quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Vamos nos solidarizar com trabalhadores europeus e nos manter mobilizados na defesa dos nossos direitos trabalhistas

Trabalhadores europeus, em greve, contra manipulação de direitos trabalhistas

Os governos europeus, acoplados a um capitalismo que provou sua inoperância com a crise financeira mundial, transformam os trabalhadores nas principais vítimas e manipulam balanços para retirar direitos trabalhistas. A reação dos trabalhadores europeus, como é de se esperar numa sociedade altamente organizada, é a mobilização. Com greves que pipocam na Espanha e na França. Com movimentações que mantêm, em alerta, os trabalhadores da Grécia e da Turquia. E que nos mantêm mobilizados e solidários na América Latina. Porque o capitalismo de lá, cada vez mais selvagem, ampliará suas garras para nossos direitos duramente conquistados aqui no Brasil e no resto da América do Sul, se não deixarmos claro, desde já, que além da solidariedade com a classe trabalhadora europeia estamos preparados para defender nossos direitos trabalhistas. Porque todos os dias existem articulações para tentar mexer no décimo terceiro salário, nas férias e, como tentam fazer na Europa, nos direitos à aposentadoria plena. Por isso, uma das principais frentes de mobilização da UGT e demais centrais sindicais continuará a ser a luta contra o famigerado Fator Previdenciário, que significa como acontece agora na Europa, uma mudança de regras que violam direitos no momento em que os trabalhadores se preparam para desfrutar da aposentadoria para a qual pagaram ao longo da vida. (Ricardo Patah, presidente nacional da UGT)

Leia o clipping do dia:

EuropaGreve na Espanha contra medidas do governo é marcada por protestos

A primeira greve geral em oito anos na Espanha, em protesto contra cortes nos gastos públicos , é marcada por violentas manifestações. A paralisação desta quarta-feira, prejudicou os transportes e o funcionamento de algumas fábricas. Sindicatos da Espanha anunciaram que 70% dos trabalhadores do país aderiram ao movimento grevista.

O protesto é uma resposta dos sindicatos ao pacote de reformas trabalhistas, aprovado pelo governo socialista do primeiro-ministro, José Luis Rodriguez Zapatero, no mês de junho. A greve começou meia-noite e afetou principalmente o setor industrial. Nos polos da Catalunha e Galícia, onde funcionam a maioria de montadoras, a greve alcançou quase os 100% de adesão, de acordo com as centrais sindicais Comissões Operárias e União Geral dos Trabalhadores.

Os sindicatos também estimam que a paralisação tenha afetado 70% dos serviços de transporte público e 80% dos voos nos aeroportos internacionais de Madri e Barcelona. Apenas 32% das escolas estariam funcionando normalmente.

O pacote de Zapatero, anunciado para combater a crise econômica, prevê, entre outros pontos, a redução dos direitos dos trabalhadores em novos contratos, mudanças para permitir aos empregadores realizar demissões mais facilmente e a reforma da previdência, alterando a idade mínima de aposentadoria dos atuais 65 anos para 67 anos.

Os sindicalistas dizem que a greve é "a mais necessária entre todas as convocadas até agora na história da Espanha" e tem o objetivo de obrigar o governo a voltar à mesa de negociações e eliminar o pacote. Já o presidente da Confederação Espanhola de Organizações Empresariais, Gerardo Díaz Ferrán, definiu a greve como "inútil e lesiva para o país". O representante dos empresários afirmou que a paralisação não só não ajuda em nada a uma nação com 20,3% da população ativa desempregada, como "é um problema que pagaremos todos os espanhóis".

O governo preferiu não fazer muitos comentários nem dar cifras sobre a greve.

Na chegada ao Parlamento, na manhã desta quarta-feira, Zapatero disse apenas que "o governo trabalha para garantir o direito ao trabalho e o direito à greve".

O ministro do Trabalho, Celestino Corbacho, afirmou que a paralisação geral acontecia "com normalidade e sem incidentes relevantes".

Os mercados financeiros reagiram com indiferença, pois analistas descartam a hipótese de o governo recuar nas medidas destinadas a cumprir as metas de redução de déficit público da União Europeia.

No centro de Madri centenas de trabalhadores agitaram bandeiras, interditaram ruas e obrigaram algumas lojas a baixar as portas. Líderes sindicais disseram que 30 manifestantes foram detidos, mas a maioria foi solta rapidamente. Poucos ônibus circularam na capital e metade dos trens de metrô parou. Mas os sindicatos cumpriram o compromisso de manter um serviço mínimo, segundo o ministro do Trabalho, Celestino Corbacho.

No norte da Espanha, montadoras de veículos interromperam a produção. A demanda energética no país caiu 20% durante o protesto, segundo a empresa operadora do sistema.

"Vamos continuar a greve se isso for necessário para derrubar a reforma trabalhista, que ameaça tornar os empregos ainda mais vulneráveis", disse o designer gráfico Alfredo Pérez em um piquete.

A greve coincide com protestos sindicais em Bruxelas , Atenas e outras cidades europeias contra as medidas de austeridade adotadas por governos em todo o continente.

Em Lisboa, milhares foram às ruas para protestar contra medidas de austeridade e defender o emprego e o crescimento salarial. Segundo o jornal "Público", as manifestações interromperam trânsito em diversas localidades, mas o clima era de tranquilidade, sem enfrentamentos.

Leia mais: Portugal prepara mais medidas de austeridade

Foram registradas também manifestações nas capitais da Itália, Letônia, Lituânia, República Checa, Chipre, Sérvia, Romênia, Polônia, Irlanda e França.

A economia espanhola se recupera lentamente de uma grave recessão e os sindicatos estão muito mais enfraquecidos do que há 20 anos, representando apenas cerca de 16% dos trabalhadores.

"A greve é uma grande encenação, é só uma forma de os sindicalistas justificarem seus salários (...). Os sindicatos nunca defenderam os diretos dos trabalhadores antes, então não estou de acordo com a greve agora", disse a esteticista Teresa, 38 anos, arrancando cartazes colados pelos grevistas na porta do seu salão.

Taxa de cobertura da Previdência Social atinge maior nível em 17 anos

Em 2009, taxa de cobertura entre pessoas com idade de 16 a 59 anos chegou a 66,9%, ou 56,5 milhões de brasileiros, o melhor patamar desde 1992.

A taxa de cobertura social entre as pessoas com idade entre 16 e 59 anos chegou a 66,9% no ano passado, segundo estudo divulgado nesta quarta-feira, 29, pelo Ministério da Previdência Social com base nos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio 2009 (PNAD/IBGE), o que indica que 56,58 milhões de brasileiros da população economicamente ativa (PEA) - com idade entre 16 e 59 anos - estão protegidos pela Previdência Social. Essa é a melhor taxa apurada desde 1992 (66,4%). Em 2008, essa taxa correspondia a 65,9%.

Segundo o secretário-executivo da Previdência Social, João Aragonés, a taxa de cobertura reflete o aumento da formalização no mercado de trabalho assim como o efeito das políticas públicas de inclusão de trabalhadores na Previdência. Esse é o caso, por exemplo, do Programa do Empreendedor Individual (MEI), que possibilitou que empresas com faturamento de até R$ 36 mil ao ano se formalizassem com tributação reduzida.

Mesmo com a taxa de 66,9% de cobertura (56,58 milhões de pessoas), 27,81 milhões de brasileiros continuam desprotegidos. Deste total, 14,13 milhões têm capacidade de contribuir com a Previdência Social, mas não contribuem. Metade desse total (7,357 milhões) recebem entre um e dois salários mínimos. Para a pesquisadora do Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (Ipea), Maria Paula Gomes dos Santos, isso acontece devido à grande rotatividade de emprego entre os trabalhadores que recebem entre um e dois salários mínimos. "Seria importante olhar para esse grupo, que é mais vulnerável, para afinar as políticas públicas", afirmou Maria Paula.

Segundo o secretário-executivo, está em estudo no ministério a regulamentação da Emenda 47/2005, que trata da criação de um Sistema Especial de Previdência para Inclusão da Baixa Renda. Neste sistema a contribuição da previdência seria menor para incentivar a contribuição do público de menor renda. Atualmente, quem contribui com base na remuneração de até R$ 1.040,22 paga uma alíquota mensal de contribuição de 8%. (Estado)

Mais de 50% dos bancários aderiram à greve

Comentários

Mais de 50% dos 470 mil bancários aderiram nesta quarta-feira ao primeiro dia de greve da categoria, afetando o atendimento de 3.864 agências dos principais centros financeiros do país. A estimativa é da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf), ligada à Central Única dos Trabalhadores (CUT). A Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) não divulgou projeção própria.

As agências bancárias do Centro do Rio amanheceram com piquetes de grevistas na manhã desta quarta-feira. Os bancários que aderiram à paralisação por reajuste salarial evitavam que os chamados "fura-greve" entrassem nas agências para trabalhar, prejudicando o movimento. Com a aproximação dos pagamentos de aposentados e pensionistas no início do mês de outubro, a greve pode trazer transtorno à população.

No Rio, não houve atendimento em 330 agências. Segundo o sindicato local, 13 mil trabalhadores cruzaram os braços. Em São Paulo, a greve atingiu 598 agências e 12 centros administrativos. O Sindicado dos Bancários de São Paulo informou que 24 mil pessoas aderiram à greve na capital. Não houve registro de tumultos.

- No ano passado, fechamos 7.222 agências no pico da greve. Esperamos repetir isso. A greve começa mais forte nas capitais e depois se estende para o interior. Até agora, ninguém chamou para negociar - disse Carlos Cordeiro, presidente da Contraf.

A paralisação por tempo indeterminado foi aprovada em assembleias na terça-feira. Os bancários rejeitaram reposição de 4,29% da inflação pelo INPC, sem aumento real. Além do reajuste de 11%, eles reivindicam aumento na Participação nos Lucros e Resultados (PLR) e abono.

