sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Melhorias nos indicadores de emprego e renda apontam para necessidade de se confirmar novos avanços sociais e educacionais

Rendimento médio do trabalhador atinge patamar recorde em setembro, diz IBGE

O rendimento real médio dos trabalhadores atingiu R$ 1.499,00 em setembro, registrando o patamar mais alto desde o início da série histórica do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), iniciada em março de 2002, segundo os dados divulgados nesta quinta-feira.

A média contabilizada nos nove primeiros meses de 2010 (R$ 1.443,94) também é recorde para o período.

Cimar Azeredo Pereira, gerente da Pesquisa Mensal de Emprego do órgão, destaca, entre os ganhos proporcionados pelo crescimento da economia, o maior nível de formalização do mercado de trabalho.

Na média, a alta 1,3% do rendimento médio do trabalhador de agosto para setembro, completa, também foi fruto desse maior dinamismo. Também pesou, avalia, a inflação sob controle.

De agosto para setembro, o contingente de trabalhadores formais cresceu 1% --ou alta de 103 mil pessoas ocupadas. Já ante setembro de 2009, houve expansão de 8,6% (816 mil pessoas).

Por outro lado, caiu o total de trabalhadores sem carteira (-0,9%) em relação a agosto. Já o grupo dos sem carteira subiu 0,9% na mesma base de comparação. No confronto com setembro de 2009, esses contingentes registraram queda de 0,1% e 1,2%, respectivamente.

Ao observar a evolução do rendimento em cada um desses grupos, Azeredo Pereira afirma que restaram apenas no mercado de trabalho os postos de trabalho informais "de melhor qualidade" --ou seja, com renda maior. "Os com rendimento mais baixo ou saíram do mercado ou arrumaram uma ocupação formal." (Folha)

Desemprego cai a menor nível em 8 anos

Ocupação sobe 0,7% em setembro e cobre toda a procura por trabalho, o que leva taxa de desemprego a 6,2%. Segundo o IBGE, recorde deve-se à criação de vagas, não à saída de pessoas do mercado; taxa deve subir em 2011.
Diante do forte crescimento econômico neste ano, a taxa de desemprego das seis principais regiões metropolitanas do país caiu ao menor nível em oito anos e ficou em 6,2% em setembro. Em agosto, a taxa havia sido de 6,7%, recorde de baixa até então.
Também embalado pela expansão recorde do PIB em 2010, o rendimento médio do trabalhador subiu 1,3% em relação a agosto e chegou a R$ 1.499, maior marca desde o início da pesquisa do IBGE, em março de 2002.
De agosto para setembro, foram abertas 147 mil vagas -alta de 0,7%. Já o contingente de desocupados caiu 120 mil -ou 7,5%. Com isso, o total de pessoas desempregadas atingiu 1,480 milhão nas seis regiões pesquisadas, também no menor nível da série histórica da pesquisa.
"Houve um aumento expressivo da ocupação. Isso permitiu que todos que procuraram emprego se ocupassem, o que levou à queda da taxa de desemprego", declarou Cimar Azeredo Pereira, gerente da Pesquisa Mensal de Emprego do IBGE.
Até então, prevalecia a saída de pessoas do mercado de trabalho como fator preponderante para a redução da taxa de desemprego. O cenário mudou e o emprego voltou a se acelerar com mais força em setembro.
Tal situação, porém, tende a não perdurar. Para Fábio Romão, economista da LCA, o desemprego subirá em razão do previsto desaquecimento da economia em 2011.
"Há uma queda da taxa de desemprego por conta do maior alento e também do aumento da ocupação, mas já existem sinais de arrefecimento em alguns setores."
Romão cita o caso da indústria, em que o número de pessoas ocupadas recuou 0,6% de agosto para setembro. "O melhor momento do mercado de trabalho está perto do fim."
DESACELERAÇÃO — O economista prevê uma taxa média de desemprego de 7,1% em 2011 -acima da estimativa de 6,8% para 2010. Segundo o IBGE, a taxa média de janeiro a setembro deste ano ficou em 7,1%.
Thaís Marzola Zara, economista da Rosenberg e Associados, também não descarta uma evolução menos favorável no próximo ano. "O emprego formal, medido pelo Caged [Cadastro Geral de Empregados e Desempregados], já mostra sinais de desaceleração. Isso antecede um movimento ainda a ser constatado pelo IBGE."
Pelos dados do Caged, foram gerados 246 mil empregos com carteira, número inferior ao de agosto e abaixo das expectativas.
A economista ressalta que a expansão da renda possibilitou que filhos e cônjuges de trabalhadores parassem de procurar trabalho, o que contribuiu para a queda da taxa de desemprego.
Para Cimar Pereira, a alta do rendimento permitiu a redução da informalidade -de agosto para setembro, o emprego com carteira subiu 1%. (Folha)

