sexta-feira, 19 de junho de 2009

Cada vez mais está provado que os agentes que batalham a saída para a crise são o governo e os trabalhadores

Governo prepara novas medidas para o crédito

(Postado por Laerte Teixeira da Costa) A ampliação do crédito, nestes tempos de crise, quando os banqueiros se retraem e adotam posições extremamente conservadores e contra os interesses do País, é uma tarefa que depende de iniciativa do Governo. Que tem que agir com as ferramentas que tem à disposição e vigiar se o crédito chega mesmo às pequenas e micro empresas, à pessoa física sem deixar pelo caminho lucros ainda mais astronômicos para os banqueiros, que são também intermediários nestas transações. Oferecer crédito tem que ser a juro baixo, a longo prazo, com critérios que realmente estimulem o reaquecimento da economia e sempre, como reivindicamos, com contrapartida social.

Leia mais: Segundo o ministro, objetivo das medidas é colaborar no esforço para reativar o nível de atividade no País.

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou nesta quinta-feira, 18, que o governo deve anunciar "em breve" novas medidas que devem colaborar no esforço para reativar o nível de atividade no País. "Nós não podemos falar de medidas que ainda estão sendo amadurecidas pelo governo, mas que em breve serão apresentadas, mesmo porque isso poderia influenciar atitudes do mercado e isso não é favorável", disse o ministro. "Na área de crédito, haverá novidade e redução do custo de modo geral", completou Mantega.

Mantega afirmou que a crise foi um verdadeiro teste de estresse para verificar a solidez das economias em todo mundo. "O Brasil apresenta condições sólidas e passou pelo teste de estresse da crise", afirmou. O ministro ressaltou que medidas anticíclicas adotadas pelo governo, especialmente pelo Banco Central e Ministério da Fazenda, foram essenciais para retomar a demanda agregada no País. Porém, ele ressaltou que outras ações deverão ser adotadas pelo Poder Executivo.

O ministro, contudo, ressaltou que o governo está agindo para recuperar o padrão de crescimento dos últimos dois anos, que deve ser atingido a partir de 2010. Ele enfatizou que o governo está criando fundos de aval e garantidores de crédito para ampliar a oferta de financiamentos na economia. Além disso, será implantando o Eximbank - instituição avalista de exportações que já é adotada em outros países, como os EUA e Japão -, a fim de implementar as vendas externas do Brasil.

Dívida em queda — Segundo Mantega, a situação fiscal do Brasil é sólida e permitiu que o governo agisse com rapidez para estimular o consumo e os investimentos, enquanto o mundo passa pela pior recessão dos últimos 70 anos. "Vários países vão registrar déficits nominais elevados neste ano. Nos EUA, o indicador deve chegar a 13,7% do PIB em 2009; no Reino Unido, 11%, enquanto no Brasil deve ficar perto de 2,1%", disse.

O ministro ressaltou que em função do aumento dos gastos oficiais para reanimar suas economias, a dívida pública bruta dos países centrais deve subir nos próximos anos. Esse deve ser o caso dos, EUA, Alemanha, China e Reino Unido. No caso do Brasil, ele ressaltou que a tendência é de queda em 2008, 2009 e 2010. (Leia mais no Estadão)

Usina não será obrigada a dar comida a cortadores de cana

As condições de trabalho mais degradantes de todas as profissões é a do cortador de cana. Essa tentativa agora de maquiar a situação de olho nas exportações de álcool não esconde o fato de as condições de sobrevivência dos cortadores estarem, ainda, aos níveis do século 17 e 18, enquanto que os usineiros se transformaram em grandes grupos com grande poder político e econômico. No campo e nos grandes canaviais e usinas de açúcar e álcool a gente tem a prova da absurda concentração de renda em nosso País. Os usineiros poderiam e podem dar muito mais do que a marmita vazia e o local para esquentar a comida. Podem fornecer comida balanceada que ajudaria e muito a melhorar as péssimas condições de vida e de trabalho no campo.