Magnus Ribas Apostólico, diretor de Relações Trabalhistas da Fenaban, disse que em algumas agências os funcionários trabalharam após pequena paralisação pela manhã. Segundo ele, alguns bancos usaram o "interdito proibitório", ação jurídica que proíbe os sindicatos de bloquear a entrada de funcionários que queiram trabalhar.

- Já dissemos que 11% de reajuste é um índice exageradamente alto, mas estamos dispostos a negociar. Não podemos fazer uma proposta sem indicação de quanto eles aceitam de aumento real - disse o diretor, para quem os aposentados, que começam a receber nesta sexta-feira o pagamento, podem ser os maiores prejudicados.

No Rio, para o sindicato, 80% dos trabalhadores do Banco do Brasil e 90% dos da Caixa Econômica participaram da greve. Já os bancos privados tiveram adesão menor, de 40%. Nesta quinta-feira, a greve deve se intensificar, com mais adesão de agências dos bairros.

- No Centro, 80% dos bancos estavam em greve. Estamos satisfeitos, mas cientes de que as pessoas podem ter problemas - disse Marcelo Pereira, diretor do Sindicato dos Bancários do Rio.

Os bancários rejeitaram a proposta da Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) de reposição de 4,29% da inflação pelo INPC. Os trabalhadores reivindicam aumento de 11%, Participação nos Lucros e Resultados (PLR), vale-refeição, vale-alimentação, auxílio-creche e pisos maiores, além de auxílio-educação para todos e melhores condições de saúde.

- Os banqueiros levaram os trabalhadores à greve já que após cinco rodadas de negociações não apresentaram proposta com aumento real de salários - disse Juvandia Moreira, presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região.

- O fim da greve está nas mãos dos banqueiros, que têm condições para apresentar uma proposta à altura das reivindicações dos trabalhadores e dos resultados dos bancos - acrescentou.

Uma nova assembleia foi marcada para a próxima sexta-feira, 1º de outubro, a partir das 16h. A categoria tem data-base em 1º de setembro. Os bancários são uma das poucas categorias no país que possui Contrato Coletivo de Trabalho (CCT) com validade nacional. Segundo o presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf), Carlos Cordeiro, a greve atinge todos os estados brasileiros.

- Isso demonstra a indignação dos bancários com a postura dos bancos. Nós advertimos na mesa de negociações que eles estavam empurrando a categoria para a greve ao propor apenas 4,29% e rejeitar todas as demais reivindicações, mesmo apresentando lucro de 32% no primeiro semestre - disse Cordeiro.

A Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) ofereceu de reajuste de 4,29% (a inflação dos últimos 12 meses medida pelo INPC) e rejeitou as reivindicações de aumento real, valorização dos pisos salariais, melhoria na Participação nos Lucros e Resultados (PLR). Além do aumento de 11%, os bancários querem PLR de três salários mais R$ 4 mil e um piso salarial de R$2.157,88.

Procurada, a Fenaban disse que apresentou uma proposta inicial e espera agora uma contraproposta dos trabalhadores. Para a entidade, o reajuste de 11% pedido pelos bancários é abusivo.

Segundo a consultoria Austin Asis, o ativo dos nove maiores bancos do país passou de R$ 2,609 trilhões, em junho de 2009, para R$ 3,038 trilhões este ano (alta de 16,4%). No período, o lucro líquido subiu de R$ 16,097 bilhões para R$ 21,386 bilhões (32,9%).

Quem não conseguiu pagar as contas nesta quarta-feira por causa da greve terá de arcar com multa e juros. A Federação Brasileira dos Bancos (Febraban) informou que, por enquanto, nenhuma medida será tomada para compensar transtornos aos correntistas. Ainda segundo a Febraban, os vencimentos de contas e títulos não foram prorrogados porque os prazos para compensação de cheques e outros documentos não foram afetados.

Para o Idec, o consumidor deve buscar alternativas para fazer os pagamentos, como caixas eletrônicos. Na avaliação da entidade, caso não seja possível outra forma de pagamento, inclusive após contato com o fornecedor, e haja atraso no pagamento, o consumidor não pode ser punido com a cobrança de juros e multa de mora. (O Globo)

Cresce volume de produtos vendidos em supermercados

O aumento da renda dos consumidores proporcionou ao setor supermercadista registrar entre janeiro e agosto de 2010 o maior crescimento na quantidade de produtos vendidos desde 2005, quando a Associação Brasileira de Supermercados (Abras), em parceria com a Nielsen, passou a monitorar o volume comercializado nos autosserviços. Ao contrário do que aconteceu em 2005, quando o volume avançou 5%, mas o faturamento dos supermercados recuou 0,66%, nos oito primeiros meses deste ano tanto o faturamento quanto a quantidade vendida cresceram, com altas, respectivamente, de 4,7% e 6,8%.

"Nunca se comprou tanto nos supermercados", resumiu o presidente da Abras, Sussumu Honda, durante entrevista a jornalistas. Segundo ele, isso é explicado pelo incremento do consumo das classe C, D e E, que procuram nas prateleiras dos supermercados, principalmente, produtos mais baratos e de segunda linha. "Os consumidores não estão comprando as marcas de refrigerante líderes, mas sim as regionais, com preços mais baixos", exemplificou. "As categorias de produtos de segunda linha, que operam com margens até maiores, vêm ganhando espaço, em relação aos produtos premium", afirmou.

A procura por estes produtos mais baratos, aliada ao recuo dos preços nos supermercados, por outro lado, vêm desacelerando a receita dos supermercados, segundo Honda. "Com preços mais acessíveis, o consumidor passou a comprar mais, mas o faturamento não vem acompanhando este ritmo." Após encerrar os três primeiros meses deste ano com uma alta de 8,6%, o faturamento do setor desacelerou, encerrando o período de janeiro a agosto com um incremento de 4,7%. Parte desta retração no ritmo de crescimento das vendas é explicada pelo recuo acumulado de 3,1%, entre maio e agosto, no valor da cesta de 35 produtos mais consumidos nos supermercados, medido pela GfK.

A Abras projeta que o volume comercializado nos supermercados encerre o ano com um avanço na faixa de 6% a 6,5% sobre 2009. Já a estimativa para o faturamento dos autosserviços é de que se acelere a partir de outubro, com a perspectiva de aumento nos preços de produtos que com grande representatividade na cesta do consumidor, como carnes e feijão, observou Honda. Mesmo prevendo um aumento nos preços até o final do ano, o dirigente pondera que a maior participação de produtos importados - como eletroeletrônicos, brinquedos, castanhas, vinhos e bacalhau, beneficiados pela valorização do real - deve compensar parte desta pressão de alta.

Outro fator que vem contribuindo para a desaceleração do ritmo de faturamento nos supermercados é a maior concorrência com outras categorias de produtos, de maior valor agregado, puxados pela expansão do crédito, conforme a Abras. Como exemplo, as categorias de móveis e eletrodomésticos (+20,5%), materiais de construção (+20,3%) e informática e telefonia (+16,1%) cresceram acima dos supermercados entre janeiro e julho ante mesmo período de 2009, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). "O aumento da renda está significando um aumento do consumo de várias categorias", destacou Honda.

As categorias de produtos mais vendidos este ano são bebidas alcoólicas, com destaque para o aumento de 19,5% das cervejas, beneficiadas pela Copa do Mundo. Entre as bebidas não alcoólicas, as vendas foram puxadas por refrigerantes, que subiram 12%. Os produtos perecíveis também estão entre os mais comercializados nos supermercados este ano, em especial leite fermentado (+20,4%), queijo (+15,7%), pizza refrigerada (+14,8%) e sobremesa pronta (+14,1%).

O crescimento das vendas nos supermercados foi disseminado por todas as regiões do Brasil nos oito primeiros meses deste ano em relação a igual intervalo de 2009. Segundo o levantamento da Nielsen, as vendas nos estados do Espírito Santo, Minas Gerais e interior do Rio de Janeiro avançaram no período 10,4% - resultado acima da média brasileira (de 6,8%), assim como no Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul (+8,7%), Nordeste (+8,3%) e Grande São Paulo (+8,1%).

Segundo a Abras, as vendas reais, deflacionadas pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), cresceram 1,2% em agosto em comparação ao mesmo mês do ano passado. Em relação a julho, as vendas do setor recuaram 1,4%. O valor da cesta de 35 produtos considerados de largo consumo, como alimentos, limpeza e beleza, teve queda de 1,27% nos preços em agosto ante julho, para R$ 270,94. (Estado)

STJ rejeita veto de plano de saúde a idosos

Decisão impede operadora de encerrar contrato por ter custos maiores com grupo de pessoas acima de 60 anos. Caso envolve segurados que tinham contrato com plano comprado pela Sulamérica; ainda cabe recurso da decisão.
Os planos de saúde de pessoas idosas (acima de 60 anos) não podem ser rescindidos com o argumento de que elas adoecem mais, tornando-os mais caros.
A decisão foi tomada nesta semana pela Terceira Turma do STJ (Superior Tribunal de Justiça) de forma unânime. Ainda cabe recurso.
O caso envolve um grupo de associados da APM (Associação Paulista de Medicina) que tinha um plano de saúde da Lochpe Seguradora-operadora comprada pela Sulamérica Seguro Saúde.
Após mais de dez anos pagando o plano, a APM informou que "devido à alta sinistralidade do grupo", a Sulamérica iria encerrar o contrato com os segurados.
Foi oferecido aos detentores do plano a possibilidade do pagamento de um reajuste superior a 100% para que o seguro saúde fosse mantido.
Por nota, a assessoria de imprensa da Sulamérica Seguro Saúde informou que "tem por norma não comentar decisões judiciais, especialmente aquelas que não são definitivas".
Na decisão do STJ, foi considerado que a APM não é responsável pelo problema.
DECISÕES ANTERIORES — Antes, em primeira e segunda instâncias, a Justiça paulista deu razão à Sulamérica afirmando que a informação de que o plano poderia ser encerrado por "alta sinistralidade" devido à idade avançada dos contratantes constava do contrato.
No entanto, a relatora do recurso no STJ, ministra Nancy Andrighi, entendeu que esse motivo não pode ser usado para a rescisão.
"Os direitos e obrigações dele decorrentes são exercidos por tempo indeterminado e sucessivamente", disse a relatora da ação. A ministra destacou ainda que o consumidor está sempre amparado contra a abusividade de reajustes de mensalidades.
Para ela, esse tipo de contrato torna o consumidor cativo da operadora e, por isso, não pode ser rescindido sob o argumento de que os pacientes passaram a representar um custo maior.
A ministra disse que os valores podem ser reajustados de forma não abusiva, dentro da norma da Agência Nacional de Saúde Suplementar. (Folha)

