segunda-feira, 4 de julho de 2011

UGT lamenta morte do ex-presidente Itamar Franco

Nota de pesar da União Geral dos Trabalhadores (UGT)

UGT lamenta a morte de Itamar Franco, o pai do Real

Registramos com pesar a morte do senador e ex-presidente da República Itamar Franco (PPS-MG), aos 81 anos neste sábado (2), em São Paulo. Itamar Franco foi presidente da República entre 1992 e 1994, depois do impeachment do ex-presidente e atual senador Fernando Collor de Mello. Itamar foi também governador de Minas Gerais, senador durante 16 anos, prefeito de Juiz de Fora por dois mandatos e embaixador do Brasil na Organização dos Estados Americanos (OEA), em Portugal e na Itália.

Como presidente, implantou o Plano Real que foi uma das primeiras históricas iniciativas de inclusão social e econômica na História do Brasil. Hoje, o controle da inflação faz parte das aspirações da classe trabalhadora brasileira, que aprendemos a gerenciar com as iniciativas ousadas do então presidente Itamar Franco.

Ricardo Patah, presidente nacional da UGT


Ex-presidente Itamar Franco morre em São Paulo aos 81 anos

O senador e ex-presidente da República Itamar Franco (PPS) morreu no sábado, 2 de julho, aos 81 anos. Ele estava internado desde o dia 21 de maio no Hospital Albert Einstein, em São Paulo, para tratamento de uma leucemia. Segundo o hospital, o tratamento quimioterápico contra a leucemia surtiu efeito, mas, posteriormente, o senador contraiu uma pneumonia.
O último boletim médico, divulgado na sexta-feira pelo hospital, informava que o estado de saúde do senador era grave e que ele continuava internado na unidade de terapia intensiva (UTI), necessitando de ajuda mecânica para respirar.
Itamar Franco nasceu em 28 de junho de 1930 e chegou à Presidência da República em 1992, após a renúncia de Fernando Collor de Mello, o qual estava envolvido em denúncias de corrupção. O senador, que exercia atualmente a vice-presidência do PPS, foi também governador de Minas Gerais e prefeito de Juiz de Fora.(Agência Brasil)

