segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Brasil só vai melhorar de verdade quando voltar a gerar empregos para a classe trabalhadora

Indústria brasileira interrompe demissões e já começa a contratar

(Postado por Moacyr Pereira) De novo, a UGT acompanha de perto os desdobramentos das boas notícias que indicam a superação da crise. Mas de novo, vem a pergunta: e os empregos? Uma montadora abrir 300 novas vagas em Julho, depois de o governo federal ter aberto mão de centenas de milhões de reais em IPI, não é muito pouco? Ou mesmo irrisório? Para os trabalhadores, a crise só será superada com a retomada do emprego e não com ajustes constrangidos, de quem demite pra valer e recontrata a conta gotas. O Brasil depois da crise tem que buscar ser moderno e com integração de todas as forças ativas através da produção, dos serviços e do comércio. Deixar que o País seja controlado pelos banqueiros e pelos industriais, apenas, é um risco que continuaremos a lutar para evitar. Mantendo, sempre, nossa política de agir a favor da inclusão social e da distribuição de renda através de oportunidades de emprego e de salários dignos.

Leia mais: Um quarto das empresas do setor quer ampliar os quadros até setembro; montadoras abriram 300 vagas em Julho.

A indústria parou de demitir e começa a contratar. Os resultados de junho de pesquisas, tanto de órgãos do governo como de entidades privadas, indicam que o emprego industrial ou tem uma pequena queda, ou dá sinais de recuperação em relação a meses anteriores.

Em julho, pela primeira vez em oito meses, o emprego na indústria automobilística cresceu: foram abertos 300 postos de trabalho, conforme será divulgado hoje pela Anfavea. Além disso, a partir do mês passado, foram anunciadas perto de 2 mil vagas nas montadoras.

Assim como na indústria automobilística, há contratações significativas nas siderúrgicas, nas fábricas de eletrodomésticos e até na indústria calçadista. Em razão da reversão no quadro, é consenso entre empresários, sindicalistas e economistas que a fase de demissões em massa ficou para trás. Com os estoques ajustados e o mercado doméstico aquecido, as indústrias se preparam para a temporada de contratações.

Quase um quarto (23,2%)das 1.115 indústrias consultadas pela Sondagem Conjuntural da Indústria de Transformação da FGV em julho pretende ampliar as contratações até setembro, enquanto 15,3% delas planejam demitir.

Pela primeira vez desde outubro de 2008, a fatia de empresas que quer contratar supera a que planeja demitir. Em dezembro, no auge da crise, a situação era inversa: 32,5% planejavam cortes e 15,5%, contratações.

Também pela primeira vez desde outubro de 2008, o indicador de emprego previsto para os próximos três meses em julho superou a média desde 1995, aponta a FGV. No mês passado, esse indicador ficou em 107,9 pontos, ante a média histórica de 101,4 pontos e do resultado de junho (97,2). O indicador de emprego previsto é calculado a partir do saldo entre o porcentual de empresas que pretendem contratar e as que planejam demitir, somado 100 e descontada a sazonalidade.

Dos 14 gêneros pesquisados, 13 registraram crescimento no indicador de emprego previsto em julho ante junho, apesar de continuar abaixo do mesmo período de 2008. Só no setor químico não houve crescimento no indicador de emprego previsto. "A recuperação do emprego previsto em julho ante junho é quase generalizada", afirma o coordenador técnico da pesquisa, Jorge Ferreira Braga.

A indústria de material de transporte, que inclui as montadoras, é a que teve maior recuperação no emprego previsto para três meses. A Valeo Iluminação, por exemplo, que fornece para grandes montadoras, contratou 70 trabalhadores entre maio e julho. Neste mês, 40 foram efetivados.

"Entre agosto e outubro, há perspectiva de mais 30 contratações", conta o diretor de Recursos Humanos, Francisco Cuesta. Para ele, o cenário é claro até setembro. "O que preocupa é como vai ficar o mercado com a volta do IPI ." (Leia mais no Estadão)

Cresce a concentração no comércio

Indicador de concentração de redes varejistas da Serasa Experian atingiu em 2008 o maior nível em cinco anos.

A concentração de poder econômico nas grandes redes de comércio varejista brasileiro atingiu em 2008 o nível mais alto desde 2003. A informação é de uma pesquisa inédita da empresa de informações e análises econômico-financeiras Serasa Experian.

Numa escala de 0 a 1, na qual 0 significa igualdade total (todas as lojas têm a mesma participação no mercado), e 1 significa concentração total (apenas um estabelecimento detém todo o mercado), o indicador atingiu 0,931 no ano passado, ante 0,909 em 2007. Em 2003, início da série histórica da pesquisa, o índice era de 0,896.