Importações de máquinas e equipamentos batem recorde em agosto

As importações de máquinas e equipamentos no Brasil atingiram em agosto a marca recorde de US$ 2,627 bilhões, um montante que supera em 16,6% a cifra de julho (US$ 2,253 bilhões), que era o pico anterior. Os dados foram divulgados nesta quarta-feira pela Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), que também informou que a participação dos importados nas vendas de bens de capital mecânicos no Brasil chegou a 43% neste ano. Há 20 anos, esse coeficiente era de apenas 9%.

"Nosso mercado está sendo invadido por componentes e máquinas de fora e o Brasil não está fazendo nada", declarou o presidente da entidade, Luiz Aubert Neto, que tem pedido ao governo medidas de compensação à valorização cambial.

Nesse sentido, a Abimaq deverá entregar nos próximos dias um documento ao Ministério da Fazenda sobre a perda de competitividade dos produtos nacionais. O principal pleito do setor é o aumento, de 14% para 35%, nas alíquotas dos impostos de importação das máquinas e equipamentos com similares nacionais. A entidade já listou 250 produtos em situação crítica de competitividade, disse Aubert.

Nas contas da Abimaq, o setor deve fechar o ano com déficit comercial de US$ 14,809 bilhões, 32,8% acima do saldo negativo de 2009. Até agosto, esse déficit já havia subido em 37,3%, chegando a US$ 9,873 bilhões.

Os Estados Unidos e a Alemanha ainda são os dois principais fornecedores de bens de capital ao Brasil, mas a China é o país que mais ganha participação de mercado.

As máquinas e equipamentos do país asiático - que respondiam por apenas 2,1% do total importado em 2004 - correspondem a 11,6% das importações deste ano, muito perto da participação de 12% dos fornecedores alemães, que ainda estão na segunda posição.

Para Aubert, mesmo uma alíquota de 35% nas importações seria insuficiente para conter a "invasão" chinesa em algumas linhas. Como exemplo, a entidade mostrou que as bombas de vácuo da China estão sendo vendidas ao Brasil por um preço equivalente a US$ 7,66 por quilo.

O mesmo produto da Alemanha, cujos preços estão em linha com a média internacional e do próprio Brasil, é negociado por US$ 32,30 por quilo. Os preços, tanto da China quanto da Alemanha, foram colocados com base em valores FOB (free on board), ou seja, não incluem a taxas de seguro e de frete no transporte transoceânico.

Segundo o presidente da Abimaq, uma revisão fiscal implicaria em um aumento de 20% do produto chinês, que seguiria competitivo em relação ao similar nacional. "A bomba (da China) custaria US$ 9 ou US$ 10 (por quilo)", afirmou. (O Globo)

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Banqueiros provocam bancários com proposta vergonhosa de reposição da inflação sem aumento real depois de acumularem lucros fabulosos

Choque de gestão social nos banqueiros brasileiros

(postado por Moacyr Pereira, secretário nacional de finanças da UGT) — Os trabalhadores brasileiros, logo após as eleições presidenciais, têm que assumir a campanha sobre o controle social dos bancos e dos banqueiros. Porque com a tentativa vergonhosa de repassar aos bancários apenas a reposição da inflação de 4,29%, sem aumento real de salários, os banqueiros brasileiros extrapolaram todos os limites da decência. Seja econômica seja social. Os banqueiros brasileiros estão entre os que mais lucraram no mundo mesmo sob o efeito da crise mundial. Se aproveitam da tecnologia digital e reduzem seus quadros a quase ninguém. Cobram as tarifas mais absurdas e sem controle. E lucram com tanta desenvoltura que nos obrigam a iniciar uma campanha permanente para controlar essa ganância desenfreada. E no momento de repassar parte dos ganhos para seus trabalhadores, nos aparecem com esta verdadeira provocação e se recusam a dar aumento real. É hora de agir de maneira organizada, de pressionar o Congresso Nacional, de exigir do novo presidente ou presidenta uma atitude radical contra os banqueiros. Ainda mais por que vivemos num Brasil em que grande parte da população está sem ter acesso aos bancos, como podemos ler no texto abaixo. Ou seja, existe espaço para o crescimento do setor, para gerar mais empregos e até mesmo ampliar a lucratividade, com legitimidade. Mas não sobra mais espaço social para este abuso que se faz hoje contra os bancários brasileiros e que se faz, permanentemente, contra nós, os correntistas.

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Bancários fazem greve a partir de hoje

Categoria rejeita proposta de reajuste de 4,29%, sem aumento real de salário, e que somente repõe a inflação acumulada em 12 meses até agosto

Sem proposta de aumento real de salário, os bancários decidiram ontem entrar em greve por tempo indeterminado, a partir de hoje, em todo o Brasil. A decisão foi tomada em assembleias que rejeitaram a oferta da Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) de reajuste salarial de 4,29%, que somente repõe a inflação acumulada em 12 meses até agosto. A categoria foi orientada pelo Comando Nacional dos Bancários a rejeitar a proposta e decidir pela greve.

Até o fechamento desta edição, a greve já havia sido aprovada na maioria das capitais e principais cidades do País, como São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Porto Alegre.

"As decisões das assembleias demonstram a indignação dos bancários com a postura intransigente dos bancos", afirmou o presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Carlos Cordeiro. "Com os lucros de R$ 21,3 bilhões obtidos somente por cinco bancos no primeiro semestre deste ano, é possível o atendimento das demandas da categoria."

Este é o sétimo ano consecutivo que os bancários fazem greve por aumento de salários. Em 2009, eles ficaram de braços cruzados durante 15 dias. São 460 mil bancários no Brasil, dos quais 130 mil na base de São Paulo, Osasco e Região.

Os trabalhadores querem 5% de aumento real, além da reposição da inflação de 4,29%, que compõem um índice de reajuste salarial de 11%. Pedem ainda prêmio de Participação nos Lucros ou Resultados (PLR) equivalente a três salários mais R$ 4 mil e o fim das metas abusivas e do assédio moral, entre outras reivindicações.

"Precipitação". Para o diretor de negociações trabalhistas da Fenaban, Magnus Apostólico, a decisão de ir à greve foi precipitada. Ele argumenta que a negociação está aberta, não foi fechada pelos bancos, nem se chegou a um impasse.

"Na última reunião, informamos que não apenas vamos repor a inflação como vamos fazer aumento real de salários. O que falta é descobrirmos juntos, na mesa de negociações, que número de aumento real é este que os bancos podem suportar e que satisfaça os trabalhadores", contou o negociador dos bancos.

Os sindicalistas acham inadmissível que os bancos sigam na contramão de uma conjuntura econômica favorável. "No ano em que a maioria das categorias tem conquistado aumento real de salário em níveis superiores aos do ano passado, a atividade econômica está em pleno crescimento e a perspectiva dos bancos é de ampliação dos negócios, não há desculpa para não atender às reivindicações dos bancários", disse a presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, Juvandia Moreira.

"Exagerado". A questão é que os bancos consideram exagerado o pedido da categoria. "Não existe razão para que se faça um acordo com 5% de aumento real numa inflação de 4,29%", afirmou. No ano passado, foi fechado acordo com 1,5% de aumento real e em 2008, com 0,93%. "Não vemos em 2010 nenhuma diferença tão importante que levasse a um acordo muito diferente", disse Apostólico.

"A Fenaban tem todas as condições para apresentar uma proposta que valorize os trabalhadores", rebate Juvandia. "Os resultados dos bancos, com lucros em média 28% maiores do que no ano passado, bem como as perspectivas de crescimento para o setor financeiro e para o PIB (Produto Interno Bruto), são mostras de que as reivindicações dos bancários podem se tornar realidade."

Magnus Apostólico informou que os bancos vão buscar todos os meios legais para manter as agência abertas e funcionando normalmente hoje e durante o período de greve dos bancários. (Estadao)

Classes C e D ainda preferem pagar com dinheiro em vez de cartão, aponta estudo

Comentários

Mais da metade dos consumidores das classes C e D, fatia social que já representa a maior parcela da população brasileira, ainda não possui conta em banco e muito menos cartões de débito ou crédito. Realizada pelo Instituto Ipsos e encomendada pela MasterCard, a pesquisa Perfil Financeiro - Classes C e D mostra que 54% das pessoas entrevistadas em sete cidades do país não são bancarizadas. O levantamento mostra ainda que 27% possuem somente cartão de débito 25%, enquanto outros 27% têm cartão de crédito.

De acordo com o estudo, 55% dos bancarizados e 98% dos não-bancarizados recebem seus rendimentos em dinheiro, o que mostra porque as pessoas desses dois extratos sociais ainda fazem seus pagamentos em espécie. Dados do Banco Central (BC) comprovam que o dinheiro em espécie é muito utilizado para pagar contas de baixo valor e, na sua maioria, relacionados a pequenas compras do cotidiano. Nessas situações, segundo o BC, 77% dos pagamentos são feitos por pessoas físicas. Pelos números da pesquisa da MasterCard, o valor médio pago com cartão de débito é de R$ 47 e de R$ 100 para o cartão de crédito.

