quinta-feira, 11 de setembro de 2008

É vergonhoso e desnecessário o aumento da taxa de juros pelo Copom

Dividido, BC sobe juro em mais 0,75 ponto

O aumento da taxa de juros em 0,75% era bola cantada. Infelizmente, se cumpriram as previsões. Contra os interesses maiores do Brasil, especialmente da classe trabalhadora que precisa de investimentos a juros baixos, de incentivos para a produção, de crédito barato para manter o comércio aquecido, condições essenciais para a geração de empregos de qualidade. Com esses juros altíssimos, os maiores do mundo, criamos no País a ciranda financeira, o incentivo à especulação, uma pressão exagerada para que o Brasil perca as grandes oportunidades de crescimento. Mas somos brasileiros e não desistimos nunca. Vamos vencer os Meirelles, vamos melhorar a distribuição de renda, vamos reorganizar os investimentos em saúde e educação.

Veja o que foi publicado hoje:

Três dos oito diretores da autoridade monetária votam por aumento de meio ponto na taxa Selic, que vai a 13,75%. Analistas acham que divisão pode levar a uma redução do ritmo de alta dos juros já na próxima reunião do Copom, no final de Outubro.

Cinco meses depois de iniciar o processo de alta dos juros, o Banco Central dá sinais de que o ciclo de apertos pode estar arrefecendo. Ao anunciar nova alta de 0,75 ponto percentual na taxa Selic, o BC disse que 3 dos seus 8 diretores votaram por um aumento menor, de apenas meio ponto.

No mercado financeiro, já se esperava que o Copom (Comitê de Política Monetária do BC) fosse elevar a taxa Selic de 13% ao ano para 13,75%, nível mais alto desde outubro de 2006. O que não estava previsto era a falta de consenso na diretoria.

Normalmente, a falta de unanimidade no Copom serve para indicar qual será a decisão nos próximos encontros do comitê.

A última vez em que houve divisão foi em julho do ano passado, quando alguns diretores votaram por um corte de 0,25 ponto, mas foram vencidos por quem defendia uma redução de 0,50. Na reunião seguinte, o BC reduziu a Selic em 0,25 ponto.

"O Copom está dividido quanto à intensidade do remédio. Seguramente, essa dosagem foi repensada", diz Fernando Blanco, presidente da seguradora de crédito Coface.

Para Elson Teles, economista-chefe da Concórdia Corretora, as decisões do BC continuam sendo pautadas pelo comportamento da economia brasileira, com pouca influência da instabilidade externa. "O principal fator continua sendo a questão doméstica", diz Teles.

As turbulências dos mercados, segundo o economista, não devem ter muita influência na trajetória da taxa Selic. Nesse caso, a maior ameaça à inflação seria uma contínua desvalorização do real, que encareceria matérias-primas e produtos importados. "Mas, se por um lado o dólar subiu, por outro o preço das commodities tem caído bastante, então uma coisa pode compensar a outra."

Já Carlos Thadeu de Freitas Filho, economista-chefe da SLW Asset Management, diz que, apesar do forte crescimento do PIB no segundo trimestre, nas últimas semanas já podem ser identificados sinais de desaquecimento, que, se confirmados, podem fazer o BC diminuir o ritmo de alta da Selic.

"O crédito já mostra desaceleração, e alguns setores também passam por desaquecimento nas vendas. O estoque de automóveis, por exemplo, está no maior nível desde 2006."

Desde que deu início ao movimento de alta dos juros, em abril, o BC tem deixado claro que sua principal preocupação é com a velocidade de expansão da economia, que, na sua visão, pode levar a desequilíbrio entre o nível de consumo e de produção, o que geraria mais inflação.

Por isso, nem a desaceleração em índices de preços nas últimas semanas foi suficiente para fazer o BC interromper o aperto monetário. Em agosto, por exemplo, o IPCA subiu 0,28%, ante 0,53% em julho.

Mas a principal preocupação do BC é com 2009, pois já é dado como certo que a alta dos preços deste ano ficará acima do centro da meta do governo, de 4,5% (com intervalo de dois pontos) -até agosto, o acumulado do ano está em 4,48%.

Como uma alta dos juros pode levar até um ano para fazer efeito por completo na economia, a decisão de ontem busca conter a inflação de 2009. Até agora, porém, a atuação do BC não tem sido suficiente para convencer o mercado financeiro de que será possível trazer o IPCA de volta a 4,5% em 2009.

Pesquisa semanal do BC com analistas mostra que o mercado espera inflação de 5% no ano que vem. Essa projeção tem sido mantida há oito semanas, apesar dos aumentos nos juros.

1º semestre deve garantir PIB de 5% no ano

Avanço de 6,1% no 2º trimestre fica acima das expectativas, puxado por investimentos, que crescem há 18 trimestres.  Gasto do governo aumenta e reforça expansão da economia.

