terça-feira, 30 de setembro de 2008

Alerta geral: mobilizar forças vivas do Brasil para minorar consequências do tsunami econômico mundial

Pacote norte-americano de salvação dos bancos é rejeitado e bolsas desabam
Tenho certeza que o Governo e o Congresso Americano vão chegar a um acordo na busca de solução imediata para minorar a crise, que repito, terá conseqüências mundiais. Só a ausência do acordo anunciado já gerou conseqüências desastrosas, mostrando a dimensão da crise que viveremos e que devemos ajudar a equacionar nos próximos anos. O Brasil segundo todos os indicadores está bem. Mas nem por isso, devemos baixar a guarda. Para os nossos padrões, as reservas que temos são significativas, mas estamos diante de um tsumani anunciado e é hora de apostar na criatividade, na mobilização de todas as nossas energias cívicas, de preservar o crescimento do Brasil. E valorizar, ainda mais, o nosso mercado interno. Que tem sido sustentado por uma crescente (mas tímida) distribuição de renda e do reinvestimento dos salários e das economias dos trabalhadores no consumo.
Veja o que vai pelos principais jornais, de hoje:
A Câmara de Representantes dos Estados Unidos rejeitou ontem, por 228 votos a 205, o pacote de socorro do governo Bush para o sistema financeiro, no valor de US$ 700 bilhões. O resultado levou pânico às bolsas de todo o mundo, a começar por Nova York, onde o Índice Dow Jones teve a maior queda da história em termos de pontuação (777 pontos). Em termos porcentuais, o recuo foi de 6,98%.
Nos países ricos, principalmente da Europa, as bolsas tiveram o pior dia desde 1970. O Índice da Bolsa de Valores de São Paulo (Ibovespa) caiu 9,36%, mas chegou a despencar mais de 10%, provocando a suspensão do pregão por meia hora, o que não ocorria desde 14 de janeiro de 1999, um dia depois da desvalorização do real.
As bolsas asiáticas abriram a manhã de hoje seguindo a tendência negativa do Ocidente. Os mercados de Tóquio e Seul perdiam mais de 5% logo na abertura dos pregões.
Menos de um terço dos congressistas republicanos, 65, votou a favor da lei, um grande golpe contra o presidente George W. Bush, que se declarou "muito decepcionado" com o resultado. O secretário do Tesouro, Henry Paulson, disse que é preciso "aprovar alguma coisa que funcione o mais rápido possível". Líderes do Congresso pretendem votar uma versão modificada da lei ainda esta semana, mas não há garantias de que conseguirão angariar o apoio necessário.
A rejeição do pacote americano mudou o tom das declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre a crise. Pela manhã, no programa de rádio "Café com o Presidente", ele alertava: "É importante que o povo brasileiro saiba que uma recessão num país como os Estados Unidos pode trazer problemas a todos os países."
Após o rejeição do pacote pela Câmara, o presidente voltou a falar em confiança na economia do País, mas ressaltou que há problemas sérios e deixou claro que a solução está com os EUA. "Penso que a responsabilidade que os americanos têm diante do mundo vai obrigá-los a tomar uma posição. Ou eles assumem a responsabilidade de cobrir o rombo que eles permitiram que fosse criado ou vão criar uma crise muito séria no mundo inteiro."
Embora ainda tenham esperança na aprovação de algum plano de resgate, os analistas no Brasil já traçam cenários para a pior hipótese - de que o Tesouro e o Federal Reserve enfrentem a pior crise financeira desde a Grande Depressão.

Em um mês, devastação na Amazônia aumenta 133%
Absurdo. É hora de mobilizar a Nação brasileira, através dos sindicatos, das centrais, do Ministério Público. Porque acabar com a Amazônia é acabar com a vida. Lá está a esperança da sobrevivência da humanidade, da manutenção da biodiversidade. É preciso mobilizar os deputados federais para se criar uma CPI específica e criar mecanismos para mandar para a cadeia os criminosos que atuam contra a Amazônia e contra nossas vidas. Não bastasse a calamidade, o Incra, segundo o ministro Carlos Minc, do Meio Ambiente, lidera o desmatamento.
Veja o que foi publicado hoje:

Minc atribui crescimento a dificuldades em combater problema na campanha eleitoral. Aumento é registrado entre julho e agosto deste ano; no entanto, o ritmo triplica se for feita a comparação com agosto do ano passado
"Péssimo", resumiu o ministro Carlos Minc (Meio Ambiente) ao comentar os novos números do desmatamento na Amazônia registrados pelo Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais). Em agosto, a floresta perdeu o equivalente a pouco mais da metade da cidade de São Paulo: 756,7 km2.
Os números mostram recrudescimento no abate de árvores depois de uma queda registrada no mês anterior, segundo o Deter, sistema que capta o desmatamento em tempo real. Em agosto, as motosserras cortaram mais que o dobro (133%) das árvores cortadas em julho. Em comparação com agosto de 2007, o ritmo triplicou.
Avisado com antecedência sobre queimadas e cortes de árvores registrados pelos satélites, Minc já vinha se antecipando em apontar sinais de cansaço da operação de combate ao desmatamento e as dificuldades em combater o problema no período eleitoral.
"Nenhum prefeito quer ser antipático [em período eleitoral]. A turma do Ibama vai para frente, mas tem que ter uma Polícia Militar para dar cobertura", disse pela manhã, no Rio.
"Foi um dado péssimo e nossa função é correr atrás do prejuízo", afirmou depois, em Brasília. Também teriam contribuído, disse o ministro, o aumento da atividade agropecuária, sobretudo no Pará, e a expectativa de regularização fundiária em terras públicas.
Minc apontou ainda a existência de um mercado irregular de autorizações de cortes de árvores, movimentado a partir de planos de manejo "fajutos". "Na prática, os Estados licenciaram planos altamente duvidosos. É a ecopicaretagem", disse, anunciando esforço para controlar autorizações de corte nos três Estados que mais desmatam a Amazônia: Pará, Mato Grosso e Rondônia.
Em agosto, os satélites registraram mais áreas de desmatamento no Pará, apesar de as nuvens terem encoberto 24% da área total do Estado.
Entre as medidas reiteradas por Minc para tentar frear o abate da floresta está a criação de uma força federal para combater crimes ambientais, com 3.000 novos agentes, a serem contratados por concurso público, sem data marcada. Esses agentes vão se somar aos cerca de 1.500 fiscais do Ibama e do Instituto Chico Mendes.
Assentamentos lideram desmate -- 6 projetos do Incra são os campeões da devastação; governo cria conselho interministerial, um Copom ambiental.
Oito assentamentos do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) na Amazônia estão na lista dos cem maiores desmatadores do País, de acordo com informações do Ministério do Meio Ambiente. Desses, todos localizados em Mato Grosso, seis encabeçam a relação dos que mais feriram a floresta, um está em 40º lugar e o outro em 44º. Por causa dos desmatamentos de 2.282 quilômetros quadrados (228.208 hectares) nas oito áreas, o Incra foi multado pelo Instituto do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) em R$ 265,5 milhões.
A lista, divulgada pelo Ministério do Meio Ambiente, relaciona os cem maiores desmatadores de 2005 (com dois casos) para cá. Juntos, eles derrubaram 5.225 quilômetros quadrados de floresta (522,5 mil hectares).
Os assentamentos do Incra foram responsáveis por 44% desse total e as áreas particulares, por 56%. Da mata derrubada, 85,6% foram de floresta nativa; 7,9% de reservas legais; 5,6% de matas primárias e 0,8% de áreas de proteção permanente - margens de rios e lagoas, por exemplo.
Diante da situação, o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, anunciou ontem 12 medidas. Uma delas é a criação do Conselho Interministerial de Combate ao Desmatamento, que funcionará como uma espécie de Comitê de Política Monetária (Copom) para a área ambiental. Mas, ao contrário do Copom, que fixa taxa de juros, o "Copom" ambiental não fixará metas, mas a cada dois meses fará reuniões para estudar formas de conter desmatamentos, de acordo com a taxa de derrubada que for identificada pelos satélites do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), que ontem divulgou os números de desmate relativos a Agosto.
Minc anunciou ainda que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva autorizou a criação da Força Federal de Combate a Crimes Ambientais, que deverá ser constituída por 3 mil homens. "Com isso, não ficamos mais na dependência das forças estaduais para fazer nossas operações", disse Minc. Ele chegou a mostrar para os repórteres um casal já vestido com a roupa da futura Força Ambiental, portando metralhadora e pistolas. De acordo com Minc, será uma tropa altamente especializada no combate aos crimes ambientais. Não se sabe ainda se o governo enviará ao Congresso um projeto de lei ou uma medida provisória para criar a Força. Nem disse quanto custará.
Outra medida anunciada pelo ministro é a criação de um plano de prevenção e combate ao desmatamento, em conjunto com os governos estaduais. "O governo de Estado que não tiver o seu plano não terá direito a verbas do Fundo da Amazônia", disse Minc.
Esse fundo, que até 2015 deverá receber US$ 1 bilhão, já conta com US$ 20 milhões, doados pelo governo da Noruega. Esse mesmo país prometeu mais US$ 100 mil até o fim do ano, desde que o governo brasileiro mostre que realmente está empenhado em reduzir o desmatamento.
Minc criticou o desmatamento feito pelos assentamentos do Incra. Disse que a partir de agora as licenças ambientais somente serão concedidas depois que o instituto apresentar a área de reserva. "Não podemos dizer que a reforma agrária na Amazônia está uma maravilha, porque não está, mas também não dá para dizer que é preciso acabar com ela. Por isso, vamos encontrar um jeito de fazer a reforma agrária com sustentabilidade ambiental", disse ele.
As ações contra os cem maiores desmatadores fazem parte de um trabalho conjunto do Ibama, Advocacia-Geral da União e Ministério Público Federal. Serão abertas também contra outros desmatadores que não estão na lista atual. Na divulgada ontem, além do Incra, tiveram o nome incluído na relação dos grandes desmatadores Léo Andrade Gomes, Honorato Lourenço, Margarida Barbosa, Floraplac Industrial, Ednar Gatti e Sebastião Lourenço, do Pará; Rosana Sorge, José Carlos Ramos, Celso Padovani, José de Castro Filho, João Vicentini, Agropecuária Jarina, Claudemir Guareschi e Olivier Vieira, de Mato Grosso; Cooperação de Trabalho de Roraima; e Aristides Corduva, de Rondônia, entre outros.

PARÁ — 150 pessoas são libertadas de situação análoga à escravidão

A UGT está ampliando suas parcerias com grandes empresas nacionais que atuam na Região Amazônica para colocar em prática ações contra a prostituição infantil e a escravidão que a todos constrange e envergonha. Enquanto isso, vamos dar espaço e denunciar junto às autoridades a lamentável situação que vivemos, em pleno Século 21, de ter ainda que arrancar os escravos de fazendas e de indústrias localizadas no cantão do Brasil e até mesmo dentro dos grandes centros. Denuncie, participe, pois enquanto existir uma pessoa escrava no Brasil, todos nós, brasileiros, somos responsáveis.
Veja o que foi publicado:
O grupo móvel da Superintendência Regional do Trabalho e Emprego do Pará libertou ontem 150 pessoas, entre elas 30 crianças, de uma indústria de processamento de cacau em Placas (1.127 km de Belém).
Todas as crianças estão doentes, com leishmaniose -enfermidade transmitida por um mosquito e que deixa lesões na pele. Uma ficou cega em um acidente de trabalho, ao cair com o rosto em um toco de árvore. Elas têm de 4 a 17 anos.
O resgate, que teve início há dez dias, ainda não foi concluído porque o local é de difícil acesso.
De acordo com o chefe da fiscalização, José Ribamar da Cruz, o grupo vivia em péssimas condições de habitação, alimentação e higiene e estava impedido de deixar o local em razão de dívidas contraídas, o que caracteriza situação análoga à escravidão. O dono da empresa, de 80 anos, foi preso em flagrante pela Polícia Federal.

