sexta-feira, 29 de julho de 2011

UGT defende diálogo com governo da presidente Dilma em cima da pauta das 40 horas semanais e do Fim do Fator Previdenciário

Carvalho tenta reaproximar governo de centrais sindicais

A presidente Dilma Rousseff determinou ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) que não sejam liberados financiamentos a empresas que desrespeitem os direitos de seus trabalhadores, informou ontem o chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho. Sem dar mais detalhes ou revelar o nome da companhia citada, o ministro contou ter recebido denúncias de que operários de grande empresa estariam sofrendo maus tratos. Carvalho disse que, em seguida, foi ao gabinete de Dilma para repassar a queixa. A presidente, narrou o ministro, automaticamente telefonou para Luciano Coutinho, presidente do BNDES, e ordenou: "Luciano, não quero um tostão para empresa que não respeita o trabalhador".

Pouco tempo depois, prosseguiu o ministro, a empresa, que tentava obter crédito para executar outra obra, entrou em contato com o Palácio do Planalto para resolver a situação. Carvalho não revelou o desfecho da história.

O ministro contou a história ontem em seminário sobre a participação social no processo decisório do governo. "O governo não vai contemporizar com qualquer tipo de infringência às normas e queremos avançar", afirmou.

As declarações feitas por Carvalho foram recebidas pelo BNDES com naturalidade. Desde o governo de Luiz Inácio Lula da Silva, o banco passou a incluir uma cláusula social em seus contratos. O mecanismo abre a possibilidade para o banco interromper o financiamento ou até mesmo pedir o pagamento adiantado das dívidas de empresas que não estiverem cumprindo garantias ambientais e sociais previstas em contratos. O BNDES, informou ontem sua assessoria, pode lançar mão dessas medidas se as denúncias forem comprovadas.

A cláusula social dos contratos do BNDES, adotada após gestões realizadas por movimentos sociais e Luiz Dulci, antecessor de Gilberto Carvalho na Secretaria-Geral da Presidência, reforçou a política de responsabilidade social do banco. O BNDES também não financia projetos sem licenças ambientais e empresas que constem do cadastro de trabalho escravo do Ministério do Trabalho e Emprego.

Em março, duas grandes construtoras, Camargo Corrêa e Odebrecht, enfrentaram graves problemas com milhares de trabalhadores insatisfeitos com as condições de trabalho nos canteiros de obras das usinas hidrelétricas de Jirau e Santo Antônio, em Rondônia. O episódio, que contou com cenas de vandalismo e disputas entre as centrais sindicais, levou o governo a criar mesa de negociação para intermediar os interesses das empresas do setor de construção e as demandas dos sindicalistas.

Consultadas se a determinação da presidente Dilma Rousseff atingiria suas obras, Odebrecht e Camargo Corrêa não comentaram o assunto. A Odebrecht ressaltou que cumpre rigorosamente a legislação trabalhista. E o ministro assegurou ontem que o governo tem tomado providências para que os mesmos problemas não se repitam na construção da usina de Belo Monte, no Pará.

Em sua palestra, Gilberto Carvalho negou que esteja ocorrendo um afastamento entre o governo Dilma Rousseff e os movimentos sociais. O ministro da Secretaria-Geral da Presidência enumerou as iniciativas do Palácio do Planalto para aproximar os segmentos organizados da sociedade dos debates conduzidos pelo governo.

Citou, por exemplo, as mesas de negociação criadas para discutir o reajuste do salário mínimo, as condições de trabalho na construção civil e mudanças no sistema previdenciário. O governo também pediu contribuições da sociedade na elaboração do Plano Plurianual (PPA) de 2012.

"Nunca o movimento sindical esteve, como no governo Dilma, tão presente aqui dentro do Palácio e discutindo cada uma das questões", ressaltou, acrescentando que estranhou recentes queixas feitas por sindicalistas.

Perguntado se a aproximação da Força Sindical com o PSDB em Minas Gerais seria um reflexo das críticas de falta de interlocução com o governo, o ministro discordou. "As opções partidárias nós respeitamos. Nem todo sindicalista tem que estar próximo ao governo e nem todos devem estar filiados a partidos da base do governo", respondeu. "Não vejo que qualquer diálogo com outros partidos se dê por conta da falta de diálogo com o governo. Isso não." (Valor)

Governo vai apertar fiscalização sobre as carteiras de crédito dos bancos

O governo resolveu apertar a fiscalização sobre as carteiras de crédito dos bancos para evitar fraudes, como as que ocorreram no banco PanAmericano, que precisou de recursos do Fundo Garantidor de Crédito (FGC), em 2010, para não quebrar. As instituições serão obrigadas a registrar todas as operações de "cessão de crédito", como são chamadas no jargão financeiro.

A determinação foi feita por meio de resolução do Conselho Monetário Nacional (CMN). Isso significa que, sempre que passar para outro banco uma carteira de crédito de pessoas físicas ou jurídicas, a instituição terá que informar a transação, segundo o chefe do Departamento de Normas do Banco Central (BC), Sérgio Odilon dos Anjos.

- Esse sistema de registro dá conforto e transparência. É muito bom para os controles do BC. Favorece a rigidez do sistema financeiro, dadas as características do mercado de cessão. A medida traz segurança - disse.

Odilon dos Anjos afirma que a iniciativa já vinha sendo estudada e era uma demanda do próprio sistema financeiro. Isso porque, quanto mais transparente for este mercado, menores os riscos e, portanto, os custos impostos às instituições. Mas a medida foi publicada meses depois

Os problemas do PanAmericano, que apresentou um rombo de mais de R$ 4 bilhões, foram identificados a partir de "inconsistências contábeis" em seus balanços. A instituição não teria dado baixa nas carteiras vendidas. A falta de transparência do sistema acabou por secar a fonte de recursos para instituições financeiras de menor porte que conseguiam captar recursos ao passar adiante as suas carteiras de crédito.

Os registros obrigatórios começarão pelas operações com crédito consignado e de financiamento de veículo, que, atualmente, representam o maior volume de transações entre os bancos. A medida começa a valer em 22 de agosto. Posteriormente, o BC pode estender a obrigação para outras modalidades de crédito.

- As cessões de crédito relativas a empréstimos e financiamentos com consignação das prestações em folha de pagamento, bem como de financiamento de veículos, deverão ser registradas, pelo cedente e pelo cessionário, em sistemas de registro e de liquidação financeira de ativos autorizados pelo Banco Central do Brasil.(O Globo)

BC indica que ciclo de alta dos juros está perto do fim
Instituição diz que medidas de restrição ao crédito ainda reduzirão inflação. Ata sobre reunião na semana passada que subiu juros para 12,50% mostra preocupação com cenário externo.
O Banco Central reforçou as apostas de que o ciclo de alta dos juros está próximo do fim, com a divulgação ontem da ata do Copom (Comitê de Política Monetária).
Um dos sinais de que o BC poderá interromper em breve o aperto monetário é a avaliação de que as medidas de restrição ao crédito e o aumento recente dos juros ainda terão seus efeitos incorporados aos preços, o que tende a se acentuar neste semestre.
No documento em que explica porque elevou a taxa básica de 12,25% para 12,50% ao ano na semana passada, o BC avalia que o cenário para a inflação mostra sinais mais favoráveis.
As projeções divulgadas na ata, no entanto, mostram o contrário. A estimativa para 2012 continua acima do centro da meta de 4,5%. Somente no primeiro semestre de 2013, a projeção oficial fica "ao redor" desse patamar.
O BC destaca ainda a "deterioração adicional" no cenário externo. Aumentaram as preocupações com as dívidas de países e bancos europeus e com a possibilidade de desaceleração econômica na China. Esses são fatores que podem contribuir para segurar os preços no Brasil.
A instituição faz, no entanto, ressalvas. Avalia que incertezas, principalmente fora do país, não permitem identificar "com clareza" a persistência de pressões inflacionárias recentes.
A expansão da oferta de crédito, por exemplo, tende a persistir, apesar das indicações de que houve "certo arrefecimento". O mercado de trabalho também segue preocupando, por conta dos reajustes salariais.
Por isso, o BC deixou aberta a possibilidade de promover mais elevações na taxa de juros, se necessário.
Cristiano Souza, economista sênior do Santander, avalia que as projeções de inflação acima do centro da meta indicam que são necessárias mais elevações de juros. Ele projeta mais duas, para 13% ao ano:
"Não é um cenário tranquilo. O trabalho não pode ser considerado terminado."
Para ele, não houve melhora que justifique uma parada no ciclo de aperto monetário. "É possível que isso aconteça, mas a probabilidade é baixa", avalia.
O Itaú-Unibanco, por outro lado, projeta uma última alta de juros em agosto, para 12,75% ao ano, mas diz que a chance de que a taxa básica pare de subir é elevada.
Segundo a instituição, a piora do cenário externo e a maior convicção do BC de que a atividade doméstica está desacelerando sugerem a proximidade ou o fim do processo de alta dos juros. (Folha)

Vale anuncia lucro recorde de R$ 10,27 bi no segundo trimestre

No acumulado do ano, lucro tem crescimento de 126% e já chega a R$ 21,5 bilhões.