Cheques sem fundos têm menor percentual desde 2004, revela Serasa

Comentários

Em setembro de 2010, o número de cheques sem fundos no Brasil atingiu seu menor patamar para o mês desde 2004, revela pesquisa da Serasa Experian divulgada nesta quinta-feira. Do total de cheques compensados no mês foram devolvidos 1,59%. Em agosto a inadimplência com cheques sem fundos foi de 1,65%.

No acumulado do ano, os cheques também registraram seu menor volume de devolução. De janeiro a setembro, o percentual de cheques devolvidos foi o menor desde 2004. Ao longo dos nove meses de 2010, houve 1,80% de devoluções.

Para os economistas da Serasa Experian, a queda da taxa de inadimplência com cheques é reflexo da maior disponibilidade de linhas de crédito aos consumidores.

Com maior disponibilidade de crédito, os consumidores diminuem a utilização do cheque pré-datado como meio de financiamento. Isto reduz o risco de inadimplência deste meio de pagamento, melhorando a qualidade.

O estudo também atribui o resultado ao bom momento vivido pela economia favorece uma administração mais eficiente do caixa das empresas, contribuindo para diminuir a incidência da devolução, por insuficiência de fundos, dos cheques emitidos por pessoas jurídicas. (O Globo)

País é o terceiro em ranking de países que atraem especulação

Com rentabilidade de 14,5% ao ano, Brasil só fica atrás da África do Sul (18,2%) e da Austrália (15,8%).

Atrás apenas da África do Sul e Austrália, o Brasil está no topo da lista dos países que garantiram maior retorno aos investidores estrangeiros nas operações de "carry-trade". Nessas operações, que o governo brasileiro tenta reduzir com o aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), o investidor toma dinheiro emprestado em um país a juros baixos e aplica numa região que pague juros mais altos, como o Brasil.

A consequência é um fluxo maior de dólares para o país que paga juros elevados, e a valorização da sua moeda, prejudicando as exportações.

Em 12 meses até o fim de setembro, o Brasil garantiu aos investidores um ganho de 14,5%. Na África do Sul, a rentabilidade em um ano foi de 18,2% e, na Austrália, de 15,8%. Na 8.ª edição do boletim "Economia Brasileira em Perspectiva", divulgada ontem pelo Ministério da Fazenda, a equipe econômica apresentou um ranking dos ganhos (no jargão econômico, chamado de carry return) com aplicações em renda fixa em vários países e alertou para o problema cambial dessas operações.

No documento, a Fazenda diz que o governo "usará todos os instrumentos para eliminar novo movimento especulativo no câmbio". O aumento da liquidez internacional (maior quantidade de recursos disponíveis) e os juros brasileiros, destacou o boletim, atraíram investidores que buscam retorno nos juros e no mercado de câmbio. Com isso, a participação do real nas transações em mercados futuros e opções teve forte aumento no último ano, levando o Brasil a figurar nas primeiras posições com o maior número de operações no mercado de derivativos.

Segundo um assessor do ministro, o Brasil poderia estar numa situação pior se não tivesse adotado no ano passado a alíquota de 2% do IOF para o ingresso de investimentos estrangeiros para ações e renda fixa.

Juros. No boletim, a Fazenda também destacou que o ciclo de alta de juros foi interrompido e a tendência agora é de retomar o processo de queda. O documento ressaltou que a taxa real (descontada a inflação) voltou a ficar abaixo de 6%. A projeção de inflação medida pelo IPCA para 2010 é de 5,1%, convergindo para o centro da meta (4,5%) em 2011.