Bancários de 12 Estados param hoje por 24 horas
Os bancários estão cheios de razão de realizar uma paralização de alerta. Os banqueiros brasileiros ganharam demais nas últimas décadas. Foram protegidos pelo Proer, quando passaram por dificuldades, e são absolutamente relutantes em distribuir riqueza. Além disso, ao contrário dos banqueiros norte-americanos que apostaram e perderam no verdadeiro cassino royale, no Brasil os donos de bancos são lideram verdadeiros esquemas de agiotagem. É hora de distribuir renda ou terão todos a vigilância permanente da UGT e demais centrais caso venham a precisar de apoio do Banco Central para protegê-los de eventuais enrascadas. Veja o que foi publicado:
Categoria rejeita reajuste de 7,5% e quer aumento real. Os bancários de São Paulo e de outros 11 Estados decidiram fazer paralisação por 24 horas a partir de hoje para reivindicar reajuste salarial maior do que o apresentado pela federação dos bancos. Em Brasília (DF) e na cidade do Rio de Janeiro (RJ), a greve foi aprovada por tempo indeterminado.
No país, são 434 mil bancários em campanha salarial -sendo que 120 mil trabalham em São Paulo, Osasco e região.
A maior parte das paralisações previstas para hoje foi decidida ontem à noite em assembléias realizadas por vários sindicatos espalhados pelo país.
Na capital paulista, os cerca de 1.300 funcionários que foram à assembléia na quadra dos bancários definiram que, se até o dia 8 de outubro não houver acordo salarial, a categoria pára por tempo indeterminado.
O comando nacional dos bancários, que representa a categoria nas negociações salariais, rejeitou o reajuste de 7,5% oferecido pelos bancos para os salários, pisos salariais e demais verbas trabalhistas -como vale-refeição, alimentação e auxílio-creche.
O percentual é considerado insuficiente pela categoria porque serviria apenas para repor a inflação acumulada de 7,15% (medida pelo INPC do IBGE) no período de setembro de 2007 a agosto deste ano e não contemplaria aumento real.
Os funcionários dos bancos pedem 5% de aumento real, vale-alimentação e auxílio-creche de R$ 415; e vale-refeição de R$ 17,50 por dia.
Na capital paulista, a paralisação deve começar hoje nas agências bancárias da região central da capital e se estender para as demais zonas da cidade.
"Os banqueiros, que tiveram bons resultados em lucro, rentabilidade e ativos, se recusam a retribuir aos bancários na mesma proporção que o trabalho empenhado", diz Luiz Cláudio Marcolino, presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região.

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Decisão do Congresso americano marca um recomeço para economia mundial

Congresso dos EUA fecha acordo sobre pacote econômico

Felizmente ou infelizmente, temos que ver até com alegria essa decisão do governo americano. Foi lá que começou o descontrole dos mercados e ficamos aliviados que o governo norte-americano comece a fazer a limpeza, a assumir parte dos grandes rombos que os especuladores causaram e, principalmente, que se estabeleçam controles rígidos. Mesmo com essa soma astronômica que o governo americano vai investir, ainda vai sobrar para o mundo inteiro. Infelizmente. Veja o que foi publicado hoje e converse com sua categoria para nos mantermos sempre alertas:
Plano de US$ 700 bi deve ser votado na Câmara na segunda-feira. Líderes dos partidos Republicano e Democrata no Congresso dos Estados Unidos chegaram neste domingo a um acordo sobre o texto do pacote de US$ 700 bilhões para socorrer o setor financeiro.
Os congressistas fecharam um acordo sobre detalhes do projeto, que tem mais de cem páginas e modifica pontos do plano original apresentado pelo governo, depois de negociações que se estenderam por todo o final de semana.
No final da tarde de domingo, o projeto foi publicado na internet. A previsão é de que o plano seja votado na Câmara dos Representantes nesta segunda-feira e chegue ao Senado até quarta-feira.
O Congresso deveria ter entrado em recesso na sexta-feira, mas teve de realizar uma rara sessão no fim de semana devido à necessidade de um acordo sobre o plano.
Congressistas e governo queriam que o acordo fosse fechado antes da abertura dos mercados asiáticos na segunda-feira. Após o anúncio do acordo, as principais bolsas de valores asiáticas iniciaram os pregões de segunda-feira em alta.
"A festa acabou" -- Ao falar sobre o acordo, a presidente da Câmara dos Representantes, a democrata Nancy Pelosi, disse que a mensagem para Wall Street era de que "a festa acabou".
Pelosi disse que o acordo bipartidário não é um resgate para Wall Street, e sim um projeto destinado a garantir que pensões, poupanças e empregos estejam seguros.
O líder da maioria democrata no Senado, Harry Reid, disse que os americanos têm "toda a razão de estarem preocupados e até mesmo furiosos" diante da "ganância de Wall Street" e da falta de regulamentação.
No entanto, o senador afirmou que "todo americano tem interesse em consertar essa crise". "Inação paralisaria a economia", disse.
Ao comentar o acordo, o presidente George W. Bush disse que o projeto vai enviar uma mensagem de que os Estados Unidos estão comprometidos em restaurar a confiança em seus mercados financeiros.
"Esse projeto fornece as ferramentas e fundamentos necessários para ajudar a proteger nossa economia contra um colapso", disse o presidente em um comunicado.
Intervenção — O pacote representa a maior intevenção nos mercados desde a Grande Depressão da década de 30 e tem como objetivo principal retirar do mercado os "créditos podres" ligados à crise de hipotecas que estão em poder do mercado financeiro nos Estados Unidos.
O governo pretende comprar esses papéis para retirá-los da mão das empresas, fazendo com que sua situação financeira melhore, diminuindo o risco de falência e, em tese, aumentando o volume de dinheiro e crédito à disposição do mercado em geral.
O acordo contempla a maior parte das exigências dos democratas e dos republicanos que eram contra o pacote original proposto pelo governo.
Entre as mudanças estão a determinação de que os US$ 700 bilhões serão liberados em etapas.
O novo texto prevê a liberação de US$ 250 bilhões imediatamente e de outros US$ 100 bilhões a pedido da Casa Branca. Os US$ 350 bilhões restantes, porém, só serão liberados após aprovação do Congresso.
Os bancos que aceitarem o socorro financeiro terão de entregar ações em troca, o que permitirá que os contribuintes americanos possam se beneficiar da recuperação dessas instituições financeiras.
O acordo também estabelece limites para o pagamento de salários e benefícios a executivos das empresas que receberão socorro.
Quatro agência irão monitorar a implementação do plano, incluindo um conselho bipartidário.
Os bancos também serão obrigados a aderir a um programa de seguros para protegê-los de perdas com títulos lastreados em hipotecas.
Apesar das mudanças em relação ao pacote inicial, o novo plano ainda enfrenta críticas, e alguns legisladores já pediram a seus colegas que derrubem o projeto.

Recessão nos EUA pode "bater no Brasil", diz Lula -- Mas, para ele, país está mais preparado contra crise. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem que uma eventual recessão da economia dos EUA "vai bater em todo mundo, da China ao Brasil".
O presidente afirmou que conversa todos os dias com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, e com o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, sobre a crise financeira. Disse que seus efeitos precisam ser acompanhados "com lupa".
Segundo ele, porém, o Brasil agora está preparado para enfrentar a crise, diferentemente de experiências anteriores, em que "o país entrava em coma". Apontou que o país tem hoje US$ 207 bilhões em reservas e conta com um mercado interno aquecido.
Lula disse ainda que o Brasil não sofreu até agora grandes efeitos da crise financeira dos EUA porque a economia "não depende mais" das exportações feitas para os americanos.
"Quando entramos, era de quase 30% [a participação dos EUA nas exportações]. Agora, é só 14,5%. Aumentamos as nossas exportações para a América do Sul, a América Latina, a África e a Ásia", disse Lula em São José dos Campos.

Juros nas alturas
O jornalista Joelmir Beting divulgou ontem em seu site uma análise sobre o relatório mensal de crédito do Banco Central, divulgado nesta sexta-feira, revela que o juro médio de todas as linhas de financiamento da produção e do consumo, no país, subiu em agosto para 40% ao ano.
No crédito pessoal, avançou para 54,5% e no cheque especial, mui especial, a tacada alcançou 166,4%. Mesmo assim, o volume global emprestado continua crescendo; já passa de R$ 1,1 trilhão - cerca de 38% do PIB.
O lado bom da coisa: a inadimplência, a do atraso superior a 90 dias, permanece estável: é de 1,7% nas empresas e de 7,5% nas famílias.
A elevação dos juros no Brasil guarda relação com a inflação importada desde abril, no vácuo da crise financeira global.
Ou seja, conclui: não estamos blindados nos preços nem nos juros.

Para Lula, acabou a era dos economistas e começou a da engenharia
O presidente Lula sempre tem uma boa frase de efeito que os jornais aproveitam no dia seguinte. Mas muito mais que a frase de efeito que substitui economistas por engenheiros temos que nos preocupar em adotar políticas públicas conseqüentes, que apostem de maneira consistente no planejamento, na redução da burocracia e no fim da corrupção. Assim tanto faz engenheiro, economista, médico para ser a profissão homenageada pelo poder executivo, pois teremos um País caminhando de maneira organizada e transparente para o seu crescimento.
Veja o texto:
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou hoje, em São Bernardo do Campo, que o Brasil superou a "era da economia", quando "os economistas mandavam na economia". Segundo ele, os novos tempos são da engenharia, ou seja, do crescimento real.
Ele se referiu à construção de refinarias de petróleo e ao crescimento da indústria naval, com a descoberta da camada pré-sal. Lula também reafirmou ontem que as reservas brasileiras serão suficientes para suportar a crise financeira dos Estados Unidos.
- Agora, graças a Deus, acabou a era dos economistas, de os economistas mandarem na economia. Chegou a era da engenharia voltar a ter papel importante nesse país. Porque, durante 20 anos, nós ficávamos discutindo apenas a nossa dívida. Agora, podemos anunciar construção de refinarias, siderúrgicas e fábricas de cimento. Estamos fazendo isso porque quando a economia cresce, ela tem que ter estrutura - discursou Lula, durante comício da campanha do ex-ministro Luiz Marinho (Trabalho e depois Previdência), candidato a prefeito de São Bernardo do Campo.
Lula também frisou hoje que a crise econômica dos Estados Unidos não atingirá o Brasil:
- Nós temos reservas suficientes para evitar a crise no Brasil.
Lula disse ainda que é preciso controlar a inflação porque quem "paga a conta é o povo que vai comprar o que comer". Ele voltou a comemorar o crescimento da economia e disse que os reajustes salariais dos trabalhadores estão sendo feitos graças ao "excelente" momento do país.
- A economia e as indústrias estão crescendo e o salário está aumentando. Noventa por cento dos acordos salariais feitos neste ano são feitos com ganhos reais de aumento salarial. Hoje, os trabalhadores estão tendo mais oportunidade que na minha época- disse.

Pantanal vale US$ 112 bilhões, diz estudo
O texto a seguir mostra que o Panatanal vale aproximadamente um quinto dos valores que o governo americano vai investir na tentativa de sanar os graves problemas que os especuladores criaram no mundo. Se não agirmos com determinação, mais umas duas décadas não teremos como recuperar o valor perdido no Pantanal. A hora de agir é agora. Por isso, a importância de você acompanhar com determinação informações como esta:
Valor anual da mata em pé é 270 vezes maior do que o lucro da pecuária que a derruba, afirma cientista da Embrapa

Migração da criação de gado extensiva para técnicas mais lucrativas estimula desmatamento nas áreas não-alagáveis do bioma.


Quanto vale um bioma? A pergunta pode parecer maluca, mas, se o bioma em questão for o Pantanal, ela já pode ser respondida: US$ 112 bilhões por ano, no mínimo. Várias ordens de grandeza mais que o máximo de US$ 414 milhões anuais que a devastação do local gera.
O cálculo foi feito por um pesquisador da Embrapa Pantanal, em Corumbá, e põe pela primeira vez em perspectiva o valor dos serviços ambientais prestados pela maior planície alagável fluvial do mundo, comparados com aquilo que é gerado pela pecuária, a mais rentável atividade econômica praticada na região.
Segundo o oceanógrafo e economista gaúcho André Steffens Moraes, "perdido no Pantanal desde 1989", um hectare preservado do bioma que detém a maior concentração de fauna das Américas vale entre US$ 8.100 e US$ 17.500 por ano. A conta é detalhada em sua tese de doutorado, recém-defendida na Universidade Federal de Pernambuco e disponível para download (www.cpap.embrapa.br/teses).
 Nela, Moraes inclui valores potenciais de coisas como madeira, produtos florestais não-madeireiros e ecoturismo. Mas também de coisas que não estão nem podem ser colocadas facilmente no mercado, como o valor da polinização feita por aves e insetos, o controle de erosão e, principalmente, a oferta e regulação de água -produtos e serviços que são perdidos quando a vegetação tomba. "Eu analisei quanto a sociedade perde quando se desmata", disse o pesquisador.