- Ao analisar os resultados da pesquisa, apesar das classes C e D terem acesso a algum tipo de produto financeiro, a maioria não o utiliza - diz Maurício Alves, vice-presidente de produtos da MasterCard, lembrando que fatores culturais podem explicar essas barreiras para o crescimento da utilização do dinehrio de plástico no país. - Entre os fatores culturais, está o costume de andar com o dinheiro em papel moeda no bolso, a falta de conhecimento de taxas e tarifas e o receio de perder o controle dos gastos.

De olho nessa população que deve superar os 113 milhões de pessoas até 2014, conforme o relatório Economia Brasileira em Perspectiva, do Ministério da Fazenda, as empresas de cartões se preparam para investir pesado e crescer com essa expansão das classes C e D no Brasil. A MasterCard, por exemplo, quer intensificar seus esforço no mercado de cartões de débito e, por conta disso, está fazendo alterações em sua estratégia nas áreas de marca, frequência de uso e transações de menor valor.

- Com essa iniciativa queremos estimular a substituição do dinheiro em papel moeda pelos meios eletrônicos - afirmou Alves. (O GLOBO)

Governo eleva de 57,5% para 64% fatia de controle na Petrobrás

Estatal confirmou declarações do ministro da Fazenda, Guido Mantega, informando que o governo ficou agora com 48% do capital total da companhia

O governo aumentou a sua fatia no capital ordinário da Petrobrás, que garante o controle da companhia, de 57,5% para 64% após a capitalização, com a ajuda do fundo soberano e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, informou a Petrobrás nesta terça-feira, 28, em um comunicado à Securities Exchange Comission (SEC), reguladora do mercado de capitais norte-americano.

Segundo informação da empresa, o governo comprou 1.810.505.485 ações ordinárias e 994.917.669 ações preferenciais na oferta pública de ações iniciada na sexta-feira e que será liquidada na quarta-feira.

A estatal confirmou declarações do ministro da Fazenda, Guido Mantega, informando que o governo ficou agora com 48% do capital total da companhia, considerando ações ordinárias e preferenciais.

De acordo com a Petrobrás, descontando despesas e comissões da operação, a oferta até o momento totalizou US$ 67 bilhões, ou aproximadamente R$ 115 bilhões, que serão acrescidos de mais cerca de US$ 3 bilhões se o lote adicional correspondente a 5% da operação, o chamado greenshoe, for vendido. (Estado)

Governo vai mudar modelo de medidor residencial de energia

Resolução que prevê a troca do aparelho analógico pelo inteligente está em consulta pública. Para a Aneel, novo equipamento permitirá maior controle de gasto; mudança deverá ocorrer a partir de 2012.
O governo quer adotar em todos os imóveis residenciais do país o medidor eletrônico de energia, que permite controle mais eficiente de gastos e operações remotas.
Isso significa que verificações e desligamentos podem ser realizados sem a visita de um técnico.
A resolução que determina a troca do medidor analógico pelo inteligente está em consulta pública até dezembro.
Uma vez aprovada, as distribuidoras terão 18 meses para adotar o novo padrão em trocas de equipamentos quebrados e novas ligações.
Segundo Hugo Lamin, especialista em regulação da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), a resolução deve ser aprovada no primeiro trimestre de 2011. Os novos medidores deverão, portanto, ser instalados em 2012.
Há a intenção, num segundo momento, de substituir todos os 63 milhões de medidores do país, quebrados ou não. Não há data definida para essa etapa.
Atualmente, 7,4% dos medidores são eletrônicos, e dentro desse pequeno universo poucos têm todos os recursos exigidos pela agência.
"Esse é o primeiro passo para a rede elétrica inteligente no país", disse André Pepitone, diretor da Aneel.
O modelo de rede inteligente, ou "smart grid", no inglês, está disseminado nos EUA, no Canadá, na Austrália, na África do Sul, no México e em países da Europa.
Pela proposta em consulta pública, o novo medidor deverá atender requisitos mínimos, como a possibilidade de mostrar o nível de consumo em cada horário do dia.
HORÁRIO DE PICO — A troca de medidores prepara o sistema elétrico para mudanças profundas, como a adoção de quatro tarifas diferenciadas ao longo do dia.
A energia teria um preço mais elevado em horário de pico, que hoje vai das 19h às 22h, e custaria menos quando a demanda cai. A intenção do governo é diminuir perdas de energia e reduzir horários de pico, que exigem muito da estrutura de transmissão.
O esquema também pretende tornar mais eficientes as cobranças e dar mais opções ao consumidor, que poderá diagnosticar em que horas gasta mais e desligar temporariamente o fornecimento de energia em períodos de férias, por exemplo.
O prazo de 18 meses previsto pela Aneel será para adaptação das distribuidoras e das empresas fabricantes. Há nove delas no Brasil, segundo Hugo Lamin, técnico da Aneel, e nenhuma fabrica o modelo com as exigências definidas pela agência.
O filão que surge já chama a atenção de empresas que trabalham com redes inteligentes. Para Carlos Ramon, gerente geral de novos negócios da americana Silver Spring, em cinco anos o modelo elétrico brasileiro estará completamente mudado.
Os custos da mudança serão bancados pelas distribuidoras e repassados às tarifas. A Aneel diz que os ganhos com a modernização também serão repassados. (Folha)

Falta de mão de obra é risco de execução à construção

O aquecimento da economia doméstica, que fez a indústria imobiliária saltar e recuperar anos de atraso, fez o próprio setor de construção civil de vítima.

De um lado, o setor comemora números recordes de vendas e lançamentos, volumes robustos de crédito imobiliário sendo liberados e programas habitacionais para garantir à parcela menos favorecida da população a possibilidade de ter uma casa própria.

Em sentido oposto, a indústria da construção sofre as consequências do forte ritmo de produção resultando em escassez de terrenos e, consequentemente, pressão nos preços dos imóveis, além de receios de possível esgotamento dos recursos da poupança para financiar a habitação em cerca de dois ou três anos.

O ponto mais crítico, contudo, gira em torno da falta de mão de obra qualificada, apontada por representantes do ramo imobiliário como principal entrave ao desenvolvimento do setor.

As ousadas metas de lançamentos traçadas pelas principais construtoras do país, somadas a obras simultâneas do programa "Minha Casa, Minha Vida", do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), da Copa do Mundo de 2014 e dos Jogos Olímpicos de 2016, tornam o cenário ainda mais preocupante.

"A mão de obra será o gargalo da economia nacional em um futuro próximo, não só na construção, mas para a economia como um todo... E essa questão não se resolve no curto prazo", disse o presidente do Sindicato da Construção (SindusCon-SP), Sergio Watanabe.

Apesar de crítica, a situação do emprego na construção vem avançando e acompanha os baixos níveis apurados pelo IBGE para o mercado de trabalho nacional. Em agosto, a taxa de desocupados no país era de apenas 6,7 por cento.

No caso da construção civil foram criados 1,1 milhão de postos de trabalho nos últimos cinco anos, crescimento de 1 por cento ao mês, resultando em um estoque da ordem de 2,75 milhões de profissionais com carteira assinada, segundo dados do SindusCon e da Fundação Getulio Vargas (FGV).

"Ainda assim, a produtividade do setor diminuiu nos últimos cinco anos", afirmou Watanabe.

Embora o setor registre grande falta de engenheiros e profissionais de área técnica, a queda na produtividade é decorrente de problemas na base, nos canteiros de obras.

Entre os profissionais mais demandados estão pedreiros, carpinteiros, eletricistas e, mais recentemente, bloqueiros, fundamentais para construções de moradias populares.

Para o professor da FGV Fernando Garcia, o fato de a indústria e do comércio oferecerem possibilidade de carreira mais competitivas indica um cenário ainda mais preocupante no longo prazo, exigindo do setor de construção meios de torná-lo mais atrativo.

"Nos próximos 12 anos teremos uma situação preocupante. A tendência é que nesse ciclo de crescimento com os eventos da Copa do Mundo, Olimpíadas e pré-sal, a demanda por de mão de obra aumente ainda mais", comentou.

RISCO DE EXECUÇÃO — Sob a perspectiva traçada, as principais empresas do setor imobiliário podem encontrar pela frente um risco de execução para cumprir as metas de lançamentos previstas para os próximos anos, na visão de analistas que as acompanham.

Se consideradas as duas maiores construtoras e incorporadoras do país, PDG Realty e Cyrela Brazil Realty, a previsão de lançamentos de imóveis deve avançar de 15,2 bilhões de reais este ano para mais de 18 bilhões de reais em 2011.

"O risco de execução é a principal variável que tem de ser acompanhada no setor, para entregar obras no prazo e com qualidade. É uma restrição que o setor sempre vai ter", disse o analista David Lawant, do Itaú.

Com o objetivo de se munir contra esse risco, as principais construtoras e incorporadoras do país passaram a buscar mão de obra em diferentes Estados e vêm investindo em treinamento.

Mas, segundo agentes de mercado, a diversidade de atuação é que pode fazer a diferença. Nesse sentido, companhias expostas a plataformas mais diversificadas, tanto em termos de renda quanto de distribuição geográfica, ganham destaque.