Dívida externa do país aumenta 43% desde fim da crise
Bancos e empresas privadas aproveitam juros mais baixos do mercado internacional para buscar financiamento. Acúmulo de reservas torna endividamento menos arriscado para a economia brasileira do que era no passado.
Passado o impacto mais agudo da crise internacional, a recuperação da economia brasileira provocou um efeito colateral ainda pouco comentado e compreendido: a alta mais acelerada da dívida externa desde o Plano Real.
Ou, mais exatamente, desde que, em 1994, às vésperas do lançamento da atual moeda, foi fechado o acordo com os credores para normalizar os pagamentos e reabrir o mercado global de crédito para o governo brasileiro e para as empresas do país.
Do final do ano retrasado para cá, a dívida externa conjunta de empresas, administrações públicas e famílias cresceu 43%. A taxa supera a expansão ao longo dos 15 anos anteriores, de 34%.
Se as consequências dessa escalada ainda não estão claras, as causas são fáceis de explicar: no mundo desenvolvido, as taxas de juros despencaram para reativar a produção e o consumo; no Brasil, os investimentos públicos e privados tiveram uma forte retomada.
JUROS ALTOS -- O cenário criado após o terremoto financeiro de 2008-2009 estimulou bancos e empresas do setor produtivo a buscar empréstimos e financiamentos no mercado internacional para aplicar e investir no mercado doméstico -no qual a oferta de recursos é escassa e os juros são os mais altos do planeta.
A dívida externa, que era de pouco menos de R$ 200 bilhões no final de 2009, chegou a R$ 284 bilhões em maio. A parcela privada da dívida, hoje equivalente a três quartos do total, cresceu R$ 87 bilhões, enquanto a parcela pública da dívida encolheu R$ 1 bilhão.
Autor de um trabalho recente sobre o tema, o economista Julio Gomes de Almeida, do Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial), afirma que, embora não haja risco imediato, o salto da dívida ameaça a sustentabilidade do crescimento econômico.
RISCOS -- "Esse é um processo insustentável a longo prazo e arriscado do ponto de vista empresarial", diz Almeida.
O perigo mais óbvio da dependência crescente de capital externo é a eventual reversão do quadro favorável atual. A alta dos juros externos ou das cotações do dólar pode tanto criar dívidas impagáveis quanto derrubar a produção nacional.
O próprio governo já manifestou preocupação com o crescimento da dívida do setor privado. Em março, para conter esse movimento, houve aumento do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) para dívidas com prazo inferior a dois anos. Nos dois meses seguintes, as dívidas continuam crescendo, mas com prazos mais longos.
Há uma diferença óbvia entre o recente salto do endividamento brasileiro e os que provocaram colapsos econômicos nas décadas de 1980 e 1990: o Banco Central conta com um volume inédito de reservas em moeda estrangeira, de US$ 336 bilhões.
CREDOR INTERNACIONAL -- Ou seja, o Brasil tem mais dólares do que dívida em moeda estrangeira. Deixou de ser um devedor internacional para se tornar credor. Possui dólares mais do que suficientes para cobrir essa dívida, caso fosse necessário pagá-la de uma única vez.
No final de 2009, as reservas do Brasil superavam a dívida em 21%. Esse percentual caiu para 12% no final de 2010, e agora está em 17%.
Ao calcular o endividamento, não são considerados os empréstimos entre matrizes e filiais de empresas multinacionais que operam no Brasil. Nesse caso, a dívida supera as reservas.
O economista Bruno Lavieri, da consultoria Tendências, diz que a dívida brasileira ainda é bastante contida e que o país continua sendo credor em moeda estrangeira, por conta das reservas elevadas. Para ele, o aumento do IOF conseguiu conter esse movimento de piora. (Folha)

Previdência refaz contas e corta déficit
Projeto que será encaminhado ao Congresso transfere renúncias fiscais para outros ministérios e reduz o rombo pela metade.
O déficit da Previdência Social poderá cair à metade se for aprovado um projeto de lei que retira de sua contabilidade as renúncias fiscais. De janeiro a maio, elas somaram R$ 8,9 bilhões, enquanto as contas previdenciárias registraram saldo negativo de R$ 17,8 bilhões. O projeto deve ser enviado ao Congresso Nacional.
Se a mudança proposta já estivesse em vigor, o rombo seria do mesmo tamanho, mas com outro endereço. A parcela sob responsabilidade da Previdência cairia a R$ 8,9 bilhões e o restante do déficit estaria espalhado por outros ministérios.
No entendimento do ministro da Previdência, Garibaldi Alves, patrocinador da proposta, é preciso "dar a César o que é de César". Ou seja, transferir para cada ministério as renúncias de receita que hoje são contabilizadas na Previdência, embora não sejam políticas da pasta.
É o caso, por exemplo, das empresas do agronegócio que exportam. Elas não recolhem contribuições ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) sobre as receitas que obtêm com a venda de mercadorias ao exterior.
Essa medida foi adotada para aumentar a competitividade do produto brasileiro no mercado externo, ou seja, não é uma política na área de Previdência. Garibaldi acha que essa conta não deveria estar com ele e sim com o Ministério da Fazenda. A renúncia de arrecadação, nesse caso, chegou a R$ 1,1 bilhão de janeiro a maio deste ano.
"Em todos os países que dão esse tipo de benefício, a conta fica no ministério setorial", diz o secretário de Previdência Social, Leonardo Rolim. Segundo explica, essa "limpeza" tornaria os resultados do sistema previdenciário brasileiro comparáveis aos de outros países. "Daria mais transparência", defende.
Na semana passada, Garibaldi reuniu-se com os ministros da Saúde e do Desenvolvimento Social e apresentou a eles a minuta do projeto de lei. "Eles ficaram de analisar", conta o secretário.
A Previdência quer passar para a Saúde, por exemplo, as renúncias fiscais feitas para hospitais filantrópicos. Para o Desenvolvimento Social seriam transferidas as entidades sem fim lucrativo que atuam na área de assistência. Outros ministérios, como da Educação, também passariam a contabilizar as renúncias de entidades que atuam em sua área.
Entidades filantrópicas não recolhem tributos. De janeiro a maio, a renúncia de receitas previdenciárias para elas chegou a R$ 3 bilhões.
Para Rolim, a transferência dos benefícios das entidades filantrópicas às respectivas pastas teria um benefício extra: melhora na gestão. Ele acredita que os ministérios seriam mais criteriosos no enquadramento dessas entidades como filantrópicas.
Pelo projeto de lei, a maior parte das renúncias sairia da Previdência para a Fazenda. Garibaldi Alves pretende encontrar-se com seu colega Guido Mantega nos próximos dias para apresentar a proposta. (Estado)

