sexta-feira, 4 de março de 2011

Avanços da economia estimulam UGT a continuar na batalha pela ampliação da distribuição de renda

PIB cresce 7,5% e Brasil vira 7ª economia

Alta é a maior desde 1985, após queda em 2009; cenário é de desaceleração, com estimativas abaixo de 4% em 2011. Analistas apostam em crédito mais caro com prazos mais curtos; mercado de trabalho continua aquecido.
O PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil cresceu 7,5% em 2010, maior taxa desde 1985, o que alçou a economia do país à posição de sétima maior do mundo.
Entre as grandes nações ricas e emergentes, a expansão brasileira só perdeu para as registradas por China e Índia no ano passado.
Mas essa é uma fotografia do passado: desde o segundo semestre, o cenário é de desaceleração e algumas projeções já indicam uma expansão abaixo de 4% em 2011.
Parte do crescimento de 2010 se deveu ainda à fraca base de comparação de 2009, quando o PIB, deprimido pela crise, caiu 0,6%. Difícil será expandir a economia neste ano sobre o elevado crescimento do ano passado e num cenário de aperto das políticas monetária e fiscal para conter a inflação crescente.
Diante disso, analistas revisam projeções. A LCA estima uma expansão de 3,6%, e a Tendências, 3,9%. As expectativas mais correntes no mercado indicavam 4,5%.
Se confirmadas as projeções, o resultado de 2011 poderá ficar pouco abaixo do crescimento médio do PIB nos oito anos de governo Lula: 4%. No período FHC, a taxa média ficou em 2,3%.
Nos dados do último trimestre de 2010, a freada ficou clara na indústria, que caiu 0,3% ante o terceiro trimestre. O PIB, nessa comparação, cresceu 0,7%, puxado pelo consumo das famílias e seu reflexo nos serviços.
A desaceleração se manterá no primeiro trimestre, prevê Thaíz Marzola Zara, economista da Rosenberg & Associados. E tende a se intensificar na indústria por conta do câmbio favorável às importações -que contam negativamente no PIB.
"Boa parte do consumo será suprida por importados."
Para a economista, as medidas do Banco Central de restrição do crédito (com prazo menores e de juros mais altos) já começaram "a esfriar a economia".
"O mercado de trabalho continua aquecido, mas o crédito vai encarecer e os prazos de financiamento já estão mais curtos", diz Alessandra Ribeiro, da Tendências Consultoria.
Para Roberto Olinto, coordenador de Contas Nacionais do IBGE, o crescimento de 2010 foi ditado justamente pela expansão do crédito (que o BC quer frear agora), da renda e do emprego, embora ele reconheça a ajuda da fraca base de 2009.
Juntos, diz, impulsionaram consumo e investimento. Até abril de 2010, segundo ele, os incentivos fiscais para a compra de veículos e eletrodomésticos com IPI reduzido também ajudaram.
Esses fatores, afirma, explicam o bom desempenho, em 2010, de setores como construção civil (11,4%), intermediação financeira (11,4%) e comércio (7,5%). A indústria cresceu 10,1% graças, principalmente, à base de comparação mais fraca de 2009, ao crédito e às medidas de estímulo do início do ano.
"O ano passado teve crescimento muito bom, mas incompatível com o potencial de expansão atual da economia brasileira", diz Zara. (Folha)

Reajuste da tabela do IR está em avaliação no governo, afirma Dilma

Segundo o ministro da Fazenda, Guido Mantega, a correção de 4,5% gerará uma renúncia fiscal de R$ 1,6 bi, o que deverá demandar novo corte de despesas ou aumento de tributo.

A presidente Dilma Rousseff evitou dar prazo para o envio ao Congresso Nacional do projeto que reajusta a Tabela do Imposto de Renda da Pessoa Física. "Esse projeto está em processo de avaliação no governo. Quando estiver pronto vocês serão os primeiros a ficar sabendo", afirmou. O reajuste deverá ser de 4,5% segundo assessores e ministros do governo. As centrais sindicais reivindicam reajuste maior, mas o governo avisou que não atenderá o pleito.

A renúncia fiscal de cerca de R$ 1,6 bilhão este ano decorrente da correção em 4,5% da tabela do Imposto de Renda deverá demandar um novo corte de despesas ou mesmo um aumento de tributo, para encaixar a receita menor dentro do corte de R$ 50 bilhões no Orçamento da União, de acordo com o ministro da Fazenda, Guido Mantega.

