terça-feira, 15 de maio de 2012

A presidente Dilma Rousseff anunciou ontem um pacote que, neste ano, promete retirar 6,48 milhões de brasileiros da situação de miséria


Dilma anuncia pacote para tirar 6,5 milhões de pessoas da miséria
Objetivo é beneficiar atendidos pelo Bolsa Família cuja renda doméstica ainda não atinge R$ 70 por pessoa. Brasil Carinhoso terá foco nas regiões Norte e Nordeste; governo nega relação de plano com eleição municipal.
A presidente Dilma Rousseff anunciou ontem um pacote que, neste ano, promete retirar 6,48 milhões de brasileiros da situação de miséria.
O universo corresponde a cerca de 40% das pessoas abaixo da linha da pobreza extrema, segundo o IBGE.
Esses brasileiros já são beneficiários do programa Bolsa Família, mas não conseguem atingir uma renda mensal de R$ 70 por pessoa, linha oficial da extrema pobreza.
Por meio de uma expansão do programa, o governo quer complementar a renda para que a família consiga atingir esse mínimo. Acabar com a pobreza extrema é uma das promessas do governo Dilma.
Só terão direito à verba extra as famílias com crianças de até seis anos de idade.
O valor adicional será repassado a partir de junho, ao custo anual de R$ 2,1 bilhões.
Em discurso, Dilma disse que jamais vai aceitar a divisão entre "um país rico, com futuro", e "um país frágil, pobre, sem esperança".
A maior parte dos beneficiários está nas regiões Norte e Nordeste. O governo nega relação entre o lançamento do plano e as eleições.
Batizado de Brasil Carinhoso, o programa prevê investimentos de R$ 10 bilhões até 2014 e inclui ações na saúde e na educação.
O Ministério da Saúde vai reforçar a distribuição de suplemento de ferro e vitamina A em unidades de saúde, além de garantir entrega gratuita de remédios para asma.
O governo quer ainda acelerar a construção de creches, outra promessa de campanha de Dilma. Ontem, o Ministério da Educação assinou termo de compromisso com prefeituras para a construção de 1.512 creches e pré-escolas.
O compromisso da presidente foi entregar 6.427 creches até 2014, mas, de acordo com a pasta, nenhuma foi entregue ainda. O governo quer aumentar as vagas em creches para inscritos no Bolsa Família. Para isso, aumentará o repasse do Fundeb. (Folha)

Queda de juro é oportunidade histórica e não é para agradar Dilma, diz Tombini
O juro real vem caindo fortemente no Brasil por causa da conjuntura interna e externa, que oferece uma oportunidade histórica de se jogar para níveis mais baixos todo o ciclo de altas e quedas da taxa básica, que caracteriza a política monetária em qualquer economia de mercado.
A afirmação é do presidente do Banco Central (BC), Alexandre Tombini, que conversou como Estado na sexta-feira. Ele reafirmou que o BC mantém a sua autonomia e, se tiver de aumentar a Selic, a taxa básica, no futuro, o fará sem qualquer constrangimento. "A Selic vem caindo, levando à significativa redução do juro real, por causa de uma combinação muito específica de fatores internos e externos, e não para agradar à presidenta Dilma", disse Tombini.
"Os ciclos econômicos sempre existirão", ele continua, mas acrescentando que um eventual novo movimento de alta da Selic iria se dar a partir de níveis bem mais baixos de juro real.
Tombini endossa a visão de que na economia pode haver mais de um equilíbrio em termos de juro real e de indicadores que importam para a política monetária, como crescimento da economia, inflação e emprego.
Nessa visão, o Brasil permaneceu preso durante décadas num equilíbrio em que as taxas de juros reais eram muito altas. Assim, para Tombini, aproveitar o a oportunidade para a redução mais substancial dos juros, que pode levar a economia a um equilíbrio melhor, pode trazer benefícios para o País - desde que, ressalta, todo esse movimento esteja ancorado na autonomia do BC e no bom funcionamento do sistema de metas de inflação.
Ele nota que a leitura dominante no início do ano - presente, por exemplo, num encontro de bancos centrais, fundos de pensão e fundos hedge em Hong Kong em fevereiro, da qual participou - era de que a economia global estava reaquecendo. Os sinais positivos eram o desempenho melhor da economia americana e os efeitos tranquilizadores das operações de refinanciamento de bancos pelo Banco Central Europeu (BCE).
Tombini revelou que o BC brasileiro não ficou imune a essa visão. Assim, a ata da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) de março, com referência à alta probabilidade de que a Selic caísse a um nível ligeiramente acima do mínimo histórico (o que foi interpretado pelo mercado como 9%), e lá permanecesse, foi escrita à luz daquela percepção.
As perspectivas globais, porém, já mudaram de novo. A recente indicação, inclusive por meio da mudança das regras da poupança, de que a Selic pode cair mais do que a sinalização da ata de março decorre, entre outros fatores, da piora no cenário americano e europeu. O Brasil também é afetado, especialmente pelo canal do comércio. "Mas o crescimento virá", diz Tombini, acrescentando que o PIB deve crescer mais no segundo semestre do que no primeiro. (Estado)

