quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Centrais sindicais participam, no dia 18, de Comissão Geral, que dará início á redução da jornada para 40 horas semanais

Câmara vai promover comissão geral sobre redução da jornada

O deputado Roberto Santiago (PV-SP), vice-presidente da União Geral dos Trabalhadores (UGT), representou a central em encontro que aconteceu agora cedo com o presidente da Câmara dos Deputados, deputado Michel Temer. Entre as pautas de interesse dos trabalhadores, foi encaminhado e decidido que a Câmara vai promover uma comissão geral no próximo dia 18 para discutir a Proposta de Emenda à Constituição 231/95, que reduz de 44 para 40 horas a carga horária máxima de trabalho por semana.

“O presidente Michel Temer foi extremamente receptivo às propostas das centrais e na comissão geral que se reunirá no dia 18, com a presença de todas as centrais sindicais, confederações, federações e representantes patronais será dado início às negociações, debate e marcada a data para a votação da redução da jornada de 40 horas em plenário”, afirma Roberto Santiago.

Além da UGT, participaram da reunião com Michel Temer representantes das centrais Força Sindical, CUT, NCST, CTB e CGTB. A intenção dos sindicalistas é viabilizar a votação da PEC na primeira ou na segunda semana de setembro.

As centrais vão iniciar nos próximos dias uma série de ações para pressionar a Câmara a aprovar a proposta. “No próximo dia 14 de agosto a UGT e as demais centrais vão promover manifestações em todas as capitais pela aprovação da PEC. As ações ainda incluirão reuniões com líderes para negociar apoio das bancadas para a inclusão da matéria na pauta do Plenário”, afirma Roberto Santiago.

Leia mais informações de hoje, de interesse dos trabalhadores brasileiros:

Produção industrial caiu no 1º semestre em todas as regiões pesquisadas, diz IBGE

A produção industrial caiu no primeiro semestre em todas as 14 regiões pesquisadas, revelou nesta quarta-feira o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Na média nacional, a queda foi de 13,4% entre janeiro e junho, frente a igual período do ano passado, pior semestre desde o início da medição pelo IBGE.

O maior recuo da produção industrial regional ocorreu no Espírito Santo (-29,3%), o maior da série histórica. Houve queda expressiva ainda em Minas Gerais (-21,3%), Amazonas (-16,8%), São Paulo (-14,4%) e Rio Grande do Sul (-13,5%). No Rio de Janeiro, a produção da indústria teve perda de 8,5% no primeiro semestre do ano.

Segundo o IBGE, os números refletem o menor dinamismo das exportações e dos setores produtores de bens de consumo duráveis (automóveis, telefones celulares, eletrodomésticos) e de bens de capital, confrontados com uma base elevada de comparação de junho de 2008, quando a indústria nacional registrou 6,3% de crescimento.

Considerando o segundo trimestre, também houve recuo em todas as áreas pesquisadas. No mês de junho, doze dos 14 locais pesquisados pelo IBGE registraram recuo frente a junho do ano passado. A maior queda (-25,2%) ocorreu no Espírito Santo.

Houve alta na produção industrial apenas na Bahia (2,4%) e em Goiás (1,1%). O desempenho nessas duas regiões foi puxado, segundo o IBGE, pelo setor de produtos químicos. Na Bahia, houve paralisação para manutenção em junho de 2008, ou seja, a base de comparação foi baixa. Em Goiás, houve encomendas especiais em junho deste ano. (Leia mais em O Globo)

Economistas estão mais otimistas com quadro externo e local

Em que pesem as incertezas sobre o momento presente, o otimismo dos economistas brasileiros em relação ao futuro continua aumentando. Além disso, em recente pesquisa da Fecomercio-SP e da Ordem dos Economistas do Brasil, o Índice de Sentimento dos Especialistas em Economia (ISE) registrou otimismo pela primeira vez desde agosto do ano passado, passando de 95,8 pontos em junho para 105,4 pontos no mês passado.

O indicador mostra ainda que cinco dos nove quesitos apresentaram melhora de confiança, inclusive o item emprego, que passou de 87,9 pontos em junho para 111,6 pontos em julho.

De acordo com o levantamento, avaliação sobre o cenário atual ficou em 84,3 pontos, ainda abaixo do patamar de otimismo (100 pontos). Mas a avaliação sobre o futuro encontra-se em 126,4 pontos, um aumento de 10,9% em relação ao último levantamento.

