segunda-feira, 2 de maio de 2011

Menos juros para distribuir melhor a renda com investimentos na produção e na geração de empregos

As preocupações da UGT neste Primeiro de Maio

A União Geral dos Trabalhadores comemora os avanços unitários da classe trabalhadora brasileira.

Ampliamos a unidade das categorias nas bases e nas direções das centrais sindicais. E este Primeiro de Maio provou, na prática, nossa disposição unitária de continuar a avançar para um Brasil ainda mais justo, mais igual e com mais distribuição de renda.

Por isso, nos preocupa a escalada dos juros, que tem se provado um remédio amargo para a população e para a classe trabalhadora. Sem conseguir, como tentam explicar os economistas de plantão, controlar a inflação. E inflação para a classe trabalhadora ameaça a distribuição de renda que fazem parte do DNA dos governos Lula e de Dilma Rousseff.

Por isso estamos preocupados.

Nos preocupa também a burocracia em torno do Programa de Aceleração do Crescimento. Precisamos de respostas governamentais rápidas para resolver os inadiáveis gargalos na infra-estrutura, na recuperação e construção de portos e estradas para facilitar o escoamento das nossas safras e de nosso intercâmbio comercial com o resto do mundo.

A pressão positiva da Copa do Mundo de 2014 e das Olimpíadas de 2016 precisa também ser respondida, imediatamente, com a reforma e ampliação dos aeroportos. Com investimentos imediatos na Educação e com a qualificação imediata dos trabalhadores que vão atender o imenso fluxo de turistas.

Nossa esperança, enquanto classe trabalhadora, é que o governo da presidente Dilma ajude o Brasil a abandonar de vez o viés financista nas politicas públicas, descarte essa ineficiente política de juros altos, e passe a apostar, de verdade, nos investimentos produtivos.

Ou seja, na construção de casas, tão necessárias. De obras públicas, como usinas hidrelétricas, hospitais e escolas. Investimentos que geram riquezas. E distribuição de renda através dos empregos. Com oportunidades para todos. (Ricardo Patah, presidente nacional da UGT)

Inflação reduz aumento real nos acordos já negociados

No ano passado, os líderes sindicais compartilhavam um discurso afinado: mantido o ritmo acelerado da economia e a falta de qualificação de trabalhadores como "trava" para maiores contratações, nem uma taxa de inflação mais salgada seria capaz de evitar grandes ganhos nos salários. As negociações salariais das categorias com data-base até maio, contudo, derrubaram essas expectativas. Diante do aumento da inflação (a taxa acumulada nos 12 meses terminados entre abril e maio passou de 5,3%, em 2010 para 6,3% neste ano), nem mesmo a dificuldade em recrutar trabalhadores faz as companhias cederem acordos maiores. Também apareceram as primeiras categorias que aceitaram acordos quase só repondo a inflação, como os têxteis de Brusque em Santa Catarina.

"Um aumento de 7%, na folha de pagamentos, é alto em qualquer cenário. Só que com inflação em 5%, os empregados ganham 2% de aumento real, quando a inflação bate em 7%, ficam sem", resume o empresário José Carlos Ribeiro, presidente do Sindicato do Comércio Varejista no Estado de Goiás (Sindilojas), onde trabalham 120 mil comerciários, que receberam 7,31% de reajuste - ou 1% real. Segundo o empresário, a inflação serve de "ponto-chave" na negociação - para os trabalhadores, é o ponto de partida, mas para os empresários, é "quase o teto".

O Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias de Fiação, Malharia, Tinturaria Tecelagem e Assemelhados de Brusque (Sintrafite), em Santa Catarina, fechou acordo coletivo com reajuste de 6,5% com data-base em 1º de maio. O percentual correspondeu praticamente à inflação do período, e empatou com o conquistado no período anterior, mas a inflação era quase 1 ponto percentual menor.

