sexta-feira, 10 de outubro de 2008

A crise econômica é um tsunami, mas o Brasil é muito maior que a crise

BC poderá intervir em banco socorrido

Os analistas estão chamando as novas medidas do BC e do CMN de “Proer do Lula”.  O rigor anunciado, se devidamente cumprido, sem conchavos de bastidores, tenderá a gerar uma onda de austeridade no sistema financeiro brasileiro. Faltará, apenas, um controle muito mais rígido sobre as políticas de juros e também um controle rigoroso sobre as taxas bancárias, que são uma verdadeira praga contra o correntista, mesmo com o controle anunciado há meses pelo governo federal. Os banqueiros estão acostumados a fazer o que bem entendem. Agora, pegos no contrapé, é hora de o Estado brasileiro assumir o controle e disciplinar. A favor do Brasil, dos brasileiros e de nossa economia.

Leia o que foi publicado nos sites: Autoridade monetária terá poder de suspender reajustes salariais para executivos e limitar distribuição de dividendos

CMN regulamenta medida que dá ao BC possibilidade de emprestar dinheiro para instituições financeiras que tenham problemas de caixa

O Banco Central terá carta-branca para gastar o valor que julgar necessário para socorrer instituições financeiras que estejam com dificuldades, desde que receba, em troca, garantias de que o empréstimo concedido vá efetivamente ser pago. Além disso, o BC também terá poder de intervir diretamente na administração dos bancos que forem socorridos.

Ontem, o CMN (Conselho Monetário Nacional) regulamentou, em reunião extraordinária, a medida provisória publicada na segunda-feira que dá ao Banco Central a possibilidade de emprestar dinheiro para instituições financeiras que tenham problemas de caixa.

Em troca, os bancos devem oferecer parte de suas carteiras de crédito como garantia.

Essas operações, qualificadas pelo governo de "compra" das carteiras de crédito, poderão ser feitas tanto em reais quanto em moeda estrangeira.

Os bancos que recorrerem a empréstimos em reais poderão sofrer restrições por parte do BC, que terá poder, por exemplo, para suspender reajustes salariais para os executivos da instituição e limitar a distribuição de dividendos para seus acionistas.

Regras rígidas — Para Carlos Thadeu de Freitas, ex-diretor do BC, a instituição aprendeu com os "erros do passado" e fez regras mais rígidas que o socorro dado às instituições financeiras com o Proer, no governo Fernando Henrique Cardoso, em 1995.

O economista pondera que o risco para a autoridade monetária também é maior, por isso a exigência de acompanhar de perto a administração do banco no dia-a-dia.

"O BC criou essa linha de empréstimo aos bancos que não é para ser usada. A instituição tem que ser extremamente cautelosa, porque ela não conhece de fato o risco da carteira de crédito do banco, porque não conhece as empresas e pessoas que são clientes desse banco. No Proer, todos estavam falidos, então os riscos eram conhecidos", afirmou Freitas.

O economista avalia também que será difícil para o Banco Central acompanhar a administração dos bancos que tomarão empréstimo oferecendo a carteira de crédito como garantia. Segundo Freitas, são muitas exigências difíceis de serem monitoradas.

Liquidez — O economista-chefe da consultoria Austing Rating, Alexsandro Agostini Barbosa, avalia que as medidas adotadas pelo governo serão um instrumento eficaz de injeção de liquidez nos bancos de pequeno e médio porte.

"O mercado brasileiro não tem uma crise de liquidez. O problema é que os recursos estão empoçados nos grandes bancos", afirmou.

Para ele, a decisão de vetar aumento de salários a executivos de bancos que pedirem socorro ao BC é mais uma forma de mostrar que não haverá "farra" com o dinheiro emprestado. "Não adianta o banco tentar proteger capital de executivo", disse Barbosa.

Garantias — Ainda no caso do socorro em reais, o Banco Central só aceitará como garantia carteiras de empréstimos com baixa probabilidade de inadimplência -classificadas nos primeiros três dos nove níveis de risco estabelecidos de acordo com critérios do próprio BC.

Além disso, o BC exigirá como garantia uma carteira de crédito que seja, no mínimo, equivalente a 120% do empréstimo pretendido pelos bancos.