Leia mais: Acordo diz que será obrigatório fornecer recipiente para manter alimento aquecido.

Com avanços reconhecidos por governo, empresários e trabalhadores, o compromisso nacional para melhorar as condições de trabalho no setor sucroalcooleiro não mexerá na realidade de insegurança alimentar dos cortadores de cana.

A Folha teve acesso ao documento final, que será lançado na próxima quinta-feira pelo presidente Lula. No item alimentação, o compromisso dos usineiros para no fornecimento de recipientes a fim de manter o alimento aquecido.

Os trabalhadores e o próprio presidente esperavam que os empresários assumissem a responsabilidade pela comida.

Semanas atrás, em evento reservado no qual lhe foi apresentado o texto, Lula reclamou com os usineiros. "Você está dando uma marmita térmica, mas cadê a comida? Está vazia?", teria dito, segundo relato de presentes ao encontro.

O fornecimento da alimentação, na prática, traria dois ganhos imediatos aos cortadores: uma refeição balanceada e, em consequência, menos problemas de saúde. "Esse assunto [da alimentação] continuará presente nas negociações e virá ao compromisso, sem dúvida", diz Marcos Jank, presidente da Unica (União da Indústria da Cana-de-Açúcar). Ele cita a logística complicada e o alto custo como os empecilhos atuais.

Segundo os próprios trabalhadores, a ausência desse ponto não esvazia a importância do compromisso nacional, construído por dez meses numa mesa de diálogo entre governo, trabalhadores e empresários, sob a coordenação da Secretaria Geral da Presidência.

"Pela primeira vez no Brasil uma atividade produtiva faz uma discussão como essa. Por isso acreditamos no compromisso", afirma Antonio Lucas, da Contag (Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura). "É um marco que merece ser enaltecido", diz Elio Neves, presidente da Feraesp (Federação dos Empregados Rurais Assalariados do Estado de São Paulo).

Hoje, há 1,2 milhão de pessoas no setor. O foco do compromisso, porém, está nos 500 mil cortadores de cana, vítimas do ritmo exaustivo de trabalho e algumas vezes flagrados em situação degradante.

O lançamento desse compromisso é o primeiro passo para mudar essa realidade e evitar que a imagem do álcool brasileiro no exterior seja atrelado a esse tipo de denúncia. Em 2007, Lula chamou de "heróis" os usineiros brasileiros, o que provocou críticas de acadêmicos e de movimentos sociais. (Leia mais na Folha)

Planalto vai socorrer setor de máquinas

Mantega diz que estão em estudo medidas na área de crédito; fabricantes de bens de capital serão principais beneficiados, afirma Coutinho

Com faturamento 23% menor, indústria cobra incentivos fiscais; governo também avalia medidas para estimular demanda.

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse ontem que o governo em breve apresentará novas medidas para reduzir o custo do investimento para que as empresas pensem em expandir as suas atividades "e o Brasil surja, no pós-crise, com uma economia mais forte". Ele não quis dar detalhes das providências que estão em em análise, mas adiantou que entre elas há decisões "na área de crédito".

Luciano Coutinho, presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), afirmou que o setor de máquinas e equipamentos deve ser o principal beneficiado pelas novidades por ser "estratégico" e "o primeiro a entrar e o último a sair" das crises. "Estamos conversando com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior sobre maneiras de estimular o empresariado a retomar o investimento", disse Coutinho, após participar, com Mantega, em São Paulo, da premiação Destaque Agência Estado Empresas.

Segundo a Folha apurou, o setor de bens de capital já tem reuniões marcadas para a próxima semana com os governos federal e estaduais para discutir as medidas que podem ser adotadas. Entre os pedidos, está o de ampliar a concessão de créditos de PIS/Cofins e de ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) para quem adquire máquinas.