Maquiagem infla gastos com saúde em R$ 12 bilhões
Estados usam despesas de outras áreas para cumprir exigência constitucional. Prestações de contas entregues a ministério incluem investimentos em presídios, educação e até aposentadorias.
Estados maquiaram seus investimentos em saúde pública nos últimos anos declarando quase R$ 12 bilhões gastos com reformas de presídios, aposentadorias de funcionários públicos e outras atividades como se tivessem sido aplicados no setor.
A emenda constitucional 29, aprovada pelo Congresso no ano 2000, determina que os Estados invistam no sistema público de saúde no mínimo 12% de suas receitas, mas a maioria não cumpre a legislação e tem inflado as prestações de contas entregues ao governo federal.
Despesas com ensino superior, obras de saneamento básico e financiamento habitacional também foram apresentadas como investimentos em saúde, de acordo com o Ministério da Saúde.
Os 27 Estados declararam gastos de R$ 115 bilhões com saúde de 2004 a 2008. Depois de examinar suas prestações de contas, o ministério concluiu que R$ 11,6 bilhões se referiam a despesas com outras áreas, que não poderiam ser usadas para cumprir a lei.
Esse dinheiro corresponde a 10% dos gastos informados pelos Estados nesses cinco anos e seria suficiente para manter por um ano 13 ambulâncias do SAMU (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) em cada um dos 5,5 mil municípios do país.
REGULAMENTAÇÃO -- Como a emenda 29 não foi regulamentada até hoje pelo Congresso, não existe na legislação uma definição clara do tipo de ação governamental que pode ser classificada como ação de saúde. É por isso que os Estados encontram brechas para driblar o cumprimento da Constituição.
Deputados da base governista se mobilizaram nas últimas semanas para pôr em votação na Câmara um projeto de lei que trata do assunto, mas o governo é contra a iniciativa, porque ela poderá provocar um aumento nos repasses de verbas da União para Estados e municípios.
"Tem cidade em que até o asfalto na frente do hospital é computado como gasto em saúde", disse o deputado Darcísio Perondi (PMDB-RS), presidente da Frente Parlamentar da Saúde, grupo de políticos ligados ao setor.
O Ministério da Saúde identificou problemas nas contas de todos os Estados em 2008. Treze conseguiram cumprir a emenda 29 mesmo após abater gastos com outras áreas. O governo ainda não analisou as prestações de contas de 2009 e 2010.
Em 2008, Minas Gerais computou como despesas de saúde o pagamento de aposentadorias e pensões de servidores e repasses para um fundo que financia casas para funcionários da Assembleia Legislativa do Estado.
Minas declarou ter gastado R$ 2,7 bilhões com saúde em 2008, o equivalente a 13% de suas receitas. O governo federal desconsiderou R$ 835 milhões, reduzindo as despesas do Estado com o setor para 8,6%. O governo mineiro informou que contabiliza suas despesas conforme critérios definidos pelo Tribunal de Contas do Estado.
Os gastos do Rio Grande do Sul com saúde em 2008 caíram de 12% para 4% da receita depois que a prestação de contas do Estado foi revista pelo Ministério da Saúde. Até despesas com um programa de prevenção da violência fora classificado pelo Estado como ação de saúde.
"Era feita uma maquiagem", disse o atual secretário estadual de Saúde, Ciro Simoni. "Ano que vem não vai poder mais." Ele promete cumprir a emenda 29 até 2014, mas para atingir a meta será preciso dobrar o orçamento de sua secretaria, que tem R$ 1,2 bilhão neste ano. (Folha)