Ou seja, para receber R$ 100 do BC, a instituição financeira terá que oferecer, em troca, uma carteira que seja de pelo menos R$ 120.

No caso dos empréstimos em dólares, os bancos terão que oferecer como garantia títulos da dívida externa emitidos pelo governo brasileiro ou por qualquer outro país, desde que, segundo agências internacionais de classificação de risco, sejam considerados de baixíssimo risco de calote.

Nesse caso, também serão aceitos outros dois tipos de garantia: carteiras de financiamentos à exportação concedidos no Brasil e, a critério do BC, garantias reais -imóveis pertencentes ao banco ou mesmo ações da instituição financeira em questão.

Prazo de um ano — Tanto nos financiamentos em dólar quanto em reais, o prazo para que os bancos paguem de volta o BC não pode ultrapassar um ano.

Se após o vencimento do empréstimo a instituição financeira não tiver como quitar seu compromisso, o BC assume definitivamente os ativos entregues como garantia e poderá vendê-los no mercado para cobrir suas perdas.

Caso, mesmo assim, as garantias não sejam suficientes para compensar o prejuízo causado pela falta de pagamento, a diferença será coberta pelo Tesouro Nacional.

O uso das reservas internacionais e a criação de um novo empréstimo do Banco Central foram adotadas com o objetivo de reduzir os efeitos do agravamento da crise financeira dos Estados Unidos na economia brasileira.

Essa piora diminuiu a oferta de crédito e criou dificuldades para as instituições que pegavam dinheiro no exterior para as operações realizadas no mercado interno.

Por meio das reduções do compulsório que os bancos recolhem, que foram realizadas nas últimas três semanas, o Banco Central também decidiu liberar mais R$ 59,9 bilhões para os bancos.

Renda avança 15% por ano de estudo, mostra a FGV

Essa constatação a UGT já fazia sem ter os números precisos que a atual pesquisa da FGV nos mostra. Educação e qualificação é a maneira mais rápida e direta de se acumular aumento de renda, de salário e de qualidade de vida, com reflexo direto na nossa vida. É por isso que a UGT tem como sua principal bandeira a Educação e a Qualificação. Todos nós, independente do estágio de formação, temos que continuar a investir na própria qualificação e ajudar os que ainda não têm condições a voltar para os bancos escolares ou para os cursos de reciclagem e de qualificação profissional.

Veja o que foi publicado:

A cada ano a mais de estudo, o brasileiro amplia o seu salário em média 15,1% e o ganho é maior conforme aumenta a escolaridade, diz a pesquisa "Você no Mercado de Trabalho", divulgada ontem pela FGV (Fundação Getúlio Vargas).

Baseado em dados da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) de 2007, do IBGE, o levantamento mostra que, ao sair do último ano do ensino superior e passar para o primeiro da pós-graduação, o chamado "prêmio" de educação cresce 47,4% -de R$ 2.332,04 para R$ 3.437,09. Do último ano do ensino médio para o primeiro do superior, o ganho é de 19%. A diferença cresce com a maior escolaridade.

Segundo Marcelo Neri, diretor do Centro de Políticas Sociais da FGV, o acesso à educação explica a maior parte das discrepâncias salariais no mercado de trabalho.

Nos anos 70, quando havia pouca mão-de-obra qualificada, os salários dispararam no topo da pirâmide, ampliando a distância entre os mais e os menos escolarizados, diz ele.

Agora, segundo Neri, a realidade começa a se alterar lentamente. De 2002 a 2007, a diferença salarial entre os mais estudados e os sem instrução caiu 12,5%. "O retorno da educação está em queda porque há mais oferta de mão-de-obra qualificada", explica.

Em campanha salarial, patrão brasileiro só entende o argumento da mobilização direta

Os trabalhadores brasileiros colocam em prática o único argumento que setores do patronato entendem: parar a produção para retomar as negociações salariais. No Brasil temos o empresário típico que se o ano foi ruim, tem a desculpa para não negociar reajustes. Se o ano foi bom, ameaça com o futuro, para também não repassar ganhos. Nestes casos, como os comerciários de São Paulo, farão a partir da próxima semana, é hora de mobilizar, ir para as ruas e mostrar para a opinião pública a voracidade patronal. Ainda temos uma das classes patronais mais atrasadas do mundo, infelizmente.

