
Dependência — Sem um mercado interno dinâmico por causa do desemprego, a Espanha passou a depender apenas das exportações. Mas, com a Europa em crise, produtos não competitivos e uma queda da demanda nos Estados Unidos, empresas não aguentaram e muitas faliram. No total, foram sete trimestres de encolhimento do PIB, também prejudicado pelo fim da bolha imobiliária que mantinha 25% do crescimento da economia. Agora, a recuperação apenas patina e já se fala em nova queda no fim do ano.
No Brasil, a crise internacional foi compensada pelo mercado doméstico em expansão, crédito e consumo. Pelo ranking do FMI, os Estados Unidos continuam no primeiro lugar, com um PIB nominal projetado para 2010 de US$ 14,8 trilhões, quase o triplo do chinês. A China vem em segundo, com US$ 5,4 trilhões, seguida pelo Japão com US$ 5,3 trilhões.
O primeiro país europeu no ranking é a Alemanha, com US$ 3,3 trilhões, seguido de longe pela França, com US$ 2,7 trilhões, Reino Unido, com US$ 2,2 trilhões e Itália com US$ 2,1 trilhões. O Brasil vem na oitava posição, colocação que já ocupou nos anos 90, com US$ 1,9 trilhão.
Em entrevista ao jornal espanhol, o ex-ministro de Assuntos Exteriores do país, Josep Piqué, apontou que, juntas, as economias latino-americanas já seriam a quarta maior economia do mundo, superando a Alemanha. Para ele "a Europa é o doente da economia mundial".
O ranking do FMI indica que a posição do Brasil variou muito desde meados da década de 90. Em 1995, o Brasil era a sétima maior economia do mundo em PIB nominal, com US$ 769,7 bilhões. As crises cambiais e econômicas da segunda metade dos anos 90, porém, acabaram forçando a desvalorização do real em 1999, que foi acentuada nas turbulências de 2001 a 2003.
A conjunção de moeda desvalorizada e baixo crescimento fizeram o Brasil recuar seis posições no ranking do FMI, caindo em 2003 e 2004 para a 13.ª colocação no ranking global de PIBs. Nesses dois anos, o Brasil ficou atrás de países como Espanha, Canadá, México, Coreia do Sul e Índia.
Pulando degraus — A partir de 2005, porém, com a valorização do real, e de 2006, com a aceleração do ritmo de crescimento, o Brasil recuperou cinco posições, e chegou em 2009 ao nono posto no ranking dos PIBs. Segundo Agostini, da Austin Rating, "vale lembrar que a boa colocação do Brasil obtida nos anos 90 se deveu ao câmbio artificialmente valorizado, que aumentava o PIB em dólares".
Para o economista, hoje a realidade é diferente, pois, mesmo com o câmbio relativamente valorizado, o País está em um nível de abertura comercial e competitividade muito maior que no passado. "Isso são fatores que reforçam a solidez da economia brasileira nos dias de hoje, o que fica demonstrado, até mesmo, pela forma como superou com louvor a crise mundial", acrescenta.
As projeções do FMI indicam, porém, que o Brasil deve se manter na oitava posição pelo menos até 2015, quando o PIB nacional atingirá US$ 2,6 trilhões. Mas haverá uma mudança significativa no ranking, já que o País ultrapassará a Itália e será, por sua vez, ultrapassado pela Rússia, que deve chegar a 2015 com PIB de US$ 3,1 trilhões.
Em 2015, segundo as previsões do FMI, o PIB americano atingirá US$ 18,2 bilhões. Com US$ 9,4 trilhões, o PIB chinês já será um pouco mais do que a metade do americano. (Estado)

Número de empregos criados no ano até julho é o maior desde 1992
Segundo o Caged, geração de vagas superou demissões em 1.655.116 postos, recorde para a série histórica.
O Ministério do Trabalho informou nesta quinta-feira, 19, que o saldo líquido de empregos criados com carteira assinada no País em julho foi de 181.796 vagas. Segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), a geração de vagas de emprego superou as demissões em 1.655.116 postos formais de trabalho no período de janeiro a julho de 2010, valor recorde para os primeiros sete meses de um ano desde o início da série histórica, em 1992. A meta do governo é atingir 2,5 milhões de empregos novos com carteira assinada este ano, já descontadas as demissões.
No mês passado, o setor de serviços foi o que registrou o maior saldo de criação de empregos formais, com 61.606 novas vagas, recorde para julho. "O bom resultado está ligado ao período de férias, que tem grande contratação em serviços como restaurantes e hotelaria", afirmou o ministro do Trabalho, Carlos Lupi.