Ao avaliar o comportamento dos nove quesitos, chama atenção o otimismo dos especialistas no item cenário internacional, que avançou para 145,2 pontos, mostrando que a leitura dos analistas é de que a crise lá fora deu espaço para um cenário de recuperação.

Em relação à atividade doméstica, o indicador chegou a 145 pontos, o que também sinaliza otimismo relevante. Sobre a taxa de câmbio, a avaliação é um pouco menos otimista, levando o item para um nível de 123,7 pontos. Já o indicador sobre a oferta de crédito ao consumo também estaria indo bem, mas longe do ideal, em 115,2 pontos.

A análise dos economistas sobre inflação ainda é reticente. Mesmo com as previsões todas em linha com a meta oficial, os agentes levaram o índice a 105,4 pontos, o que se aproxima bastante de uma avaliação pessimista (abaixo de 100 pontos).

Os três itens ainda localizados nesse campo do pessimismo são gastos públicos, que estão no menor nível histórico do índice, em 33,3 pontos, taxa de juros, que ficou em 78,9 pontos, o que indica que haveria espaço para reduções adicionais das taxas, e a análise sobre os salários reais, que ficou situada em 89,9 pontos.

(Valor Online)

Cesta básica fica mais barata em 15 capitais, mostra Dieese

A cesta básica ficou mais barata em 15 das 17 capitais pesquisadas pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socieconômicos (Dieese) em julho, na comparação com o mesmo mês de 2008. A queda foi puxada pelos preços do tomate, óleo de soja e arroz, entre outros produtos.

No confronto com o mês de junho deste ano, a diminuição de preços também predominou em 14 capitais, assim como no acumulado de sete meses deste ano. No período de 12 meses findos em julho, a cesta ficou mais barata em 15 das 16 capitais pesquisadas para essa contagem.

De acordo com o levantamento divulgado hoje, na comparação com junho, as reduções mais significativas foram notadas em Goiânia, onde o conjunto de itens básicos caiu 8,11%, para R$ 195,55, seguido de Rio de Janeiro (-3,78%), Fortaleza (-3,47%) e Curitiba (-3,19%).

No grupo de capitais onde a cesta ficou mais cara aparecem apenas três casos, todos com variações modestas de aumento: Manaus (+ 0,75%), Brasília (+0,69%) e Belém (+0,05%).

No mês passado, a cesta mais cara continuou pertencendo à cidade de Porto Alegre, que fechou o mês valendo R$ 237,45, após recuo de 2,55% ante junho. São Paulo também manteve a segunda cesta mais cara do país, no valor de R$ 227,17, após baixa de 0,41% de junho para julho.

No acumulado de janeiro a julho, o destaque de baixa fica com o Rio de Janeiro, onde o conjunto de itens ficou 11,64% mais barato, e Aracaju, onde o preço da cesta caiu 10,25% em sete meses e continua representando a capital com a cesta mais barata entre as pesquisadas, de R$ 173,47.

Entre os produtos que formam a cesta chama atenção a trajetória do tomate, cujo preço despencou em 16 capitais de junho para julho, com mais força em Goiânia (-32,76%). O produto também acumula redução em 12 meses, devido ao aumento da oferta proporcionado por clima favorável até julho.

No caso do óleo de soja, que também sofreu queda em 16 cidades, a baixa mais significativa foi vista em Vitória, onde o produto ficou 6,32% mais barato. O arroz, que tem peso significativo na composição, teve redução de preço em 13 capitais, com maior vigor em Brasília, onde a baixa chegou a 8,13% em julho.

Com o recuo do preço da cesta básica no mês na maioria das capitais, também houve redução do tempo de trabalho necessário para a compra dos itens básicos de alimentação. No mês passado, na média das 17 capitais, o trabalhador que ganhava salário mínimo precisou cumprir uma jornada de 97 horas e 12 minutos para adquirir os produtos que compõem a cesta, menos do que as 98 horas e 58 minutos necessárias em junho. Em julho de 2008, o tempo médio necessário foi de 117 horas e 08 minutos.