Funcionalismo federal prepara greves
Mais de 30 entidades preparam uma onda de paralisações, greves e protestos em busca de aumentos salariais acima da inflação.
Mais de 30 entidades do funcionalismo federal preparam uma onda de paralisações, greves e protestos em busca de aumentos salariais acima da inflação. Depois de várias audiências com o governo Dilma Rousseff, sem nenhuma das reivindicações atendidas, a Coordenação Nacional das Entidades dos Servidores Públicos Federais (CNESF) avalia ter chegado o momento de os trabalhadores apresentarem a pauta real para o governo.
A entidade convocou para esta terça-feira um dia de mobilização e promete colocar de braços cruzados boa parte do funcionalismo, o que serviria de advertência ao governo. Nessa mesma data, está prevista uma reunião, em Brasília, na qual o governo prometeu dar respostas às reivindicações econômicas da categoria.
"Para mostrar que estamos dispostos a fazer enfrentamento, vamos paralisar os serviços nesse dia de negociação", afirma Paulo Barela, membro da Central Sindical e Popular (CSP-Conlutas), que faz parte da CNESF. "Se a resposta do governo não mostrar avanços nas negociações, vamos ter de arregaçar as mangas e ir à luta." Hoje, há mais de 2 milhões de servidores, entre ativos e aposentados. Os porcentuais de aumento reivindicados variam de categoria para categoria e chegam a superar 35%.
Logo que assumiu, a presidente Dilma prometeu austeridade fiscal e redução das despesas com custeio da máquina pública, o que significa limitar ou não dar reajuste aos servidores públicos federais. A medida representa uma guinada em relação ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que concedeu reajustes generosos ao funcionalismo no ano passado. (Estado)

Baixa qualificação prejudica avanço da Petrobras
O crescimento da exploração e produção de petróleo e derivados nos próximos quatro anos esbarra em uma situação que a Petrobras, internamente, tem classificado de dramática. O déficit de profissionais para o período 2011-2015 é de 200 mil. Pior: faltam engenheiros, carreira mais importante do funcionalismo da estatal.
O problema foi abordado pelo assessor da presidência da Petrobras, Sidney Granja, em palestra proferida há duas semanas no Rio em evento sobre a competitividade do setor de óleo e gás, realizado na Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan).
Assistente do presidente José Sérgio Gabrielli, Granja revelou que a Petrobras treina, no momento, 80 mil profissionais. É pouco, afirmou. "Estamos com muitas dificuldades em termos de qualificação de mão de obra em toda a Petrobras. Teremos de treinar 200 mil nos próximos quatro anos. Fazemos um trabalho extenso com universidades para a qualificação da mão de obra. É preciso resgatar a engenharia no Brasil", disse.
A insuficiência de engenheiros em quantidade e qualidade não aflige só a Petrobras. Empresas privadas do setor têm trazido de fora profissionais de engenharia do petróleo, mecânica, civil e química, entre outras especialidades da profissão. Desde 2008, o Ministério do Trabalho registra aumentos anuais no número de engenheiros do exterior que ingressam no Brasil com ofertas de empregos no setor de petróleo.
Em 2008, vieram 2.520 estrangeiros, dos quais 43 especializados em petróleo. No ano seguinte, as ?importações? cresceram 28%, passando a 3.226, com 63 profissionais específicos do setor petrolífero. Em 2010, mais um crescimento, dessa vez de 32%, com 4.256 engenheiros admitidos no País (103 da área de petróleo). (Estado)