A Vale registrou no segundo trimestre deste ano lucro líquido de R$ 10,275 bilhões, 54,9% superior ao obtido no segundo trimestre de 2010. Foi o maior já verificado pela companhia em segundo trimestre. Na comparação dos dois períodos, a receita líquida da mineradora cresceu 34,9%. No segundo trimestre de 2011, ela atingiu R$ 25,614 bilhões.

Os preços mais elevados dos produtos no segundo trimestre contribuíram positivamente para a receita da Vale, com US$ 1,344 bilhão, segundo o balanço. No acumulado do semestre, o lucro avançou 126,7%, somando R$ 21,566 bilhões. A receita líquida aumentou 53,7%, para R$ 49,187 bilhões. O balanço foi o primeiro da gestão do novo presidente, Murilo Ferreira, que em maio substituiu a Roger Agnelli, no cargo ao longo dos últimos dez anos.

A Vale informou ter reduzido a dívida líquida para US$ 11,232 bilhões no segundo trimestre do ano, abaixo dos US$ 17,724 bilhões do mesmo período do ano anterior. No trimestre anterior, o primeiro de 2011, a dívida líquida foi de US$ 11,936 bilhões. A dívida bruta total em 30 de junho era de US$ 24,459 bilhões, segundo o comunicado da empresa.

A companhia revelou ter pago em abril a primeira parcela do dividendo mínimo de 2011 aos acionistas, de US$ 2 bilhões. A Vale registrou resultado financeiro líquido positivo de US$ 648 milhões no trimestre. No mesmo período do ano passado, os indicadores foram negativos: US$ 491 milhões.

A mineradora anunciou também ter realizado investimentos de US$ 4,036 bilhões no segundo trimestre, o que representa crescimento de 47,1% em relação ao primeiro trimestre. Na comparação com o segundo trimestre de 2010, a alta foi de 69,9%. A companhia informou ter investido 28% do total orçado para 2011, com aportes de US$ 6,779 bilhões no primeiro semestre. Ela programou investimentos de US$ 24 bilhões este ano.

Preço maior. No segundo trimestre, a mineradora operou com o preço médio de US$ 145,30 por tonelada na venda de minério de ferro, o que representa aumento de 15,14% diante dos US$ 126,19 no primeiro trimestre e de 58% na comparação com o mesmo período de 2010. O preço médio de pelotas ficou em US$ 206,07 por tonelada - alta de 13,6% na comparação com o trimestre anterior e de 34% em relação ao período de 2010.

As vendas do minério pela Vale somaram 60,642 milhões de toneladas no segundo trimestre, volume correspondente a um incremento de 6,23% frente ao mesmo período do ano passado (57,081 milhões de toneladas vendidas). As vendas de pelotas apresentaram ligeiro recuo no período, de 12,946 milhões para 12,861 milhões de toneladas.

A mineradora informou que as operações no segundo trimestre continuaram influenciadas pela chuva intensa em Carajás (PA), o que também desacelera o processo de descarga de trens no terminal marítimo de Ponta da Madeira, por causa do grau mais elevado de umidade do minério. A companhia diz que houve problemas com um virador de vagões em manutenção no trimestre.

Com a venda de ferro, a Vale obteve receita de US$ 9,102 bilhões no segundo trimestre, cifra superior aos US$ 5,435 bilhões apurados no mesmo período de 2010. As vendas de pelotas geraram US$ 2,113 bilhões, inferior aos US$ 1,610 bilhões do mesmo intervalo do exercício anterior.

A participação da China no total de minério de ferro e pelotas vendido pela Vale no segundo trimestre registrou pequena queda, passando para 41,7%. No trimestre imediatamente anterior, a fatia chinesa era de 42,3%. A Vale exportou para a China 30,6 milhões de toneladas de minério no segundo trimestre, contra 29 milhões de toneladas no trimestre anterior. As vendas para a Ásia somaram 45 milhões de toneladas, respondendo por 61,2% das vendas da mineradora. No trimestre anterior, a fatia asiática era de 60,7%.

Já a fatia da Europa apresentou leve recuperação, de 20,4% para 20,6%. (Estado)

Melhor negócios migrarem para exterior do que a indústria, diz Gianetti

O aperto no controle das operações de câmbio no mercado futuro agradou aos exportadores, apesar das críticas levantadas no mercado financeiro, garante o diretor do departamento de relações internacionais e comércio exterior da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), Roberto Gianetti da Fonseca. "Estão dizendo que o mercado de câmbio vai migrar para o exterior; melhor assim do que ver migrar a indústria", ironizou o executivo, um dos mais experientes traders do país. "Os especuladores perderam a teta da vaca", diz Gianetti.

O diretor da Fiesp afirma ser exagero o temor de migração do mercado de câmbio, porque é o Banco Central, hoje, a principal ponta compradora nos mercados futuros de dólar. "O mercado brasileiro de derivativos de câmbio é hoje o segundo maior do mundo, só perde para o Japão", diz Gianetti, ao rejeitar o argumento de que as operações com derivativos (venda e compra de dólares no mercado futuro) são pequenas demais para merecer a ação severa do governo.

Nos últimos três anos, segundo estudo da Fiesp, as transações no mercado futuro de câmbio superaram quatro vezes em média as do mercado à vista, o que contribuiu para que as operações com os chamados derivativos passassem a influir decisivamente na formação da taxa de câmbio. Segundo o Banco Internacional de Compensações (BIS), o normal em outros países é haver um mercado à vista maior que o de futuros, argumenta a Fiesp.

Gianetti informa que foi um dos primeiros empresários a sugerir ao Ministério da Fazenda medidas de controle do que chama de excessos especulativos no mercado futuro de câmbio. Ele contou com o apoio do então assessor do ministro da Fazenda, Guido Mantega, o economista Emílio Garófalo, hoje secretário-executivo da Câmara de Comércio Exterior (Camex). O diretor da Fiesp garante que a medida recebeu "entusiasmado aplauso do setor privado", embora venha sendo alvo de intensa pressão contrária por parte de operadores e executivos do mercado financeiro, que preveem redução dos recursos disponíveis para os mercados de hedge (operações de proteção contra risco).

"É bom que se reduza o mercado, que fiquem apenas as operações efetivamente de hedge, e não de especulação", diz Gianetti. "Podem ocorrer efeitos colaterais adversos para operações legitimas de hedge cambial e precisariam ser mitigados", reconhece o executivo, que, no entanto, acredita ser possível fazer o "ajuste fino das medidas" no Conselho Monetário Nacional (CMN).

