segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Por todos os lados vemos sinais de superação da crise mas não desistiremos de exigir mais empregos e mais salários

Varredores e varredoras de São Paulo em greve

(Postado por Moacyr Pereira, presidente do Siemaco-SP) Hoje, 21 de setembro, os varredores de São Paulo estão em greve. Foi a única alternativa que encontramos para tentar estancar a violenta onda de demissões contra a categoria. Já foram demitidos 586 trabalhadores, outros 1.300 já cumprem aviso prévio. E a ameaça de demissão em massa continua, sem a sinalização de um acordo. A categoria se vê vítima de um confronto entre a prefeitura e as empresas. O prefeito Kassab ordenou um corte de 20% das verbas de varrição. As empresas responderam com o corte dos trabalhadores. Deixando o prejuízo de um confronto que não interessa para a categoria nem para a cidade de São Paulo com os trabalhadores. Apesar da paralisação, apostamos numa rápida negociação e que os tribunais entendam nossa reivindicação de reversão das demissões e estabilidade de três meses no emprego. Contamos com todo o apoio da UGT e da opinião pública, pois os cidadãos de São Paulo percebem o valor que nossa categoria agrega à saúde pública da cidade. Só quando reduzem a verba para a limpeza com demissão da categoria é que se percebe nosso valor, mostrado pelas ruas e avenidas cheias de detritos. Que é algo também preocupante durante estas chuvas fora de época que podem se transformar em enchentes e gerar mais prejuízo ainda para a população.

Leia os demais textos, por favor: Categoria protesta contra demissões após corte de verba definido pelo prefeito Gilberto Kassab (DEM). O sindicato dos garis promete parar 20% da categoria hoje, em São Paulo, em protesto contra as demissões de 1.868 funcionários das cinco empresas de varrição de ruas da cidade.
As demissões ocorrem devido ao corte de 20% nos serviços, determinado em agosto pelo prefeito Gilberto Kassab (DEM). As empresas alegam que, com o corte nos serviços, não é possível manter o mesmo quadro de funcionários.
Segundo o Selur (Sindicato das Empresas de Limpeza Urbana no Estado de São Paulo), serão demitidas 3.274 pessoas. O corte também vai reduzir em 81% a coleta de entulho e em 32% a varrição de ruas em São Paulo, diz o sindicato. A prefeitura não reconhece o cálculo.
O presidente do Siemaco (o sindicato dos garis), Moacyr Pereira, afirmou que a greve vai atingir apenas 20% da categoria por se tratar de um serviço essencial. Mas ele disse que a paralisação parcial depende de apoio das empresas.
"Nós contamos com o apoio das empresas para nos dar a escala de trabalho. Se eles não colaborarem, paramos tudo", afirmou o sindicalista.
Anulação de contrato — No sábado, na abertura da Virada Esportiva no vale do Anhangabaú, o prefeito Gilberto Kassab (DEM) disse não acreditar na greve. Sobre a decisão do Siemaco de parar apenas 20% da categoria, Kassab não quis comentar. "Vamos ver", limitou-se a dizer.
Nas outras vezes em que foi questionado sobre o assunto, Kassab afirmou que as empresas não podem parar o serviço de varrição das ruas sob pena de perderem os contratos.
"Não haverá greve. As empresas sabem que não podem fazer greve. Elas precisam ter um plano de emergência. Elas sabem que precisam ter. O contrato será anulado. Não haverá greve, a empresa não pode fazer", disse o prefeito no dia 11, durante uma visita à Vila Prudente (zona leste).
São Paulo tem cerca de 8.500 garis. O piso salarial da categoria é de R$ 635.
Kassab afirma que a prefeitura vai gastar R$ 903 milhões neste ano com os serviços de limpeza pública, mesmo valor do ano passado.
O corte nos serviços foi necessário, segundo o prefeito, porque a receita da prefeitura deve chegar a R$ 25 bilhões quando a previsão inicial era de R$ 29 bilhões. "Se não cortássemos, íamos ter um investimento, um gasto de R$ 1,2 bilhão para a limpeza urbana", disse Kassab à Folha na última sexta-feira. (Leia mais na Folha)