Setores importantes perdem fôlego no 2º tri
Setores importantes da indústria, como o siderúrgico, o elétrico e eletrônico e o têxtil, perderam fôlego no segundo trimestre, refletindo o impacto da alta de juros e das medidas de contenção ao crédito adotadas pelo Banco Central, além da dura concorrência do produto importado. Na indústria química, o ritmo de produção no segundo trimestre ficou próximo do primeiro, mas o resultado dos três primeiros meses do ano tinha sido fraco. Há segmentos, porém, que relatam situação mais positiva entre abril e junho, como empresas calçadistas no Rio Grande do Sul e fabricantes de eletrodomésticos e eletroeletrônicos, indicando que a desaceleração não é generalizada.
Carlos Loureiro, presidente do Instituto Nacional dos Distribuidores do Aço (Inda), diz que há uma inversão de tendência neste ano, já que o segundo trimestre foi pior do que o primeiro, o contrário do que costuma ocorrer. Ainda não há dados fechados de junho, mas, de acordo com estimativas para o mês passado, as vendas no segundo trimestre atingiram 1,114 milhão de toneladas de aço, número 7,8% menor do que o registrado no primeiro trimestre deste ano, 11% a mais que em igual período de 2010. De janeiro a março, a alta em relação aos três primeiros meses do ano passado tinha sido de 21%.
O desempenho mais fraco no segundo trimestre provocou um aumento indesejado de estoques. Em 30 de março, os inventários eram suficientes para 3,1 meses de venda, e a previsão de Loureiro é que o mês de junho se encerre com o equivalente a 3,8 meses. "Esse aumento nos estoques mostra que realmente as medidas do governo estão fazendo efeito." Loureiro diz que, em 2010, previu crescimento de 15% neste ano, número que já foi reduzido para 10%, com viés de baixa, dependendo do que ocorrer no terceiro trimestre.
Humberto Barbato, presidente da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee), conta que também sentiu desaceleração no ritmo das encomendas no segundo trimestre. "Achávamos que no mês de maio teríamos resultado melhor. O que deduzimos é que o ambiente econômico ficou prejudicado em função das medidas macroprudenciais", diz Barbato, para quem o controle ao crédito afetou o ânimo e as expectativas, tanto do consumidor como dos empresários do setor.
No início do ano, a Abinee projetava crescimento de 11% para o faturamento, número que em maio foi revisado para 8%. "Da forma que a coisa está se configurando, não sei se durante o segundo semestre teremos de rever novamente esses números."
Embora a Abinee só tenha dados fechados até maio, Barbato relata que, pelas conversas que mantém com associados, "as coisas no mês de junho não foram diferentes". O número de empresas que registraram negócios abaixo das expectativas aumentou de 59%, em abril, para 61% em maio. Em março, essa parcela estava em 43%.
Barbato chama atenção para uma queda "sensível" na geração de empregos das empresas associadas. Em maio, foram criados apenas 250 postos de trabalho nas indústrias do setor, menor número do ano. Em fevereiro, melhor mês do ano, haviam sido criados 1,5 mil postos. Ele também ressalta a perda de competitividade das indústrias do setor na exportação. "A competitividade está abalada em função do câmbio", avalia. "O setor elétrico é muito atingido, porque agrupa a área de bens de capital. Esse setor está passando por um momento delicado, porque vem sofrendo concorrência absurda do importado dentro do Brasil."
A indústria química também enfrenta quadro complicado. De janeiro a maio, a produção caiu 4,7% em relação ao mesmo período de 2010. O volume médio fabricado em abril e maio foi bastante próximo ao registrado em janeiro e março, diz a diretora da área de economia e estatística da Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim), Fátima Ferreira.
"Esse nível de produção não é dos melhores, sendo inferior ao de 2010", destaca. Fátima excluiu o resultado de fevereiro da comparação porque o setor sofreu muito naquele mês, devido ao impacto do apagão ocorrido no Nordeste.
A diretora da Abiquim destaca o avanço do produto estrangeiro no mercado nacional. Nos 12 meses até maio, a fatia dos importados no consumo aparente (a soma da produção e da importação, excluindo as exportações) atingiu 31,7%. Em janeiro do ano passado, esse número era de 26,7%. O consumo aparente cresceu 7,9% nos 12 meses até maio, resultado da combinação de aumento de 23% das compras externas e de queda de 0,58% da produção e de 8,7% das vendas externas. Para Fátima, esses números evidenciam a perda de competitividade da indústria química brasileira, tanto aqui como no exterior.
Há, porém, empresas dentro do setor que vivem um momento positivo, como a Lanxess. A companhia está com sua demanda aquecida por conta das obras de infraestrutura e urbanização do país. "O Brasil se tornou muito importante para o grupo. Em 2005, quando iniciamos a empresa, o país era responsável por 1% do faturamento mundial, hoje já é de 10%", conta Marcelo Lacerda, presidente da Lanxess.
No primeiro trimestre de 2011, a empresa vendeu €181 milhões, 29,5% a mais que no mesmo período de 2010. Como a companhia tem ações negociadas em bolsa, o presidente não pode revelar dados do segundo trimestre, mas afirma que "o ano começou muito bem". Para ele, "a demanda vai ficar alta".
O presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos (Eletros), Lourival Kiçula, traça um quadro favorável ao falar de seu setor. Diz que o segundo trimestre ainda foi forte, embora o desempenho tenha variado bastante de acordo com os produtos. A venda de câmeras digitais atingiu 802 mil unidades no segundo trimestre, 31% a mais que em igual período do ano passado, considerando estimativas preliminares para junho. No primeiro trimestre, as vendas foram de 724 mil, 48% a mais que no mesmo intervalo de 2010. Já a venda de televisores somou 3,094 milhões de unidades entre abril e junho, 9% a menos que no segundo trimestre de 2010. No primeiro trimestre, o número foi de 2,970 milhões de televisores, 2,9% a menos que de janeiro a março do ano passado.
"Nesse caso, a base de comparação é muito forte, por causa da Copa", afirma ele, acrescentando que quem produz refrigeradores, lavadoras de roupas e micro-ondas vive um bom momento. Kiçula mantém a projeção, feita no começo do ano, de que as vendas do setor devem crescer 10% em 2011. (Valor)