O pacote anunciado na quarta-feira traz muitas das sugestões discutidas por Gianetti e Garófalo com Mantega, mas algumas medidas ainda podem ser adotadas, sugere o diretor da Fiesp. "Discutimos medidas para reduzir a atratividade e aumentar o risco nesses mercados", comenta ele. Hoje, 90% das operações têm menos de 30 dias, o que aumenta seu caráter especulativo, diz ele. Entre as medidas sugeridas pelo executivo, e ainda não adotadas, está a exigência de margens maiores nas operações no mercado futuro de câmbio - o que aumenta seu custo e afasta especuladores. (Valor)

Lucros da Cielo e Redecard caem um ano após fim da exclusividade
O fim da exclusividade entre bandeiras e credenciadoras de cartões de crédito, que completou um ano no início deste mês, se refletiu nos balanços do segundo trimestre das duas maiores operadoras do país: Cielo e Redecard.
A Cielo, que tinha exclusividade da bandeira Visa, teve queda de 7,5% no lucro líquido, estimado em R$ 423,6 milhões entre abril e junho últimos.
Já a Redecard, que operava com cartões da MasterCard, teve queda de 13,9% em seu lucro líquido, calculado em R$ 322,6 milhões no período.
Um dos principais motivos para as quedas nos lucros das empresas de cartões foi o aumento do poder de barganha dos lojistas, que pressionaram as operadoras para reduzir os preços.
De acordo com Cláudio Yamaguti, presidente da Redecard, a redução no lucro se explica tanto ao aumento da competitividade como às despesas em tecnologia que a empresa teve para se adaptar às mudanças.
O presidente da Cielo, Rômulo Dias, também relacionou a queda do lucro à diminuição da receita com os serviços prestados. Apesar disso, os dois presidentes veem como positiva a mudança.
"O lojista conta hoje com mais opções e nós podemos operar com várias bandeiras", afirma Dias.
"Completamos nossa cesta de produtos", diz Yamaguti. (Folha)

quinta-feira, 28 de julho de 2011

UGT acompanha movimentação do governo para conter alta do Real que desindustrializa o país e ameaça os empregos

Dólar tem maior alta do ano após novas medidas

Moeda americana sobe 1,3% com criação de imposto para derivativos, mas efeito no longo prazo é incerto. Decisão do governo pode inibir especulação, mas aumentará custos para exportadores e empresas endividadas.
O governo anunciou ontem novas medidas para inibir a especulação com o dólar no mercado financeiro, em mais uma tentativa de combater os efeitos negativos da enxurrada de dólares que atinge a economia brasileira.
As medidas afetam o mercado de derivativos, instrumentos financeiros que empresas e investidores usam para se proteger contra variações inesperadas na taxa de câmbio ou simplesmente para especular com o dólar.
O primeiro efeito das medidas foi conter a queda do valor da moeda americana, cuja cotação no mercado brasileiro subiu ontem 1,3% e atingiu R$ 1,557. Foi a maior alta observada em um ano.
Mas o impacto das medidas no longo prazo ainda era considerado incerto ontem. Uma das únicas certezas era que elas aumentarão os custos que as empresas têm para evitar perdas em seus contratos de exportação e com dívidas contraídas no exterior.
O governo anunciou que passará a cobrar 1% de IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) em novas transações feitas por investidores que tiverem mais de US$ 10 milhões em negócios no mercado de derivativos e quiserem aumentar suas apostas.
Ao apresentar as medidas, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse que a alíquota do novo imposto poderá ser elevada para até 25% se o governo julgar necessário. "Vamos tirar rentabilidade da especulação", afirmou.
O secretário-executivo da Fazenda, Nelson Barbosa, reconheceu que as medidas trarão custos para os exportadores, um dos principais motores da atividade econômica no país hoje. Mas disse que esses custos poderão ser compensados se a queda do valor do dólar for contida.
O dólar barato ajudou o governo a conter a inflação nos últimos meses, barateando produtos importados que competem com mercadorias nacionais. Mas ele torna as indústrias exportadoras menos competitivas no exterior.
O governo adotou diversas medidas nos últimos meses para conter a entrada de dólares no país, taxando aplicações financeiras e empréstimos externos de curto prazo, mas não conseguiu evitar a valorização do real em relação à moeda americana.
Muitos investidores driblaram as restrições impostas pelo governo e continuaram trazendo dólares para aplicar no Brasil, que é hoje um país atrativo para os investidores por pagar taxas de juros muito superiores às encontradas nos EUA e na Europa.
INTERVENÇÃO -- Operadores do mercado de câmbio disseram que as medidas anunciadas ontem dificilmente mudarão isso, mas poderão coibir operações financeiras mais arriscadas como as que muitas empresas teriam feito para lucrar especulando com o dólar.
Muitos investidores se assustaram com o poder que as medidas dão ao governo para intervir de maneira agressiva nos negócios com derivativos. "A medida autoriza uma ampla intervenção no mercado", disse Sidnei Nehme, diretor da corretora NGO.
O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, disse que as novas medidas têm o objetivo de garantir a estabilidade financeira do país e não afetarão os investimentos estrangeiros no setor produtivo, que atingiram nível recorde nos últimos meses. "O Brasil continua sendo receptivo a investimentos estrangeiros", afirmou. (Folha)

Entenda por que o governo quer atacar a especulação no câmbio com derivativos

O novo pacote de medidas cambiais lançado pelo governo federal nesta quarta-feira pegou investidores e especuladores de surpresa e deixou dúvidas no mercado. Depois que o dólar comercial bateu o patamar de R$ 1,537 na terça-feira, o governo tenta agora conter a desvalorização do dólar no mercado futuro.

Segundo a teoria econômica mais aceita, a taxa de câmbio do dólar comercial, ou seja, aquele negociado no mercado à vista entre bancos, é estipulada pelo preço do dólar futuro, um contrato derivativo negociado em pregão da Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&FBovespa) e em balcão. Então, se o dólar futuro cai, o dólar à vista também se desvaloriza.

- No Brasil, por razões históricas, o mercado futuro é mais líquido que o mercado à vista. Bancos operam (no mercado à vista) fazendo momentaneamente posições vendidas (no mercado futuro) - explica o professor Márcio Garcia, da PUC-Rio.

Exemplo de como a demanda por dólares no mercado à vista não afeta o preço do dólar futuro foi o que aconteceu com o fluxo cambial do país em junho. Foi um mês em que a saída de dólares superou a entrada em US$ 2,556 bilhões no Brasil, o que indicaria a falta de dólares e, portanto, motivo para valorização. Mesmo assim o dólar comercial perdeu valor ante o real. Isso porque, ao mesmo tempo, o dólar manteve queda no mercado futuro. Daí a razão para o governo intervir no dólar futuro para conter a queda no mercado à vista.

Entenda como o dólar cai no mercado futuro -- Ao comprar ou vender contratos de dólar futuro, o investidor faz uma aposta: se acredita na valorização do dólar, ele compra contratos, o que é chamado de manter posição comprada; se espera uma queda, ele vende contratos, na chamada posição vendida. Cada contrato vale US$ 50 mil e tem uma data de vencimento futura quando a negociação é interrompida. Até lá, o negociador vende o contrato e é remunerado pela diferença entre a cotação do dólar à vista no momento da compra e a cotação na hora da venda, e vice-versa para os compradores. Então, quem compra o contrato ganha dinheiro com a valorização do dólar, e quem vende, perde.

Acontece que as condições atuais favorecem a aposta de investidores na queda do dólar, como lembra o economista-chefe do banco Fator, José Francisco de Lima Gonçalves. O dólar está em queda internacionalmente devido ao descrédito da recuperação econômica americana e ao risco de calote da dívida dos EUA. Enquanto isso, o Brasil atrai investimentos especulativos com a taxa de juro real mais elevada do mundo.

Essa tendência de desvalorização do dólar ante o real é agravada pelo poder de fogo dos estrangeiros no mercado de dólar futuro, principais negociadores desse mercado e, portanto, quem dita os preços dos contratos. Só para exemplificar: investidores estrangeiros, na maioria fundos hedge que vivem de ganhar lucros com variação de moedas, tinham acumulado na terça-feira apostas de US$ 4,2 bilhões na desvalorização de contratos de dólar e US$ 18,6 bilhões na desvalorização de contratos de cupom cambial (DDI).

Como ocorre o ganho do investidor de derivativo -- Para calcular qual o ganho ou a perda de um investidor de derivativo, é preciso entender que os US$ 50 mil de valor atribuído a cada contrato são apenas um valor de referência. Se o investidor comprou 10 contratos, dá um valor referencial de US$ 500 mil. Então, o ganho ou a perda equivale à diferença do valor referencial entre a cotação do dólar futuro no momento da compra e a cotação do dólar futuro no momento da venda.