"Quanto mais diversificada e integrada a empresa, melhor. Se atuar em todos segmentos e tiver menos banco de terrenos concentrado, é mais fácil passar por esse tipo de crise", ressaltou o analista Eduardo Silveira, da Fator, que destaca Gafisa e Rossi Residencial como as mais bem posicionadas em diversificação. (O Globo)

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Trabalhadores brasileiros gastam no mercado interno os ganhos reais de seus salários

Economia brasileira sentirá impacto positivo da transferência de renda para os trabalhadores, mas precisamos de ampliar ainda mais a distribuição de renda

Teremos um dos melhores Natal de todos os tempos no Brasil. Em parte devido aos acertos econômicos e, em parte, com o consumo que os trabalhadores brasileiros farão a favor de suas famílias com os ganhos reais que conquistaram nos últimos anos. O Sindicato dos Comerciários de São Paulo, por exemplo, conquistou nos últimos cinco anos mais de 40% de aumento real. E neste ano tenta bater o seu recorde de recuperação e de ampliação dos salários em termos reais, se bem que tenhamos que lidar com um patronato atrasado que não percebe a importância de transferir renda para seus empregados como uma forma de gerar ganhos para o próprio setor. Falta muita coisa a ser feita. A luta pela inclusão social continua e ainda não conseguimos sequer arranhar a péssima distribuição de renda no Brasil. Temos ainda 1% da população controlando metade da riqueza. E os 99% restantes com todo o resto da riqueza e da pobreza acumuladas. É uma situação que não pode ficar assim e que nos estimula, a UGT e as demais centrais, a manter a mobilização para buscar um Brasil mais justo e mais igual. (Ricardo Patah, presidente nacional da UGT)

Ganho de renda dos trabalhadores injetará R$ 106 bi na economia

O aumento real na renda dos trabalhadores brasileiros, em torno de 5% este ano, vai representar uma injeção de recursos da ordem de R$ 106 bilhões na economia do país até o fim de 2010. A estimativa foi feita nesta segunda-feira pelo presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Marcio Pochmann, durante divulgação do Índice de Expectativas das Famílias (IEF), que apontou que 74% das 3.810 famílias ouvidas na pesquisa consideram sua situação melhor hoje que um ano atrás. Com relação ao futuro, 59,95% disseram que esperam continuar melhorando financeiramente nos próximos 12 meses.

Para Pochmann, a forte expansão do emprego e da renda este ano em relação ao ano passado, período de desaceleração econômica causada pela crise financeira global, explica o otimismo dos brasileiros. Os recursos do aumento da renda somados aos R$ 88,3 bilhões previstos para entrar na economia por causa do 13 salário, devem garantir o melhor Natal da história do país, afirmou Pochmann.

Pelo estudo do Ipea, 53,8% das famílias disseram que este é o melhor momento para comprar bens duráveis, como televisão e geladeira. Além disso, 47,73% informaram que não têm dívidas, contra apenas 10% das famílias que disseram que estão muito endividadas.

- Tudo indica que teremos o melhor final de ano da história do país - previu Pochmann. (Globo)

Pesquisa do Ipea mostra que 74% das famílias veem sua situação financeira melhor hoje

Regiões Norte e Nordeste possuem a maior proporção das famílias que acreditam ter melhorado sua situação financeira, com 81,33% e 78,97%

A situação financeira está melhor hoje do que há um ano para 74% do conjunto das 3.810 famílias consultadas pela segunda edição do Índice de Expectativas das Famílias (IEF), apurado em setembro pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Apenas 18% das famílias se dizem em pior situação atualmente do que há um ano.

As regiões Norte e Nordeste possuem a maior proporção das famílias que acreditam ter melhorado sua situação financeira, com 81,33% e 78,97%, respectivamente, - seguidas de perto pelo Centro-Oeste, com 76,49%. Já nas regiões Sul e Sudeste, a proporção de famílias otimistas é levemente inferior, apesar de ainda permanecer elevada na escala do IEF, com 71,53% e 70,34% respectivamente.

Com relação às expectativas futuras da situação financeira de suas famílias em 12 meses, 77,32% dos entrevistados creem que estarão em melhores condições, enquanto 7,56% anteveem piora. Sobre a expectativa das famílias em relação ao consumo, 53,81% das famílias pensam que o presente seja um momento ideal para comprar bens de consumo duráveis, contra 37,27% que afirmam que este não é o momento mais indicado.

Na região Nordeste, há o maior otimismo, com 63,94% das famílias apostando ser esse um bom momento para compras. Nas regiões Norte e Sul, segundo a pesquisa, há um equilíbrio entre as famílias receosas em consumir e de famílias otimistas, com aproximadamente 46% para cada grupo.

O presidente do Ipea, Marcio Pochmann, disse que o otimismo das famílias tende a aumentar nos próximos meses, quando começa o pagamento do 13º salário que deve ser usado para o pagamento de dívidas e reabilitação dos endividados. Além disso, ele afirmou que o Ipea fez uma estimativa, a partir de dados de outros institutos, e projeta um crescimento real da renda de 5% neste ano em comparação a 2009.

Endividamento — Quando consultadas sobre o nível de endividamento, 47,73% da famílias declararam não ter dívidas, ao passo que pouco mais de 10% das famílias responderam estar muito endividadas em comparação ao rendimento familiar mensal. Entre os que estão endividados, 59,75% creem que conseguirão quitar suas contas no próximo mês (outubro). Entre aqueles que não vão conseguir pagar suas dívidas, 36,19% estão na região Centro-Oeste. No Norte e Nordeste, há uma proporção maior de famílias que não vão conseguir saldar suas dívidas, com 53,41% e 43,85%, respectivamente.

Outra constatação da pesquisa diz respeito à expectativa das famílias sobre o mercado de trabalho. De acordo com Pochmann, quando se considera o País, 73% dos responsáveis pelos domicílios dizem estar seguros em sua ocupação atual. O presidente do Ipea afirmou que esse patamar é coerente com o observado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), citando a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad) e a Pesquisa Mensal de Emprego (PME).

No Sul, 91,75% dos chefes de família afirmam estar seguros em sua ocupação atual. Em seguida, o maior grau de otimismo aparece no Centro-Oeste, com 75,57%. Depois, vem: Sudeste (75,23%), Norte (72,68%) e Nordeste (57,77%). (Estado)

Um a cada 10 já foi vítima de fraude virtual em SP, diz Fecomercio

Em segundo lugar aparecem empatados os crimes de desvio de dinheiro da conta bancária e compras indevidas realizadas no cartão de crédito, com 22,6%

Uma a cada dez pessoas na cidade de São Paulo já foi vítima ou tem familiar que já foi vítima de algum tipo de crime virtual, segundo pesquisa da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (Fecomercio) divulgada hoje. A sondagem apontou que o crime mais comum na rede de internet é a clonagem de páginas pessoais. Segundo o levantamento, 23,5% dos entrevistados na capital paulista relataram já ter passado por esta situação.

Em segundo lugar aparecem empatados os crimes de desvio de dinheiro da conta bancária e compras indevidas realizadas no cartão de crédito, com 22,6%. Neste caso, as principais vítimas (40,7%) são pessoas que têm rendimentos mensais acima dos 10 salários mínimos. "Isso acontece porque são pessoas que buscam mais praticidade e costumam usar mais serviços de home banking e compras pela internet, às vezes sem as proteções adequadas", avaliou a assessora econômica da Fecomercio Kelly Carvalho.

A sondagem também revelou que, após sofrer algum tipo de ataque, a atitude mais comum do internauta é fazer um boletim de ocorrência e, em seguida, encerrar a conta no site utilizado. Cancelar cartões de crédito também é uma ação frequente. Segundo resposta dos entrevistados, nestes casos, os bancos só resolveram o problema ou reembolsaram os prejuízos dos clientes em 14,7% das vezes.

O receio de possíveis fraudes é uma das principais barreiras para a expansão do comércio online. A pesquisa revelou que 63,7% dos entrevistados na cidade de São Paulo não realizam compras na internet por esse motivo. No entanto, entre as pessoas que já foram vítimas de fraudes, a maioria (65,5%) afirmou que continua usando a internet normalmente para realizar transações.

No caso das compras online, o que mais estimula os entrevistados é a praticidade da aquisição sem sair de casa (45,6%). A confiança na empresa também conta muito, sendo considerado primordial para 23,3% dos entrevistados.

Redes sociais — Twitter, Facebook, Orkut e outras redes sociais ainda são o principal motivo para o acesso à internet: 73,8% afirmaram acessar pelo menos uma delas. Entre os internautas com mais de 34 anos, 61% acessam alguma rede. Já entre aqueles com 34 ou menos, a porcentagem cresce bastante, atingindo 85,3% dos entrevistados na capital paulista.

Outra prática comum, baixar filmes e músicas não é considerado um crime pela maior parte da população. Somente 23,5% dos internautas consideram estes atos uma violação da lei de direitos autorais. O que não é comum para os internautas é se cadastrar em sites para receber conteúdos e promoções especiais. Somente 35,5% deles têm este costume, em grande parte porque, na opinião de 64,8% dos entrevistados, os sites não apresentam informações claras e precisas dos produtos que vendem.

A pesquisa da Fecomércio entrevistou 1.095 pessoas do município de São Paulo nos dias 16 e 17 de agosto de 2010. (Estado)

Acionista com FGTS é diluído na Petrobras

Com várias limitações, trabalhador aplica R$ 423 mi na capitalização, mas tinha direito a R$ 1,7 bi em papéis. Operação era restrita a quem comprou ações da estatal em 2000, com teto de 30% do saldo; 25 mil aderiram a negócio.