Estilo Zé Leôncio
 — Com terras que ficam alagadas até 8 meses por ano, impróprias para a agricultura e abundantes em gramíneas, o Pantanal parece combinar com a pecuária, única atividade -além do turismo- rentável ali. Hoje há 5,3 milhões de cabeças no bioma, segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
A pecuária também parece combinar com o Pantanal: como o capim faz parte do ecossistema, não é preciso recorrer ao desmatamento para criar gado. Há no bioma uma coexistência pacífica única no Brasil entre gado e fauna, que acaba tornando os fazendeiros da região conservacionistas, no melhor estilo Zé Leôncio (o fazendeiro consciencioso da novela "Pantanal", interpretado pelo ator Cláudio Marzo). No jargão dos economistas, esse pecuaristas são considerados "satisficers" (saciadores) e não "maximizers" (maximizadores).
Segundo Moraes, o gado é de certa forma bom para a fauna: com carne de sobra, a pressão de caça diminui.

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Gerenciar economia brasileira sem ilusões, nos preparando para os efeitos da crise mundial

País vai desacelerar em 2009, diz Ipea

Como dizem os jogadores de sinuca, essa previsão é bola cantada. Queiramos ou não, gostemos ou não dos presidentes dos Estados Unidos, o fato é que os EUA são a maior economia do mundo. O que acontece lá, ainda mais no efeito cascata como está sendo a atual crise, acaba afetando todas as economias do mundo. É uma questão apenas de grandeza do impacto e de quando.
O que nos permite nos preparar para proteger o máximo possível nossa economia, os nossos interesses econômicos e nosso mercado interno. De resto é muito trabalho para tentar proteger o Brasil e ajudar a reverter a crise mundial.
Leia as informações do Ipea e reflita:
Para instituto, crise reduzirá preços de commodities e, por extensão, saldo comercial brasileiro. As incertezas relacionadas à crise financeira mundial devem levar à suspensão de decisões de novos investimentos no Brasil temporariamente, mas não devem prejudicar o desempenho da economia este ano nem interromper os investimentos já em execução. A avaliação é do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
Em relação a este ano, a expectativa é de que o Produto Interno Bruto (PIB) possa crescer acima de 5,2%, que é o teto da projeção do instituto. A desaceleração ficaria para 2009. "Nem a crise internacional nem nenhum outro fator vai afetar de forma substancial o crescimento da economia brasileira em 2008", disse o coordenador do Grupo de Análise e Previsões do Ipea, Marcelo Nonnenberg, autor das projeções. "Não se descortina o fim da crise ainda. A gente espera que as decisões de novos investimentos sejam suspensas até o cenário ficar mais claro", afirmou.
Com os resultados já obtidos do PIB no primeiro semestre, se a economia brasileira não crescer nada no segundo semestre, o PIB teria expansão de 4,7% no ano. Caso a expansão seja de apenas 0,5% no terceiro trimestre e 0,5% no quarto trimestre, o PIB crescerá 5,1%.
No entanto, só a produção industrial em julho aumentou 8,5% em relação ao mesmo mês de 2007. O Ipea prevê que crescerá 2,5% em agosto em relação a agosto de 2007. A desaceleração é influenciada pelo menor número de dias úteis no 8º mês deste ano, observou o pesquisador Leonardo Carvalho. Para o período de setembro a dezembro, porém, o número de dias úteis de 2008 será superior ao do ano passado, o que se refletirá em aumento da produção.
Na agricultura, a safra de grãos esperada para este ano é recorde, 9% superior a 2007, e está influindo para conter a inflação. A expectativa da especialista em inflação do Ipea, Andréia Parente, é de que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) termine o ano em 6% "ou até menos".
A crise, porém, ainda traz incerteza sobre o futuro. Para Nonnenberg, o primeiro impacto está ocorrendo no câmbio. Tanto os efeitos da desaceleração da economia mundial quanto a redução dos preços das commodities devem ter impacto negativo sobre as exportações brasileiras e desacelerar a expansão do PIB em 2009. "Outro efeito que está aparecendo é a interrupção dos fluxos internacionais de crédito", disse Nonnenberg.

Para especialistas, emergentes e Brasil não escapam da crise -- Quem ainda pensa que o Brasil e outros países emergentes vão escapar quase incólumes da atual crise econômica está muito enganado. Os Estados Unidos, a Europa e o Japão enfrentarão uma recessão em breve, resta saber o tamanho e a duração. Isso terá um impacto negativo ao redor do mundo, sem exceções.
Essa foi a conclusão de um debate ontem à tarde na quase centenária Chatham House, em Londres, entre alguns dos maiores especialistas no assunto. "Vai haver uma queda de três a quatro pontos percentuais no crescimento dos mercados emergentes nos próximos 12 meses. Não uma recessão, como aqui. Não vão entrar pelo cano, mas vai haver uma desaceleração muito maior do que a maioria das pessoas pensa", disse Robin Bew, economista-chefe e diretor editorial da Economist Inteligence Unit.
E o Brasil?, perguntou a Folha. "O Brasil está um pouco melhor, porque tem uma economia mais diversificada, mas não tanto quanto se imagina. Tem um mercado interno crescente, mas por outro lado ainda depende bastante das commodities. Sem dúvida, o país vai ser afetado. Talvez não tanto quanto os outros, mas pode se preparar", disse Bew, que comanda uma equipe de 120 economistas ao redor do mundo.
Essa, por incrível que pareça, foi a análise menos pessimista da mesa, formada por Christopher Allsopp, da Universidade Oxford, e Vanessa Rossi, da Chatham House e da Oxford Economic Forecasting, uma consultoria independente ligada à universidade.
"Não há dúvidas sobre a perspectiva para os EUA e a Europa. Haverá recessão. O problema é que os emergentes até sobreviveriam a uma crise norte-americana, mas não também [a uma] na Europa e no Japão, que é o que vai ocorrer. A situação em todas as grandes economias está sincronizada e afundando. O impacto nos emergentes será muito maior do que foi até agora, e as próximas estatísticas devem começar a mostrar isso", afirmou Rossi.
Bew, da EIU, explica: "O mercado consumidor dos BRICs [Brasil, Rússia, Índia e China], somado, é de 10% do total mundial. O dos EUA é 25%. Se fosse só isso, tudo bem. O problema é que, somando Europa e Japão, o total do mundo rico sobe para 75%. De repente, os BRICs ficam pequenos".
Rossi diz que, por a crise se propagar em choques, seu impacto talvez chegue aos emergentes com força apenas no futuro. "O Brasil não está na pior das posições. Mas se ficar tão ruim quanto parece, a idéia de que o país pode escapar vai desaparecer. O choque pode demorar, e talvez você veja os efeitos mais em 2010 do que em 2009. Mas eles virão", disse.
Allsopp praticamente não tocou no assunto dos emergentes, mas concordou com a iminente recessão do mundo desenvolvido. No entanto, coube a ele a nota otimista da tarde, argumentando que ainda existe uma salvação. Se houver uma resposta eficiente dos governos envolvidos, disse, ainda é possível amenizar a crise.
E a resposta correta, afirmaram Bew e Rossi, está muito mais nos Estados Unidos do que na Europa até agora. "Os EUA estão preparados para pensar o impensável, enquanto a Europa não pensa em fazer nem o pensável", disse Rossi. "A frase que não sai da minha cabeça é: "Tempos extraordinários precisam de medidas extraordinárias'", afirmou Bew.

Arrecadação bate recorde, mas cresce menos
O governo brasileiro tem uma ncessecidade ávida de arrecadar. O que faz com que os trabalhadores e em especial as famílias trabalhadoras de classe média assumam uma carga imensa, se sacrificando e às respectivas famílias, para ter acesso mínimo à Educação e à Saúde. Temos que lutar para que os governos (federal, estaduais e municipais) contenham sua gana arrecadadora e aprendam a gastar bem para ajudar o Brasil e os brasileiros a viver, ainda nesta geração, uma Revolução na Educação, com mais bem estar e saúde para todos. De verdade.
Veja o texto:
Em agosto, Receita recolheu R$ 53, 9 bilhões em impostos, 4,27% mais que no mesmo mês de 2007. A Receita Federal bateu novo recorde de arrecadação em agosto, mas a velocidade de crescimento arrefeceu. Entraram no mês para os cofres do governo R$ 53,93 bilhões, o maior valor para meses de agosto. A arrecadação teve crescimento real (acima da inflação medida pelo IPCA) de 4,27% sobre agosto de 2007. Em relação a julho, houve queda real de 13,2%.
As receitas administradas (que excluem taxas e contribuições controladas por outros órgãos e representam a maior parte da arrecadação) tiveram expansão ainda menor: de 3,58% acima do IPCA. Ao longo do ano, o crescimento vinha em velocidade bem superior e em julho tinha fechado em 12,85%.
De janeiro a agosto, a arrecadação somou R$ 443,56 bilhões, com alta real de 10,33%. Até julho, a alta era de 11,21%. Até agosto, a receita é R$ 62,05 bilhões maior, em valores nominais, que a de igual período de 2007 - superando os R$ 40 bilhões que o governo perdeu com o fim da CPMF.
Apesar da desaceleração, a arrecadação continua mostrando vigor, por causa da maior lucratividade das empresas, que teve reflexos positivos nas receitas do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ) e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL). Esses tributos foram responsáveis por 50% do crescimento da arrecadação em 2008.
Para o secretário-adjunto da Receita Federal Otacílio Cartaxo, o crescimento menor não significa desaceleração econômica. "A arrecadação vai se mantendo de forma sustentada e um ritmo seguro." A Receita espera crescimento de 10% das receitas administradas, com destaque para IRPJ e CSLL.
Os dados mostram recolhimento maior sobre os setores de combustíveis, financeiro e automotivo. Em agosto, o pagamento dos dois tributos pelo setor de combustíveis cresceu 587,9% ante agosto de 2007. O coordenador de Previsões da Receita, Eloi de Carvalho, disse que as empresas lucraram mais com a alta do petróleo e das vendas no mercado interno.
A arrecadação de agosto também foi puxada por Cofins (11,35%), Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) de automóveis (25,2%) e Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF) sobre rendimentos de capital (25,90%).
Mas a maior alta foi com o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF): 171%. No ano, as receitas do tributo cresceram 151,72% ante igual período de 2007. O IOF foi aumentado para compensar o fim da CPMF e tem pesado mais sobre pessoas físicas, cujas operações de crédito renderam R$ 3,26 bilhões do tributo. O secretário avaliou que "é possível" um corte do IOF, se a economia brasileira continuar crescendo.
Por enquanto, a Receita pensa é em arrecadar mais. O órgão espera engordar os cofres até o fim do ano com a arrecadação da Cofins retroativa sobre o faturamento de profissionais liberais, conforme decisão do Supremo Tribunal Federal. "Esperamos receber pelo menos uma parte desses recursos este ano. Alguns vão pagar à vista e outros devem parcelar."
Classe média trabalha quase 4 meses por ano para comprar serviços "estatais" -- Depois dos tributos vêm os serviços privados. Após trabalhar 157 dias neste ano para pagar os impostos e contribuições exigidos pelos três níveis de governo, a classe média brasileira ainda terá de destinar mais 117 de trabalho somente para adquirir serviços privados de saúde, educação, previdência, segurança e pedágios.
Assim, entre 1º de janeiro e 5 de junho deste ano as famílias com renda entre R$ 3.000 e R$ 10.000 trabalharam para pagar tributos aos governos federal, estaduais e municipais. De 6 de junho até a próxima terça-feira, dia 30 deste mês, serão mais 117 dias -ou seja, quase um terço do ano- de trabalho para comprar aqueles serviços. No total, 75% da renda da classe média vai para pagar tributos e comprar serviços privados.
Segundo cálculos do IBPT (Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário), neste ano os contribuintes estão trabalhando dois dias a mais do que em 2007 -um dia para pagar tributos e outro para comprar os serviços privados.
Para o IBPT, esse gasto é cada vez maior porque o Estado é deficiente na prestação de serviços públicos. "Neste ano, o cidadão de classe média só começará a trabalhar para comer, vestir, morar, comprar bens, gozar férias e fazer alguma poupança no dia 1º de outubro", diz Gilberto Luiz do Amaral, presidente do IBPT e coordenador do "Estudo sobre os dias trabalhados para pagar tributos e a ineficiência governamental".
No estudo, o IBPT considera como de classe média uma família composta de quatro pessoas (casal e dois filhos em idade escolar) e que tem renda entre 7,2 e 24 salários mínimos. Em relação ao ano passado, os gastos que mais crescerem proporcionalmente foram os relacionados a segurança privada.
Uma família de classe média baixa (até R$ 3.000) gasta 43 dias para comprar os mesmos serviços, segundo o estudo. Já as famílias consideradas de classe alta (as com renda acima de R$ 10.000), também gastam 117 dias de trabalho para adquirir os serviços. Como gastaram até 1º de junho só para pagar tributos, essas famílias trabalham até hoje para comprar os serviços. Na média, o estudo do IBPT diz que os brasileiros gastam 63 dias de trabalho para comprar os serviços privados.
Segundo o IBPT, na década de 70 os brasileiros gastavam apenas 25 dias de trabalho por ano para comprar os serviços, ou 7% da renda. Na década seguinte já eram necessários 44 dias, ou 12% da renda. Em 1995 a compra dos serviços consumia 20% da renda familiar, ou 73 dias de trabalho. Em 2003, pela primeira vez os brasileiros já tinham de trabalhar mais de 100 dias por ano (102), o que correspondia a 28% da renda.