Veja o que está sendo publicado sobre as mobilizações nestes tempos de Campanha Salarial e os resultados conseguidos:

Segundo entidades, já foram firmados 28 acordos salariais.

Categoria reivindica aumento de vencimento e fim das terceirizações.

Os metalúrgicos de São Paulo realizaram mais nove paralisações de uma e duas horas em empresas fabricantes de máquinas, equipamentos e eletroeletrônicos da capital, informou nesta quinta-feira (9) o Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo. Na véspera, haviam sido promovidas manifestações semelhantes em 17 empresas.

De acordo com a entidade, entre ontem e esta quinta foram firmados 28 acordos salariais diretos, om reajuste de 11,10% aos trabalhadores. “Estamos buscando o maior número possível de acordos diretos, ao mesmo tempo em que estamos negociando com os demais grupos patronais, na expectativa de fechar acordo" afirma em comunicado Miguel Torres, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo e Mogi das Cruzes.

Reivindicações — A categoria reivindica aumento salarial, valorização do piso salarial, fim das terceirizações, cumprimento da Convenção 158 da Organização Internacional do Trabalho (contra demissão imotivada). A campanha salarial envolve 54 sindicatos de metalúrgicos no estado.

Especialista diz que Brasil precisa dar continuidade às reformas mesmo com crise

Tudo é uma questão de lição de casa. Como fizemos parte da lição e não soubemos aproveitar a onda favorável na política interna e na economia internacional para acelerar as reformas, ainda há tempo de continuar a fazer o dever de casa e completar as reformas pendentes. Sempre atentos para incluir todos os setores, especialmente, os trabalhadores e suas lideranças, nas discussões e encaminhamentos das propostas pró reforma.

Leia mais: A crise econômica americana afeta a todos os países, inclusive o Brasil, segundo especialistas ouvidos hoje (9) pela Agência Brasil durante um painel de debates sobre a turbulência no mercado financeiro global na Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), em São Paulo. Para o economista e professor da Faculdade de Economia e Administração (FEA) da Universidade de São Paulo (USP) Roberto Troster, o Brasil precisa começar a exercer seu papel de país do futuro.

"O Banco Central está tomando as decisões certas, mas não na urgência que elas necessitam ser tomadas. É hora de desespero, então podemos usar as reservas, injetar recursos. Destino não acontece, é a gente que faz acontecer. Temos potencial, mas é preciso agir de acordo com o Brasil que quermos ser", afirmou.

Segundo o professor, o "Brasil fez bem a lição de casa". "Mas ainda tem muito o que fazer, como as reformas trabalhista, da previdência e do judiciário e melhorar a composição dos gastos públicos", disse.

O professor e diretor de relações internacionais da ESPM Rio, Alexandre Espírito Santo, explica que a situação da economia brasileira não está favorável como alertam as autoridades. "Agora o presidente Lula se deu conta que é sim um tsunami", comentou o especialista.

Para Espírito Santo, as novas atitudes do Banco Central, como vender dólar, foram acertadas. "Só a presença do BC já é importante e suficiente para acalmar os mercados. As confusões na bolsa e no câmbio eram reflexo da falta de ação do banco", pontou.

Os especialistas alertam que prever o futuro é quase impossível e que boa parte da solução da crise econômica está vinculada às eleições presidenciais dos Estados Unidos. "Dependendo de quem for eleito, os cenários mudam. Agora o futuro está na mão dos americanos", explicou Troster. Para o professor da ESPM, as próximas três semanas serão difíceis, mas o Natal ajudará a economia. "Há um aquecimento natural nesta época do ano e acredito que os brasileiros terão boas festas", disse.

Embora a avaliação dos efeitos da crise seja negativa, o economista não fez previsão de aumento da inflação ou crescimento da taxa de desemprego. "As pessoas vão adiar viagens e compra de carro novo, mas continuarão consumindo. Teremos uma deflação dos preços e um desacelaramento pequeno da economia, mas o emprego não parece que será afetado."