Os trabalhadores brasileiros só conseguiram aplicar R$ 423,7 milhões utilizando recursos do FGTS na compra de ações da Petrobras. Entre os acionistas da estatal, os cotistas dos fundos FGTS foram, até agora, os mais diluídos que se tem notícia.
Restrita apenas aos trabalhadores que compraram ações da Petrobras em 2000 e com teto de 30% do saldo atual do FGTS, a adesão dos trabalhadores à maior capitalização por meio de ações do mundo foi baixíssima.
Os fundos FGTS tinham perto de R$ 5,2 bilhões em ações ON da Petrobras (3,5% do total), o que conferiria o direito a comprar mais de R$ 1,7 bilhão em papéis, se não fossem os limites impostos.
Segundo a Caixa, só participaram do processo 25.544 trabalhadores, que aderiram à aplicação por meio de 46 fundos geridos por 25 gestores diferentes.
A última estimativa da CVM era que 89 mil pessoas poderiam aderir à aplicação.
Como os demais acionistas, os trabalhadores tinham prioridade para comprar os novos papéis da Petrobras, na proporção de 0,34 papel novo por ação antiga.
"Foram pedidos R$ 563,3 milhões e liberados somente R$ 423,7 milhões em razão da aplicação desses limitadores", disse José Maria Leão, superintendente nacional da Caixa para assuntos de FGTS.
Os recursos aplicados na Petrobras por meio do FGTS ficarão retidos por um ano.
ESTREIA — As ações da Petrobras estrearam ontem com forte instabilidade na BM&FBovespa, como ocorreu na sexta na Bolsa de Nova York.
No fechamento, os papéis ON (ordinários, com voto) fecharam com alta de 2,02%, negociados a R$ 30,25.
Já as ações PN (preferenciais, sem voto) subiram 0,76% e atingiram R$ 26,50.
O volume negociado com os papéis da Petrobras atingiu R$ 2,156 bilhões -31% do total de negócios ontem na Bolsa brasileira.
O suíço UBS, um dos poucos grandes bancos fora da operação, recomendou aos clientes que vendessem os papéis ON e mantivessem os PN. A analista Lilyanna Yang, que assina a avaliação, diz que os papéis devem ficar em R$ 30. (Folha)

População brasileira está mais velha, aponta Censo 2010

Os resultados ainda são parciais, mas confirmam tendência de envelhecimento.
O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) informou ontem que os resultados parciais do Censo 2010 confirmam a tendência de envelhecimento da população brasileira, fruto da redução da taxa de fecundidade e do aumento da expectativa de vida no país.
Até ontem à tarde, 154,2 milhões de pessoas já tinham sido recenseadas -equivalente a 80,54% da população estimada em 2009.
Segundo o presidente do IBGE, Eduardo Pereira Nunes, o Censo aponta para uma mudança acelerada na pirâmide etária do país.
"Mantidas as condições atuais de fecundidade, expectativa de vida e movimento migratório, deixaremos de ser um país jovem para nos tornarmos um país com população madura num prazo de 30 anos", disse.
Em 2000, o Censo revelou que 40,17% da população brasileira tinha entre 0 e 19 anos. Em 2010, esse percentual caiu para 32,95%. Já a proporção de idosos com 60 anos ou mais passou de 8,57% para 11,16% no mesmo período. De acordo com Nunes, o movimento ocorre tanto na zona urbana quanto na zona rural - essa, porém, ainda apresenta taxa de fecundidade maior.
PESSOAS POR DOMICÍLIO — Outra tendência revelada foi a de redução no número médio de habitantes por domicílio. De acordo com Nunes, isso também é fruto da redução da taxa de fecundidade, que hoje já está abaixo de dois filhos por mulher.
Em 2000, cada moradia tinha em média 3,79 moradores, contra 3,34 em 2010. O Rio Grande do Sul teve a menor média do país, de 2,99.
A coleta de dados do Censo 2010 teve início em 1º de agosto e será encerrada em 31 de outubro. Segundo o presidente do IBGE, o número de domicílios recenseados até agora supera as metas parciais do instituto.
Ele afirmou também que ao menos 600 mil domicílios que já responderam ao questionário serão revisitados. O procedimento faz parte do trabalho de checagem de dados, que visa analisar a consistência das informações que foram transmitidas pelos recenseadores. (Folha)

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Comerciários de São Paulo sempre atentos e mobilizados contra arbitrariedade patronal

Sindicato dos Comerciários de São Paulo bloqueia shopping contra horário de abertura

Comerciários fecharam entrada do estacionamento com carreta de 30 metros e fizeram assembleia no local. Há duas semanas, Villa Lobos passou a abrir às 11h aos domingos, em vez de 14h, como antes e como demais shoppings.

O Sindicato dos Comerciários de São Paulo impediu ontem a abertura do shopping Villa Lobos, na zona oeste, em protesto contra o aumento da jornada de trabalho dos vendedores e lojistas aos domingos.

Uma carreta de 30 metros de comprimento bloqueou a entrada do estacionamento. Neste mês, as lojas passaram a abrir às 11h, em vez das 14h como antes e como nos demais centros comerciais.

Segundo Ricardo Patah, presidente do sindicato, uma assembleia com os funcionários do shopping foi feita ontem no local depois de um abaixo-assinado conseguir 800 adesões contra a antecipação da abertura das lojas.
"Não deixamos abrir. Recebemos reclamações dos empregados e dos próprios lojistas. É um absurdo o que o shopping está fazendo. Os empregados desse setor já trabalham 52 horas por semana, contra 44 horas das demais categorias. É uma coisa grave", disse Patah.

Houve empurra-empurra e a Polícia Militar foi chamada para conter os ânimos. A CET também teve de intervir para controlar o trânsito na região. O sindicato diz não ter impedido a entrada dos clientes no prédio, mas, com as lojas fechadas, quem entrava saía logo em seguida.

A assembleia e o bloqueio, que começaram às 11h e terminaram às 14h, de acordo com Patah, reuniram 1.500 empregados do shopping, entre vendedores e funcionários de apoio.

O shopping diz que "a ampliação do horário de funcionamento das lojas aos domingos está de acordo com a legislação e com o acordo coletivo do sindicato".

Mercado aquecido faz diferença entre salários diminuir

No mês passado, remuneração de recém-contratado equivalia a 92,1% da obtida por empregado demitido. Redução da diferença indica que renda real continua crescendo; especialistas discutem pressão sobre inflação.

Um sinal do forte aquecimento do mercado de trabalho é a tendência à redução da diferença entre salários de funcionários demitidos e admitidos para patamar próximo do mínimo histórico.

Em fevereiro de 2009, auge da crise financeira, o salário de um funcionário contratado equivalia, em média, a 85,4% daquele de um empregado demitido. Em agosto de 2010, o percentual saltou para 92,1%, depois de recuar ligeiramente do pico de 94,6% atingido em junho passado.
O cálculo, que desconta efeitos sazonais, foi feito pelo economista Aurélio Bicalho, do Itaú Unibanco.

A redução da diferença entre salários de admitidos e contratados indica, segundo Bicalho, que a renda real (descontada a inflação) média dos trabalhadores do mercado formal continuará crescendo a ritmo forte:

"À medida que vão entrando mais pessoas no mercado com salários mais altos, isso vai se refletindo com algum atraso na renda real média."
De acordo com ele, indicadores apontam para um forte aperto no mercado de trabalho brasileiro.

Essa impressão, compartilhada por outros economistas, fomenta uma discussão sobre se o mercado de trabalho brasileiro opera acima da sua plena capacidade. Ou seja, em um nível de desemprego que gera inflação. (Folha)

Melhorou qualidade do mercado de trabalho no Brasil

Estudo do Ipea revela que aumentaram a escolaridade e a renda dos trabalhadores.

O grau de informalidade atingiu o menor patamar da década (48,45%) no ano passado

Apesar dos efeitos negativos da crise financeira internacional no Brasil, como a ampliação da taxa de desemprego no ano passado, o mercado de trabalho avançou em aspectos qualitativos, apontou um comunicado divulgado nesta quinta-feira pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). O documento teve como base os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD) de 2009, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Enquanto o país viu a taxa de desemprego subir mais de um ponto porcentual em 2009 ante 2008, o grau de informalidade atingiu o menor patamar da década (48,45%) no ano passado. Para isso, contribuiu o fato de a variação absoluta nos postos de trabalho considerados protegidos (com carteira assinada, militares e estatutários) ter sido superior à variação de ocupados.

No ano passado, houve aumento de 715.000 pessoas no bloco da população ocupada, abaixo do aumento de 2,5 milhões de pessoas registrado em 2008, ambos na comparação com o ano anterior. Além do reduzido aumento do número de pessoas ocupadas, outro fator que pode explicar o crescimento da taxa de desemprego para 9,1% no ano passado é que as pessoas teriam passado a procurar mais emprego, aponta o Ipea.

Escolaridade – Outro dado revelado pelo comunicado foi o aumento de 15 pontos porcentuais na participação de pessoas com 11 anos ou mais de escolaridade na composição da força de trabalho entre 2001 e 2009. Para a faixa de até três anos de escolaridade, foi registrada queda de 9 pontos porcentuais. Para a de quatro a dez anos, a redução atingiu seis pontos porcentuais. De acordo com o comunicado, isso se deve à combinação da maior escolaridade dos entrantes no mercado de trabalho com maior procura das empresas por trabalhadores mais qualificados.

O comunicado mostrou também que o rendimento real médio de todos os trabalhos atingiu 1 068,39 reais no ano passado, o maior valor desde 2001. O crescimento está relacionado ao aumento da participação de pessoas escolarizadas entre os ocupados, avalia o documento do Ipea. Segundo o instituto, o setor de transporte e a indústria foram os que mais sentiram os efeitos da crise no mercado de trabalho. Nesses dois segmentos, verificou-se um decréscimo da população ocupada de 3,5% e 2,2%, respectivamente. Os demais apresentaram crescimento, com destaque para serviços (7,1%), administração pública (4,8%) e comércio (2,5%).