Investidor pessoa física retira R$ 3,7 bi da Bolsa
Os pequenos investidores estão batendo em retirada da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) este ano, movidos pelas perdas acumuladas com as ações, de 8,53% pelo Ibovespa, índice de referência do mercado brasileiro, e atraídos por ganhos cada vez maiores nas aplicações de renda fixa. Segundo dados da BM&FBovespa, o saldo líquido de pessoas físicas (diferença entre compras e vendas de ações) está negativo em R$ 3,7 bilhões este ano até a última terça-feira. Somente em junho as vendas superaram as compras de papéis em R$ 1 bilhão. Além disso, nas corretoras, foram fechadas quatro mil contas este ano, ou seja, investidores que desistiram completamente do mercado. O volume no ano é 170% maior que o resultado negativo dos investidores estrangeiros, de R$ 1,3 bilhão, informa reportagem de Bruno Villas Bôas.
Os dados são tão ruins que a BM&FBovespa reviu e vai divulgar em breve um novo prazo para atingir sua meta de atrair cinco milhões de pessoas físicas para a Bolsa, número trabalhado com muito simbolismo desde o ano passado. O prazo atual para isso ocorrer é 2014.
Segundo analistas, o mau momento do mercado está relacionado principalmente aos problemas da dívida da Grécia. Mas lembram que o forte tombo das ações preferenciais (PN, sem voto) de Petrobras e Vale, xodós dos pequenos investidores, tiveram um papel importante nos resultados. Os papéis recuam 11,33% e 1,97% este ano, respectivamente. (O Globo)