Para comprar cada contrato, o desembolso de dinheiro, ou seja, a quantia depositada na Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&FBovespa) varia diariamente. Por exemplo, na terça-feira, o depósito necessário na forma de garantia para comprar um único contrato de dólar com vencimento em agosto de 2011 era de R$ 9.354,52. Ao vender o contrato, a garantia é devolvida. A garantia serve para o caso de o investidor não depositar a variação devida pelo período em que manteve o contrato. Ou seja, se perdeu US$ 5 mil enquanto segurou o contrato durante a desvalorização do dólar futuro, essa quantia será tomada do depósito de garantia pela BM&F, que zela pelas remunerações adequadas entre investidores. (O Globo)

Crédito em alta ainda puxa lucro de banco
Medidas do Banco Central reduzem ritmo de elevação das operações, mas não revertem tendência de aumento. Financiamentos foram responsáveis por 30% do resultado do Bradesco, que cresceu 21,7% no 1º semestre.

Apesar das medidas do governo para esfriar o crédito, os bancos continuaram expandindo seus financiamentos no primeiro semestre.
Bradesco e Santander, que divulgaram seus resultados ontem, tiveram lucros puxados, principalmente, pelo aumento nos financiamentos.
No Bradesco --que lucrou R$ 5,487 bilhões, 21,7% a mais que nos seis primeiros meses de 2010--, as operações foram responsáveis por 30% do resultado do banco. A carteira de crédito cresceu 21,1%, para R$ 298,3 bilhões.
Os financiamentos no Santander somaram R$ 171,4 bilhões --17% mais do que em 2010. No ano passado, o ritmo de alta foi de 19%.
"As medidas do governo impactaram o crédito à pessoa física, que continua crescendo, mas em ritmo menor", afirma Erivelto Rodrigues, presidente da Austin Rating.
No Bradesco, o destaque foram os financiamentos às grandes empresas, que cresceram 23,6%. Para os consumidores, houve alta de 14,6%.
"O crescimento de crédito está nos agentes que cuidam da oferta, e há um aumento menor entre aqueles que demandam, ou seja, as pessoas físicas", diz Luiz Carlos Trabuco, presidente do banco.
"E acho que essa vai ser a tônica no decorrer do ano, em razão das medidas que o Banco Central tem adotado."
QUEDA -- O aumento do crédito, no entanto, não foi suficiente para elevar o lucro do Santander, que caiu 9,5% no semestre, para R$ 1,824 bilhões.
Ainda assim, o Brasil já responde por 25% dos ganhos do grupo no mundo --em 2010, contribuía com 23%.
"Tivemos uma performance abaixo da dos concorrentes. Mas construir uma franquia com o resultado da fusão de dois bancos semelhantes leva tempo. Os investidores têm que ter alguma paciência", disse Marcial Portela, presidente do Santander.
"Vamos ver os grandes bancos apresentando lucros maiores neste ano. A exceção deve ser o Santander, que ainda não achou um foco no país", afirma Rodrigues.
Ontem, as ações de ambos fecharam em queda: as preferenciais do Bradesco caíram 1,23%; nas Units do Santander, a baixa foi de 6,64%. (Folha)

Planos de saúde: usuário terá direito à mudança sem carência a partir desta quinta-feira

Mais de 13 milhões de usuários de planos de saúde terão direito de mudar de operadora sem precisar cumprir novos prazos de carência a partir desta quinta-feira. As operadoras tiveram 90 dias para se adaptar à nova regra estabelecida pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).

A norma deverá beneficiar clientes de planos de saúde individual, familiar e coletivo por adesão (contratado por conselhos profissionais, entidades de classe, sindicatos e federações). Esse último grupo representa mais de 5 milhões de usuários. A ANS espera aumentar a concorrência no mercado e melhorar o atendimento ao consumidor.

Para fazer a mudança de plano, o usuário precisa estar em dia com o pagamento das mensalidades. A nova regra permite que ele mude de um plano de abrangência municipal, por exemplo, para outro com cobertura em todo o estado ou nacional. O usuário terá quatro meses a partir do mês de aniversário do contrato para fazer a mudança, e não mais dois meses como era anteriormente.

A ANS criou também uma portabilidade especial para usuário de plano de saúde que está sob intervenção da agência ou em processo de falência, e para quem perdeu direito ao plano deviso à morte do titular. Nesses casos, a mudança não está limitada ao mês de aniversário do contrato é não há necessidade de permanência mínima no plano para pedir a modificação.

Entretanto, a nova norma não vale para planos coletivos contratados por empresas para seus funcionários, os chamados planos empresariais. (O Globo)

Brasileiro é o 2º mais insatisfeito com seu carro

Gastos elevados após a compra reduzem nível de satisfação com os automóveis; pesquisa mostra que mais satisfeitos são os mexicanos.

O brasileiro é um dos menos satisfeitos com a posse do seu veículo, principalmente por causa dos altos custos pós- compra com manutenção, reparos e combustível. Entre sete países, o Brasil está atrás apenas da Itália, segundo pesquisa inédita feita pela consultoria J.D. Power. A insatisfação é maior entre donos de modelos mais baratos. O País também é o penúltimo na lista onde os veículos apresentam maior índice de defeitos.

Pesquisa feita com proprietários de veículos adquiridos num intervalo de dois anos mostra que, numa escala de até 1 mil, a satisfação dos brasileiros com seu automóvel atinge 743 pontos, enquanto a dos italianos é de 729 pontos. O maior índice é dos mexicanos (889 pontos), seguido por alemães (807), ingleses (794), canadenses (789)e franceses (753).

Nos sete países citados, a pesquisa envolve custo de propriedade, design, serviços prestados pelas concessionárias e qualidade do veículo. No Brasil, foram ouvidas 5 mil pessoas durante o mês de maio. Referência em países da Europa e nos Estados Unidos, a pesquisa sobre a satisfação dos proprietários de veículos foi iniciada em 1995 e é chamada de Vehicle Ownership SatisfactionStudy (Voss), nome mantido no País, onde será feita anualmente.

A estreia local já tem uma particularidade. "Na maioria dos países, o principal fator de insatisfação dos consumidores é o design; no Brasil, é quanto eles gastam para ter o carro, especialmente entre donos de modelos compactos", diz Jon Sederstrom, diretor da J.D. Power do Brasil. Segundo ele, 20% dos consultados nessa categoria afirmaram que os gastos com serviços foram muito maiores do que o esperado.

O item envolve consumo de combustível, seguro e manutenção/reparo e foi citado por 31% dos pesquisados como principal fator de insatisfação. A aparência, desempenho e conforto vêm em segundo lugar (28% das respostas), os serviços das revendas em terceiro (23%) e, por último, a qualidade e confiabilidade do veículos (17%).

"Isso mostra que os brasileiros são apaixonados por carros, mas são práticos", avalia Sederstrom. A J.D. Power tem escritórios em mais de 40 países e abriu filial no Brasil há um ano. Nos EUA, 60% dos compradores de carros novos levam em conta os resultados da pesquisa no momento da compra.

Segundo Sederstrom, o objetivo da pesquisa é ajudar o consumidor a escolher um produto e contribuir para que o fabricante entenda as expectativas e necessidades dos clientes e possam melhorar sua atuação em toda a cadeia. "Numa pontuação de um a dez, o consumidor que mostra satisfação na casa dos 9 e 10 pontos tem 2,5 vezes mais chances de ser fiel à marca do que aquele que tem pontuação abaixo disso". O executivo cita ainda que o número de problemas e defeitos para cada 100 carros no Brasil também só fica atrás da Itália, mas esses dados são sigilosos.

Campeões. A pesquisa apresenta um ranking com os carros de maior satisfação entre os consumidores. Numa lista com os 37 modelos mais vendidos no País, o campeão entre os subcompactos é o novo Gol (G5), da Volkswagen, com 731 pontos. Entre os compactos, segundo a classificação da consultoria, o Volkswagen CrossFox tem a melhor pontuação (790), enquanto o líder entre os médios é o Honda Civic (830).

Quando avaliada a marca, a campeã em satisfação é a Toyota, seguida por Honda e Citroën. Sederstrom explica que nessa categoria entram todos os modelos do fabricante. A marca com mais produtos acaba tendo a pontuação diluída, daí a explicação para a Volkswagen, com quatro automóveis citados na lista dos nove mais pontuados, ficar em quinto lugar nesse ranking. Modelos mais completos também têm melhor avaliação.

Os fabricantes dos três modelos que ficaram em primeiro lugar - Volkswagen e Honda - vão receber da empresa que fez a pesquisa um troféu confeccionado pela mesma empresa que produz o Oscar. (Estado)

Medidas são ''péssimas'', diz Loyola

Para ex-presidente do BC, as medidas cambiais adotadas pelo governo tendem a enxugar a liquidez no Brasil e aumentar no exterior.

