sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Centrais sindicais e classe trabalhadora vão assumir saídas para a crise

Centrais sindicais se unem a favor do Brasil e contra o desemprego

(Postado por Moacyr Pereira) Os trabalhadores brasileiros e suas centrais sindicais se unem contra a esperteza patronal que em nome da crise financeira mundial tentam avançar contra direitos trabalhistas e fazer com que a classe trabalhadora e o poder público assumam a conta dos desmandos dos gestores do capitalismo. Vamos parar sim, vamos exigir estabilidade para os trabalhadores das empresas que recorrerem ao financiamento público, vamos desmascarar os patrões e a Fiesp na sua tentativa de jogar contra o interesse do Brasil. Diferente das outras crises a que nós trabalhadores sobrevivemos, agora temos as centrais sindicais reconhecidas. Temos também um presidente da República com origem operária. Temos, ainda, deputados federais alinhados com os trabalhadores, como é o caso do deputado federal Roberto Santiago (PV-SP), vice-presidente da UGT. Ou seja, o cenário político nos é favorável. E vamos usar todos os acessos que temos, em todos os níveis de poder para preservar empregos, manter o mercado interno aquecido e aproveitar a oportunidade da crise para discutir, em posição de igualdade, as alternativas à atual crise. Já que está provado que o empresariado brasileiro, principalmente, os que se vinculam com a Fiesp aposta no atraso, no desemprego e joga contra o Brasil.

Leiam as notícias a seguir, que mostram os cenários em que as centrais sindicais se posicionam, como sempre, a favor dos trabalhadores e do Brasil:

Centrais sindicais ameaçam parar empresas que demitirem

Decisão, anunciada ontem, contou com a Força Sindical, que se afastou das negociações com a Fiesp.

As centrais sindicais definiram ontem que vão reagir às demissões com uma onda de paralisações nas empresas de todo o País. Participaram da reunião, organizada pela Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Força Sindical, Nova Central, União Geral dos Trabalhadores (UGT) e Central Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB). Faltou a Central Única dos Trabalhadores (CUT), que ficou de fora da discussão porque terá na segunda-feira um encontro com todas as suas centrais estaduais e maiores sindicatos.

"Não podemos ficar assistindo às demissões. O próprio governo já percebeu que a marolinha vai ser uma onda grande de demissões. Será preciso uma injeção de dinheiro para evitar esses cortes", avaliou Wagner Gomes, presidente da CTB. Uma das surpresas do encontro foi o anúncio do presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, de que só voltará a negociar com a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) daqui a 10 dias. Ele era voz isolada entre as centrais ao concordar com o presidente da Fiesp, Paulo Skaf, sobre a redução de salários e da jornada de trabalho.

Ontem, Paulinho preferiu se unir às outras centrais, que assinaram uma proposta para começar uma negociação governamental nas esferas federal, estadual e municipal. Ontem mesmo já começaram as costuras para reuniões com os ministros Carlos Lupi, do Trabalho, Guido Mantega, da Fazenda, e com o presidente Lula.

Skaf, agora apoiado apenas por um grupo de grandes empresários e parte dos sindicatos patronais , disse não se sentir isolado com a decisão. "Achei ótima a ideia do Paulinho de adiar o encontro. Semana que vem será o momento de unirmos forças pela redução da Selic e do spread bancário."

O presidente da CUT nacional, Artur Henrique, também é favorável às paralisações. "A orientação é para que sejam feitas paralisações e greves no caso de cortes. É a forma de resistirmos." O líder sindical tenta uma aproximação com o governo para avaliar maneiras de manter os atuais níveis de emprego do País.

Antes da decisão das centrais, as paralisações já vinham ocorrendo. O Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos, onde a GM desligou 802 temporários, conseguiu parar a produção por dois dias, num total de quatro horas. Ontem participaram da manifestação cerca de 5 mil trabalhadores.

Os presidentes dos três sindicatos dos metalúrgicos do ABC, que representam aproximadamente 140 mil trabalhadores, defenderam ontem a união das bases, passando por cima das divergências entre CUT e Força Sindical, para enfrentar o processo de demissões já desencadeado nas indústrias e a proposta do empresariado de redução da jornada com corte de salários. Como primeira atividade conjunta, representantes de São Bernardo estarão hoje , às 13h30, em frente à Magneti Marelli Cofap, em ato promovido pelos metalúrgicos de Santo André contra a ameaça de demissão de 150 operários.