No período, o saldo de contratações da indústria de transformação, que paga os melhores salários, foi de 41.530 vagas. "O emprego no setor de serviços está crescendo mais porque, ao contrário da indústria, normalmente demanda menor especialização", acrescentou Lupi.
Segundo o ministro, as 38.382 vagas criadas em julho na construção civil, também recorde para o mês, refletem a demanda do programa habitacional Minha Casa Minha Vida, além do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e outros investimentos privados.
Já os comércios varejista e atacadista registraram a criação de 28.250 postos formalizados em julho. "O crescimento no setor deve ser acentuado no segundo semestre, com a criação de vagas temporárias, mas com carteira assinada", completou Lupi.
Recordes sucessivos — Lupi disse que prevê números robustos para o mercado de trabalho formal até o final deste ano. "Teremos recordes sucessivos (na geração de emprego) para o mês até o final do ano", afirmou. Segundo ele, os números serão positivos porque a indústria já está superando a capacidade de produção e o mercado consumidor também continua forte. Habitualmente, Lupi costuma fazer críticas a elevações de juros pelo Banco Central, mas dessa vez ele fez referência direta ao presidente da autoridade monetária. "Até Henrique Meirelles está otimista. Se ele está otimista, estou no céu", comparou.
Lupi avaliou que os números de julho sobre o mercado de trabalho mostram uma certa acomodação do setor em um patamar elevado. Pelos dados do Caged, houve no período 181.796 mil novas vagas de trabalho líquidas. Em números absolutos, o montante é superior ao registrado em idêntico mês do ano passado (138 mil vagas líquidas), mas inferior ao saldo de empregos formais verificados em junho (213 mil). "Mesmo não sendo um recorde para o mês, é um número muito próximo aos recordes", afirmou. Ele se referia ao saldo de 203 mil vagas criadas em julho de 2008 e de 202 mil postos de trabalho obtidos em julho de 2004 - os números mais robustos para o mês da série histórica do Caged.
Crescimento em todas as regiões — Todas as regiões do País registraram elevação no número de empregos formais em julho, de acordo com dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados.
A região Sudeste obteve o melhor saldo no mês, com a criação de 90.905 postos de trabalho, seguida do Nordeste, com 40.675 novas vagas formais. Já a região Sul, com saldo de 27.586 empregos, teve o melhor resultado para julho desde o início da série histórica em 1992.
De acordo com os dados do Caged, a região Norte registrou elevação de 12.010 postos de trabalho, mas os Estados de Roraima e Amapá registraram pequenas quedas de 120 e 23 vagas, respectivamente. Na região Centro-Oeste, o crescimento foi de 10.620 empregos, embora o Distrito Federal tenha recuado em 78 postos no período.
Para o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, as variações negativas nas três unidades da Federação foram casos isolados e não refletem uma tendência.
O Estado de São Paulo foi a unidade da Federação que registrou o maior saldo de contratações em julho, com a criação de 62.497 vagas no mês. O resultado foi o terceiro melhor para julho desde 1992, quando se inicia a série histórica do Caged, ficando trás apenas dos desempenhos obtidos em 2004 e 2008.
A variação representou um aumento de 0,55% no estoque de assalariados com carteira assinada de junho. O setor de serviços foi o que criou mais vagas no Estado no mês passado, com 24.266 postos, à frente da indústria de transformação (13.919) e do comércio (10.626).
Nos primeiros sete meses de 2010, o crescimento de vagas celetistas foi de 608.240 no Estado de São Paulo, o segundo melhor resultado da série histórica, atrás de 2008.
Previsão para 2010 — Lupi manteve a previsão de que, no ano, haverá um saldo de 2,5 milhões de novas vagas de trabalho formal, apesar de julho ter registrado, pela terceira vez consecutiva, uma diminuição no volume de criação de empregos com carteira assinada em relação ao mês anterior. Segundo ele, há possibilidade de atingir a meta de 2010 porque espera-se uma nova retomada de recordes na geração de empregos a partir deste mês.
"Não esperamos novos aumentos das taxas de juros. Até o Banco Central está otimista de que teremos quatro ou cinco meses finais do ano muito fortes na geração de empregos", disse, citando, mais uma vez a autoridade monetária. "Serão meses sequencialmente de recordes."
Para o ministro, o esfriamento na geração de empregos nos últimos meses nada mais foi do que uma readequação do mercado ao crescimento "muito forte" do começo do ano. "A adequação foi muito positiva. Estamos mal acostumados com recordes", minimizou. Em janeiro, segundo o Caged, foram criadas 181 mil novos postos de trabalho. Em fevereiro, o volume saltou para 209 mil; em março, para 266 mil, atingindo o recorde do ano em abril, quando ficou em 305 mil. A partir de maio, houve desaceleração dos números, para 298 mil e 213 mil em junho. No mês passado, houve geração de 182 mil postos.