O ex-presidente do Banco Central e sócio da Tendências Consultoria, Gustavo Loyola, classificou como "péssimas" e "desesperadas" as novas medidas cambiais, anunciadas ontem pelo governo. Para ele, um dos efeitos colaterais das medidas será a exportação do mercado de derivativos do Brasil para a Bolsa de Mercadorias e Futuros de Chicago.

"No fundo, isso tende a reduzir a liquidez aqui e aumentar no exterior. É uma medida que vai contra o Brasil", reclamou Loyola, ao explicar que os estrangeiros que investem no Brasil usam a Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F) para fazer um hedge (proteção) de sua posição.

Ao lançar mão de mecanismos para encarecer as operações, o governo, diz Loyola, estimula o investidor estrangeiro a optar por fazer esse hedge no exterior. "O mercado de Chicago negocia várias moedas. O real não tem muita liquidez lá porque tem aqui. Não sou purista, acho que eventualmente você tem de tomar medidas drásticas em situações de emergência. Mas elas têm de, pelo menos, funcionar. Essa não funciona."

Loyola não acredita numa reversão da tendência de queda do dólar por causa desse pacote cambial e diz que os efeitos da MP são apenas temporários. "Acho essa medida péssima, muito ruim. Quase uma medida desesperada, que não vai gerar efeito nenhum, vai gerar mais distorções." Segundo ele, a ideia de taxar o mercado de derivativos deve criar ainda uma insegurança jurídica, com os investidores estrangeiros temendo novas mudanças de regras.

Investidores. A maior parte dos investidores estrangeiros ouvidos pela Agência Estado criticou a medida. "É uma medida sem noção, pois vai afetar o mercado de hedge do País", disse o chefe de pesquisas para mercados emergentes da Nomura Securities, em Nova York, Tony Volpon. "A intenção é claramente parar o crescimento de posições vendidas em câmbio, que estão em torno de US$ 45 bilhões na BM&F e pelo menos US$ 70 bilhões na Cetip."

O executivo vê a medida como extremamente nociva para as empresas que captam recursos no exterior e fazem hedge para se proteger do risco, pois o custo de proteção vai aumentar muito e afetar a economia real." Segundo Volpon, por causa das medidas, as mesas de câmbio dos bancos estão praticamente paralisadas, pois há muita incerteza.

Maior poder. Para Luis Eduardo Assis, ex-diretor de Política Monetária do BC, as medidas podem ser consideradas as mais amplas até agora no câmbio, principalmente pela possibilidade de aumentar o IOF até 25%, afirma. "Na prática, significa quase que aumentar (o tributo) indefinidamente." Para o economista, as medidas significam "mais prudência na política cambial".

Assis afirma que as medidas têm grande poder de interferência, ao alcançarem investidores estrangeiros e domésticos, e mostram que é "falaciosa a ideia de que não há o que fazer" no câmbio.

"O governo mostrou que há o que fazer e há outros instrumentos que podem ser eventualmente acionados. Vemos hoje tentativa de refrear a valorização do real que pode ser aperfeiçoada nos próximos dias. Interferência que foi amplamente antecipada pelo próprio governo", disse ao serviço AE Broadcast Ao Vivo, da Agência Estado. Para ele, o governo tem ferramentas diversas para atuar. (Estado)

Governo tenta conter especulação, mas dólar deve continuar baixo

Para analistas, medidas têm efeito de curto prazo e cenário externo ainda contribui para alta do real.

Da BBC Brasil em São Paulo - As medidas anunciadas pelo governo nesta quarta-feira para impedir a queda do dólar, visando conter a especulação, deverão ter apenas um efeito de curto prazo sobre a cotação da moeda americana, que deverá permanecer baixa por mais tempo, segundo afirmam analistas entrevistados pela BBC Brasil.

O Diário Oficial da União desta quarta-feira publicou uma Medida Provisória que autoriza a cobrança de até 25% de IOF (Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguros, ou Imposto sobre Operações Financeiras) em negociações de títulos ou valores mobiliários com contratos de derivativos.

O derivativo é um ativo financeiro cujo preço deriva de outro ativo. As operações com derivativos servem geralmente como proteção contra a oscilação dos preços futuros, mas funcionam também como uma aposta dos investidores em quedas maiores do dólar.

Após o anúncio, o dólar comercial chegou a subir 2%, em um pico de R$ 1,57, mas fechou com valorização de 1,35%, a R$ 1,559.

Especulação -- Em coletiva de imprensa nesta quarta-feira, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou que a medida visa combater a especulação com o mercado futuro de dólar.

"Há excesso de dólares vendidos no mercado futuro. Estão apostando que o dólar vai se desvalorizar ou que o real vai se valorizar e eles ganham quando isso acontece", disse.

Para o economista Alexandre Schwartsman, a especulação é apenas uma parte do processo de valorização do real frente ao dólar. Segundo ele, o cenário externo, com os Estados Unidos e a Europa em crise, e a alta do preço das commodities fazem com que a moeda brasileira mantenha uma tendência de apreciação.

"O câmbio está reagindo da maneira como ele deveria reagir", disse Schwartsman à BBC Brasil. "(A valorização do real) parece muito mais um resultado dos outros fatores que determinam a variação do câmbio".

O economista acredita que o dólar deverá se manter na faixa entre R$ 1,50 e R$ 1,55 nos próximos meses.

Já o professor de Macroeconomia e Finanças do Insper José Luiz Rossi afirma que a taxação das operações com derivativos terá uma eficiência de curto prazo, possivelmente diminuindo o ritmo de queda do dólar, pela diminuição das posições dos investidores.

"No entanto, em vez de adotar o capital de curto prazo, o mercado deverá adotar os de médio e longo prazo, mantendo o fluxo de capitais e investindo no Brasil de qualquer jeito", diz Rossi.

Para o professor do Insper, as previsões de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro para os próximos anos, embora representem uma baixa em relação a 2010, dão uma perspectiva de tranquilidade para que os investidores estrangeiros continuem injetando capitais no País.

"Os investidores olham o cenário lá fora e veem essa incerteza, depois eles olham para o Brasil e veem um ambiente mais tranquilo, então apostam aqui."

Inflação

Schwartsman também acredita que a entrada de capital externo deverá fazer com que o resultado das medidas do governo seja de curto prazo, e afirma que, se por um lado, a taxação dos negócios com derivativos deve desacelerar a alta do real, por outro, terá o efeito de pressionar a inflação, embora não de forma decisiva.

"O câmbio não é um instrumento pra isso (controlar a inflação), mas nos últimos meses ele tem sido uma força no sentido de manter disciplinados alguns preços, ao favorecer as importações", diz o economista.

"Se estivéssemos em um momento de menor pressão inflacionária, a influência do câmbio talvez sequer seria notada." (Estado/BBC Brasil)

Balanços de Bradesco e Santander trazem números díspares

Os bancos Bradesco e Santander atravessaram os meses entre abril e junho sob o mesmo cenário macroeconômico. Mas os balanços divulgados por ambas as instituições financeiras ontem seguiram rumos bastante diferentes.

O Bradesco mostrou lucro crescente, forte expansão da carteira de crédito e conseguiu segurar as rédeas da inadimplência, nos números comparados com o mesmo trimestre de 2010. As ações preferenciais do banco tiveram queda de 1,2% no dia, menor que o tombo de 1,8% do Ibovespa, ficando cotadas a R$ 28,83.

Já o Santander fez acender a luz amarela ao apresentar resultado líquido menor, crescimento mais modesto das concessões de empréstimos e deterioração da qualidade da carteira. O humor dos acionistas foi sentido na bolsa, já que os papéis (units) do banco tiveram a maior queda do Ibovespa: 6,38%, a R$ 14,8.

O Bradesco teve lucro líquido de R$ 2,78 bilhões, aumento de 3,1% em relação ao primeiro trimestre e de 15,8% na comparação com o segundo trimestre de 2010.