Economia terá R$ 140 bi para o Natal

Valor é 20% superior ao de 2008 e refere-se ao pagamento do 13º salário e O comércio se prepara para um Natal gordo depois de passada a crise. Pelo menos R$ 140 bilhões, quase 20% a mais que no ano passado, deverão ser despejados na economia até dezembro com o pagamento do 13º salário e a maior oferta de crédito ao consumidor. De olho nessa bolada, as lojas já ampliaram em até 20% as encomendas de eletrodomésticos, eletrônicos e itens de informática.
Para atender a demanda crescente, as indústrias da Zona Franca Manaus (AM), o principal polo de produção de bens duráveis do País, vão contratar cerca de 3 mil trabalhadores temporários neste fim de ano. "No ano passado, não tivemos contratações de temporários para o Natal, mas 7 mil demissões de trabalhadores efetivos nesta época", afirma o presidente do Centro das Indústrias do Estados do Amazonas, Maurício Loureiro.
Com a crise de crédito que estourou em setembro, o cenário no fim do ano passado era exatamente o inverso do atual, com demissões na indústria e reduções nas encomendas do varejo, lembra Loureiro.
"Naquela época tinha muitas nuvens negras no horizonte. O que se vê agora é uma economia em crescimento, com o emprego sendo retomado e a inadimplência se reduzindo", afirma o vice-presidente da Associação Nacional dos Executivos de Finanças , Contabilidade e Administração (Anefac), Miguel Ribeiro de Oliveira.
Entre os indicadores que mostram essa reversão estão as taxas de juro ao consumidor, que fecharam agosto em 7,08% ao mês, em média, a menor em 14 anos. Também os prazos máximos para compra de carros e outros bens hoje se equiparam ou até superam os de agosto do ano passado, segundo pesquisa da Anefac. E a massa real de rendimento dos ocupados continua a crescer, porém num ritmo menor que em 2008. Com esse cenário favorável, Ribeiro de Oliveira calcula que a oferta de crédito ao consumidor em dezembro atinja R$ 65 bilhões contra R$ 50 bilhões no mesmo mês do ano passado.
Estimativa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) indica que o pagamento do 13º salário deve injetar R$ 75,8 bilhões na economia até dezembro. "Nossa projeção é conservadora", diz o presidente do Ipea, Marcio Pochmann. Ele argumenta que os cálculos incluem 60,5 milhões de assalariados e 15,3 milhões de aposentados e pensionistas da Previdência. Pela dificuldade de obter dados, ficaram fora da estimativa os trabalhadores informais que recebem 13º.
A perspectiva de ter mais dinheiro no bolso e o menor risco de desemprego mudaram o humor do brasileiro. O Índice de Confiança do Consumidor apurado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) atingiu 111 pontos em agosto e praticamente voltou ao nível pré-crise. "A confiança do consumidor está se recuperando e o Natal deste ano será tão bom ou melhor que o de 2008. O Natal vai coroar a recuperação da indústria iniciada no segundo trimestre", afirma o coordenador das sondagens do consumidor e da indústria da FGV, Aloisio Campelo.
Ele sustenta essa previsão com números. Um recorte especial da sondagem industrial da FGV feita a pedido do Estado mostra que a demanda prevista entre agosto e outubro pelas indústria de eletrônicos, eletrodomésticos e calçados já supera a do mesmo período de 2008. O grande destaque é para os eletrônicos, que incluem as TVs. De acordo com a sondagem, 95% dessas indústrias preveem uma demanda maior por seus produtos entre agosto e outubro deste ano, enquanto só 48% delas traçavam esse cenário para o mesmo período de 2008. (Leia mais no Estadão)

Investimento volta com Estado, diz BNDES

País já retomou R$ 43 bi em projetos congelados após a crise, diz estudo do banco, que vê expansão do PIB de 5% em 2010. Levantamento aponta retomada em petroquímica, energia e infraestrutura, três setores regulados ou liderados pelo Estado

O Brasil já retirou da gaveta quase a metade dos R$ 100 bilhões em projetos de investimentos que haviam sido congelados depois da crise do banco de investimentos Lehman Brothers, em setembro de 2008.
É o que indica levantamento da área de pesquisa econômica do BNDES. Com base nesse levantamento, o banco oficial de fomento passou a estimar que a economia brasileira pode crescer 5% ou até mais em 2010.
O estudo foi elaborado com base em projetos anunciados, retomados ou cancelados tanto por empresas privadas como pelo setor público para o período 2009/2012.
"Do ponto de vista global, um ano após o início da crise, podemos ver que seu impacto nos investimentos acabou não sendo tão relevante no longo prazo", disse Ernani Torres Filho, superintendente de pesquisa e acompanhamento econômico do banco.
No curto prazo, pelo menos, a crise interrompeu o crescimento dos investimentos visto ao longo de 2008. A taxa de investimentos como proporção do PIB do país caiu a 15,7% no segundo trimestre deste ano, a menor desde 2003.
O estudo do BNDES registra o ânimo de investimentos no Brasil em três momentos: pouco antes da crise, em agosto de 2008; no auge dela, em dezembro de 2008; e em agosto passado, com a percepção generalizada de que seus efeitos foram menos intensos no Brasil.
No primeiro momento, os investimentos mapeados estavam em R$ 781 bilhões. Com a crise, caíram para R$ 688 bilhões (redução de R$ 93 bilhões, ou 12%). No mês passado, voltaram a subir, para R$ 731 bilhões (alta de R$ 43 bilhões, ou 6%).
Houve uma recuperação notável do ânimo empresarial especialmente nos setores de energia, petroquímica e infraestrutura, três setores regulados pelo Estado ou protagonizados por estatais. Nessas três áreas, a perspectiva de investimentos medida em agosto é ainda maior do que visto antes da crise, em agosto de 2008.
Os investimentos em energia ganharam musculatura com as reservas de petróleo do pré-sal e o avanço da construção das hidrelétricas do rio Madeira.
Em petroquímica, foram robustecidas com o Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro e a Companhia Petroquímica de Pernambuco.
No setor de infraestrutura, o aumento da disposição em investir deve-se ao amadurecimento do projeto do trem-bala, orçado em R$ 35 bilhões, e à aceleração nas concessões de rodovias, principalmente no Estado de São Paulo. (Leia mais na Folha)