DEBATE DO PRÉ-SAL NO ESTADÃO
Veja a seguir, clicando no link abaixo, os principais pontos do debate sobre o Pré-Sal, promovido pelo Jornal O Estado de São Paulo, que me recebeu gentilmente para uma visita, na semana passada. Destaco a fala do senador Aloizio Mercadante, por ter mencionado os investimentos do FGTS em compras de ações da Petrobras. Que o presidente Lula anunciou e que no dia seguinte, o ministro Mantega disse que não era bem assim. E, como vocês sabem, a UGT e as demais centrais estão se mobilizando para sensibilizar o presidente Lula a autorizar a compra de ações da Petrobras com os recursos dos trabalhadores que estão rendendo 3% mais TR e dando um prejuízo imenso para todos nós.

Uso do FGTS para comprar ações não resolve problema de capitalização da Petrobras, diz Mercadante
O senador Aloizio Mercadante (PT-SP) disse durante debate que discutiu o futuro do pré-sal que o uso do Fundo de Garantia do Tempo do Serviço (FGTS) para comprar ações não resolve o problema de capitalização da Petrobras. Ele disse isso ao ser indagado sobre as perspectivas de o governo fazer um aporte da capital na estatal ou mesmo de liberar o uso do FGTS para aquisição de ações da empresa, visando garantir os recursos necessários para os investimentos na camada pré-sal.
"Eu apresentei um projeto para que o FGTS fosse utilizado para comprar ações da Petrobras em 92, eu defendo essa alternativa, mas isso não resolve o problema da capitalização da Petrobras. Eu sou favorável, mas não resolve a não ser que haja emissão primária de ações".

Mais depoimentos no link http://blog.estadao.com.br/blog/temporeal/?blog=65&catsel[]=689&page=1&disp=posts&paged=1

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

A Belíndia é aqui: dobra número de casais que trabalham e dobra analfabetos dentro da escola

Nº de casais com 2 fontes de renda e sem filho cresce 95%

Vivemos uma nova realidade que aponta para o que já acontece hoje na Europa. Os casais se inserem no mercado de trabalho, para melhorar a qualidade de vida e gerar mais estabilidade financeira e as crianças são adiadas. Falta agora buscar outros indicadores que nos comparem também com a Europa, como a Educação de qualidade, um planejamento adequado para proteger o casal na velhice e trabalho menos penoso, com salários dignos.

Veja o texto: De 1997 para 2007, eles passaram de 997 mil para 1,942 milhão, aponta estudo do IBGE.

Uma explosão no número de casais sem filhos e em que cada cônjuge tem sua renda aliada a uma ligeira tendência na redução da distância entre pobres e ricos no País marcam a Síntese de Indicadores Sociais 2007 divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Baseada na última edição da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), publicada na semana passada, a análise também mostra que, embora a escolarização dos 40% mais pobres tenha avançado, mais de 2 milhões de estudantes até 14 anos são analfabetos (mais informações na pág. A27).

Segundo o IBGE, os casais residentes no Brasil que não têm filhos e nos quais homem e mulher têm fontes de renda independentes eram 2,4% do total de domicílios em 1997 e passaram para 3,4% no ano passado. Em números absolutos, a mudança é mais impressionante: 997 mil para 1,942 milhão no período, alta de 94,78%. Os pesquisadores do instituto constataram que a região onde casais com esse perfil têm maior peso proporcional é a Centro-Oeste, onde representam 4,27% do total. O Nordeste é o outro extremo, com 2,99% dos casais.

As maiores proporções de arranjos familiares nessa situação se concentram nas faixas de 35 a 44 anos e acima de 45 anos (4,11%). Quando se leva em conta os 39 milhões de casais, os sem nenhum filho e com renda dupla eram 5% no ano passado - em 1997, eram 3,4%.

"O casal Dinc (jargão que significa double income and no children, ou renda dupla e nenhum filho) está crescendo muito nas sociedades industrializadas", disse a gerente de Indicadores Sociais do IBGE, Ana Sabóia. Foi a primeira vez que o IBGE fez esse cálculo.

A pesquisa levanta a possibilidade de os casais Dincs terem crescido devido à importância dada à "aquisição de atributos profissionais, que possam garantir posições bem estabelecidas no mercado de trabalho".

Outra constatação importante: a renda familiar per capita desses casais é de cerca de 3,5 salários mínimos (R$ 1.452,50), o que os coloca entre os 10% mais abastados da população.

NOVO VALOR DE CLASSE MÉDIA — "É uma mudança de valores", disse a antropóloga Alinne Bonetti, pesquisadora do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). "Quando falo em valores, refiro-me à visão de mundo, à cultura." Segundo ela, "há uma mudança do modelo da família mais tradicional, com pai, mãe e filhos, para outro, mais individualista, como nos países desenvolvidos, e há mais investimento em projetos pessoais. Muitos adiam os filhos, outros escolhem não ter". Para Alinne, como o fenômeno é concentrado na classe média, que forma opinião, há possibilidade de, no futuro, esse comportamento chegar a outras classes.

Segundo o professor Nuno Fouto, professor da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA) da USP e do Programa de Administração do Varejo (Provar), os casais com dupla renda e sem filhos participam de um processo mais amplo que também inclui pessoas que decidem permanecer solteiras: o dinheiro economizado com as crianças, costuma ser aplicado em produtos e serviços mais caros. Segundo Fouto, a economia não é suficiente para elevar o casal a um estrato social mais alto, mas permite certos "luxos" - como viagens, jantares e produtos de marca - que não costumam ser observados nas famílias com filhos com a mesma renda.

MELHORA DA RENDA — O crescimento dos Dincs se deu em um quadro de crescente melhoria da renda dos brasileiros, de acordo com o IBGE. A distância entre o rendimento médio familiar per capita das famílias dos 10% mais ricos e dos 40% mais pobres manteve trajetória de redução constante nos últimos anos. Em 2001, a diferença era de 22,1 pontos porcentuais; em 2007, 17,2. Outra comparação mostra que, de 2001 ao ano passado, os 20% mais pobres passaram de 2,6% para 3,2% da renda, e os 20% mais ricos perderam espaço, de 63,7% para 59,7%.

A proporção de famílias com renda per capita de até meio salário mínimo caiu de 31,6% em 1997 para 23,5% em 2007. O presidente do IBGE atribui isso à expansão da economia com geração de empregos, aumento do mínimo e Bolsa-Família.

 

IBGE: Qualidade de ensino é o principal desafio no combate ao analfabetismo

Lamentável essa realidade retratada pelo texto que você vai ler. Analfabeto dentro da escola. É uma falha brutal do Estado, dos professores e até mesmo dos pais que têm que assumir, cada vez mais, a educação dos filhos. Cabe aos pais vigiar e exigir qualidade no aprendizado. Aos professores retomar a vocação que nos é tão importante. E ao Estado fornecer além das salas de aula e dos prédios, salários dignos para os professores, treinamento, motivação e avaliação do que se é ensinado e do que se aprende.

Veja a triste realidade:

Do total de 1,3 milhão de pessoas de 8 a 14 anos que não sabem ler e escrever, a grande maioria (84,5%) está matriculada em alguma turma de ensino fundamental ou médio, mas um contingente de 1,1 milhão de crianças e adolescentes que estão nas salas de aula ainda são consideradas analfabetas.

Apesar do aumento na quantidade de brasileiros na escola nos últimos anos ( veja gráfico ), a qualidade do ensino ainda deixa a desejar, como mostram os dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios do ano passado (Pnad 2007). De acordo com a Síntese de Indicadores Sociais do instituto, o Brasil tem 2,4 milhões de analfabetos com idade entre 7 e 14 anos, dos quais 2,1 milhões (87,2%) freqüentavam a escola no ano passado. Do total de 1,3 milhão de pessoas de 8 a 14 anos que não sabem ler e escrever, a grande maioria (84,5%) está matriculada em alguma turma de ensino fundamental ou médio, mas um contingente de 1,1 milhão de crianças e adolescentes que estão nas salas de aula ainda são consideradas analfabetas.

Entre as crianças de 7 anos, 29% não sabiam ler e escrever, embora 90,8% delas fossem estudantes. Na faixa dos 8 a 14 anos, 5,4% são analfabetas. No Nordeste, o percentual de jovens e crianças iletrados atingia impressionantes 44% da população nessa idade. No Norte, 39,6%.

- Não dá para imaginar que quase 30% (das crianças de 7 anos) tenham aprendizagem mais lenta. Acima dos 8 anos, é um absurdo. Mesmo com ritmo lento, a expectativa é que o aluno se alfabetize no segundo ano de escola - diz o coordenador de pós-graduação da Faculdade de Educação da USP, Romualdo Portela de Oliveira.

Os indicadores põem em xeque a qualidade do ensino, ainda que o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), do Ministério da Educação (MEC), tenha apontado melhora em 2007.

    " É muito grave que qualquer criança esteja na escola e não aprenda "

- É muito grave que qualquer criança esteja na escola e não aprenda - disse a secretária de Educação Básica do Ministério da Educação (MEC), Maria do Pilar.

Já em relação à defasagem de ensino, os dados apontam uma melhora: caiu o número de estudantes matriculados em um nível abaixo do indicado para sua idade: de 43% em 1997 para 27,5% dez anos depois. Porém, esta mudança pode estar atrelada em parte ao sistema de aprovação automática adotado no sistema público de ensino de algumas regiões do país. Um dos estados que adotam esse mecanismo, São Paulo é o dono do melhor indicador de freqüência líquida (adequação da idade à série) no país.

De cada quatro estudantes, um está fora de sua série adequada

Em todo o país, no entanto, um em cada quatro estudantes de ensino fundamental tem a chamada distorção idade-série, com pelo menos dois anos de idade acima do previsto para a respectiva série. Os maiores gargalos do atraso estão na 5ª série do ensino fundamental, em que 30,8% dos estudantes apresentavam defasagem, isto é, tinham 13 anos ou mais; e na 8ª série, em que 30,4% dos alunos tinham 16 anos ou mais. O IBGE considerou apenas redes onde o nível fundamental dura oito anos.

As médias nacionais escondem disparidades entre as regiões. No Nordeste, 48% dos alunos da 8ª série estavam atrasados. Em Alagoas, eram 59,1%. Na Bahia, na Paraíba e no Ceará, a taxa também passava de 50%. No Rio, era de 34,2%.

Dos 8,5 milhões de estudantes de 15 a 17 anos no país, 48% estavam no nível adequado, ou seja, o ensino médio. São Paulo era o estado com maior proporção nesse sentido: 66,3%. No outro extremo, Alagoas tinha somente 25,6% de seus jovens de 15 a 17 anos no ensino médio.

Analfabetismo entre pessoas com mais de 15 anos caiu — No cômputo geral, a taxa de analfabetismo de pessoas com mais de 15 anos caiu de 14,7% em 1997 para 10% - o correspondente a 14 milhões de pessoas - na última pesquisa ( na camada populacional de 7 a 14 anos, a queda foi menor - confira no gráfico). Neste sentido, a relação entre as áreas rural e urbana continua praticamente inalterada: existem três vezes mais analfabetos no campo do que na cidade: 23,3% contra 7,6%. Há dez anos, as proporções eram de 32% na área rural contra 10,7% nas regiões urbanas.