A combinação do crescimento do crédito e das receitas de serviço contribuiu para impulsionar o lucro do banco da Cidade de Deus. A carteira de crédito encerrou junho com R$ 298,3 bilhões, expansão de 21,3% ante junho de 2010 e de 4,1% em relação ao primeiro trimestre do ano. As receitas de serviço totalizaram R$ 3,75 bilhões no segundo trimestre, incremento de 13,9% na comparação com igual período do ano passado e de 6,9% ante o primeiro trimestre de 2011.

Do lado do crédito, os financiamentos para grandes empresas foram destaque. No período de 12 meses encerrados em junho, o avanço da carteira para grandes empresas (incluindo debêntures e notas promissórias) foi de 28,1%, para R$ 124,87 bilhões. No segmento de pessoa física, o crescimento nesse mesmo intervalo foi de 14,6%, "em linha" com a perspectiva do Banco Central.

O índice de atrasos superiores a 90 dias em relação aos ativos de crédito encerrou junho em 3,6%, leve aumento de 0,1 ponto percentual na comparação com março. Segundo o presidente do banco, Luiz Carlos Trabuco Cappi, o aumento de inadimplência foi provocado, basicamente, por uma mudança no modelo de contabilização dos atrasos, reflexo da migração das operações de processamento das transações de cartões, no fim do ano passado, para uma nova empresa, a Fidelity.

"Passamos a capturar mais rapidamente o atrasos no crédito parcelado pelo lojista, daí o impacto inicial", explicou Trabuco Cappi. O Bradesco projeta uma estabilização nos níveis de inadimplência no segundo semestre. "Olhamos linha por linha ainda nesta manhã [de ontem] e não vimos nada de diferente tanto na jurídica quanto na física", ressaltou Domingos Abreu, vice-presidente do Bradesco.

O Santander, pelos padrões contábeis brasileiros, registrou uma queda de 19% no lucro na comparação com igual período de 2010, com R$ 811 milhões.

Uma combinação de fatores negativos levou ao encolhimento da última linha do balanço. Para começar, carteira de crédito da instituição não cresceu a passos tão largos: 16,6%, ante mesmo período de 2010, para R$ 175,8 bilhões. O destaque ficou por conta dos créditos a pequenas e médias empresas (+ 27,2%) e a pessoas físicas (+ 22,2%).

Além disso, houve uma piora na qualidade das concessões do banco. Os créditos de pior risco, classificados pelas regras do Banco Central com as letras de E a H, subiram 17,4% na comparação com o primeiro trimestre do ano. "A qualidade dos ativos do banco está mais fraca", afirmou o Goldman Sachs, em relatório. Isso se refletiu no volume de provisões, que cresceu 45% ante o segundo trimestre de 2010, para R$ 2,9 bilhões.

"A carteira do Santander é mais focada no financiamento à pessoa física. Isso não quer dizer que a carteira do banco é pior, mas que é sim uma carteira mais arriscada - e que é mais lucrativa ao mesmo tempo, trabalha com spreads maiores", disse Mário Pierry, analista do Deutsche Bank.

Porém, assim como o Bradesco, o Santander diz acreditar que a inadimplência chegou ao ponto máximo em junho. "Acredito que o trimestre que começou em julho apresentará um ponto de ajuste dessa curva", disse Marcial Portela, presidente do Santander.

Provisões fiscais e trabalhistas também afetaram o Santander, somadas aos gastos com a credenciadora de cartões GetNet. (Valor)

quarta-feira, 27 de julho de 2011

UGT e demais centrais mobilizam pelas 40 horas semanais e pelo fim do Fator Previdenciário

Centrais protestam sem CUT em SP

Alheias a movimentação da CUT, as outras cinco centrais fecharão ciclo de mobilizações dia 3 de agosto, em frente ao estádio do Pacaembu, em São Paulo, para pressionar o Congresso a votar projetos de interesse dos sindicatos, como a redução da jornada de trabalho para 40 horas semanais e o fim do fator previdenciário. "Sabemos que o governo Dilma [Rousseff] tem sido pressionado por todos os lados, então também temos que fazer a nossa pressão para melhorar as condições da classe trabalhadora", afirmou o presidente da CTB, Wagner Gomes.

Sem a facilidade para negociar com o governo que tinham quando Luiz Inácio Lula da Silva, vindo do movimento sindical, era presidente, Força Sindical, UGT, CTB, Nova Central e CGTB pretendem juntar cerca de 80 mil em passeata até a Assembleia Legislativa de São Paulo para forçar a votação de projetos da categoria no Congresso. "O problema não é nem a presidente ter uma abordagem diferente de tratar os movimentos sociais. A preocupação é com medidas que ela tomou que vão na contramão do desenvolvimento, como aumentar a taxa de juros", continua Gomes.

O diálogo mais truncado com o governo - hoje o interlocutor dos sindicatos é o secretário-geral da Presidência, Gilberto Carvalho, ministro de confiança de Lula, mas com menos poderes para tomar decisões do que o ex-presidente -, alimentado por embates sobre os projetos em discussão, levou ao afastamento da CUT das outras centrais. O racha começou com o valor do salário mínimo - a Força defendia emenda do PSDB de R$ 600, enquanto a CUT queria R$ 560 - e se estendeu as comemorações do 1º de Maio, com um evento das cinco centrais e outro dela.

Segundo dirigentes sindicais ouvidos pelo Valor, a divisão logo nos primeiros meses do governo Dilma é uma forma de a CUT, ligada ao PT e com relação estreita com o governo federal, se destacar na defesa dos trabalhadores e evitar o crescimento das outras centrais, infladas pelo repasse de imposto sindical desde 2008.

Para evitar a concorrência e a consequente perda de cargos no governo federal, a CUT tenta fincar bandeiras próprias, como o fim do imposto sindical obrigatório - cobrança que ela quer tornar facultativa, definida por assembleia da categoria, o que pode inclusive aumentar o valor, hoje de um dia de salário por ano. Há também pressão de correntes internas importantes, como dos Metalúrgicos do ABC, que pregam o afastamento como forma de se destacar mais na mídia - há eleição para a diretoria da central no fim do ano.

O protesto do dia 3 de agosto das cinco centrais, com a CUT realizando mobilização própria uma semana depois, é o último exemplo dessa distensão entre os grupos. A pauta de reivindicações, formada por temas de convergência como a redução da jornada de trabalho, foi definida há mais de um ano pelas seis centrais durante a Conferência Nacional da Classe Trabalhadora, quando as entidades celebraram a união e fortalecimento do movimento sindical.

Agora separadas, as cinco centrais também planejam mobilizações em Brasília em agosto. Elas querem uma reunião com os presidentes da Câmara, Marco Maia (PT-RS), e do Senado, José Sarney (PMDB-AL), para cobrar a votação em plenário da redução da jornada e de veto do ex-presidente Lula sobre projeto que extingue o fator previdenciário. "A jornada é mais difícil de aprovar, porque exige dois terços dos votos. Mas o fator previdenciário, se for a voto, é 100% de chance de passar", afirmou o deputado Roberto Santiago (PV), vice-presidente da UGT. (Valor)

Governo anuncia novas medidas cambiais

Conselho Monetário Nacional poderá intervir mais nas negociações de contratos de derivativos de dólar, estipulando prazos e limites, por exemplo.

Depois de uma semana de mais quedas do dólar e do descontentamento claro do ministro da Fazenda, Guido Mantega, com o valor da moeda, o governo anunciou mais uma medida cambial nesta quarta-feira, 27. O governo publicou no Diário Oficial da União uma medida provisória e um decreto que trazem mudanças cambiais e tributárias em derivativos e empréstimos externos.

Para fins de política monetária e cambial, a medida autoriza o Conselho Monetário Nacional a estabelecer condições específicas para negociação de contrato de derivativos, independentemente da natureza do investidor. O CMN poderá determinar depósitos sobre os valores nocionais dos contratos, fixar limites, prazos e outras condições sobre as negociações dos contratos.

Segundo a MP no caso de operações relativas a títulos ou valores mobiliários, envolvendo contratos de derivativos, a alíquota máxima fixada é de 25% sobre o valor da operação.