Poupança capta R$ 4 bi no início de maio, valor recorde para o mês
Captação de recursos foi registrada em cinco dias úteis, informou BC.
Nova regra, até o momento, não impacta depósitos, mostram números.
Números divulgados nesta segunda-feira (14) pelo Banco Central mostram que a caderneta de poupança registrou uma captação líquida (depósitos menos retiradas) de R$ 4,05 bilhões no começo de maio, entre os dias 1º e 8 deste mês (cinco dias úteis).
A maior parte da captação líquida parcial de maio (R$ 2,25 bilhões), segundo o BC, aconteceu após as alterações na regra de remuneração da poupança. A regra antiga, que assegurava um rendimento mínimo de 6,17% ao ano mais a variação da taxa referencial, valeu até 3 de maio.
Os R$ 4,05 bilhões captados no mês são o maior valor desde setembro de 2011 (+R$ 4,17 bilhões). Caso o resultado se mantenha nestes patamares, também baterá recorde para meses de maio. Até o momento, a maior captação líquida da poupança em maio foi registrada em 2010 (+R$ 2,12 bilhões). A série histórica do BC da poupança tem início em 1995.
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O histórico da poupança mostra, porém, que há grandes variações durante o mês. É comum haver um ingresso líquido forte em um dia, por exemplo, com retirada grande em outro dia do mesmo período. 
Em abril, os depósitos superaram as retiradas em R$ 1,97 bilhão em abril – o melhor resultado para um mês de abril desde 2007 (R$ 2,04 bilhões), e o segundo maior de toda a série histórica do BC, que tem início em 1995.
Mudança
Desde 4 de maio, a remuneração da caderneta de poupança está atrelada aos juros básicos da economia brasileira. A decisão do governo é de que a poupança passe a render 70% da taxa Selic, que é fixada a cada 45 dias pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do BC, mais a variação da Taxa Referencial (TR). A regra será aplicada somente quando os juros básicos recuarem para 8,5% ao ano, ou abaixo disso. A modalidade continuará isenta do Imposto de Renda (IR).
Depósitos na poupança -- Os números do Banco Central mostram que, apesar da mudança das regras de remuneração da caderneta de poupança, que vai baixar o rendimento da modalidade quando os juros atingirem 8,5% ao ano, o que pode acontecer já no fim deste mês, os poupadores continuaram fazendo aplicações na caderneta de poupança.
Os depósitos somaram R$ 7,02 bilhões em 2 de maio e outros R$ 5,39 bilhões na quinta-feira da semana retrasada (3 de maio, o último dia de validade da regra antiga), uma média de R$ 6,21 bilhões por dia útil nos dois primeiros dias úteis deste mês.
De 4 de maio em diante, os depósitos feitos na caderneta de poupança já têm rendimento calculado com base nas novas regras anunciadas pelo governo. Nos dias 4, 7 e 8 de maio, ainda segundo números da autoridade monetária, os depósitos somaram R$ 5,86 bilhões, R$ 7,22 bilhões e R$ 5,99 bilhões - uma média de R$ 6,36 bilhões por dia útil. 
Rentabilidade da poupança antiga e das novas aplicações -- Estudo da Associação Nacional de Executivo de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac) informa que, com estas alterações feitas nas regras da poupança, as contas antigas da poupança (depósitos feitos até 3 de maio) passarão, com a provável queda dos juros nos próximos meses, a ter um "retorno financeiro maior", seja sobre a nova poupança ou sobre os fundos de investimentos que cobram imposto de renda e taxa de administração, e esta vantagem será maior quando maior for a queda da taxa básica de juros.
No caso das aplicações feitas a partir das última sexta-feira (4), já abrangidas pelas novas regras da poupança, a Anefac avaliou que, mesmo com a alteração das normas, que baixará o rendimento da poupança em caso de queda na taxa Selic, a modalidade continuará se destacando frente aos fundos de renda fixa por não ser taxada com Imposto de Renda e não ter taxa de administração.
"Quanto à rentabilidade das novas poupanças, mesmo com as alterações feitas, que vão provocar uma redução em sua rentabilidade se comparadas às contas antigas, mesmo assim elas vão continuar se destacando frente aos fundos de renda fixa, pelo fato que não pagam imposto de renda nem taxas de administração. Este fato deverá provocar reduções nos custos das taxas de administração dos bancos para não perderem clientes", avaliou a Associação.
Estudo realizado pelo Instituto de Pesquisas Fractal mostra que a "falta de conhecimento financeiro" do brasileiro gera "insegurança ao fazer aplicações". Dessa forma, acrescenta o estudo, a tradicional caderneta de poupança lidera a escolha no momento de investir. Aplicações em fundos de renda fixa e ações na bolsa de valores, de acordo com o documento, não são "tão atraentes" para quase metade dos investidores. “Para se ter uma ideia, somente 0,3% dos entrevistados afirmam que investem em fundo de ações, por exemplo”, avaliou Celso Grisi, diretor-presidente do Instituto de Pesquisas Fractal. (G1)