As explicações para o crescimento da concentração recorde variam de setor para setor. Mas são duas as mais importantes, ressalta o gerente de de indicadores de mercado da Serasa Experian, Luiz Rabi. A primeira, são os movimentos de fusões e aquisições que acontecem por decisões estratégicas em cada setor. A outra está ligada ao que ele chama de crédito desigual.

"A dificuldade dos pequenos e médios varejistas em oferecer crédito em condições similares aos das grandes redes os fez perder mercado nos últimos anos", explica Rabi. A principal vantagem dos grandes, segundo ele, é a possibilidade de parcelar o preço da venda à vista em até 10 ou 12 meses sem juros, por meio do uso de cartão da própria loja, coisa que os pequenos e médios não conseguem oferecer por falta de fôlego financeiro

No Brasil, o crescimento da concorrência e da concentração a partir de meados dos anos 90 foi violenta. A abertura da economia e a estabilidade que seguiram ao Plano Real viabilizaram os investimentos estrangeiros no setor de distribuição, dando partida a um amplo e fulminante processo de fusões e aquisições, que atingiu inicialmente o setor de supermercados. Grupos estrangeiros como o português Sonae, o francês Carrefour e o holandês Royal Ahold foram às compras no mercado brasileiro.

No setor de eletroeletrônicos, o processo foi cruel. "Ele se deu muito menos por aquisições e muito mais por fechamento e falência de empresas",conta o professor Faculdade de Administração e Economia da USP e consultor de varejo, Nelson Barrizzelli. Mais de 180 empresas desapareceram, incluindo grandes redes como a Arapuã e a Casa Centro. As que sobreviveram, no entanto, emergiram mais fortes e preparadas para a década atual.

Para Barrizzelli, o mapa do varejo brasileiro vai sofrer nova e profunda modificação em breve. Por incapacidade de adaptação às novas exigências da competitividade e às novas regras tributárias, 50% dos pequenos varejistas vão sumir ou ser engolidos pelos mais fortes nos próximos dois a três anos. (Leia mais no Estadão)

Aposentados terão reajuste de 7% a partir de janeiro

Os cerca de oito milhões de aposentados e pensionistas do INSS que recebem benefícios acima do salário mínimo deverão ter um reajuste de 7% a partir de janeiro de 2010, ano de eleições presidenciais. Considerando a estimativa de inflação para este ano, significa que esses aposentados terão um aumento real de mais de 3%, se o governo fechar um acordo com as centrais sindicais. De acordo com reportagem de Geralda Doca na edição desta segunda-feira do jornal O Globo, quem ganha o piso nacional, que é o salário mínimo, hoje em R$ 465, terá um aumento de 8,9% e passará a receber em janeiro R$ 507.

O governo vinha discutindo há alguns meses um aumento real para os aposentados e pensionistas que ganham acima do mínima.

Segundo a reportagem, o percentual de reajuste - classificado como "o número mágico" por uma fonte do governo envolvida nas negociações - será apresentado na próxima quarta-feira, numa reunião coordenada pelo ministro Luiz Dulci, da Secretaria Geral da Presidência.

A expectativa é que o acordo saia esta semana. Os aposentados chegaram a falar em 9% de reajuste, mas o teto do governo é 7%.

Segundo o Ministério da Previdência, o impacto de cada ponto percentual de aumento aos beneficiários que recebem mais que o piso nacional é de R$ 1,6 bilhão. Por essa conta, o aumento real de mais de 3% gerará uma despesa da ordem de R$ 5,2 bilhões no caixa do INSS no próximo ano. Em 2009, a Previdência tem um déficit projetado em R$ 40,8 bilhões. (Leia mais em O Globo)

Minc diz que participação de centrais não atrasa licenças

Uma portaria do Ministério do Meio Ambiente ampliou a participação das centrais sindicais na concessão de licenças ambientais para empreendimentos econômicos. A medida, assinada na quinta-feira, deve ser publicada no Diário Oficial na próxima semana.

Ontem, o ministro Carlos Minc (Meio Ambiente), afirmou que a iniciativa, recebida com ressalvas por empresários, não vai "atrasar nem um dia" as obras.

Pela portaria, o PBA (Programa Básico Ambiental), exigido para a obtenção da licença, será submetido à central sindical que represente a principal categoria dos funcionários. A central poderá se manifestar sobre a poluição a que empregados estarão sujeitos dentro e no entorno do empreendimento.

O ministro, que participou ontem de reunião do comitê do Fundo Amazônia no BNDES, no Rio, disse que o PBA será analisado ao mesmo tempo pelas centrais e pelos órgãos ambientais.