Projeto prevê R$ 1 bi para formar professores no País

Eis uma decisão extraordinária que se for levada a efeito, a curto prazo, mudará o futuro do Brasil. Mais do que na hora de incentivar homens e mulheres que, até agora só por vocação, cuidam de nossas crianças, ou seja, do futuro do Brasil. A UGT apoia e participa de todas as iniciativas do Ministério da Educação para revigorar a qualidade de nosso ensino, especialmente, os investimentos diretos nos professores, como anuncia o MEC.

Leia mais: MEC pretende incentivar Estados a criarem planos de formação usando cursos de universidade pública

O Ministério da Educação (MEC) pretende usar R$ 1 bilhão para incentivar os Estados a elaborarem planos de formação de professores usando a capacidade de suas universidades estaduais, municipais e federais. Os projetos terão de ser aprovados pelo governo federal para receber a verba. A medida faz parte do Sistema Nacional Público de Formação de Profissionais do Magistério, a ser criado com o objetivo de suprir a falta de docentes na rede pública.

Um decreto que regulamenta o novo programa será apresentado hoje e aberto à consulta pública. Estima-se que seriam necessários 100 mil professores a mais por ano para suprir a demanda no País."Nós sabemos que a formação de qualidade está nas universidades públicas. Queremos dar escala e formar cada vez mais professores", disse ao Estado o ministro da Educação, Fernando Haddad. A nova medida foi motivada pela constatação de que mais de 70% dos docentes aptos a lecionar no ensino básico se formam em universidades privadas.

O sistema prevê investimentos tanto para graduação quanto para educação continuada dos professores. O dinheiro do governo federal deverá ser usado para pagar bolsas aos professores das instituições que queiram se dedicar aos cursos de formação de docentes. Materiais didáticos também serão financiados pelo MEC. O que chama a atenção no sistema é o fato de a União montar planos conjuntos e oferecer dinheiro não só para universidades federais, mas também para estaduais e municipais, algo inédito.

O País tem hoje 46 instituições de ensino superior mantidas por Estados e municípios, com 800 mil alunos. Segundo o presidente da Associação Brasileira de Reitores das Universidades Estaduais e Municipais (Abruem), João Carlos Gomes, a proposta do MEC foi bem recebida. Paraná, Santa Catarina e alguns Estados do Nordeste e Norte já começaram a elaborar seus planos, segundo ele. "Se não houvesse dinheiro do MEC, não teria como aumentar o número de professores", diz Gomes.

Hoje, há 4,9 milhões de alunos em cursos de formação de professores no País, 1,2 milhão em instituições públicas (664 mil em estaduais e municipais). O presidente do movimento Todos pela Educação, Mozart Ramos, diz que apóia o projeto, mas teme que seja difícil envolver universidades federais na formação de professores. "Elas estão mais interessadas em pesquisa, em formação científica. Os professores se dedicam mais aos bacharéis, que podem virar mestres e doutores."

Para a presidente do Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed), Dorinha Seabra, os programas de formação de docentes precisavam de uma política pública nacional. "Cada curso ensina o que quer, os currículos estão distantes da escola pública e a qualidade é questionável." Pesquisa recente feita pela Fundação Carlos Chagas mostrou que só 20% dos currículos de Pedagogia do País tratam de práticas de ensino.

MÚLTIPLOS PROBLEMAS — O País enfrenta hoje múltiplos problemas relacionados à formação do professor e à carreira do profissional. No ano passado, o Conselho Nacional de Educação (CNE) chegou a divulgar um estudo que mostrava um déficit de 246 mil docentes.

O MEC então elaborou outro documento mostrando que havia professores em número suficiente, cerca de 1,6 milhão, mas a maioria não era licenciada nas áreas específicas em que davam aulas. As disciplinas mais críticas são as ciências e a matemática. Em física e química, por exemplo, há, respectivamente, 6 mil e 8 mil professores licenciados no Brasil. Outro problema são os 40% dos professores que atuam nas escolas brasileiras e não são formados em ensino superior.

Segundo Haddad, a formação de professores era o capítulo que faltava em sua gestão. "Mas é o mais complexo, porque depende também da ação de universidades, mantidas ou não pelo MEC." De acordo com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), a formação é responsabilidade de Estados e municípios, e não da União. "É uma mudança conceitual, um regime de colaboração que está saindo do papel."