O ministro salientou ainda que a perspectiva do Ministério da Fazenda é mais conservadora do que a do Ministério do Trabalho. A projeção da Fazenda é de criação de 2,3 milhões de postos este ano. (Estado)

Demanda doméstica impulsiona receita e lucro das companhias
Levantamento da Economática mostra alta de 38,1% no ganho líquido no 2º trimestre ante 2009. Houve avanço de 17,5% nas receitas de 249 empresas com capital listado na Bovespa, que somaram R$ 266 bi.
O balanço das empresas de capital aberto no segundo trimestre indica forte alta da demanda doméstica ante o mesmo período de 2009, o que impulsionou receita e lucro, com destaque para construtoras e varejistas.
Por outro lado, houve aumento do endividamento das empresas -número impactado pelo aumento de 65,5% das dívidas da Petrobras.
Levantamento feito pela Economática a pedido da Folha indica que as receitas de 249 companhias com capital listado na Bolsa somaram 266,6 bilhões de abril a junho, valor 17,5% superior ao mesmo período do ano passado (R$ 226,8 bilhões).
Esse resultado provocou uma expansão de 87,2% no lucro operacional das empresas (ganho antes de juros e impostos), que pulou de R$ 27,2 bilhões para R$ 51 bilhões em um ano.
No entanto, como as companhias registraram perdas financeiras de R$ 8,4 bilhões no segundo trimestre de 2010 -ante ganhos de R$ 5,9 bilhões no mesmo período do ano passado-, o crescimento do lucro líquido foi menor.
Passou de R$ 22,3 bilhões para R$ 30,8 bilhões, em uma alta de 38,1%.
Segundo o presidente da Economática, Fernando Exel, o resultado financeiro foi afetado pelo câmbio.
"No segundo trimestre de 2009, o dólar caiu 15,7%, o que reduziu o valor em real das dívidas que as companhias têm em moeda americana. Já no segundo trimestre de 2010 ocorreu o contrário, o dólar subiu 1,15%."
A estabilidade da economia e a expansão do mercado de trabalho e do crédito imobiliário impulsionaram o setor imobiliário.
A receita das 24 construtoras analisadas cresceu 64,3%, para R$ 8,7 bilhões. O lucro líquido subiu 74,7%, para R$ 1,4 bilhão.
Outro setor que teve forte alta de receita (37,1%, para R$ 8,4 bilhões) foi o de bebidas e alimentos. Parte desse crescimento é resultado de aquisições e fusões com outras companhias, como nos casos da JBS e da BRF Foods (união Perdigão-Sadia).
Já a expansão de 672% do lucro líquido das siderúrgicas e de 331% da mineradora Vale é consequência da recuperação das vendas e, principalmente, da alta do preço das commodities metálicas, aponta Eduardo Roche, analista da Modal Asset.
DÍVIDAS — O endividamento bruto das 249 companhias analisadas cresceu 17% (R$ 81,1 bilhões) do segundo trimestre de 2009 para o de 2010, para R$ 558,4 bilhões. Só a dívida da Petrobras subiu R$ 46,6 bilhões, para R$ 118 bilhões.
Segundo Roche, isso foi resultado da expansão dos investimentos da estatal.
"Se a Petrobras não realizar a capitalização em setembro, a dívida vai superar o percentual de 35% do patrimônio da companhia [nível necessário para manutenção do grau de investimento]." (Folha)

Endividamento das famílias não inibe intenção de compras, diz CNC
O aumento do número de famílias endividadas no país não reduziu a intenção dos brasileiros de consumir, constatou uma pesquisa feita pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). O indicador que mede o potencial de compra subiu pelo quarto mês consecutivo, chegando aos 134,4 pontos em agosto, ante os 133,6 pontos registrados em julho.
Segundo o estudo, a satisfação com a situação profissional e as boas perspectiva no trabalho estimularam as famílias a comprar. Na análise por região, o Sudeste puxou a alta na intenção de consumo em agosto.
A parcela de endividados no país, por sua vez, cresceu de 57,7% em julho para 59,1%. A inadimplência, no entanto permanece baixa. De acordo com a CNC, 9,7% das famílias com renda de até dez salários mínimos e 2,9% das com rendimento superior a este patamar não terão condições de quitar suas dívidas este mês. (O Globo)

Novo salário mínimo: uma decisão que dará o perfil da despesa em 2011
Uma decisão que deverá ser tomada pelo futuro presidente da República antes mesmo de assumir o cargo poderá definir o perfil da política fiscal dos próximos anos. Até dezembro, o presidente eleito terá que definir a nova política para o salário mínimo.