"Quando são feitos estudos ambientais, se faz previsão de diminuir o impacto na flora e na fauna, mas não nos tímpanos e pulmões. Agora o empresário será obrigado a apresentar estas medidas. As sugestões [dos trabalhadores] podem ou não ser acatadas", disse.

O governo também obriga os empreendedores a incluírem no relatório de impacto ambiental um capítulo sobre tecnologias limpas e exige um programa específico voltado à saúde do trabalhador. (Leia mais na Folha)

Brasil gera 10 milhões de empregos em sete anos
Em 2008, o Brasil alcançou a marca de 39,442 milhões de empregos formais, entre celetistas (com carteira assinada) e estatutários (servidores públicos), aumento de 1,834 milhões (4,88%) em relação a 2007, quando foram registrados 37,607 milhões de trabalhadores com vínculos formais no País. Os números são da Relação Anual de Informações Sociais (Rais 2008), divulgados na última quinta-feira (6) pelo Ministério do Trabalho e Emprego. Entre 2003 e 2008, o número de empregos gerados foi de 10,7 milhões.
Do total de 1,834 milhão de empregos gerados, 1,698 milhão foram celetistas e 135,9 mil correspondem a vínculos empregatícios estatutários. O crescimento do emprego contribuiu para o ganho real de 3,52% do rendimento médio dos trabalhadores formais, passando de R$ 1.443,77 em dezembro de 2007 para R$ 1.494,66 em dezembro de 2008. Os maiores ganhos na média salarial foram registrados no Piauí (8,61%), impulsionados pela elevação nos rendimentos dos serviços médicos e odontológicos.
A Rais é o instrumento do Governo Federal utilizado para identificar os trabalhadores com direito ao recebimento do benefício do Abono Salarial. Em 2008 foram identificados 16,903 milhões de trabalhadores que tinham direito ao benefício. Declararam a Rais no ano passado 7,143 milhões de estabelecimentos, sendo 3,085 milhões com empregados e 4,058 milhões sem empregados contratados, crescimento de 3,7% em relação a 2007.
Setores - Com alta de 18,33% em 2008, a Construção Civil foi o setor de atividade econômica que apresentou maior crescimento em comparação com 2007. Todos os setores da economia apresentaram resultados positivos, com o bom desempenho do mercado interno. O grande impulsionador do mercado em 2008, em termos absolutos, foi o setor de Serviços, que, sozinho, empregou 645,6 mil trabalhadores, alta de 5,41%. Em seguida, aparecem Comércio, com 483,2 mil postos (7,06%); Construção Civil, com 296,6 mil (18,33%); Indústria de Transformação com 228,7 mil (3,23%); e, Administração Pública, com 111,7 mil empregos (1,36%).
Pessoas com deficiência - Segundo a Rais 2008, 323,2 mil pessoas com deficiência estão ativas no mercado de trabalho. A inclusão está prevista na Lei 8.231, criada para garantir uma oportunidade de emprego para trabalhadores com este perfil. O levantamento da Rais 2008 mostra que os trabalhadores com deficiência física representam 55,24% desse total. Em seguida, estão os trabalhadores com deficiência auditiva, 24,65%; e com deficiência visual, 3,86%. Os trabalhadores com deficiência mental representam 3,37% e os com deficiências múltiplas, 1,09% do total. Na situação de reabilitados, foram declarados 11,78%.
Mulheres - Em 2008, a força de trabalho feminina cresceu mais do que a masculina, segundo os dados da Rais. O aumento registrado foi de 5,5% para elas, frente a 4,4% para os homens.
A força de trabalho feminina continua preponderante em relação à dos homens nos níveis de instrução Superior Incompleto e Completo. O número de mulheres com terceiro grau completo é de 3,6 milhões, contra 2,5 milhões de homens com o mesmo grau de instrução.
Negros – O maior aumento nos rendimentos médios, 5,72%, foi registrado entre os trabalhadores que se declararam negros. O percentual é superior à média de remuneração de todas as raças somadas, que foi de 2,67%. A remuneração dos trabalhadores negros subiu de R$ 916,77 para R$ 969,24. Os trabalhadores que se dizem pardos tiveram aumento de 4,83% e os que se declaram brancos registraram menor percentual de aumento real: 1,88%. Apesar do modesto aumento, os rendimentos médios dos vínculos empregatícios dos trabalhadores brancos ainda são 50% superiores aos daqueles classificados como negros e 43,7% acima dos que se consideram pardos. Em relação a 2007, verifica-se redução da desigualdade entre os rendimentos de brancos e negros (55,7%) e brancos e pardos (47,8%). (Fonte: Pantanal News)