O Diário Oficial também traz um decreto que altera o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras). O decreto penaliza o contribuinte que tomar o empréstimo externo com prazo médio superior a 720 dias e antecipar a sua liquidação. Ele terá que pagar juros moratórios e multa. Os empréstimos externos até 720 dias têm alíquota maior de 6%. O IOF será cobrado à alíquota de 1% sobre o valor nocional ajustado na aquisição, venda ou vencimento de contratos de derivativos financeiros, cujo valor de liquidação seja afetado pela variação da taxa de câmbio e que resulta em aumento da exposição líquida vendida em relação ao apurado no dia anterior. (Estado)

Entrada recorde de dólares anula efeito de medidas do BC
Impostos freiam aplicações no setor financeiro, mas investimentos produtivos crescem 170% no semestre. Queda no valor do dólar ajuda governo a conter preços, mas reduzirá ritmo de crescimento da economia neste ano.
O investimento estrangeiro no setor produtivo da economia atingiu volume recorde no primeiro semestre deste ano, anulando os efeitos das medidas adotadas pelo governo para conter a entrada de dólares no país.
Estatísticas divulgadas ontem pelo Banco Central mostram que o volume de recursos externos com vistas à produção no Brasil somou US$ 32,5 bilhões nos primeiros seis meses do ano, 170% a mais que no primeiro semestre do ano passado.
É o maior valor desde que o BC começou a série histórica, em 1947.
Aumentos de impostos e outras medidas adotadas pelo governo nos últimos meses reduziram aplicações de investidores estrangeiros em títulos financeiros e captações de empréstimos externos por empresas brasileiras.
Mas o resultado foi anulado por investimentos diretos e dólares trazidos por companhias brasileiras com filiais no exterior.
A oferta maior da moeda americana faz cair seu valor em reais e ajuda o BC a conter a inflação, porque barateia produtos importados que concorrem com mercadorias feitas no país.
Mas o dólar fraco prejudica indústrias brasileiras que exportam sua produção, porque as torna menos competitivas no mercado internacional. Isso contribui para frear a atividade econômica.
Ontem, a cotação do dólar atingiu R$ 1,537, valor mais baixo desde janeiro de 1999, quando o país adotou o regime que até hoje permite que a moeda flutue no mercado.
Na semana passada, a presidente Dilma Rousseff disse que seu objetivo é controlar a inflação sem sacrificar o crescimento da economia, mas ela encontra dificuldades crescentes para conciliar os dois objetivos. "É um equilíbrio delicado", disse o economista Alexandre Schwartsman, ex-diretor do BC.
Ele observa que a queda do dólar ajudou a segurar os preços de produtos industrializados até aqui, mas estatísticas recentes mostram que a pressão maior agora vem dos preços dos serviços, sobre os quais o câmbio não tem influência direta.
Como os números do BC mostraram, os instrumentos que o governo tem para conter a entrada de dólares são tímidos. "As últimas tentativas de interferir no câmbio se mostraram infrutíferas", afirmou Edward Amadeo, da Gávea Investimentos.
Relatório apresentado ontem pela Unctad, uma agência das Nações Unidas, mostra que o Brasil foi o quinto país que mais recebeu investimentos estrangeiros produtivos no ano passado. Em 2009, o país foi o 15º mais atrativo para os estrangeiros.
INCERTEZAS -- As crises nos EUA e na Europa contribuem para as dificuldades do governo porque geram incertezas entre os investidores e tendem a frear o ritmo da economia mundial.
O economista-chefe do Merrill Lynch no Brasil, David Becker, observa que o ajuste nas contas do governo dos EUA para conter seu endividamento deve esfriar a economia americana.
"Isso terá reflexos no preço das matérias-primas e no crescimento global", disse Becker. O resultado poderá ser uma piora na capacidade de financiamento mundo afora. Com menos dinheiro para investir e menor demanda por produtos como os que o Brasil exporta, menor será o crescimento do país. (Folha)

Redes Drogasil e Raia negociam fusão
União da vice e da terceira no ranking de farmácias criaria gigante com faturamento anual de R$ 4 bi e 700 lojas. Ações disparam em meio a rumores sobre união; operação ainda depende de acordo entre acionistas.

As redes de drogarias Raia e Drogasil informaram ontem que negociam associação em uma única companhia, a ser listada no Novo Mercado da BM&FBovespa --segmento da Bolsa de rigorosas exigências de transparência.
A fusão criaria uma gigante do setor no país. Em 2010, a Raia teve receita bruta de R$ 1,9 bilhão e a Drogasil apurou faturamento de R$ 2,1 bilhões. O lucro líquido, entretanto, aponta grande distanciamento. Enquanto no ano passado a Raia lucrou R$ 1,7 milhão, a Drogasil registrou ganhos de R$ 89 milhões.
Em número de lojas, no fim de dezembro, a Raia era maior, com 350 estabelecimentos.
A concorrente tinha 338 unidades, de acordo com informações nos demonstrativos financeiros de ambas.
A Drogasil ocupa a vice-liderança entre as redes nacionais, seguida pela Raia.
Em junho do ano passado, a Drogaria São Paulo adquiriu a rede Drogão, dando origem à maior rede farmacêutica paulista e também brasileira.
As ações de ambas as companhias dispararam ontem, com operadores de mercado citando rumores de que elas estariam planejando se unir.
As ações da Drogasil avançaram 10,23%, para R$ 11,85, enquanto as da Raia subiram 4,17%, a R$ 27,71.
Os papéis não integram a carteira teórica do Ibovespa, índice com os principais papéis brasileiros e que caiu ontem 1,05%.
Segundo comunicado ao mercado (fato relevante), as companhias vêm estudando alternativas de estrutura para a operação, bem como um acordo para regular termos e condições.
O comunicado das empresas também informa que "a associação está sujeita à conclusão bem-sucedida das tratativas ora em curso entre as duas companhias e tais acionistas". (Folha)

Após pito do BC, Caixa diz que regularizará o balanço
Números referentes à participação no PanAmericano não foram ajustados

Atualização será feita no balanço do segundo trimestre; dados vão mostrar se houve lucro ou prejuízo com a compra.

Depois de notificada pelo Banco Central, a Caixa Econômica Federal promete ajustar na sua contabilidade os números referentes à sua participação no PanAmericano.
A atualização, segundo a instituição, será feita no balanço do segundo trimestre.
O banco que pertencia ao empresário Silvio Santos foi adquirido no final de 2009 pela CaixaPar (empresa de participações controlada pela instituição estatal).
A operação, no entanto, só teve o aval do BC em novembro do ano passado, após o anúncio de uma sucessão de fraudes, que levaram a um rombo de R$ 4,3 bilhões.
Oito meses após a aquisição ter completado todos os trâmites burocráticos, a Caixa ainda não fez os ajustes de acordo com as regras do BC, o que mostrará o lucro ou o prejuízo com a compra.
Por isso, os dados da Caixa foram aprovados com ressalva pelos auditores independentes e a fiscalização do BC questionou o banco.
A Caixa usa como argumento uma norma internacional que ainda não foi aprovada pelo governo brasileiro.
Por essa norma, a instituição alega que teria até um ano, após a aprovação da operação pelo BC, para fazer a mensuração do investimento e realizar os ajustes.
Pelas regras do BC, no entanto, como a Caixa participa da gestão do PanAmericano, a atualização já deveria ter sido feita, segundo quatro auditores ouvidos. O BC não se manifestou oficialmente.
Se a aprovação do BC à compra tivesse saído antes da descoberta das fraudes, a Caixa, como dona da metade do PanAmericano, poderia ter que assumir metade de rombo inicial de R$ 2,5 bilhões. (Folha)

Novas regras para planos de saúde entram em vigor

Beneficiários de planos coletivos por adesão poderão mudar de operadora sem precisar cumprir novas carências

Termina hoje o prazo que a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) deu para as operadoras de saúde se adaptarem às novas regras de portabilidade de carência. A partir de amanhã, beneficiários de planos coletivos por adesão poderão mudar de operadora de saúde sem precisar cumprir novas carências.

Pelas novas regras, cerca de 5,14 milhões de beneficiários de planos por adesão se tornam aptos a mudar de operadora, segundo dados da ANS. Só do Estado de São Paulo, por exemplo, são 2,38 milhões de pessoas.

Com essa resolução, a ideia da ANS é permitir que ocorra um fluxo maior de clientes entre as operadoras, aumentando a competitividade entre elas.

"As operadoras terão de criar estratégias para fidelizar os clientes. É um incentivo à boa prática de atendimento", diz Arlindo de Almeida, presidente da Associação Brasileira de Medicina de Grupo (Abramge), que representa cerca de 18 milhões de usuários de planos de saúde.