O grupo de sindicalistas do ABC defende estabilidade de emprego de seis meses, por decreto-lei, no caso de empresas que recebem ajuda financeira pública. As demissões no ABC desde outubro até o momento, segundo os presidentes dos sindicatos, atingiram cerca de 2,2 mil operários.  (Estadão)

Centrais sindicais exigem contrapartidas para negociação

Ao propor a flexibilização do trabalho sem garantir manutenção de empregos, os empresários vão provocar um estremecimento nas relações com os trabalhadores, avalia o presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Artur Henrique. Para ele, a crise fez levantar no país uma série de "propostas oportunistas". "Esse tipo de colocação (de que mesmo a flexibilização não garantirá os postos de trabalho) vai acabar acirrando a resistência de nossos sindicatos ao processo de demissões e colocar a manutenção de empregos no centro do debate", afirma.

A CUT defende a limitação das horas extras e a desoneração da folha de pagamentos, mas se opõe à Bolsa-Qualificação - suspensão do trabalho com a realização de um curso pelo trabalhador - e à redução de jornada com redução de salários. A central também é contra um acordo genérico, que possibilite a flexibilização em todos os setores da economia.

Segundo Artur Henrique, a generalização dos acordos traria "para a crise empresas que não foram afetadas". "Não podemos aceitar que a única proposta é que o trabalhador pague a conta dessa crise." Para o secretário-geral da Força Sindical, João Carlos Gonçalves, o Juruna, as centrais não podem permitir a flexibilização sem uma contrapartida firme por parte dos empresários. "Aí seria ceder demais. Os empresários precisam nos apresentar garantias." De acordo com Juruna, a redução da jornada com redução de salário seria aceitável desde que houvesse estabilidade pelo dobro do período. "Assim, se a redução ocorresse por três meses, o trabalhador teria seis meses de estabilidade", afirma.

Como alternativa às dispensas, a Força e a CGTB negociam férias e licença remuneradas, banco de horas e suspensão do contrato de trabalho. No caso da flexibilização da jornada, a condição é que a redução máxima seja de 25% com diminuição de 15% nos salários. Para o presidente da UGT (União Geral dos Trabalhadores), Ricardo Patah, ainda há espaço para garantir empregos. "Ocorre que as empresas querem a flexibilização de qualquer jeito. Não é só pela crise." (Uai, Minas)

Centrais sindicais suspendem negociação com empresários

Sem a presença da Central Única dos Trabalhadores (CUT), que se recusa a discutir redução de salários, as demais centrais sindicais do país decidiram nesta quinta-feira suspender por 10 dias as negociações com os empresários.

Até lá, os sindicalistas vão tentar se reunir com autoridades dos governos federal e paulista para discutir uma maneira de evitar demissões sem cortes nos salários.

As centrais tentarão ter audiências com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com o ministro do trabalho, Carlos Lupi, e com o governador de São Paulo, José Serra (PSDB).

Na pauta da negociação, estarão medidas que segurem a queda no consumo, como uma redução maior de impostos, ampliação do crédito, queda na taxa básica de juros e redução do spread bancário. Estas medidas também são reivindicadas pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), que vem propondo aos trabalhadores uma redução da jornada de trabalho e consequente corte de salários, mas sem garantir a manutenção das vagas.

"Se conseguirmos que o governo tome estas medidas, talvez não seja necessário fazer estas concessões que os trabalhadores já estão fazendo em São Paulo e no Brasil", disse a jornalistas Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, presidente da Força Sindical.

Paulinho cobrou do governo que as medidas contra a crise levem em consideração o emprego dos trabalhadores. Ele chegou a citar o governo Fernando Henrique Cardoso (1995-2002) que, segundo ele, exigiu a manutenção do emprego pelas empresas quando concedeu a redução de impostos.

Os trabalhadores agendaram uma manifestação para a próxima quarta-feira, quando o Banco Central decidirá a nova taxa básica de juros. Além da Força Sindical, estavam presentes à reunião que decidiu suspender as negociações a Nova Central, a Central dos Trabalhadores do Brasil (CTB), a União Geral dos Trabalhadores (UGT) e a Central Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB).

Na segunda-feira, o Ministério do Trabalho vai divulgar os números do CAGED (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) correspondentes a dezembro, que, segundo o ministro Lupi, serão muito desfavoráveis. (Último segundo)

Fiesp joga contra o Brasil e contra a indústria, diz Chinaglia

Presidente da Câmara critica Federação das Indústrias de SP por apoio a corte de salários e de jornada.