Houve forte baixa também no valor do salário médio considerado ideal para suprir as despesas do trabalhador com alimentação, moradia, saúde e educação, além de vestuário, higiene, transporte, lazer e previdência. O ganho médio necessário, que em junho era R$ 2.046,99, passou a ser de R$ 1.994,82 no mês passado. Um ano antes, o valor estabelecido era de R$ 2.178,30. (Leia mais em O Globo)

Meirelles reconhece melhora, mas tenta refrear a euforia

O presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles, pediu ontem cautela ao mercado financeiro. Apesar do prognóstico positivo para a economia brasileira, dos sinais de recuperação e previsão de crescimento sustentável em 2010, Meirelles chama investidores a colocar o 'pé no chão'. "O Brasil tem uma série de condições favoráveis em todos os aspectos isto, no entanto, não pode servir de base para euforias ou exageros de precificação, porque os exageros levam sempre a volatividade futura e, portanto, o pé no chão é útil para todos, inclusive para investidores", disse.

O recado dado por Meirelles durante audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, veio em mais dia de dólar em queda - quinta consecutiva, atingindo o menor nível desde setembro do ano passado - e de Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) em alta.

Durante apresentação sobre a execução da política monetária no Senado, Meirelles disse que as compras de dólares realizadas desde maio, quando a moeda norte-americana voltou a cair, ajudaram a recompor as reservas internacionais brasileiras, que atingiram nesta semana o patamar recorde de US$ 212 bilhões. O volume é cerca de US$ 7 bilhões superior ao registrado no início da crise. Além das compras do BC, contribuiu também a valorização dos títulos nos quais as reservas estão aplicadas. Segundo Meirelles, o BC resgatou ou recomprou cerca de 70% dos dólares injetados no mercado de câmbio durante o pior momento da crise econômica. Dos US$ 39 bilhões disponibilizados por leilões de empréstimos e vendas de dólares, US$ 28,2 bilhões já voltaram para as reservas. Até o final de julho, o Banco recomprou US$ 8,2 bilhões dos US$ 14,5 bilhões vendidos e resgatou US$ 20 bilhões dos US$ 24,5 bilhões em prestados. Além desses empréstimos e vendas, o BC realizou operações com contratos cambiais no valor de US$ 33 bilhões - operações que já foram "zeradas".

Entre as medidas anti-crise tomadas pela autoridade monetária, Meirelles citou a redução de depósito compulsório que já chega ao montante de R$ 99,8 bilhões. Com o crescimento dos depósitos bancários desde então, o presidente do BC estima que os compulsórios estejam hoje R$ 119 bilhões abaixo do valor que estariam dentro das regras pré-crise. Atualmente, há R$ 179 bilhões em compulsórios depositados no BC. Meirelles afirmou que os bancos pequenos e médios já mostram recuperação e crescimento do crédito na margem. Segundo ele, a melhora se deve as ações adotadas pelo BC para estabilizar o mercado e garantir a liquidez para esses bancos (injeção de liquidez que soma R$ 41,8 bilhões).

Também durante exposição para os senadores, o presidente do BC disse que pela primeira vez, a economia brasileira atingiu um patamar de desemprego abaixo do da Europa. Meirelles disse não haver dúvida de que a economia brasileira vem apresentando uma taxa de desemprego menor do que nos países da Europa e nos Estados Unidos. No Brasil, o desemprego, que chegou a 9% em março de 2009, caiu para 8,1% em junho. Na Europa, onde também estava em 9% em março, subiu para 9,4%. O nível atual de desemprego no Brasil, embora mais alto do que o de 2008, está abaixo do registrado em 2007, observou. (Leia mais em O Globo)

Para Mantega, é hora de o Brasil arrumar a casa

A crise internacional começou a ser superada devido à implementação de políticas contracíclicas pela maioria dos países, e o Brasil deve registrar crescimento no segundo trimestre deste ano. Já a economia americana voltará a crescer a partir do terceiro trimestre - houve redução da queda no segundo. A afirmação foi feita pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, depois de se reunir com o secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Timothy Geithner, ontem, em Washington. “Apagamos o incêndio. Agora, chegou a hora de reconstruir a casa”, disse o ministro.


Segundo Mantega, os países emergentes superaram a crise econômica com mais facilidade do que os avançados. Agora, “não há mais riscos de quebradeiras no sistema financeiro e o crédito retornou a patamares pré-crise”. Na avaliação do ministro brasileiro, a melhora ocorreu graças às políticas contracíclicas, com o aumento dos gastos governamentais para aquecer a economia.

“Os Estados Unidos foram os que mais gastaram. O Brasil também levou adiante estas políticas, mas precisou gastar menos”, avaliou Mantega.