A Fazenda enxerga espaço para o aumento do crédito, sobretudo imobiliário, e avalia que o endividamento das famílias no Brasil é um dos menores do mundo. Segundo o texto, diferentemente dos países desenvolvidos, a proporção do endividamento das famílias em relação ao PIB é baixa. Apesar de crescer a taxas superiores a 15% ao ano nos últimos anos, o crédito no País em proporção do PIB ainda é baixo comparado a outras economias. (Estado)

Dieese calcula que 13º salário deve injetar R$ 102 bi na economia em 2010

Valor estimado representa aproximadamente 2,9% do Produto Interno Bruto.

Até dezembro de 2010, devem ser injetados na economia brasileira cerca de R$ 102 bilhões em decorrência do pagamento do 13º salário a um número em torno de 74 milhões de brasileiros que serão beneficiados neste ano. A informação consta de estudo divulgado nesta quinta-feira pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). O valor estimado representa aproximadamente 2,9% do Produto Interno Bruto (PIB) do País e engloba os trabalhadores do mercado formal, inclusive os empregados domésticos e beneficiários da Previdência Social, aposentados e beneficiários de pensão da União e dos Estados.

em torno de 5,85% maior do que o observado em 2009. O valor estimado, por sua vez, é 20% superior ao número que havia sido previsto no ano passado, de R$ 85 bilhões.

De acordo com o Dieese, a retomada das contratações em ritmo mais vigoroso, em 2010, foi um elemento importante para que o conjunto de beneficiários do abono neste fim de ano tivesse um crescimento maior que o observado em 2009. Os técnicos da instituição estimaram também que 4,9 milhões de pessoas passarão a receber o benefício, por terem requerido aposentadoria ou pensão ou se incorporado ao mercado de trabalho ou ainda formalizado o vínculo empregatício.

Dos cerca de 74 milhões de brasileiros que devem ser beneficiados pelo pagamento do 13º salário, aproximadamente 28,6 milhões, ou 38,6% do total, são aposentados ou pensionistas da Previdência Social. Os empregados formais (45,4 milhões de pessoas) correspondem a 61,4% do total. Entre estes, os empregados domésticos com carteira de trabalho assinada totalizam quase 2,3 milhões, equivalendo a 3,1% desse conjunto de beneficiários do abono de fim de ano. Aproximadamente um total de 1 milhão de pessoas (ou 1,3% do total) refere-se a aposentados e beneficiários de pensão da União (Regime Próprio). Há ainda um conjunto de pessoas constituído por aposentados e pensionistas dos Estados (regime próprio) que vai receber o 13º e que não puderam ser quantificados, segundo o Dieese.

Do montante a ser pago com o 13º salário, cerca de 20% dos R$ 102 bilhões, pouco mais de R$ 20 bilhões serão pagos aos beneficiários do INSS. Outros R$ 71 bilhões, ou 70% do total, irão para os empregados formalizados; incluindo os empregados domésticos. Aos aposentados e pensionistas da União, caberão o equivalente a R$ 5,5 bilhões (5,4%) e aos aposentados e pensionistas dos Estados, R$ 4,7 bilhões (4,7%).

A estimativa feita pelo Dieese leva em conta dados da Relação Anual de Informações Sociais (Rais) e do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), ambos do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). Também foram consideradas informações da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), referente a 2009, e informações do Ministério da Previdência e Assistência Social e da Secretaria Nacional do Tesouro (STN).

No caso da Rais, o Dieese considerou todos os assalariados com carteira assinada, empregados no mercado formal, nos setores público (celetistas ou estatutários) e privado, que trabalhavam em dezembro de 2009 e o saldo do Caged do ano de 2010 (até agosto). Da Pnad, foi utilizado o contingente estimado de empregados domésticos com registro em carteira. Foram considerados ainda os beneficiários - aposentados e pensionistas - que, em agosto de 2010, recebiam seus proventos do Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) e os aposentados e pensionistas pelo regime próprio da União e dos Estados.

Quanto aos valores para a estimativa do montante a ser pago aos beneficiários do INSS, foi usado o total referente a setembro deste ano. Para os assalariados, o rendimento foi atualizado pela variação estimada do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) médio de 2010 (até setembro) ante a igual período de 2009. Para efeito do cálculo, o Dieese não leva em conta os autônomos e assalariados sem carteira que, eventualmente, recebem algum tipo de abono de fim de ano, nem os valores envolvidos nesses abonos, uma vez que esses dados são de difícil mensuração. (Estado)