Após Luiz Aubert Neto, presidente da Abimaq (Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos), reclamar bastante da situação do setor, durante a reunião do grupo de acompanhamento da crise em Brasília, anteontem, Mantega encomendou à SPE (Secretaria de Política Econômica), do ministério, um estudo sobre o que pode ser feito.

O ministro argumentou, no encontro, entretanto, que talvez seja melhor lançar mão de outras medidas que estimulem a demanda por equipamentos, em vez de socorrer a indústria de máquinas diretamente. Isso poderia ser feito por meio da abertura de linhas especiais de crédito do BNDES para a aquisição de bens de capital. Desonerações estão praticamente fora de cogitação.

"O segmento está sofrendo um processo de desindustrialização. Já houve demissões de 17 mil funcionários desde outubro, e mais 35 mil podem ser cortados até o final do ano, o que levaria o nível de emprego a retornar ao que era em 2006, com aproximadamente 200 postos de trabalho", disse Aubert Neto à Folha. "Por conta da carga tributária elevada e do dólar baixo demais, os fabricantes importam maquinário da China e somente colocam a sua marca aqui."(Leia mais na Folha)

Bosch demite cerca de 900 trabalhadores em Curitiba

Segundo a empresa, a crise reduziu a demanda no mercado automotivo, o que afetou a companhia

CURITIBA - A Bosch demitiu nesta quinta-feira, 18, cerca de 900 funcionários da unidade que possui na Cidade Industrial de Curitiba e concedeu licença remunerada até o dia 28 para as outras 3 mil pessoas que prestam serviço, entre metalúrgicos e trabalhadores administrativos. Segundo a empresa, a crise reduziu a demanda no mercado automotivo, o que afetou a empresa, líder mundial no fornecimento de tecnologia e serviços. O Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba pretende suspender as demissões com uma liminar no Tribunal Regional do Trabalho, ao mesmo tempo em que chamará o Ministério Público do Trabalho para buscar uma alternativa.

Em uma nota, a empresa afirmou que desde o último trimestre de 2008 o número de pedidos de clientes vem diminuindo, o que a obrigou a uma redução forte no volume de produção, sobretudo de peças destinadas à exportação. A Bosch acentuou ter tentado algumas alternativas como cancelamento temporário de novas contratações, adequação de turnos, férias coletivas e restrição de gastos. Ainda segundo a empresa, o sindicato não aceitou a redução de jornada e salário. "A Bosch lamenta as cerca de 900 demissões efetivadas hoje e informa que esta ação foi necessária para garantir a competitividade da fábrica de Curitiba em longo prazo", disse a nota.

O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos, Sérgio Butka, afirmou que foi uma surpresa o anúncio de ontem. Segundo ele, em 12 de maio o sindicato havia se reunido com a direção da empresa em razão de algumas pessoas que estavam ociosas na fábrica serem obrigadas a fazer outros serviços, inclusive limpeza de banheiros. "O objetivo era fazer com que eles pedissem demissão", disse Butka. Depois de algumas conversas em que o sindicato pretendia que fossem adotadas medidas alternativas para garantir os empregos, a empresa teria avisado que não haveria demissões. "Por isso fomos surpreendidos", ressaltou. (Leia mais no Estadão)

Confiança do consumidor volta a crescer

A confiança do consumidor na economia brasileira cresceu pela primeira vez desde a piora da crise econômica global, em setembro de 2008. De acordo com levantamento da CNI (Confederação Nacional da Indústria), houve alta de 3,7% do índice no segundo trimestre ante o trimestre anterior.

Segundo a CNI, a melhora foi motivada pelas expectativas para emprego e inflação. O otimismo sobre esses índices cresceu 17% e 11,2%, respectivamente, ante o trimestre passado. Em relação à renda, a expectativa teve leve piora (-0,4%).

Em São Paulo, pesquisa da Fecomercio SP (Federação do Comércio de São Paulo) aponta que o endividamento das famílias paulistanas caiu pela segunda vez consecutiva: o total de famílias endividadas atingiu 49% em junho, ante 52% em maio. (Folha on line)