Na média, o número de séries concluídas pelos brasileiros acima de 15 anos aumentou de 5,8, em 1997, para 7,3, em 2007, mas ficou abaixo do que seria adequado. A média de anos de estudo das crianças de 11 anos ficou em 3,3 e não em 4 anos, que seria o correto. Jovens de 14 anos atingiram 5,8 anos - o correto seriam 7. E os de 17 alcançaram 7,9 séries completadas, e não 10, como desejável.

Ainda de acordo com a pesquisa, os jovens continuam a ser os mais afetados pela pobreza no país. No ano passado, 46% das crianças e adolescentes de zero a 17 anos viviam com rendimento mensal familiar per capita até meio salário mínimo.

Apesar de o IBGE ter constatado uma redução no nível de pobreza, o presidente do órgão, Eduardo Nunes, fez questão de frisar que o número de famílias pobres no país ainda é "muito expressivo", sobretudo se "levarmos em consideração o tamanho da riqueza que o país tem condições de produzir".

Nunes também ressaltou que o projeto de universalização do ensino, que hoje atinge crianças e jovens, de 7 a 14 anos, precisa ser estendido para todas as outras faixas da população, inclusive para os idosos.

 

Até os 3 anos só 17,1% têm acesso a creche — A pesquisa também mostrou que o Brasil ainda está longe das metas propostas pelo Ministério da Educação para a faixa etária de 0 a 3 anos. Em compensação, em relação às crianças de 4 a 6 anos, o país está quase lá. De acordo com a Síntese dos Indicadores Sociais, 77,6% das crianças de 4 a 6 anos estão na escola. A meta é incluir 80% delas. Mas o cenário muda radicalmente de 0 a 3 anos: apenas 17,1% são atendidas por creches, enquanto a meta é de 50% até 2010.

    " É preciso montar uma infra-estrutura básica para atender essa população "

- Mesmo com o aumento da taxa de escolarização, que estava em 8,1% em 1997, estamos longe de alcançar a meta estipulada pelo MEC - observa Lara Gama, técnica do IBGE que cuidou do capítulo referente às crianças na síntese.

A coordenadora da pesquisa, Ana Saboia, completa.

- O problema é da esfera pública. É preciso montar uma infra-estrutura básica para atender essa população.

Mulheres estudam um ano a mais que os homens, em média — Quanto às diferenças de gênero, as mulheres apresentam escolaridade superior aos homens. Na média, elas estudam um ano a mais do que eles (nove contra oito), de acordo com o levantamento feito ano passado. A proporção também é favorável às mulheres em relação ao nível superior: em 2007, 57,1% dos estudantes universitários eram do sexo feminino, contra 42,9% de homens. No entanto, no mercado de trabalho elas ainda ocupam menos cargos de chefia, por exemplo (leia mais).

O documento Síntese de Indicadores Sociais 2008, elaborado pelo IBGE, também aponta a existência de desigualdades educacionais com base na cor ou raça. Em números absolutos, dos cerca de 14 milhões de analfabetos brasileiros com mais de 15 anos, quase 9 milhões são pretos ou pardos. Entre as pessoas dessa faixa que não lêem nem escrevem, o índice para a população branca é de 6,1%, menos da metade dos 14% observados entre as pessoas declaradas pretas ou pardas nesta faixa de idade.

O desnivelamento se observa também no ensino superior. A taxa de freqüência universitária da população preta ou parda, de 18 a 25 anos, ainda não tinha alcançado, em 2007, os índices obtidos dez anos atrás pelos brancos. Nesse período, também cresceu a diferença entre brancos e pretos ou pardos com 3º grau completo: era de 7,4% em 1997, e passou para 9,4% ano passado. Contrastes que se observam também na divisão racial dos estudantes com mais de 18 anos em cada nível de ensino (veja o gráfico abaixo) e se refletem posteriormente no mercado de trabalho.

A educação dirigida à população idosa também é motivo de preocupação. Coordenadora geral da Síntese de Indicadores Sociais, Ana Sabóia alerta que apenas 3,9% dos analfabetos com 60 anos ou mais estão matriculados em algum programa de ensino destinado a esta faixa etária.

- Está acontecendo alguma coisa, já que o programa de educação de jovens e adultos não está tendo o alcance adequado. São 14 milhões de analfabetos (de 60 anos ou mais), e apenas 2,46 milhões nos programas - observou.

 

Crise mundial 'pode beneficiar Brasil', diz Financial Times

Não acredito nestas hipóteses sugeridas pelo Financial Times. A crise é brava e vai nos atingir. Temos que estar preparados e mobilizados para o pior. Vivemos uma situação de calamidade mundial. E mesmo que os outros países tenham a aprender com o controle do sistema financeiro que o Brasil adotou, estamos ainda muito dependentes (como qualquer outra economia mundial) dos demais mercados. Por isso, não tenho ilusão e nem ajudo a criar ilusão: vai sobrar pra nós, sim, e não será nada bom se não nos prepararmos desde já.

Leia as divagações do jornal inglês: Duas reportagens do jornal Financial Times sugerem nesta quinta-feira que a crise econômica mundial pode, paradoxalmente, terminar sendo benéfica para o Brasil.

Os artigos, assinados pelo correspondente do jornal em São Paulo, afirmam que a crise pode funcionar como um controle para o crescimento econômico cujo vigor vinha criando pressões inflacionárias.

Diferentemente de outras épocas, o país está mais preparado para enfrentar as turbulências, dizem as reportagens, que no entanto alertam para os fatores - domésticos - com potencial de criar problemas no futuro.

"Desta vez é diferente. Pelo menos até agora", diz a reportagem "Brasil espera um resfriado leve, mas nada sério", publicada na versão impressa do diário financeiro britânico.

O título faz referência ao tradicional dito segundo o qual "quando os mercados financeiros americanos espirram, a América Latina pega uma gripe".

A matéria diz que, embora não tenha conseguido se descolar do resto do mundo, o Brasil está otimista em que seu nível de reservas - em torno de US$ 200 bilhões - seja capaz de conter uma turbulenta saída de capitais como a que se seguiu à crise asiática em 1997 e a crise da Rússia em 1998.

"Mais que isso, a crise de crédito pode ter vindo em boa hora, num momento em que a atividade econômica paresenta indicadores que apontam para uma curva de superaquecimento. Assim, a crise, potencialmente, pode ajudar o país a desaquecer sua economia sem derrubar o crescimento abaixo do potencial do país", escreve o FT.

Economistas ouvidos pelo jornal crêem que o aumento do PIB passe de 5,4% este ano para 3,5% no ano que vem - bem melhor que o 1% estimado para o resto do mundo, mas capaz de trazer a inflação, que já superou os 6% ao ano, para o centro da meta de 4,5%.

Com isso, o Banco Central (BC) também poderia rever a quantidade de vezes em que deve aplicar um aumento de juros, diz o jornal.

Mas o FT também faz um alerta para o futuro, afirmando que "preocupações antigas permanecem e podem interferir no (curso da economia do) Brasil". A principal delas é o gasto do governo, capaz de gerar demanda e assim criar novas pressões inflacionárias.

Com o governo usando os gastos como motor do crescimento, "o papel da política fiscal, que continua sendo altamente expansionista, tem sido ignorado", diz o diário britânico, na reportagem "Confiança do Brasil acumula problemas para o futuro", publicada em sua versão online.

Um economista citado na matéria afirma que, mesmo com o BC aplicando arrochos monetários para frear o aumento dos preços, "no final, as expectativas de inflação a longo prazo são determinadas pela política fiscal, não pela política monetária". BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

População de idosos sobe 47,8% em dez anos

É hora de mobilizar o Estado para criar políticas públicas de apoio à terceira idade, que somos nós mesmos daqui a duas décadas. Envelhecemos mais, adoecemos mais e a aposentadoria, apenas, não tem como financiar as necessidades de cuidado de um idoso que precisa muito mais do que os remédios: precisa de apoio, de acompanhamento de pessoal especializado, do carinho e da dignidade na velhice.

Veja o texto: Com o aumento da expectativa de vida e a queda da fecundidade, a tendência de envelhecimento da população brasileira se consolidou. O número de idosos aumentou 47,8% em uma década — de 1997 a 2007, o que representou um incremento bem superior ao crescimento da população do país, que aumentou, no mesmo período, 21,6%. Em dez anos, a expectativa de vida do brasileiro aumentou 3,4 anos.

O idoso também se tornou um dos pilares das famílias brasileiras. A contribuição deles representa mais da metade do total da renda domiciliar, sobretudo nas áreas mais carentes. Em média, eles arcam com 53% das despesas nos lares em que há pessoas com mais de 65 anos. Em algumas regiões, como no Nordeste rural, a força econômica dessa renda no orçamento familiar chega a 73%. Do total de idosos, 74,7% vivem de aposentadoria, enquanto 22,5% ainda trabalham. Em 12,3 milhões de domicílios do país, ou 13,5%, há pelo menos um idoso.

Cota não levou mais negros à universidade

Essa é uma luta que está no DNA da UGT, a luta pela inclusão social. Mas temos que avançar além das aparências. Os jovens negros são, na grande maioria, oriundos de famílias pobres. Além de uma vaga na universidade são pessoas que precisam de apoio para se manter na escola, de empregos que os estimulem a estudar, de um Estado que os apoie até o final da universidade e que, em seguida, gere oportunidades para que o jovem possa retribuir para a sociedade os investimentos que recebeu nos bancos escolares.

Leia e reflita: No ano passado, taxa de freqüência entre brancos de 18 a 25 anos foi de 19,4%, ante 6,8% entre pretos e pardos, segundo o IBGE. Dados mostram que estudantes pretos e pardos ainda não alcançaram a taxa de freqüência que brancos tinham em 1997.

A política de cotas, implementada em mais de 60 universidades públicas do país, ainda não resultou em redução da desigualdade na participação de brancos, pretos e pardos no ensino superior, revela a Síntese de Indicadores Sociais.

No ano passado, a taxa de freqüência (proporção de pessoas que dizem estar indo à universidade) para alunos de 18 a 25 anos na população branca era de 19,4%. Entre a população preta e parda (nomenclatura usada pelo IBGE, que usa como critério a cor por autodeclaração), a taxa era de 6,8%. Os dados mostram que, na faixa de 18 a 25 anos, os estudantes pretos e pardos ainda não alcançaram a taxa de freqüência que brancos tinham em 1997.

Na faixa de 21 anos, por exemplo, a freqüência de alunos pretos e pardos era de 2,6% em 1997. No ano passado, subiu para 8,4%. No mesmo período, a população branca ampliou seu índice de 12,2% para 24,2%. Na prática, cresceu a distância em pontos percentuais.

Para José Luiz Petruccelli, do IBGE, os dados mostram que não houve impacto da criação de vagas para a população preta e parda. "Não existe uma política pública nacional de cotas. A lei que propõe isso está parada no Congresso. O pouco que está sendo feito não tem impacto."

O pesquisador afirma ainda que os números deveriam refletir a autodeclaração de cor. "O país tem metade da população que se identifica como branca e outra como não-branca. Se a cor não estivesse relacionada à apropriação de riqueza, deveríamos ter metade de brancos e metade de não-brancos nas universidades."

Segundo Marcelo Paixão, economista da UFRJ e coordenador do Observatório Afrobrasileiro, o governo mostra apenas tolerância sobre políticas afirmativas, e as únicas ações oficiais até agora foram o Prouni (Programa Universidade para Todos, que dá bolsas, com cotas para pessoas autodeclaradas indígenas, pretas ou pardas) e o Fies (Programa de Financiamento Estudantil).

Para ele, a participação dos pretos e pardos cresceu em ritmo acelerado, mas, em razão da base baixa, não foi possível reduzir a distância em relação à população branca.

"As políticas de ações afirmativas e o esforço de cada estudante ainda não foram suficientes para mudar um quadro em que mais de 90% dos jovens negros estão fora da universidade. Mesmo 120 anos depois da abolição, o país não consegue colocar 10% da população negra na universidade", disse.

O coordenador da ONG Educafro no Rio, André Guimarães, afirma que um dos principais problemas é a falta de divulgação do Prouni. "Fui na semana passada a uma escola em Inhaúma (zona norte do Rio) e, quando falei do Prouni, os olhos dos estudantes brilharam. Eles nem sabiam que eles tinham esse direito", afirmou.

Vanderson Luiz da Silva, 22, aluno de um pré-vestibular voltado para pretos e pardos, por exemplo, disse que desconhecia o programa no ano passado, quando completou o ensino médio e tentou pela primeira vez o vestibular para história.