Perguntado se isso significava uma crítica ao programa de estímulo norte-americano, o ministro respondeu que não. “Aqui o buraco foi mais embaixo. Se estivesse nos Estados Unidos, teria adotado uma política parecida com a deles.” O motivo para os menores gastos do governo brasileiro foi a situação econômica melhor se comparada com a americana, de acordo com Mantega. O Brasil, disse o ministro, injetou no máximo US$ 30 bilhões na economia, enquanto os Estados Unidos planejam gastar US$ 787 bilhões. Apesar dos menores gastos, causados tanto pelo PIB menor quanto pelo estado menos grave da economia brasileira, as políticas contracíclicas brasileiras tiveram qualidade.

Segundo Mantega, graças a estas ações, o PIB crescerá 1% já em 2009. “Caso não fosse feito nada, a economia teria caído entre 1,5% e 2%.” Um exemplo, segundo o ministro, é que o Brasil deixou de arrecadar IPI na venda de automóveis. Mas, afirmou Mantega, isso permitiu que 400 mil veículos a mais fossem vendidos, com maior arrecadação por meio do PIS e do Cofins. “Outros países gastaram mais e com resultados piores”, afirmou.

Os Estados Unidos não estariam incluídos entre eles, na avaliação do ministro. “Não havia saída. Eles precisavam realizar um programa de estímulo”, acrescentou. Mantega informou que a expectativa é de que o superávit primário do Brasil volte a crescer em 2010 e que o déficit fiscal seja zerado a partir de 2011 ou 2012. “A nossa dívida está em trajetória descendente”, afirmou. O ministro defendeu ainda a imposição de limites para o gasto com o funcionalismo público.

PIB mundial reverterá em 2010 declínio econômico deste ano
A expectativa das instituições financeiras em Wall Street é de que o PIB mundial em 2010, no cálculo do ano como um todo, mostrará reversão do declínio econômico projetado para o número relativo a 2009. A melhora econômica global esperada para o semestre final deste ano não irá aparecer no PIB total do ano, que deve ficar no território negativo.

Para os economistas, o avanço do PIB mundial ao longo do próximo ano irá ocorrer em uma taxa muito inferior ao período anterior à crise, mas está garantido pelos efeitos dos vigorosos estímulos fiscal e monetário implementados por diversos países e desova de estoques pelas corporações em escala mundial. Portanto, as incertezas concentram-se, em grande parte, para depois, em 2011.

Em Nova Iorque, a avaliação entre economistas é que as políticas contracíclicas devem garantir que o PIB mundial volte ao território positivo no cômputo anual em 2010, em uma faixa projetada entre 1,9% e 3,6%. Os números projetados ficam muito abaixo da taxa média de crescimento mundial de 5% por ano registrada em quatro anos até 2007, marcando o período da taxa sustentada mais elevada desde a década de 1970, segundo cálculos do Fundo Monetário Internacional (FMI).

De toda forma, de acordo com a percepção dos especialistas, os números estimados para 2010 vão reverter a queda da atividade econômica que aparecerá na somatória do número neste ano. Ainda que as projeções para as taxas dos trimestres finais em 2009 estejam no terreno positivo, as previsões para o PIB mundial em 2009 como um todo ficam concentradas em um intervalo entre -2,6% a -1,2%, em face da pior crise econômico-financeira que atingiu a economia do planeta desde a Grande Depressão.

Além da confiança na eficácia dos estímulos econômicos, as projeções para o PIB mundial também se sustentam na reação da indústria global esboçada nos meses recentes. “Sete meses depois de registrar a maior baixa histórica, de 33,7 pontos, a pesquisa de manufatura global do Índice dos Gerentes de Compras (PMI, na sigla em inglês) finalmente atingiu o nível neutro de 50 pontos em julho, sugerindo que o colapso histórico de um ano e meio na atividade de manufatura terminou no último mês”, desabafa o economista David Hensley, que coordena esta sondagem no JPMorgan. A marca dos 50 pontos é a fronteira que separa trajetórias de expansão e retração da atividade.

De acordo com a pesquisa da instituição, a expansão da indústria mundial no futuro é sinalizada pela combinação de níveis deprimidos de estoques em escala mundial e aumento dos subíndices de novas encomendas. Dados levantados indicam que 76% dos países acompanhados na sondagem do JPMorgan registraram elevação da produção e 86% mostraram aumento no índice de novas encomendas. “Esta consistência entre os países é um sinal poderoso que uma retomada robusta da produção industrial está a caminho.”