"O custo deve ser de R$ 1,6 bilhão este ano e nós temos que achar um jeito para essa receita menor. Ou vamos ajustar em algum tributo ou vamos reduzir alguma despesa. O fato é que não vamos abrir mão desse corte de R$ 50 bilhões até o fim do ano", afirmou. (Estado)

Brasil fica em 46.º lugar em ranking de globalização

Com índice de 3,37, o Brasil ocupou no ano passado a 46.ª colocação num ranking que mede o grau de globalização das 60 maiores economias mundiais, posicionado atrás de quatro outras nações latino-americanas: Chile (29.º), México (36.º), Colômbia (40.º) e Peru (41.º). O Índice de Globalização de 2010, calculado pela consultoria Ernst & Young em parceria com a Economist Intelligence Unit (EIU), mede negócios, investimentos, tecnologia, trabalho e integração cultural com outras economias em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) de cada país. Na sondagem anterior, de 2009, o Brasil ocupava a 47.ª colocação, com índice de 3,13.
O Brasil se destacou na categoria "Capital" (índice 4,70), que indica que o fluxo de recursos para o País é intenso em relação a outras economias. O pior desempenho foi verificado no item "Tecnologia", com índice 2,72. A pesquisa foi feita com base em questionário aplicado a 1.050 executivos de todo o mundo, entrevistas com 20 executivos sênior e líderes de companhias. O primeiro do ranking é Hong Kong, com índice 7,48. O Irã ocupa o último lugar, com 2,27.

De acordo com a Ernst & Young, 70% dos entrevistados disseram ter planos para aumentar o Investimento Estrangeiro Direto (IED) nos próximos três anos. E 17% dos executivos responderam que aumentarão esse valor em 20% neste período. Em relação aos mercados emergentes, o estudo revela que metade das empresas pesquisadas leva em conta apenas dois aspectos para o planejamento de investimentos: projeções de crescimento econômico e tributação. Além disso, direcionam só uma pequena parte dos investimentos em pesquisa e desenvolvimento (P&D).

Para os autores do ranking, o desenvolvimento tecnológico continua sendo uma das principais chaves para o aumento do índice de globalização. E foi justamente no item "Tecnologia" que o Brasil recebeu sua nota mais baixa. Para a Ernst & Young, a rápida adoção da internet e de tecnologias móveis pelos mercados emergentes "é um poderoso mecanismo por trás da melhor integração de negócios, capitais e cultura".

Retomada da globalização — Em uma visão geral do estudo que acompanha o ranking "Vencendo em um Mundo descentralizado - A globalização e a mudança nos negócios", o índice de globalização dos países aumentou após a crise financeira de 2008 e, conforme a consultoria, essa tendência de alta deve continuar até 2014. Para Luiz Passetti, sócio no Brasil da Ernst & Young Terco, grandes oportunidades de negócios nos mercados emergentes são um dos motivos para a retomada da globalização.

"Essas oportunidades, aliadas ao desenvolvimento da tecnologia e uma recuperação econômica mundial, garantirão um aumento no nível de globalização nos próximos anos", disse. Passetti explicou que, agora, o desafio para as empresas é buscar equilíbrio entre globalização e atuação local. Segundo ele, a convergência entre países desenvolvidos e emergentes eleva o número de mercados estratégicos para as multinacionais. (Estado)

Educação e investimento são entraves à expansão, de acordo com analistas

A falta de qualidade da mão de obra e a baixa taxa de investimento (18,4% do PIB em 2010) são as principais limitações para o crescimento da economia brasileira, na avaliação de especialistas. Tais fragilidades podem deixar o Brasil para trás na competição mundial com outros emergentes como a China, onde o acesso à educação de qualidade se dá em larga escala e a taxa de investimento é mais que o dobro da brasileira: cerca de 40% do PIB.

- A grande fragilidade do Brasil é a qualidade da mão de obra. Esse é um problema que não se resolve a curto prazo. É um problema muito maior que os gargalos de infraestrutura, pois estes, ao mesmo tempo em que limitam (o crescimento) são um vetor de expansão, ao demandar mais investimentos. E precisamos aumentar a taxa de investimentos - diz Luiz Carlos Prado, professor do Instituto de Economia da UFRJ.

Ele ressalta ainda que as preocupações com a inflação também são uma limitação ao avanço econômico, pois tendem a levar o governo a reforçar medidas de aperto monetário - como a recente alta da Selic (taxa básica de juros), para 11,75% - encarecendo o crédito e, consequentemente, freando o consumo e os investimentos. Uma das formas de minimizar esse entrave, diz, é reduzir a indexação da economia.

- Ainda temos indexação em alguns serviços, principalmente os de preços administrados, como energia elétrica. Precisamos de cautela com os preços. (O Globo)