O hiato entre pessoas que já concluíram o ensino superior também aumentou. Em 1997, 9,6% dos brancos e 2,2% dos pretos e pardos tinham nível superior completo. Em 2007, 13,4% e 4%, respectivamente.

Não só no ensino superior há discrepância. Em 2007, dos cerca de 14 milhões de analfabetos no país, quase 9 milhões eram pretos ou pardos. Na população branca, era de 6,1% para aqueles com 15 anos ou mais e de 14% para pretos e pardos.

 

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Apoiamos o fim do déficit na previdência com melhoria nas aposentadorias

Previdência social: meta do governo é déficit zero até 2010

O tão alardeado déficit da previdência surge por colocar numa conta só o investimento que se faz na previdência rural. Que diga-se é absolutamente necessária para a manutenção e até mesmo garantia de sobrevivência aos trabalhadores rurais que muito faz e fizeram pelo Brasil.
Em termos contábeis, ao separar a previdência urbana da rural, acredito que teremos condições de avaliar melhor os gastos da previdência urbana, aumentar o controle, reduzir drasticamente os desmandos e desvios. Com a separação da conta da previdência rural vamos exigir do governo um tratamento diferenciado aos aposentados e pensionistas que têm seus rendimentos constantemente achatados, especialmente para aqueles que estão, ainda, com ganhos acima do salário mínimo.

Veja o texto:
Confiante na capacidade de o Brasil suportar o impacto da crise internacional no crescimento econômico, o ministro da Previdência Social, José Pimentel, disse ontem que o governo trabalha com a meta de zerar o déficit das contas da previdência urbana em 2010. "Essa tese do rombo na Previdência vai sair da agenda", afirmou.
O ministro minimizou os efeitos da crise financeira no crescimento e, conseqüentemente, na arrecadação da Previdência. Segundo ele, o mercado de consumo do País vem se expandindo e vai sustentar o crescimento. "O esforço dos empreendedores é continuar com o processo de crescimento muito forte. Nós temos um mercado nacional de massa significativo", disse.
De acordo com Pimentel, a Previdência Urbana tem de se autofinanciar. "A previdência rural é sempre subsidiada. Não é contributiva." Ele defendeu a mudança na contabilidade da Previdência para separar os gastos com o pagamento dos benefícios para aposentados das zonas urbana e rural. "A Constituição de 88 determinou que a previdência rural é subsidiada", justificou.
Na avaliação do ministro, a melhoria das contas da previdência urbana tem sido obtida graças ao aumento da formalização do trabalho, à recuperação da massa salarial, com a maior produtividade das empresas, e ao controle maior na gestão das despesas e receitas. Do déficit de R$ 4,060 bilhões registrado em agosto, R$ 3,131 bilhões são referentes à previdência rural.
Segundo Pimentel, a tendência de melhora das contas da Previdência Social tem se mantido mesmo com o aumento da salário mínimo acima da inflação. "A Previdência suporta o ganho do salário mínimo", afirmou.
Ele previu um déficit de R$ 38 bilhões nas contas do INSS em 2008. Segundo ele, a estimativa é menor que a previsão de R$ 44 bilhões incluída no Orçamento da União. "Foi um erro saudável", destacou o ministro, que, como deputado federal, foi relator da proposta de Orçamento de 2008.

Combate à corrupção não avança, diz ONG

De novo um triste recorde, de uma lista que a todos envergonha. Perde-se muito dinheiro com corrupção, concentra-se muita renda e muita gente deveria ir para a cadeia, especialmente determinados políticos que enganam a população e depois usam os cargos para roubar. Uma lástima.
Veja o texto:
O combate à corrupção "parece ter estancado" no Brasil nos últimos anos, segundo o relatório anual da organização Transparência Internacional (TI), divulgado ontem.
O índice de percepção de corrupção -que reflete como cidadãos vêem o combate a esse mal- calculado para o Brasil permaneceu em 3,5 pontos, intocado em relação a 2007, em uma escala que varia de 0 a 10. A pontuação foi obtida pela análise de diversos indicadores.
Para a ONG, a situação do Brasil é ilustrativa: 22 dos 32 países da região incluídos no levantamento ficaram abaixo dos 5 pontos, o que indica problemas sérios de corrupção.

PAULO RABELLO DE CASTRO
FGTS de livre escolha: por que não?

Eis um artigo muito interessante do professor Paulo Rabello que reforça a posição da UGT em insistir, junto ao presidente Lula, que permita os investimentos na Petrobras com os recursos dos trabalhadores no FGTS.
Avalie com calma:
Permitir o uso do FGTS na exploração do petróleo seria um bom começo na luta pela redenção do povo brasileiro
O QUE teria feito o presidente Lula rejeitar a iniciativa que mais capitalizou os detentores de FGTS, aplicados em ações de Petrobras e Vale? O desmentido do Planalto ao que havia apurado a Folha, no domingo, põe o presidente em rota de colisão com suas próprias convicções. Não acredito que Lula desgoste da política tão bem-sucedida de aplicações livres no fundo social dos trabalhadores.
As razões da satisfação dos investidores do FGTS são cumulativas.
Nada como rentabilizar cada R$ 100 em aplicações, transformando-os em R$ 866. Foi a melhor aplicação de mercado no período desde 2000. Ainda na semana passada, uma investidora entusiasmada me relatava que tinha conseguido pagar a entrada do seu apartamento por conta da grande valorização da sua aplicação no Fundo Mútuo de FGTS-Petrobras.
Mas há outras razões, como se sentir dono de uma parte do capital de grandes empresas brasileiras.
Quem não se orgulharia? Segundo cálculos, os detentores de FGTS aplicado na Petrobras são hoje 2,2% do capital da empresa. Ainda é pouco para dizer que a Petrobras é, de fato, de muitos brasileiros.
Mas é um começo, especialmente se somados à posição dos fundos de pensão, inclusive a Petros, dos funcionários da Petrobras, e outros minoritários.
O acesso de todos os brasileiros, sem exceção, ao capital empresarial brasileiro é a única maneira de passar a uma segunda fase no esforço de redução das diferenças de renda e riqueza em nosso país.
A RC Consultores projetou para a Abrapp quanto os brasileiros do "andar de baixo" (80% da população) poderiam passar a deter de capital tangível, através de aplicações numa previdência complementar de sua livre escolha, como o FGTS de livre escolha, se começássemos agora a acumular investimentos mensais de uma parte do FGTS e da previdência associativa em projetos como o pré-sal. O resultado seria espetacular: o fundo dos trabalhadores alcançaria cerca de R$ 3 trilhões, a preços de hoje, em 2037.
E a participação desses 80% dos brasileiros na riqueza nacional saltaria dos 28% atuais para 45% de um patrimônio que pode chegar a R$ 100 trilhões em 2037. Essa seria a verdadeira revolução social prometida e sonhada por Lula.
Custa tentar? Há obstáculos políticos e falsos argumentos de toda ordem. FHC, na sua época, decidiu apoiar a idéia da participação dos trabalhadores na aquisição de "sobras" de Petrobras e Vale. Mas, na última hora, a burocracia já estava dando um jeito de excluir o FGTS dos trabalhadores como moeda de aplicação. Foi preciso apelar ao próprio FHC para não permitir fazerem o "closing" da operação de venda de Petrobras apenas em função dos interesses dos investidores de... Wall Street! Assim somos nós: rápidos para alienar o que é nosso e hesitantes quando se trata de abrir portas e janelas ao acesso da massa da população brasileira ao patrimônio nacional.
Há outros argumentos contra o FGTS de livre escolha: "Faltará dinheiro para saneamento e habitações" (por quê?) ou "o brasileiro não sabe aplicar" ou ainda "o balanço da Caixa pode se desequilibrar", e por aí vamos, num rosário de contra-sensos. O presidente Lula tem um compromisso histórico: devolver o Brasil aos brasileiros. O FGTS, aplicado na exploração do petróleo e em outras empresas rentáveis, seria um belo começo nessa grande luta pela redenção econômica do povo brasileiro.
PAULO RABELLO DE CASTRO, 59, doutor em economia pela Universidade de Chicago (EUA), é vice-presidente do Instituto Atlântico e chairman da SR Rating, classificadora de riscos. Preside também a RC Consultores, consultoria econômica, e o Conselho de Planejamento Estratégico da Fecomercio/SP. paulo@rcconsultores.com.br

Acabam os contratos de letra miúda

Finalmente, uma reivindicação dos consumidores que eram enganados através de contratos com letra miúda. Agora é o momento de aumentar ainda mais nossa vigilência cívica e além de não assinar contratos com letras miúdas, pegar cópias quando alguma empresa tentar te enrolar e enviar para o Procon.
Veja o texto:
Agora, todos os textos, na íntegra, devem ser feitos com letra tamanho 12.
Empresas e prestadores de serviços não vão poder usar artifício que muitas vezes disfarçava as cláusulas prejudiciais ao consumidor
Uma pequena modificação no Código de Defesa do Consumidor acabou ontem com a possibilidade de empresas e prestadores de serviço usarem letras miúdas nos contratos, método que muitas vezes deixava passar despercebidas cláusulas que restringiam direitos dos consumidores.
Agora, todos os contratos, na íntegra, devem ser feitos com letras em corpo 12.
A lei sancionada na segunda-feira pelo presidente interino, José Alencar, disciplina artigo do CDC que era omisso quanto ao padrão tipográfico. Era previsto que os contratos fossem apresentados aos consumidores de forma legível, mas sem estabelecer padrão mínimo de medida (corpo).
Muitos contratos são redigidos com caracteres pequenos, dificultando sua leitura e compreensão, o que consagrou pelo país obrigações contidas nas tais "letras miúdas".
Penalidades — As empresas que não se adequarem estarão sujeitas às penalidades previstas no Código de Defesa do Consumidor: multa que varia de R$ 200 a R$ 3 milhões, dependendo do prejuízo causado e do porte da prestadora de serviço.
O diretor-executivo do Procon de São Paulo, Roberto Pfeiffer, afirmou que a nova regra terá impacto ainda maior para as empresas do que eventual multa por descumprimento: quem não se adequar poderá ver o cliente ganhar na Justiça o direito de romper o contrato de forma mais fácil do que hoje.
Pfeiffer recomendou que os clientes exijam adequação do contrato ao padrão mínimo de letra tamanho 12. "O ideal é que o consumidor adote a posição de se recusar a assinar e exija da empresa adequação à norma. Mas há situações em que o consumidor terá de assinar pela premência. Nesse caso, depois deve reclamar ao Procon ou a órgãos de defesa", disse.

Cliente em primeiro lugar — Para a advogada Mariana Alves, do Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor), essa é mais uma medida que beneficia o consumidor.
Ela ressaltou que, no CDC, já é previsto que cláusulas que possam determinar eventuais prejuízos sejam destacadas em negrito. De qualquer forma, a lei em vigor ainda permitia a existência das letras miúdas, de tamanhos entre 8 e 9, o que dificultava a leitura e o entendimento de contratos.
A lei é de autoria do senador Paulo Paim (PT-RS). Foi aprovada em junho pelo Congresso e passou a valer ontem, após publicada no "Diário Oficial".

Lula: é preciso controle das atividades financeiras
Cheio de razão, mais uma vez, o presidente Lula. Se o Brasil está fora deste turbilhão mundial é porque, em função dos tempos da inflação, criou controles rígidos em relação às operações bancárias. O mesmo deve ser feito no mundo, pois não é aceitável que o sistema financeiro transforme a economia real, que produz, feita de músculos e cérebros em ação, através de jogadas arriscadas de especulação.