Os clientes de planos coletivos empresariais, que representam cerca de 70% do mercado, e os de contratos anteriores a 1999 continuam sem o benefício.

Novidades. Além de poder mudar de plano sem ter de cumprir novas carências, uma das principais novidades é o direito à portabilidade especial para beneficiários de planos que estão em crise financeira, sob intervenção da ANS. Até então, se essas pessoas quisessem mudar de operadora, teriam de cumprir carências.

"Esse é a nova regra que mais nos preocupa. Se uma operadora fechar, isso poderá abrir uma migração maciça para outros planos e desequilibrar a carteira", avalia Almeida, da Abramge.

Outro avanço importante foi em relação à abrangência geográfica do plano, que deixa de ser empecilho para a migração. Isso quer dizer, por exemplo, que um portador de contrato de abrangência municipal poderá optar por um plano de abrangência estadual ou nacional.

Além disso, o prazo para a mudança de contrato foi ampliado. Segundo a norma anterior, a migração poderia ser feita no mês de aniversário do contrato ou no mês seguinte. Agora, os consumidores terão o mês de aniversário e os três seguintes para mudar.

Para advogados, as novas regras são um avanço, mas ainda são tímidas. "As regras continuam pouco flexíveis. Por exemplo: a pessoa ainda precisa manter dois anos de fidelidade com um plano se quiser mudar com portabilidade. E para quem está insatisfeito, dois anos é muito tempo", diz Julius Conforti.

Juliana Ferreira, advogada do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) também faz ressalvas às novas regras. "Apesar de aumentar o número de meses possíveis para portabilidade, ainda está restrito a quatro meses por ano. É pouco", avalia. (Estado)

Lucro do Santander cai 37,5% no segundo trimestre

O banco espanhol Santander registrou lucro líquido (atribuível aos acionistas e que serve de base para cálculo do pagamento de dividendos) de 1,393 bilhão de euros (0,2253 euros por ação), queda de 37,5% na comparação com o resultado de igual período em 2010, quando o ganho chegou a 2,230 bilhões de euros (0,2558 euros por ação).

Segundo comunicado da instituição, o resultado do segundo trimestre foi negativamente afetado por uma despesa não recorrente de 620 milhões de euros referente a provisões para produtos de seguro de crédito no Reino Unido. Excluindo essa provisão, o lucro líquido atingiu 2,013 bilhões de euros. O Brasil representou 25% do lucro líquido da instituição no primeiro semestre e 14% dos ativos totais.

A receita líquida do Santander com juros e taxas alcançou 10,367 bilhões de euros, valor recorde e 5% superior ao obtido em igual período de 2010, quando somou 9,861 bilhões de euros.

Os ativos totais do Santander alcançaram 1,232 trilhão de euros em 30 de junho, alta de 1% em relação ao encerramento do do segundo trimestre de 2010. O capital próprio de base (core capital) do Santander estava em 9,20% ao final de junho, ante 8,8% em dezembro último. O Santander estima que o capital de base Tier 1 do banco chegue a 8,4% em dezembro de 2012. O mínimo requerido é de 5%.

A carteira de crédito total do Santander atingiu 723,969 bilhões de euros, queda de 0,5% em relação a junho de 2010. Excluindo efeitos de variação cambial, a carteira aumentou 2%. As provisões para créditos duvidosos somaram 2,684 bilhões de euros, 8% acima de igual período em 2010. (O Globo)

Brasil virou o quinto maior destino de investimentos estrangeiros produtivos do mundo, diz Unctad

Os fluxos globais de investimento estrangeiro direto (produtivo) voltaram a crescer no ano passado pela primeira vez desde a crise econômica de 2008, com a injeção global de US$ 1,24 trilhão em investimentos, um crescimento de 5% em relação a 2009, segundo dados divulgados nesta terça-feira pela Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento e Comércio (Unctad, na sigla em inglês). O Brasil foi um dos mais beneficiados com a retomada desses aportes, com a entrada de US$ 48 bilhões, uma alta de 86,7% em relação ao ano anterior, o maior crescimento entre as economias desenvolvidas e os Bric. Com isso, o Brasil passou da 15ª posição para o quinto lugar entre os maiores recebedores de investimento estrangeiro no mundo, atrás de Estados Unidos, China, Hong Kong e Bélgica.

A entidade ressalta, porém, que essa retomada ainda é tímida e que fatores como o agravamento da crise fiscal nos países desenvolvidos e o risco de superaquecimento nos países em desenvolvimento podem retardar uma recuperação mais efetiva. Para este ano, a previsão inicial da Unctad é de um fluxo entre US$ 1,4 bilhão e US$ 1,6 bilhão, valor que se aproximaria do US$ 1,97 trilhão de 2007 e US$ 1,7 trilhão de 2008.

- A mensagem do relatório é que o investimento global é muito insosso, baseado em poucos setores e ligado a lucros reinvestidos pelas subsidiárias das multinacionais, que não é capital novo. E baseado em alguns países, como o Brasil. Os investidores estão olhando novos mercados que eles perderam durante a crise - disse Luís Afonso Lima, presidente da Sociedade Brasileira de Estudos de Empresas Transnacionais e da Globalização Econômica (Sobeet), que divulga os dados da Unctad no Brasil.

Diferentemente do que aconteceu no resto no mundo, no Brasil os setores de extrativismo mineral e de serviços foram as principais fontes de atração do investimento estrangeiro no ano passado, enquanto os aportes na indústria perderam a força.

- O crescimento do mercado de consumo do país, que deve adicionar 50 milhões de pessoas à classe C no período entre 2003 e 2014, foi um dos principais atrativos do investimento no Brasil, além das entradas de capital na exploração de petróleo - afirmou Lima. - No caso da indústria, esses números refletem uma perda de competitividade.

Pelos dados divulgados pela Unctad, a participação brasileira entre os fluxos globais de investimento passou para 3,9% em 2010, contra 2,2% no ano anterior. Esse percentual tende a crescer ainda mais neste ano, segundo a Sobeet. A projeção da entidade é que a entrada de capital estrangeiro some US$ 65 bilhões em 2011 e chegue a 4,3% dos fluxos mundiais de investimento, quase o dobro da fatia de 2009.

- No primeiro semestre do ano já temos contabilizados US$ 30 bilhões e no acumulado dos últimos 12 meses esse valor chega a US$ 63 bilhões. Não vejo nenhuma dificuldade de chegarmos a este número até o fim do ano - afirmou Lima.

O relatório também faz referência aos investimentos brasileiros no exterior, que apresentaram fluxo positivo de US$ 11,5 bilhões. Em 2009 o país havia registrado resultado negativo de US$ 10,1 bilhões neste tópico, representando desinvestimentos. Os aportes brasileiros no exterior estão ainda longe dos US$ 20,5 bilhões registrados em 2008.

De acordo com Lima, os investimentos brasileiros se concentram nos países vizinhos da América Latina. Segundo ele, houve um aumento dos aportes no setor de serviços, em especial de Tecnologia de Informação no último ano.

Emergentes superam desenvolvidos -- Outra novidade do relatório é que o fluxo de investimento estrangeiro direto para economias em desenvolvimento superou pela primeira vez o das economias desenvolvidas em 2010, segundo a Unctad. Os países em desenvolvimento receberam 51,3% dos investimentos mundiais no ano passado, contra 48,4% das economias desenvolvidas.

No ranking dos 20 maiores destinos de investimento estrangeiro direto em 2010, elaborado pela Unctad, metade das economias eram de países em desenvolvimento. A maior fatia desses investimentos foi para a Ásia, com 28,9% do total. A América Latina ficou em segundo lugar entre as regiões em desenvolvimento com 12,8%, puxada principalmente pelo desempenho do Brasil, que foi a economia que mais cresceu entre os BRIC.

A China ainda é um destino importante entre as economias emergentes, mas que começa a apresentar uma desaceleração na atração de investimento, diz Luís Afonso Lima, presidente da Sociedade Brasileira de Estudos de Empresas Transnacionais e da Globalização Econômica (Sobeet).

- A desaceleração dos investimentos na China ocorre por causa do crescimento do custo de produção e dos salários no país - diz. (O Globo)