Embora tenha sido registrada elevação de 3,4% na massa de rendimentos entre 2008 e 2009, houve uma diminuição do ritmo de crescimento. Entre 2001 e 2009, esse agregado teve um aumento de 34,6%. De 2003 a 2009, a taxa média da trajetória de crescimento foi de 5,9% ao ano. (Veja com Agência Estado)

Mercado de trabalho — Elas ainda ganham menos que os homens, diz pesquisa

Mesmo com nível de escolaridade mais alto, mulheres ganham menos que os homens. Diferença salarial pode chegar a 51% em cargos de gerência.

Analisando a diferença salarial em cada um dos níveis hierárquicos considerados pela pesquisa, nota-se que os homens ganham mais que as mulheres em todos os níveis, com destaque para a gerência, onde eles ganham, em média, 51,6% a mais que as mulheres, seguido do operacional (50,7% mais) e técnico (37,5% mais).

Apesar de ainda ganharem menos que os homens, no quesito escolaridade as mulheres possuem indicativos maiores que os deles: 63,2% das mulheres possuem graduação e pós-graduação, contra 55,3% dos homens. Analisando separadamente o grau de escolaridade, 44,2% da mulheres são graduadas e 19,5% pós-graduadas, contra 38% e 17,3% dos homens, respectivamente.

A 32ª Pesquisa Salarial e de Benefícios da Catho Online ouviu mais de 164.000 trabalhadores de mais de 20.000 empresas em 3.338 cidades brasileiras. (Veja)

CNI: atividade na indústria avança em agosto

O índice de evolução da produção industrial passou de 53,4 pontos em julho para 55,1 pontos em agosto, de acordo com dados da Sondagem Industrial divulgados hoje pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). Segundo avaliação da entidade, o crescimento da atividade no setor se tornou mais disseminado em agosto, com empresas de todos os portes, incluindo as pequenas, se situando acima do patamar dos 50 pontos, o que indica um aumento na produção. Entre os 26 segmentos pesquisados, apenas a indústria da borracha registrou queda na atividade em agosto. Em julho, nove segmentos haviam apresentado recuo.

Com o aumento na produção, a Utilização da Capacidade Instalada (UCI) ficou acima do usual para os meses de agosto, aos 51 pontos, ante 49,1 pontos em julho. Pela metodologia da CNI, valores acima de 50 pontos representam uma utilização do parque instalado superior à média esperada para o mês.

Além disso, pelo segundo mês seguido, os estoques da indústria ficaram acima do planejado, com o índice em 51,4 pontos em agosto. Entre as pequenas empresas, no entanto, esse indicador ficou em 49 pontos. A sondagem industrial revela ainda que os empresários continuam otimistas em setembro em relação aos próximos meses. As expectativas são positivas em relação aos aumentos da demanda (61,5 pontos), das exportações (51,4 pontos) e das compras de matérias-primas (59,1 pontos). Na pesquisa, foram entrevistadas 1.603 empresas entre os dias 31 de agosto e 21 de setembro. (Estado)

Fiado dá lugar ao cartão em mercados

Bancos lançam marcas próprias para clientes de pequenas lojas na periferia de capitais do Nordeste.

Público-alvo são pessoas de baixa renda que não têm acesso a cartões de crédito de grandes bandeiras.

O velho hábito de comprar fiado está sendo substituído na periferia das capitais nordestinas pelo uso do cartão de crédito.

Instituições financeiras da região criaram cartões "private label" (de marca própria) que estão sendo usados em pequenos mercados e em mercearias da região.
O público-alvo são pessoas de baixa renda, sem conta em banco ou sem cartões de grandes bandeiras.

O Banco Gerador, o único privado com atuação nacional sediado no Nordeste, lançou em junho o cartão Banorte. A emissão é gratuita e não há cobrança de anuidade.
Desde julho, ele é testado em três mercados da região metropolitana de Recife, onde dois terços dos clientes não tinham cartões de grandes bandeiras. "Nossa meta é atingir 4.000 mercados e mercearias em três anos", afirma Pedro Dalla, presidente do Banco Gerador.

A estratégia é levar o cartão Banorte a comércios de loja única, que não integram redes, localizados no interior dos Estados ou na periferia das capitais e com faturamento anual entre R$ 2 milhões e R$ 3 milhões.

"As empresas precisam de capital para repor seus estoques e aproveitar o forte crescimento econômico do Nordeste. Quando o lojista vende fiado, fica sufocado. Com o cartão, ele pode antecipar o recebimento", observa Dalla.
FIDELIZAÇÃO — José Batista da Silva, dono do mercado Boa Opção, em Jaboatão dos Guararapes, na região metropolitana de Recife, aderiu ao Banorte com a expectativa de fidelizar a clientela. Ele espera elevar em 20% seu faturamento de R$ 1,4 milhão por ano.

Outra vantagem, diz Silva, é que não será mais preciso cobrar dívida de porta em porta. Dos cerca de 800 clientes, até agora 220 fizeram o cartão, usado em 6% das vendas do mercado.

Cliente do Boa Opção há seis anos, a dona de casa Josicleide Campos usa desde junho o cartão Banorte do marido, Uiraquitan Xavier, para pagar as compras.
O limite é de R$ 200, um terço da renda da família. Ela já pagou três faturas, em dia e no próprio mercado.

"O cartão facilita bastante. Nem sempre eu tinha dinheiro para comprar. Quero fazer o Hypercard, que é aceito em todas as lojas", diz ela.
Há seis anos, o grupo Oboé emite o Oboé Card, usado em 46 mercados da periferia de Fortaleza e em 18 da de São Luís do Maranhão.

O número de cartões deve passar de 160 mil hoje para 210 mil em 2011. Até 2012, a meta é levar o cartão para Salvador, Recife e Natal.

sábado, 25 de setembro de 2010

Neste domingo, 26/9, comerciários realizam protesto no Shoppling VillaLobos a partir das 11 horas

Comerciários de São Paulo protestam no Shopping Villa Lobos, neste domingo, 26
Com o lema: "Domingo, só começo a trabalhar às duas da tarde!", os comerciários de São Paulo mobilizam os trabalhadores e clientes do Shopping Villa Lobos em torno dos impasses criados na campanha salarial deste ano. A mobilização é para mostrar para os patrões a determinação da categoria a favor da negociação imediata, com a reposição da inflação e aumento real de salários. A economia está aquecida e o repasse de ganhos aos trabalhadores é uma questão de Justiça, em função da entrega com a qual os comerciários se dedicam, o ano todo, às suas funções. Somos geradores de riquezas e de lucros. E, com a abertura do shopping após as 14 horas os patrões do setor vão entender nossa mensagem. Além de ser uma maneira direta de sensibilizar os clientes e mostrar que a insensibilidade dos patrões do setor de comércio, que querem ganhar sozinhos neste momento em que a economia brasileira passa por grande expansão. Portanto, todos estejam na nossa concentração, domingo, dia 26, a partir das 11 horas, em frente ao Shopping VillaLobos. Ninguém entrará até as 14 horas.

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Mulheres trabalhadoras brasileiras se organizam em torno da Rede de Mulheres do Brasil e criam documentário contra violência e discriminação

Rede de Mulheres do Brasil contra a violência e a discriminação

(Postado por Cleonice Caetano de Souza, da UGT) — Está em fase de finalização o vídeo da Rede de Mulheres do Brasil que trata das questões essenciais da mobilização feminina no Brasil e no mundo. Entre os temas estão a igualdade de oportunidades e de salários nos ambientes de trabalho, a violência contra as mulheres e, dentro de casa, o cuidado compartilhado. A Rede de Mulheres do Brasil faz parte de uma rede internacional, com sede na Europa, e mobiliza e organiza as mulheres trabalhadoras, vinculadas aos respectivos sindicatos, para estabelecerem metas comuns em todo o mundo. O vídeo que termina sua gravação hoje será, em seguida, distribuído para toda a rede e apresentado nas sedes dos sindicatos do Brasil todo e enviado para o resto do mundo.

Leia o clipping de hoje:

Salário médio do trabalhador em agosto é o maior em 8 anos, diz IBGE

Rendimento real médio foi de R$ 1.472,10 no período.
Na comparação anual, salário dos trabalhadores teve aumento de 5,5%.

O rendimento real médio dos trabalhadores ficou em R$ 1.472,10 em agosto e é o maior desde o início da série histórica do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), segundo pesquisa mensal divulgada pelo órgão nesta quinta-feira (23). O recorde anterior, conforme informou o órgão, foi registrado no mês anterior, julho, quando o salário médio ficara em R$ 1.451,91.

Região

Salário médio em agosto

Recife

R$ 1.078,10

Salvador

R$ 1.231,90

Belo Horizonte

R$ 1.396,40

Rio de Janeiro

R$ 1.522,20

São Paulo

R$ 1.580,10

Porto Alegre

R$ 1.421,50

Fonte: IBGE

Na comparação mensal, com julho, o rendimento médio subiu 1,4%. Já sobre agosto do ano passado, o aumento foi maior, de 5,5%.

Nas seis regiões pesquisadas pelo IBGE, na comparação com o mês anterior, o rendimento médio real dos trabalhadores cresceu em Recife (4,4%), Salvador (3,3%), Rio de Janeiro (2,5%) e em São Paulo e Porto Alegre (0,7%). Em Belo Horizonte, os salários ficaram estáveis em agosto.

Já em relação a agosto do ano passado, todas as regiões tiveram alta, liderada por Recife (17,5%). Em seguida, aparecem Salvador (7,7%), Belo Horizonte (6,6%), Rio de Janeiro (5,7%), São Paulo (3,8%) e Porto Alegre (6,4%).

Desemprego
Nesta mesma pesquisa, foi divulgada a taxa de desemprego, que ficou em 6,7% em agosto. A taxa é a menor, considerando todos os meses, desde março de 2002, quando teve início a série histórica do órgão. O menor resultado antes desse havia sido registrado em dezembro de 2009, com taxa de 6,8%. (G1)

Desemprego fica em 6,7% em agosto e é o menor desde 2002, indica IBGE

Taxa de desocupação bate recorde histórico, para todos os meses.
Na comparação anual, salário médio cresceu 5,5%.