Veja o texto a partir do discurso do presidente Lula na ONU: A crise financeira global exige mecanismos de prevenção, controle e total transparência das atividades financeiras, disse hoje o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ao abrir os debates da 63ª Assembléia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU). "Uma crise de tais proporções não será superada com medidas paliativas", acrescentou.
"Os organismos supranacionais carecem de autoridade e instrumentos para coibir a anarquia especulativa", disse, destacando a necessidade de "reconstruí-los em bases completamente novas".
Lula disse ainda que o "ônus da cobiça desenfreada não pode cair impunemente sobre todos". Ele acrescentou que "a economia é séria demais para ficar nas mãos dos especuladores. A ética deve valer também na economia, emendou o presidente no início de seu discurso, repleto de observações duras sobre a crise financeira global.
Segundo ele, o caráter global da crise demanda que as soluções que venham a ser adotadas deverão ser também globais, "tomadas em espaços multilaterais legítimos e confiáveis, sem imposições". Da ONU, disse ele, deve partir a "convocação para uma resposta vigorosa às ameaças que pesam sobre nós".
Muro de Berlim — O Muro de Berlim caiu, mas outros muros foram construídos, afirmou o presidente Lula. “Um suposto nacionalismo populista, que alguns pretendem identificar e criticar no sul do mundo é praticado sem constrangimento nos países ricos”, criticou.
“Muitos que pregam a livre circulação de mercadorias e capitais são os mesmos que impedem a livre circulação de homens e mulheres, com argumentos nacionalistas, e até fascistas, que nos fazem evocar, temerosos, tempos que pensávamos superados”, ponderou. Lula acrescentou no discurso a palavra “fascista” em substituição à palavra “racista” que estava prevista no discurso impresso, distribuído na ONU.
“As crises financeira, alimentar, energética, ambiental e migratória, para não falar das ameaças à paz em tantas regiões, demonstram que o sistema multilateral deve adequar-se aos desafios do século XXI”, acrescentou. A queda do Muro de Berlim, observou Lula, foi “entendida como possibilidade de construir mundo de paz, livre dos estigmas da Guerra Fria”.
Biocombustíveis — “A tentativa de associar alta dos alimentos à difusão dos biocombustíveis não resiste à analise objetiva da realidade”, acrescentou o presidente. “O Brasil não tem fugido a suas responsabilidades. Nossa a matriz energética é crescentemente limpa”, completou. A inflação de alimentos, observou, está presente nos aumentos “consideráveis” do petróleo, “que incidem pesadamente sobre o custo de fertilizantes e transporte”.
O presidente observou que a experiência brasileira comprova que o etanol de cana-de-açúcar e a produção de biodiesel diminuem dependência de combustíveis fósseis, criam emprego, regeneram terras deterioradas e “são plenamente compatíveis com a expansão da produção de alimentos”.
Novo alinhamento — Ao citar os países da América do Sul e Caribe, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que aos poucos vai sendo descartado o "velho alinhamento conformista dos países do sul aos centros tradicionais". "Essa nova atitude não conduz, no entanto, a uma postura de confrontação", enfatizou.
"Pelo diálogo direto, sem intermediação das grandes potencias, os países em desenvolvimento têm se credenciado a cumprir um novo papel no desenho de um mundo multipolar". "Está em curso a construção de uma nova geografia política, econômica e comercial no mundo", completou.
Conselho de Segurança — Ao abordar o tema Conselho de Segurança (CS) da ONU, Lula destacou que a "força dos valores deve prevalecer sobre valor da força". Ao citar que há 15 anos a ONU discute a reforma do conselho, Lula observou que a estrutura vigente do CS "responde cada vez menos aos desafios do mundo contemporâneo". "Sua representação distorcida é obstáculo ao multilateralismo que almejamos".
O presidente disse considerar "auspiciosa" a decisão da Assembléia da ONU e iniciar "prontamente negociações relativas à reforma do Conselho de Segurança". O multilateralismo deve guiar os membros da ONU também em problemas de aquecimento global, acrescentou.

terça-feira, 23 de setembro de 2008

Aprovação de Lula é lição democrática para políticos

LULA APROVADO POR 77,7%
A aprovação estrondosa e sem precedentes do presidente Lula é o agradecimento das grandes massas que foram incluídas como cidadãs e consumidoras. O presidente Lula cumpriu o seu destino e não abandonou suas raízes. Organizou seu governo para a distribuição de renda, pela inclusão social, pela dignidade do ser humano. Hoje, sua popularidade é uma lição de democracia para os políticos acostumados a prometer em campanha e mentir com o mandato. Mesmo assim, ainda falta muito a ser feito pelo Brasil que vive num processo sempre crescente de concentração de renda há 500 anos.

Veja o texto: Saiu mais uma pesquisa CNT/Sensus com avaliação do governo e do presidente Lula: em setembro, a aprovação pessoal de Lula passou para 77,7% (na pesquisa anterior, de abril, estava em 69,3%). A aprovação ao governo Lula também subiu de 57,5% para 68,8%, abaixo apenas dos 83,6% de janeiro de 2003, início do mandato.
Realizada entre 15 e 19 de setembro, a pesquisa da Confederação Nacional dos Transportes (CNT) e do instituto Sensus ouviu 2 mil pessoas em 136 cidades de 24 Estados. A primeira pesquisa foi feita em 1998, início da Era FHC.
Para 23,2% dos entrevistados, o governo Lula é regular (antes, para 29,6%) e para 6,8% é ruim (antes, para 11,3%). O resultado quanto ao desempenho pessoal do presidente voltou para níveis registrados em, seu primeiro mandato: desaprovação de 16,6% - bem abaixo dos 26,1% de abril deste ano. O bom desempenho da economia e os programas sociais são os fundamentos dessa alta popularidade, segundo analistas da pesquisa CNT/Sensus.
A pesquisa indica a posição atual e as expectativas (próximos seis meses) da opinião pública quanto a emprego, renda, saúde, educação e segurança pública: nos últimos quatro anos, para 61,5% dos entrevistados a qualidade de vida melhorou no período. Ficou igual para 25,8% e piorou para 11,6%.

A seguir, outros pontos em destaque: Salário, emprego e renda: O salário mínimo na administração Lula é maior que em governos anteriores, segundo 58,1% dos entrevistados. As chances de emprego aumentaram para 52,9% dos entrevistados, ficaram iguais para 26,6% e pioraram para 16,9%. Já a renda mensal aumentou 36,2% das pessoas, se manteve para 42,7% e cai para 19,8%.
Para 81,1% das pessoas, o custo de vida subiu este ano, principalmente com a alta dos preços de alimentos, cujos preços são a maior fonte de inflação, segundo 69,2% dos entrevistados.
Educação e saúde : O atendimento à saúde ainda deixa a desejar: melhorou só par a 30.3% dos entrevistado; se manteve para 32,4% e piorou para a maior parcela, 36,3%. Mas na educação há mais satisfeitos: a escola melhorou na percepção de 43,2% dos entrevistados e ficou igual para outros 29%. Só ficou pior para 26% - pouco mais de um quarto da população.
Segurança pública : Aqui, o sentimento é de piora generalizada, ainda que em proporções não muito grandes: só 24,4% dos entrevistados disseram ter havido avanço (em abril, eram 25%); houve piora segundo 46,5% (em abril, a parcela era menor, 43%) e não houve nenhuma alteração para 27,4% (antes, 29%).
Ação social: Do total de entrevistados, 65,6% conhecem os programas sociais do governo federal e 75,3% votariam em candidatos apoiados pelo governo para garantir sua continuidade.
Na pesquisa, a expectativa da população para os próximos seis meses quanto a todos estes indicadores é mais confiante que pessimista. De todas as perguntas, a única que indicou aumento no número de pessimistas entre abril e setembro, foi a que se refere às chances de emprego: para 11,7% dos entrevistados elas vão piorar (em abril, estes era 11,0% do total). E vão melhorar para 59,2% (antes, para 55,3%).
Esta é a evolução no número de pessoas mais confiantes em relação aos demais pontos da pesquisa, de abril a setembro: de 51,73% para 55,53% quanto a aumento da renda, de 52,23% para 57,93% na melhora do atendimento de saúde, de 55,33% para 60,53% na oferta de educação e até de 43,23% para 50,3% na questão de segurança pública.
Eleições -- Para 47,8% dos entrevistados, tem sido ótima ou boa a administração no Estado; regular para 33,8% e ruim ou péssima para 15,9%. E as administrações municipais são aprovadas por 48,2% dos entrevistados, consideradas apenas regulares por 25,8% e ruins ou péssimas por 23,3%.
Por isso, se 35,9% dos entrevistados dizem ter muito interesse nas eleições municipais deste ano, 40,6% têm interesse médio e 21,5% não têm qualquer interesse.
Para 48,9% dos entrevistados, a escolha do candidato depende de sinais de que será um bom administrador. Para 18,8%, valem mais as propostas. A pessoa do candidato é importante para 18,2%, que preferem um bom político, e para 11,0%, preocupados com as qualidades pessoais do candidato.
A execução de serviços públicos (40,4%) é o que mais esperam os eleitores dos prefeitos a serem eleitos; 33,1% esperam a geração de emprego; 17,0% combate à violência e 4,3% que o novo prefeito participe dos grande temas nacionais.
Os debates na TV (29,5%) ganham dos programas do TER (25,6%) e do contato pessoal (23,3%) na definição do candidato a prefeito. O voto já está definido por 59,8% dos entrevistados; no; 17,0% dizem já ter preferência, mas ainda podem mudar de candidato e 18,9% não se definiram ainda.
Candidato a prefeito apoiado por Lula teria, hoje, 44,1% dos votos, e outros 30,9% só votariam nele se também o conhecessem. Quanto a candidatos a prefeito apoiados pelo governador de cada Estado, votos só teriam de 37,4% dos entrevistados.
A pesquisa aponta, também, a tendência do eleitorado brasileiro para a eleição presidencial de 2010, em primeiro turno: em votação espontânea Lula foi apontado por 23,4% dos entrevistados. Depois de Lula, os nomes mais indicados foram os de José Serra (6,7%), Aécio Neves (3,3%), Dilma Rousseff (1,9%), Heloísa Helena (1,5%%), Ciro Gomes (1,4%) e Geraldo Alckmin (1,4%).
A maioria (56,7%) ainda não se definiu, conclui a CNT/Sensus

Pobreza cai mais rápido em SP do que no país, diz estudo

Deveria cair mais rápido ainda. Afinal, São Paulo é tida e havida como a locomotiva do Brasil. Precisou ter uma nova política social e econômica, que devemos os méritos ao presidente Lula, para que a pobreza também diminuísse em São Paulo.
Leia o texto: De 2006 para 2007, proporção de pobres no Estado diminuiu de 22,8% para 20,4%. No Brasil, total de pobres caiu de 26,9% da população para 25,1%; queda da pobreza, porém, perdeu velocidade nos último anos
A pobreza caiu em ritmo mais acelerado no Estado de São Paulo do que na média do país em 2007, diz estudo da economista Sonia Rocha, do Iets (Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade) com dados da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios).
No ano passado, a proporção de pobres no Estado passou de 22,8% para 20,4%, o menor percentual desde o início da série, em 1995. A população em São Paulo em 2007, de acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), era de 39,8 mil.
Segundo a economista, a melhora da pobreza na região metropolitana motivou a redução do índice. "A pobreza metropolitana é o núcleo duro da pobreza paulista. Dos 8,1 milhões de pobres paulistas, 5,5 milhões são metropolitanos", disse. No Brasil, o número de pobres declinou de 49,04 milhões de pessoas em 2006 para 46,25 milhões em 2007, uma redução de 2,8 milhões de indivíduos pobres. Em termos percentuais, o total de pobres diminuiu de 26,9% para 25,1%.
Apesar da redução, os dados mostram que a queda da pobreza perdeu velocidade. Em 2005, ela havia caído 2,7 pontos percentuais; em 2006, 3,6 pontos; e, em 2007, 1,8 ponto.

Classe social -- Um levantamento do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) com base nos dados coletados pela Pnad de 2007 mostra que 13,8 milhões de brasileiros ascenderam socialmente de 2001 a 2007.
O estudo, divulgado ontem, estabelece três faixas: renda familiar de até R$ 545,66 (baixa); entre R$ 545,66 e R$ 1.350,82 (média); e acima de R$ 1.350,82 (alta). Segundo o pesquisador do Ipea Ricardo Amorim, 10,2 milhões de pessoas passaram da faixa de renda baixa para a de renda média entre 2001 e 2007; e 3,6 milhões migraram da média para a alta. "O país está vivendo uma redução histórica da desigualdade. Mas há muito a fazer", disse Ricardo Paes de Barros, do Ipea.
Apesar de as estatísticas registrarem esse avanço, muitos especialistas afirmam que a Pnad tem dificuldades para aferir a renda do capital -o rendimento de fundos de investimentos ou ações, por exemplo.
Com isso, fica mais difícil "medir" a renda dos mais ricos- o que pode distorcer os resultados sobre desigualdade.
No questionário da Pnad, os pesquisadores do IBGE perguntam sobre os rendimentos obtidos com o trabalho e com outras fontes. Para especialistas, o rendimento com aplicações pode não ser informado, por diversas razões. "Isso, porém, não impede que capte tendências significativas em relação à renda", diz Marcelo Neri, da Fundação Getulio Vargas.