Puxado por investimentos recordes, pela agropecuária e por forte aceleração dos gastos públicos, o PIB (Produto Interno Bruto) do segundo trimestre do ano surpreendeu positivamente e cresceu 6,1% sobre igual período de 2007. A aceleração em relação ao primeiro trimestre do ano foi de 1,6%.

O resultado levou a uma revisão geral de expectativas, apesar da tendência de alta nos juros nos próximos meses, e praticamente garante um crescimento superior a 5% em 2008.

Para crescer abaixo disso, a economia teria de se desacelerar em mais de 30% no segundo semestre, tradicionalmente o período mais "quente" do ano.

Se 2008 tivesse acabado em junho, o Brasil teria crescido 6%. Agora, basta um crescimento de 4% ao longo do segundo semestre para que o PIB atinja o patamar de 5% no ano.

Como já ocorre há vários trimestres, a composição do crescimento da economia brasileira se mostrou bastante equilibrada e promissora.

Os investimentos do setor produtivo, que garantem a oferta futura de bens e serviços e reduzem pressões inflacionárias, foram novamente o carro-chefe do crescimento: subiram 16,2% no trimestre e atingiram o maior patamar da série histórica do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), iniciada em 1996.

18º tri de expansão — Foi o 18º trimestre consecutivo de alta nos investimentos, sendo que há cinco trimestres a taxa supera 14%. Os investimentos em máquinas e equipamento voltaram a puxar também as importações, que cresceram 25,8% no trimestre (as exportações subiram 5,1%).

Já o aumento do consumo das famílias (o 19º seguido) se manteve praticamente no mesmo patamar do primeiro trimestre. Subiu 6,7% apoiado em um aumento de 8,1% da massa salarial real e de 32,9% nas operações de crédito.

O que destoou no trimestre foram os gastos públicos, que têm peso específico de 15% na composição do PIB (como comparação, a agricultura pesa 5,5%). Seguindo a tendência de alta do primeiro trimestre, o consumo da administração pública aumentou 5,3% no segundo trimestre (sobre igual período de 2007).

Para Rebeca Palis, gerente de Contas Trimestrais do IBGE, a alta reflete o período eleitoral atual e a contratação antecipada de funcionários públicos, já que há uma proibição para novas admissões três meses antes da eleição. "As despesas dos governos ajudaram a elevar o PIB", disse.

Rebeca Palis ponderou ainda que o resultado do segundo trimestre não foi afetado pelo início, em abril, do ciclo de alta dos juros do Banco Central. "Isso leva um tempo para começar a afetar a economia."

Outro destaque do PIB foi a agricultura, com alta de 7,1% (a produção de café subiu 27,7% e a de milho, 12,8%). Já a indústria cresceu 5,7%, puxada principalmente por uma alta de 9,9% na construção civil.

"O crescimento veio forte e com uma boa tendência de aumento da capacidade produtiva, o que traz um bom cenário futuro para o comportamento da inflação", afirma Marcela Prada, da Tendências.

Na análise de Ana Maria Castelo, economista da FGV Projetos, o resultado do PIB reforça a aposta de que o Banco Central continuará em seu ciclo de alta dos juros. "Há muitos setores expandindo a capacidade de produção, mas há uma questão de "timing" aí, de um certo descompasso entre esse aumento da oferta de produtos e do consumo", afirma.

Para Sérgio Vale, economista-chefe da MB Associados, o resultado do trimestre praticamente assegura um crescimento acima de 5% em 2008. "Mas 2009 será mais complicado, com juros mais altos, despesas públicas maiores e crescimento menor", diz.

Rebeca Palis, do IBGE, afirma que já no segundo semestre pode haver uma tendência de desaceleração do crescimento. "A segunda metade do ano terá juros maiores e, provavelmente, gastos públicos menores."

 

DIREITOS HUMANOS — Ministro quer militância para acabar com trabalho escravo

Apoiamos o ministro Paulo Vannuchi na luta sem tréguas contra o trabalho escravo no Brasil. É uma vergonha nacional que será combatida pela UGT sem tréguas.

Veja o texto:

O ministro Paulo Vannuchi (Direitos Humanos) se prepara para fazer corpo-a-corpo no Congresso em defesa da aprovação de proposta que destina à reforma agrária terras onde é flagrado trabalho escravo. Parado há quatro anos na Câmara, o projeto, aprovado pelo Senado em 2001, depende apenas da votação em segundo turno dos deputados.

"O corpo-a-corpo tem que ser feito não só por mim. É preciso fazer visita a todos os deputados para criar um ambiente de convencimento", defendeu ontem Vannuchi, durante o lançamento do 2º Plano Nacional para Erradicação do Trabalho Escravo.

O ministro quer também "o comprometimento pessoal do presidente da República", Luiz Inácio Lula da Silva, para aprovar a PEC e "garantir o acesso" das pessoas resgatadas do trabalho escravo ao Bolsa Família.