Isto porque a lei de diretrizes orçamentárias (LDO) não fixou o valor do mínimo que entrará em vigor a partir de janeiro de 2011. Apenas determinou que a política de aumento real do piso salarial será definida pelo governo em articulação com as centrais sindicais.
Como entrará em vigor no dia da posse, o valor do piso salarial para 2011 terá que ser fixado por medida provisória a ser assinada pelo presidente Lula. Parece razoável acreditar que uma decisão dessa natureza será tomada por Lula depois de ouvir o novo mandatário, mesmo porque as despesas decorrentes desta decisão serão pagas por aquele que ocupará o Palácio do Planalto nos próximos quatro anos.
A proposta orçamentária que será encaminhada pelo Ministério do Planejamento ao Congresso no próximo dia 31 de agosto terá um valor para o piso salarial apenas com a correção da inflação (medida pelo INPC) do período, sem aumento real. O relator da LDO, senador Tião Viana (PT-AC), chegou a anunciar que o mínimo em 2011 seria de R$ 550, o que representaria um aumento nominal de 7,8%.
O governo achou o valor elevado demais para caber no orçamento do ano que vem, principalmente depois que o senador Paulo Paim (PT-RS) e o deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP) tentaram incluir na LDO um aumento real também para os aposentados que ganham mais do que o piso salarial.
Para evitar esse novo gasto, o líder do PT na Comissão Mista de Orçamento do Congresso, deputado Gilmar Machado (MG) propôs uma redação genérica sobre o aumento real do mínimo e das aposentadorias, condicionando a decisão às negociações com as centrais sindicais.
Na verdade, se a regra de reajuste do salário mínimo que valeu para todo o segundo mandato do presidente Lula fosse utilizada, o salário mínimo não teria aumento real em 2011. A regra, negociada por Lula com as centrais sindicais, previa que o piso teria um aumento real igual ao crescimento real da economia de dois anos antes.
Como em 2009, o Produto Interno Bruto PIB) brasileiro registrou uma queda real de 0,2%, segundo o IBGE, o aumento real do mínimo seria de zero em 2011. O senador Tião Viana propôs nova fórmula, que previa um aumento real para o mínimo igual à média do crescimento real da economia de 2008 e 2009, que não foi aprovada.
A nova regra será definida, portanto, em negociação com as centrais. É preciso observar que, em 2007, o presidente Lula comprometeu-se com uma política de valorização do salário mínimo até 2023. Lula definiu também que haveria uma avaliação da política executada até agora.
Tudo indica que o principal ponto dessa avaliação será saber se o ritmo da recuperação do salário mínimo que predominou durante o governo Lula será mantido no próximo governo.
De acordo com o Dieese, o aumento real do salário mínimo de 2003 a 2010 foi de 53,67%, com ritmo mais acelerado durante o segundo mandato do presidente Lula, como mostra a tabela abaixo. Essa trajetória de recuperação do salário mínimo modulou o perfil do gasto público durante o governo Lula, em que as transferências de renda para as famílias absorveram uma parcela substancial do crescimento da arrecadação do governo federal no período.
O aumento do piso salarial tem um forte impacto sobre o gasto público, pois repercute sobre as despesas da Previdência Social e dos programas de assistência social, que têm o salário mínimo como referência.
Dados do Ministério da Fazenda mostram que as transferências de renda para as famílias cresceram 2,4 pontos percentuais do PIB de 2003 a 2009. O aumento foi maior pois nesse cálculo a Fazenda não incluiu os benefícios previdenciários para os servidores públicos federais.
As despesas com os benefícios previdenciários do regime geral, mais conhecido como INSS, aumentaram 1,18 pontos percentuais do PIB no mesmo período. Os benefícios assistenciais (Loas e renda mensal vitalícia) subiram 0,6 ponto percentual do PIB, o abono e seguro desemprego subiram 0,3 ponto percentual e o Bolsa família, 0,3 ponto percentual.
As demais despesas do governo, incluindo educação e saúde, subiram muito pouco, em proporção do PIB. Ou seja, a marca do governo Lula foi a transferência de renda às famílias.
Ao definir a política de recuperação do salário mínimo que valerá para os próximos quatros anos, o futuro presidente decidirá se a marca de seu governo continuará sendo a transferência de renda às famílias ou se a prioridade passará a ser educação, saúde e investimento público. Tudo indica que, qualquer que seja o futuro presidente, o ritmo de recuperação do mínimo será reduzido. (Agência Diap)