MENOS DESIGUAL
Brasil levaria 18 anos para ter um nível de desigualdade social 'aceitável'

Basta ler o nosso comentário de ontem em que afirmamos que ainda faltava muito a ser feito no Brasil. Hoje chegam os números que, infelizmente, comprovam nossa análise. Mas é possível acelerar a distribuição de renda no Brasil, desde que controlemos nossas riquezas, aprendamos a gastar bem e desenvolvamos políticas sociais a favor dos excluídos, dos trabalhadores informais e dos que nem sequer conseguem ter acesso a renda.
Veja o texto: O Brasil está menos desigual, mas ainda seria preciso quase duas décadas para atingir níveis mundiais aceitáveis. É o que indica o estudo do economista Ricardo Paes de Barros, do Ipea, com base nos dados da última Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad 2007) . Segundo a pesquisa, seriam necessários mais 18 anos, com o mesmo ritmo atual de redução da desigualdade social, para que o indicador brasileiro seja comparável à do resto da humanidade.
O economista aponta que o Brasil está entre os países que mais reduzem a desigualdade no mundo. A renda dos 10% mais pobres cresce sete vezes mais do que a dos 10% mais ricos entre 2001 e 2007. Essa taxa de crescimento da renda dos 10% mais pobres é muito próxima da que se vê na China. Para os mais ricos, a comparação é com o Senegal .
O Índice de Gini (quanto mais próximo de 1, maior a desigualdade) caiu 7% de 2001 a 2006, de 0,593 para 0,552, considerando renda familiar per capita. Trata-se de uma redução média de 1,2% ao ano, ritmo acentuado e sustentável. Para o Ipea, a desigualdade ideal seria um Gini de 0,40.
Um outro estudo, do economista Ricardo Amorim, também do Ipea, mostra que quase 14 milhões de brasileiros ascenderam socialmente no país entre 2001 e 2007. Segundo a pesquisa Pobreza e Mudança Social, 10,2 milhões de brasileiros passaram da classe de renda mais baixa (até R$ 545,66) para a faixa de renda média (de R$ 545,66 a R$ 1.350,82), e 3,6 milhões saltaram da renda média para a classe mais alta (acima de R$ 1.350,82 reais)

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Nota de luto -- Morte de Eleno José Bezerra

Nota de luto -- Morte de Eleno José Bezerra
"A classe trabalhadora brasileira perdeu um grande combatente. O Brasil perdeu uma grande liderança", afirma Ricardo Patah, presidente da UGT, em nota distribuída para a imprensa e para os sindicatos e entidades filiadas à UGT, em nota de luto sobre a trágica morte de Eleno Bezerra.
A União Geral dos Trabalhadores (UGT) junta-se aos familiares, amigos e lideranças sindicais do Brasil todo para lamentar o trágico acidente, ocorrido no sábado, 20 de setembro, e que fez a classe trabalhadora brasileira perder Eleno José Bezerra, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo e Mogi das Cruzes, da CNTM (Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos) e vice-presidente da Força Sindical.
Eleno José Bezerra pautava o Brasil em todos os debates sindicais e políticos que participava. Foi com determinação, habilidade política e senso de patriotismo que consolidou sua liderança ao incluir em seus discursos os pontos de vista de seus adversários, o respeito por aqueles que ainda não tinham compreendido sua argumentação e a determinação de debater exaustivamente até obter o consenso que unia todos a favor das grandes causas que faziam parte de sua agenda: um Brasil com mais emprego, com salários dignos e, principalmente, com mais Justiça Social.
A classe trabalhadora brasileira perdeu um grande combatente. O Brasil perdeu uma grande liderança.
Honremos o companheiro Eleno José Bezerra ao redobrar nossa eficiência nas mobilizações sindicais e políticas a favor da classe trabalhadora brasileira
Assinam a nota:
Ricardo Patah, presidente da UGT; Roberto Santiago, vice-presidente; David Zaia, vice-presidente; Canindé Pegado, secretário geral; Moacyr Pereira, secretário de finanças e Chiquinho Pereira, secretário de organização.


Brasil vive a década da redução da desigualdade social?
O bom de a gente poder dividir com os companheiros e companheiras as análises das notícias é ter a oportunidade de escapar das manipulações mais óbvias. Falar que o Brasil vive a década da desigualdade social é, no mínimo, um certo exagero. Ainda falta muito para a gente se aproximar deste patamar. A desigualdade de renda, de oportunidades, de salários, de condições de moradia e de assistência à saúde ainda é a norma. Infelizmente. Nada, portanto, a comemorar. E sim de continuarmos mobilizados a favor desta tão necessária redução drástica da desigualdade.
Leia os dois textos a seguir, produzidos em cima de informações da Fundação Getúlio Vargas e reflita: A redistribuição de renda e o aumento da classe média foram as características principais do período de dez anos fechado em 2007. A constatação é do estudo “Miséria e a Nova Classe Média na Década da Igualdade”, divulgado na sexta-feira, pela Fundação Getulio Vargas.
No período, a classe média cresceu 15 pontos percentuais. Em 1992, 32,52% da população se enquadrava na classe média e esse contingente chegou a 47,06% em 2007. Nos quatro anos finais do período, o crescimento passou de 37,06% para 47,06%. Só em 2007, 1,5 milhão de pessoas saíram da linha de pobreza.
Para os técnicos da FGV, o resultado se deve ao bom desempenho da economia e da geração de emprego formal a partir de 2004.
O economista da Fundação Getulio Vargas (FGV) Marcelo Neri disse que a redução da desigualdade social vem beneficiando diretamente uma nova classe social, a nova classe média.
O coordenador da pesquisa explicou que essa nova classe média veio da classe E, mas não parou na D. Ela tem renda familiar entre R$ 1.064 e R$ 4.591, e em sua maioria tem carteira de trabalho assinada.
Outro aspecto da nova classe média é a presença significativa de afro-brasileiros e das mulheres que estão ascendendo para a classe C, por meio do trabalho.

Renda dos 10% mais pobres caiu no ano passado, diz FGV -- Recuo na renda dessa parcela da população foi de 5,2%, segundo dados da Pnad.
Com isso, o número de brasileiros que deixaram de ser miseráveis em 2007, 1,5 milhão de pessoas, foi o menor desde 2004. A renda dos 10% mais pobres da população caiu 5,2% no ano passado, segundo estudo divulgado ontem pela FGV (Fundação Getulio Vargas) com base nos dados da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), do IBGE.
Essa queda de renda da população mais pobre teve efeitos nos indicadores de miséria e pobreza, segundo a FGV. O número de brasileiros que cruzaram a linha da miséria foi o menor desde 2004.
Mesmo assim, cerca de 1,5 milhão de brasileiros deixaram de ser miseráveis em 2007, segundo os critérios da FGV (indivíduos com renda familiar per capita inferior ao valor calculado para o seu Estado e que varia de acordo ao custo de vida das diferentes regiões; a média nacional é de R$ 127).
Em 2007, 18,11% dos brasileiros podiam ser considerados miseráveis. Em 2006, eram 19,8%. A redução do percentual foi de 5,5% -contra 15% verificados entre 2006 e 2005.
Segundo o critério utilizado pelas metas do milênio da ONU (Organização das Nações Unidas) e pelo Banco Mundial (indivíduos que vivem com menos de US$ 1 por dia, ajustados pelo poder de compra do dólar de acordo com o país), o percentual de brasileiros que vivem na pobreza extrema chegou a subir: de 4,69% em 2006 para 4,94% no ano passado.
"Apesar de não repetirmos o resultado de 2006, considero que os avanços na redução da desigualdade continuam sendo fantásticos. Se os anos 90 foram a década da estabilização, a atual década é a da redução da desigualdade", diz o economista Marcelo Neri, responsável pelo Centro de Pesquisas Sociais da FGV.
A redução do ritmo de melhora nos indicadores de miséria e pobreza está relacionada com o aumento do número de brasileiros sem qualquer tipo de rendimento (de 1,2% da população em 2006 para 1,8% no ano passado) e podem ser atribuídos a três fatores, segundo o pesquisador.
O primeiro: efeito de um questionário especial sobre renda e políticas sociais aplicado pelo IBGE na Pnad de 2006. Como o questionário não foi usado no ano passado, pode ter havido "ruído" na comparação entre os anos.
O segundo fator: houve aumento do emprego formal, com carteira assinada, e redução das possibilidades de trabalho informal para essa população extremamente pobre, exatamente a que mais depende de biscates. A maior formalização, portanto, contribuiu para a perda de renda dos 10% mais pobres, segundo o pesquisador.
O terceiro está relacionado ao Bolsa Família: no ano passado, não houve expansão do programa de transferência de renda (em 2006, 2 milhões de famílias foram incluídas). Segundo a diretora do cadastro único de programas sociais do governo federal, Lúcia Modesto, o Bolsa Família encontra dificuldades para atingir a fatia mais pobre da população: "São os excluídos dos excluídos, uma população que a gente precisa ir atrás, o que é uma tarefa difícil: por isso estamos trabalhando com os municípios para identificar esses bolsões de pobreza".

Classe C em alta — Já a emergente classe C brasileira permanece em expansão, de acordo com a FGV. O levantamento mostra que as faixas intermediárias tiveram os maiores percentuais de crescimento de renda no ano passado: mais de 5%.
Isso fez com que o percentual de brasileiros na chamada classe C subisse de 45% para 47%. O critério da FGV estabelece que famílias com renda total de R$ 1.064 a R$ 4.591 podem ser consideradas de classe C.

PETRÓLEO -- Pré-sal: Limite para nova aplicação do FGTS em ações da Petrobras deve ser menor
A notícia é boa. Especialmente do ponto de vista dos trabalhadores. Queremos, sim, apoiar o Pré-Sal e principalmente participar não apenas dos investimentos, dos ganhos, mas também da destinação final dos eventuais lucros, através de uma política de responsabilidade fiscal, com a definição clara de como e em que investimentos sociais serão gastos o lucro do pré-sal.

Veja o texto:
O governo estuda permitir que os trabalhadores usem parte do dinheiro da conta do FGTS na compra de ações da Petrobras , viabilizando uma nova capitalização da empresa, como antecipou a "Folha de S. Paulo" na sua edição de domingo. A medida, segundo fontes ligadas ao Palácio do Planalto, está sendo discutida pela comissão interministerial que está tratando do novo marco regulatório sobre a exploração do petróleo na camada pré-sal .
Mas, segundo especialistas e fontes do Conselho Curador do FGTS, a permissão deverá ser restrita para evitar a descapitalização do fundo - a principal fonte de recursos para habitação e saneamento básico no país. Eles avaliam que, dificilmente, será autorizada a mesma parcela de 2000 - quando o trabalhador podia investir até 50% do saldo da conta do FGTS na Petrobras. A expectativa é que a procura seja enorme, o que poderia reduzir à metade o saldo total das contas vinculadas ao fundo de R$ 151,85 bilhões (em junho).

Doença compromete até 13 anos de vida do brasileiro, pressionando gastos com previdência
Viver no Brasil é muito dificultoso, como diria Guimarães Rosa. Aumenta a expectativa de vida e as pessoas se percebem doentes e desamparadas. Para garantir a qualidade de vida é importante que investimentos urgentes sejam feitos em saneamento básico, na medicina preventiva, no acompanhamento e amparo da terceira idade.
Leia o texto: A esperança de vida do brasileiro tem aumentado nas últimas décadas (em 1980 era de 62,5 anos, subindo para 72,3 anos em 2006), mas isso não significa que todas as crianças nascidas recentemente chegarão saudáveis à velhice ou mesmo conseguirão alcançá-la. Tal situação pressionará ainda mais os gastos com saúde e previdência social, pode reduzir a capacidade econômica do país e vai pôr a economia em desvantagem diante dos principais países emergentes. Esta é a principal conclusão de uma pesquisa recém-concluída pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
A pesquisa aponta que o homem brasileiro passa, em média, 11,1 anos de sua vida com a saúde comprometida e as mulheres, 13,5 anos. Cerca de um em cada 7,7 anos de vida deverá, para os que nasceram em 2003, ocorrer em condições de vida precárias. Nos Estados Unidos, por exemplo, são 9,4 anos para os homens e 8,2 para as mulheres. No caso da Rússia, Africa do Sul e Índia, esse tempo de vida é menor, mas a razão é outra, mais dramática:
- Ali, em média, a população não saudável tem menor assistência e morre rapidamente - explica Maria Piñon Dias, co-autora do estudo.