O presidente da Câmara dos Deputados, Arlindo Chinaglia (PT-SP), criticou, nesta quinta-feira, 15, a postura de grandes empresas, que, por meio da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), apoiam a proposta de corte de salários e da jornada de trabalho, sem dar garantias de emprego. Chinaglia defendeu o fortalecimento do mercado interno e lembrou que as empresas, principalmente do setor automotivo, já foram beneficiadas pelo governo com medidas contra a crise, entre elas a redução de impostos e o aumento da liquidez na concessão de crédito.

"Penso que a Fiesp poderia ampliar o seu leque de opções, porque batalhar apenas por redução de impostos em uma primeira fase e depois, quando vem a crise, não manter mercado interno fortalecido, isso joga contra o Brasil. Joga contra os trabalhadores que pagam a conta, imediatamente, mas joga também contra a indústria", disse Chinaglia, que participa de um evento na Associação de Engenharia, Arquitetura e Agronomia de Ribeirão Preto (SP).

Segundo o presidente da Câmara, o crescimento no mercado interno nos últimos quatro anos criou condições de compra e melhorou e economia. "Isso levou o empresariado brasileiro a ganhar muito dinheiro, com o setor da indústria batendo recordes. Penso que os sindicalistas, tanto patronais e trabalhadores, busquem o entendimento", afirmou Chinaglia. Ele lembrou ainda da ação da Câmara, considerada rápida pelo deputado, na aprovação de medidas do governo contra a crise, como a da compra de bancos privados pelos públicos.

A sugestão foi feita na semana passada por Paulo Skaf, presidente da Fiesp. Estiveram na entidade alguns dos presidentes das maiores companhias do País, como Vale, Fiat, Siemens, Telefônica, Embraer, AmBev, Grupo Martins, Moinho Pacífico e Unipar, para a reunião do Conselho Superior Estratégico da Fiesp. Juntas, elas empregam no Brasil cerca de 250 mil pessoas. A entidade já havia conseguido dias atrás o apoio da Força Sindical, cuja base no Estado abrange 4,8 milhões de trabalhadores e 612 sindicatos.

Skaf, como representante do grupo, afirmou que o apoio à redução de salário e de horas trabalhadas foi unânime. Para os empregadores, é a melhor maneira de não demitir no curto prazo. O presidente da Fiesp não economizou nas alfinetadas à Central Única dos Trabalhadores (CUT). "Quem é contra redução de salário e de jornada num momento atípico desses está a favor do desemprego. Negociaremos com a CUT ou sem ela", avisou.

A CUT é contra a sugestão da federação paulista, mas admite aprovar outras medidas de contenção de cortes. Quintino Severo, secretário-geral da central, avaliou que a discussão deva ser de âmbito nacional, e não se restringir ao universo da Fiesp. "Em nenhum momento a Fiesp concordou em garantir o emprego e nós não abrimos mão dos direitos dos trabalhadores. As discussões não podem ser unilaterais, por isso temos procurado dialogar com todos os lados", explicou Severo. (Leia mais no Estadão)

Centrais sindicais suspendem negociação com Fiesp

A negociação com a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) em torno de redução de jornada com redução de salários para evitar demissões foi suspensa hoje pela Força Sindical. A central comandada por Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, uniu-se a outras quatro centrais sindicais e agora quer levar reivindicações mais amenas ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Já a Central Única dos Trabalhadores (CUT), criada pelo PT, ficou de fora da reunião de hoje das centrais, e só na próxima segunda-feira discutirá que rumo tomar com suas seções regionais.

Contrária à redução de salário, a CUT racha o movimento. "Propostas como a de redução da jornada de trabalho com redução de salários são inaceitáveis", diz o presidente da CUT, Artur Henrique Silva Santos. "Isso não quer dizer que somos contra negociação", pondera em seguida.

A União Geral dos Trabalhadores (UGT) também discorda da proposta da Força. "Não faremos parte desse guarda-chuva", disse o presidente Ricardo Patah. "Reduzir jornada com corte de salário não dá proteção ao trabalhador, e o que queremos é garantia de emprego", continuou o sindicalista.

Mas a UGT, junto com as demais sindicais, uniu-se hoje à Força e pretende marcar uma audiência com Lula, para entregar documento com reivindicações anticrise que já passou às mãos do ministro do Trabalho, Carlos Lupi, nessa terça-feira em Brasília. As centrais também querem abrir negociações com governadores e prefeitos.

O documento mantém o pedido de que o governo deve exigir contrapartidas sociais, como a garantia de empregos, de todas as empresas beneficiadas pelo governo com redução de impostos e crédito mais barato para enfrentar a crise financeira mundial. (Leia mais em O Globo)