Baixa renda foi beneficiada nos 17 anos do Plano Real

Nesta sexta-feira (1), foram comemorados os 17 anos de implantação do Plano Real, que veio com o objetivo de controlar a alta da inflação. Para o coordenador dos cursos de Gestão Financeira e Ciências Contábeis da Veris Faculdades, Fabrício Pessato Ferreira, os brasileiros das rendas mais baixas foram beneficiados nesse período.
"Principalmente nos últimos três anos, houve uma mobilidade social muito expressiva, como não se via há muitos anos no Brasil. Você tem pessoas da classe E passando para a classe D e pessoas da classe D mudando para a C", detalha Ferreira. "Incorporando a isso, obviamente, os benefícios do crescimento econômico, com certeza você tem um ganho dessas classes sociais".
Ele explica que esse ganho foi possibilitado pela estabilidade monetária dos últimos anos e também pelo esforço dos últimos governos para acelerar o crescimento da economia.
Salário mínimo e a previdência -- Em 1994, quando o Plano Real foi implantado, o salário mínimo era de R$ 196,63. Após 17 anos, o valor dele passou para R$ 545, em 2011, o que representa um aumento de cerca de 177%. "Basicamente, o salário mínimo variou muito menos do que aquilo que deveria variar", alerta o economista.
Segundo dados do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) do dia 3 de junho, o valor do salário mínimo para o brasileiro arcar com as despesas básicas deveria ser de R$ 2.293,31.
"Esse é o montante necessário para se conseguir cumprir tudo que está escrito na Constituição de 1988", destaca Ferreira. "Agora, ainda falta restituir parte das perdas que os trabalhadores tiveram ao longo desse anos".
Porém, a correção do salário mínimo para cima esbarra na Previdência Social. "Algumas pessoas dizem que se você aumenta muito o salário mínimo, o Estado brasileiro poderia quebrar, em função dos gastos previdenciários".
"Essa é uma equação que precisaria ser resolvida a médio e longo prazo. Eu não saberia dizer se deveria mesmo desindexar o salário mínimo dos gastos previdenciários, pois precisaria de um estudo mais detalhado. Mas, seria uma forma de resolver a questão", complementa.
Poder de compra dos brasileiros -- No período de inflação nas alturas, Ferreira lembra que o comportamento da classe média era bem diferente da atual Classe C. "Ela estocava mantimentos como se o País estivesse em uma guerra! Saía o pagamento no quinto dia e a classe média inteira corria para os supermercados".
Outro cenário diferente era a disposição das casas: "Todas elas tinham uma despensa gigantesca, exatamente porque as pessoas compravam alimentos para estocar em casa. Afinal, uma ou duas semanas depois já não dava mais para comprar as mesmas coisas por causa dos preços mais altos".
Em compensação, desde que o Plano Real passou a vigorar no País, os brasileiros deixaram de agir assim e, de acordo com o economista, seu poder de compra aumentou.
Em um primeiro momento, entre 1996 e 2003, a inflação estava de certa forma bem controlada, porém, o número de desempregados era grande. "Com o desemprego em alta, os salários ficam nominalmente em baixa, o que acaba corroendo o poder de compra", explica Ferreira.
Porém, após 2004, a economia cresceu de forma expressiva e os salários nominais bem como os reais (que é o valor do salário descontada a inflação) aumentaram.
"Dentro desse período, a inflação acelerou em alguns momentos e houve queda no salário real", pondera Ferreira. Mesmo assim, os brasileiros conseguem comprar mais hoje, e com mais tranquilidade. (Fonte: Infomoney)