Brasil é o 125º entre 181 países em ranking de negócios do Bird

Talvez sejamos um dos países mais burocráticos do mundo. Imagina esperar 152 dias para abrir uma empresa que vai gerar renda para o Estado, através dos impostos, e renda para as pessoas que estarão ocupadas naquela empresa. Perde todo mundo com o excesso de exigências, além de ser um verdadeiro inferno tentar fechar uma empresa no Brasil. O que faz com que as pessoas simplesmente abandonem as empresas, em vez de formalizar o fechamento. Este excesso burocrático é responsável também por termos o menor número de patentes registradas no mundo. Apesar de sermos considerado um povo criativo e inventivo.

Veja o texto:

Empresas gastam 2.600 horas anuais só para pagar taxas, mostra indicador.

Abrir e fechar um negócio também não é tarefa das mais fáceis: são 18 documentos e 152 dias para o início e mais quatro anos para o encerramento.

O Brasil continua a ser um lugar difícil para os negócios, segundo o relatório "Doing Business 2009", publicado ontem pelo Banco Mundial. O país está em 125º lugar, atrás de nações como Uganda e Mongólia. O país subiu uma posição em relação ao índice passado, com destaque positivo para o quesito comércio exterior.

O ranking mede a dificuldade de um empreendedor para o "registro de propriedade", "emprego de funcionários" e a burocracia para "abrir" e "fechar um negócio" em 181 economias. São nove variáveis, como impostos e acesso ao crédito. O melhor desempenho do país foi em relação ao comércio exterior -o processo leva 14 dias e precisa de oito documentos. Há elogios à adoção dos sistemas Merchante, para importação, e Siscomex, para exportação. Mesmo assim, o país está distante do Canadá, onde transação similar leva sete dias.

Abrir e fechar um negócio também não é tarefa das mais fáceis: são 18 documentos e 152 dias para o início e mais quatro anos para o encerramento. Muito mais que na Bélgica (três documentos e quatro dias para abrir e menos de um ano para fechar). Mais assustador é o tempo gasto anualmente por uma empresa para acertar as contas com o fisco: 2.600 horas, muito à frente do segundo colocado, Camarões, 1.400 horas, e mais ainda dos Emirados Árabes Unidos, onde tudo se resolve em 12 horas.

O sistema trabalhista brasileiro também impõe dificuldades. No tópico que mede o tema, o Brasil ficou em 121º lugar.

Na vizinhança, destaque para a Colômbia, que subiu 13 posições no ranking geral, para o 53º lugar. Por lá, levam-se 36 dias para iniciar um empreendimento e gastam-se 256 horas para estar quite com o fisco.

Com Iara e Tupi, reserva de petróleo sobe 80%

Deus é brasileiro faz cada vez mais sentido. Cada dia temos ótimas notícias. Mas temos que levar em conta que temos um governo que fica entre a riqueza natural do Brasil e a sua aplicação. Por isso, vamos agradecer a Deus e, ao mesmo tempo, manter um olho em nossos governantes e exigir que a eventual riqueza advinda do petróleo, que seja usada, quando chegar, para investir na justiça social, com gastos diretos em educação e saúde e saneamento básico.

Leia o que foi publicado:

Perfuração mostra que área recém-anunciada no pré-sal da Bacia de Santos tem 3 bilhões a 4 bilhões de barris.

As reservas provadas de petróleo e gás no Brasil podem aumentar até 80% apenas com as jazidas das áreas de Tupi e Iara, no pré-sal da Bacia de Santos. Ontem, a Petrobras anunciou estimativa de que Iara tenha 3 bilhões a 4 bilhões de reservas recuperáveis de petróleo e gás natural, ou seja, que podem ser extraídas para a superfície. Tupi, como já avisara a estatal no ano passado, tem 5 bilhões a 8 bilhões. Se considerado o teto das duas projeções, as reservas totais do país pularão de 15 bilhões para 27 bilhões de barris.

O consórcio no qual a Petrobras está associada à britânica BG e à portuguesa Galp concluiu a perfuração do poço descobridor da área de Iara, situada ao norte de Tupi. O petróleo encontrado, em águas ultraprofundas, é leve: tem mais qualidade e valor maior no mercado internacional. Tupi fica no mesmo bloco de Iara.

A descoberta de petróleo em Iara foi anunciada em agosto. O poço tem 6.080 metros de profundidade, dos quais 2.230 metros são apenas a distância do nível do mar ao fundo. A camada de sal encontrada nessa região toda, abaixo do fundo, é de cerca de 2 mil metros de espessura. Geólogos concluíram que o petróleo de Iara é de 26 API (classificação internacional que mede a qualidade do produto). A extensão de Iara é estimada em 300 quilômetros quadrados.