A taxa de desemprego ficou em 6,7% em agosto, conforme informações divulgadas nesta quinta-feira (23) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A taxa é a menor, considerando todos os meses, desde março de 2002, quando teve início a série histórica do órgão. O menor resultado antes desse havia sido registrado em dezembro de 2009, com taxa de 6,8%.

No mês anterior, julho, o índice havia ficado em 6,9%. Já em agosto do ano passado, a taxa registrada foi de 8,1%.

O salário médio dos trabalhadores em agosto teve alta de 1,4%, ficando em R$ 1.472,10, em comparação com o mês anterior. Já em relação ao mesmo período do ano passado, o aumento foi de 5,5%.

Em agosto, a população desocupada ficou em 1,6 milhão, o mesmo resultado do mês anterior. Já na comparação com o mesmo período do ano passado, teve redução de 15,3%, cerca de 289 mil pessoas.

A população ocupada, 22,1 milhões, também ficou estável em relação ao mês anterior, mas cresceu 3,2% (691 mil postos de trabalho) no ano. O número de trabalhadores com carteira assinada, 10,2 milhões, ficou estável de julho para setembro, porém, teve alta de 7,2% (685 mil postos de trabalho) na comparação com o mesmo período do ano passado.

Por regiões — Em todas as regiões pesquisadas pelo IBGE, o desemprego ficou estável em agosto, na comparação com julho. No entanto, na comparação com o mesmo período do ano passado, a taxa recuou em Recife (1,9 ponto percentual), Belo Horizonte e São Paulo (2,3 pontos percentuais, ambos) Porto Alegre (0,8 ponto percentual). Em Salvador e no Rio de Janeiro, não houve mudança.

A quantidade de desempregados, que totaliza 1,6 milhão de pessoas, no conjunto das seis regiões investigadas ficou estável na comparação com o mês anterior, mas registrou queda de 15,3% sobre agosto do ano passado, que representa 289 mil pessoas a menos. (G1)

Petroleiros protestam com atraso de turnos em SP

Insatisfeitos com as propostas salariais apresentadas pela Petrobras, o Sindicato dos Petroleiros do Litoral Paulista (Sindipetro-LP) iniciou nesta quinta-feira uma manifestação por tempo indeterminado. Desde as 7 horas, cerca de 2.500 petroleiros vão atrasar por três horas a troca de turnos na Refinaria Presidente Bernardes (RPBC), em Cubatão, nos terminais da Transpetro em Santos (Alemoa), Cubatão (Pilões) e São Sebastião (Tebar), e nas plataformas de Merluza e Mexilhão. O movimento integra uma manifestação que envolve outros quatro sindicatos do País, liderados pela Federação Nacional dos Petroleiros (FNP)

A decisão de atrasar os turnos foi tomada em assembleia realizada na noite de quarta-feira na sede do sindicato, em Santos, e contou com a participação de mais de 600 petroleiros.

De acordo com o presidente do Sindipetro-LP, Ademir Gomes Parrela, o atraso na troca de turnos foi a maneira encontrada pelos trabalhadores de prejudicar o andamento da operação da empresa sem onerar os funcionários, que em greve podem acabar tendo os dias parados descontados do salário. "Estamos pedindo aumento real de 10% e a revisão nas perdas de 1994 para cá e a empresa ofereceu apenas 5,16% de reposição", disse Parrela.

Em nota, a Petrobras informou que as operações em todas as instalações industriais e administrativas da Unidade de Operações de Exploração e Produção da Bacia de Santos (UO-BS) ocorrem normalmente no dia de hoje. (Estado)

Número de pedidos de crédito cresce 26% em 12 meses

Volume se aproxima dos 27 milhões de clientes e representa 30% dos correntistas.
O número de empresas e consumidores que contraíram empréstimos nos bancos brasileiros cresceu 26% em 12 meses e chegou a quase 27 milhões em junho.
Isso representa pouco mais de 30% dos correntistas do país, de acordo com o relatório do Banco Central. No mesmo período, o volume de crédito subiu 24%, chegando a R$ 1,5 trilhão em junho.
Para o BC, o aumento no número de clientes com empréstimos é um dos fatores que explicam por que a expansão do crédito ao consumidor se deu em um ritmo superior ao do comprometimento da renda.
Outro fator é o aumento na liberação de empréstimos de menor risco. A carteira de crédito das pessoas físicas cresceu 9% no primeiro semestre, puxada pela expansão de 26% do crédito imobiliário e de 14% do empréstimo consignado em folha de pagamento.
O consumidor ganhou também mais prazo para pagar suas dívidas, o que ajudou a manter o valor gasto mensalmente com prestações dentro do seu orçamento.
O relatório destaca ainda, como fatores adicionais a esse equilíbrio, a tendência de queda das taxas de juros e o aumento da renda disponível.
Para o BC, a entrada de novos clientes e o alongamento de prazos representam, por outro lado, "desafios adicionais" para os bancos. Além da falta de histórico de crédito e da menor educação financeira dos novos clientes, há necessidade de "modelos que mapeiem riscos para prazos maiores".
JURO MAIOR — Em relação ao crédito às pessoas jurídicas, houve aumento mais forte no número de clientes com empréstimos entre R$ 100 mil e R$ 10 milhões desde junho de 2008.
Segundo o BC, essas são faixas que caracterizam operações com empresas com mais risco de crédito (micro, pequenas e médias). Essa é uma das explicações, segundo o relatório, para a alta dos juros nos empréstimos a esses clientes bancários.
Para a instituição, esse aumento de risco não representa, no entanto, "maiores preocupações", atualmente.
Para o BC, o aumento na captação de recursos para empréstimos mostra que, no médio prazo, não haverá restrição ao crescimento do crédito por falta de fontes de financiamento. No longo prazo, no entanto, o governo vê a necessidade de que se procurem outras formas de recursos. (Folha)

Petrobras capta R$ 120,4 bi com ações

Capitalização é a maior já feita no mundo e torna a estatal a segunda maior companhia em valor de mercado. Adesão foi tão alta que há dúvidas se a União conseguiu ampliar de 34% para 50% sua participação na estatal.

Pouco mais de um ano depois do anúncio, a Petrobras levantou ontem R$ 120,36 bilhões (US$ 70 bilhões) na maior venda de ações já feita no mercado de capitais. O montante equivale a 4,2% do PIB brasileiro em 2009
Desse total, até R$ 74,8 bilhões virão do governo na forma de barris de petróleo. Dinheiro assegurado até agora são R$ 45,6 bilhões.
Mesmo assim, supera as da japonesa NTT (US$ 36,8 bilhões) e do chinês AgBank (US$ 22,1 bilhões).
A dez dias da eleição presidencial, a capitalização marca uma nova fase da Petrobras, agora com maior participação do governo.
Com valor de mercado alçado para US$ 270 bilhões, a engenharia financeira transforma a estatal brasileira na segunda maior empresa do mundo, atrás apenas da americana ExxonMobil.
Apesar de críticas e rumores contrários, a adesão dos maiores fundos de investimento do mundo à oferta de ações teria superado mais de uma vez e meia a demanda.
Na semana passada, esses fundos falavam que poderiam não entrar na oferta por conta de riscos da operação no pré-sal, da diluição dos lucros com mais acionistas e do desrespeito aos minoritários.
Aos fundos interessava derrubar ao máximo o preço dos papéis na Bolsa para formar um valor menor na oferta de ações. As novas ações saíram a R$ 29,65 (ON) e a R$ 26,30 (PN), com desconto em relação ao preço de ontem na Bolsa. Os papéis ON terminaram ontem a R$ 30,25 (alta de 1,92%), e os PN, a R$ 26,80 (3,16%).
Neste ano, as ações caíram cerca de 20%. O preço na oferta é fixado com base na demanda dos grandes investidores, que pedem um "desconto" para não comprar os papéis na Bolsa.
Também surpreendeu a entrada de pequenos investidores do varejo, incluindo os que puderam utilizar recursos do FGTS (só podia quem entrou em 2000). Os coordenadores acreditam que 400 mil pessoas possam ter participado da oferta. Hoje, será divulgado se houve rateio de ações no varejo.
META — A adesão foi tão alta que há dúvidas se a União conseguiu, de fato, ampliar para 50% sua participação na Petrobras. Se não atingir a meta (jamais declarada), a União poderá levar como "prêmio de consolação" dinheiro vivo do mercado, ajudando a fechar as contas do Tesouro.
Isso porque a operação prevê a cessão de R$ 74,8 bilhões em barris de petróleo, que serão "trocados" pelas novas ações. Se não comprar tudo isso em ações, poderá levar o restante em dinheiro.
Capitalizada, a Petrobras terá recursos para deslanchar seu plano de exploração no pré-sal, uma das últimas reservas conhecidas de petróleo no mundo.
Surpreendentemente, as ações da estatal dispararam ontem; a expectativa era que desabassem mais. A interpretação foi que os grandes investidores não conseguiram levar integralmente os papéis que pediram e tentavam comprar ações antes de uma possível alta.
Com o preço definido, os novos papéis começam a ser negociados hoje na Bolsa de Nova York. O presidente Lula estará hoje na BM&FBovespa, apesar de os papéis só estrearem no país na segunda.
DEMANDA — O temor dos bancos é que, se toda a demanda do mercado for atendida, os fundos não terão por que comprar os papéis na Bolsa, ocasionando a baixa das ações. Tudo o que o governo não quer é que as ações caiam na estreia, o que significaria um fracasso na visão do público.
A possibilidade de queda das ações, porém, não é descartada. Alguns fundos de investimento não aderiram à oferta, alegando que poderiam comprar mais tarde por um preço menor na Bolsa. (Folha)