Exportadores devolveram ao Banco Central US$ 20 bilhões
Com a melhoria das condições de crédito, exportadores já devolveram US$ 20 bilhões que haviam sido emprestados ao setor pelo Banco Central (BC) no auge da crise. Dados apresentados ontem pelo presidente do BC, Henrique Meirelles, mostram que as empresas já retornaram mais de 80% do dinheiro que saiu das reservas internacionais entre novembro do ano passado e maio passado para dar sustentação ao crédito do setor. Segundo Meirelles, restam apenas US$ 4,5 bilhões que devem ser devolvidos nos próximos meses. 

O retorno dos dólares ao caixa do BC tem sido gerado pela melhora expressiva das condições do mercado de crédito em dólares. Dados do mercado de câmbio mostram que desde abril o fluxo de moeda estrangeira é positivo para o Brasil, o que indica entrada de recursos. 

O ingresso desses dólares aumentou a oferta de crédito externo no sistema financeiro e, ao mesmo tempo, reduziu o juro. Juntos, esses fatores fizeram a operação do BC cair em desuso. O último leilão de linhas de crédito aconteceu em 4 de maio.

A principal explicação para o desinteresse do mercado pelos recursos do BC é o custo. Na média, as linhas do BC tinham juro que girava em torno de Libor (raxa básica do mercado de Londres) acrescida de 1%. Atualmente, porém, há fontes mais baratas no mercado, cujas taxas rondam a Libor somada de 0,7%.
As operações do Banco Central começaram no início de novembro de 2008 com o forte agravamento da crise internacional. Para amenizar a falta de crédito externo, o BC passou a emprestar dólares das reservas internacionais. Nessas operações, os contratos de exportação eram entregues como garantia, em caso de inadimplência. Ao todo, foram repassados US$ 24,5 bilhões às companhias exportadoras.

Inflação sob controle é fator de estabilidade, garante Meirelles
O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, avaliou ontem, durante audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, que a inflação brasileira sob controle e com expectativas de ficar dentro da meta inflacionária é um dos fatores de estabilização da economia brasileira neste momento. Ele abriu a audiência pública traçando um panorama da economia mundial e brasileira no cenário de crise financeira internacional. Segundo Meirelles, o Brasil entrou em boas condições na crise, com US$ 205 bilhões de reservas internacionais, demanda, investimentos e produção crescentes. Segundo ele, isso garantiu à economia brasileira uma capacidade de crescimento maior depois da crise.

Ao avaliar o cenário econômico internacional, Meirelles disse que um dado importante a ser observado é a percentagem das instituições que estão diminuindo ou planejando diminuir seus empréstimos ao consumidor. Esse valor era de 70% no auge da crise e agora caiu para 50%. Outro aspecto importante, segundo ele, é o fato de que a economia brasileira atingiu um nível de desemprego abaixo do da Europa. Para ele, não há dúvida de que a economia brasileira vem apresentando uma taxa de desemprego menor do que nos países da Europa e nos Estados Unidos. Enquanto o desemprego começou a cair no Brasil, depois de ter subido com a crise financeira, a Europa mantém taxa de crescimento. No Brasil, o desemprego, que chegou a 9% em março de 2009, caiu para 8,1% em junho. Na Europa, onde também estava em 9% em março, subiu para 9,4%. O nível atual de desemprego no Brasil, embora mais alto do que o de 2008, está abaixo do registrado em 2007.

Meirelles afirmou ainda que os bancos pequenos e médios já mostram recuperação e crescimento do crédito na margem. Segundo ele, a melhora nesse grupo de instituições mais atingidas pela crise é reflexo das ações adotadas pelo BC para estabilizar o mercado e garantir a liquidez para esses bancos. O presidente do BC lembrou que a injeção de liquidez para as instituições de menor porte foi de R$ 41,8 bilhões. O estoque de crédito concedido pelos bancos pequenos e médios, apesar do crescimento na margem, acumula variação negativa de 1,5% desde setembro de 2008 até junho de 2009. No acumulado até fevereiro de 2009, essa variação negativa era de 4,5%. “Espera-se que os bancos privados pequenos e médios entrem no terreno positivo, pois estão crescendo na margem”, considerou Meirelles. (Fonte: Jornal do Comércio)