O setor têxtil enfrenta dificuldades na região com o fechamento de empresas e atrasos de salários, situação deflagrada com o aumento dos preços do algodão. Com data-base em maio, os trabalhadores da indústria metalúrgica de Joinville ainda negociam o reajuste. A categoria reúne cerca de 18 mil trabalhadores na região.

No setor público paulista, o cenário de inflação mais alta torna o trabalho do sindicato "ainda mais difícil do que já era em anos de inflação baixa", segundo Renê dos Santos, presidente da entidade que representa os funcionários públicos em companhias como Sabesp e Cetesb. O acordo do ano passado circula, até hoje, no Tribunal Superior do Trabalho (TST), envolvendo uma demanda de reajuste de 1,5% acima da inflação.

Após assistir às dificuldades encontradas por sindicatos de trabalhadores para negociar ganhos muito superiores à inflação neste começo de ano, as categorias que negociam em abril e maio procuram saídas. "Se é para ficar só na inflação, que seja então o IGP-M", diz Altino Prazeres, presidente do Sindicato dos Metroviários de São Paulo, em referência ao Índice Geral de Preços-Mercado (IGP-M), calculado pela Fundação Getulio Vargas (FGV), que já acumula alta de 14% nos 12 meses terminados em abril. É o dobro da inflação medida pelo INPC, índice mais usado nos acordos salariais no país.

A falta de qualificação dos trabalhadores atinge diversos setores, sendo mais dramática na indústria, onde 94% dos 1,6 mil fabricantes consultados pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), em pesquisa recente, definiram a falta de qualificação como principal fator limitante para aumento da produção. Em áreas como transporte, há dificuldades para atrair desde motoristas de caminhões, para movimentação de carga, até condutores de ônibus para transporte público. De acordo com a Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística (ANTC), haverá um déficit de 120 mil caminhoneiros neste ano. Em Curitiba (PR), as concessionárias de transporte coletivo estão qualificando os cobradores, após o expediente, de forma a torná-los motoristas de ônibus, diz o Sindicato dos Motoristas de Curitiba.

Pressionadas pela demanda por motoristas, as empresas cederam um reajuste pouco superior ao do ano passado aos 1,1 mil cobradores de ônibus de Florianópolis (SC). As negociações ainda não foram concluídas, mas as companhias já ofereceram reajuste de 8% nos salários, o que resultaria em alta de 1,7% acima da inflação - no ano passado, o reajuste de 6% contou com alta de 1,3% além do INPC. "Acho que ainda podemos conseguir mais, porque como todos os setores estão crescendo, muitos cobradores estão pensando em mudar de profissão e também ganhar mais", diz Marciano Rodolfo da Silva, secretário de organização do Sindicato dos Trabalhadores em Transporte da Grande Florianópolis.

Os quase 800 mil trabalhadores na construção civil de São Paulo devem ter conhecer hoje a contraproposta das empresas para o reajuste salarial. O pedido é de um aumento de 10%, entre reposição da inflação e ganho real. Segundo Haruo Ishikawa, vice-presidente de relações do trabalho do Sindicato da Indústria da Construção Civil de São Paulo (Sinduscon-SP), o acordo levará em conta "uma inflação mais alta, que nos atrapalha muito", e as "constantes matérias publicadas nos jornais mostrando que há falta de qualificação dos trabalhadores". Segundo ele, essas informações "atrapalham" porque dão ao sindicato o poder de barganhar salários maiores.

Para Sergio Mendonça, supervisor-técnico do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócioeconômicos (Dieese), os sindicatos não devem esperar reajustes reais tão elevados quanto os conquistados em 2010. "A inflação está mais alta, e, no acumulado em 12 meses, pode beirar 7,5% no meio do ano. Ficará difícil colocar 3% real, como no ano passado, porque nesse caso os reajustes seriam todos de dois dígitos", avalia. Segundo Mendonça, no entanto, trata-se de um "boa dificuldade". "A economia continua crescendo e gerando empregos, e a inflação tende a recuar a partir do segundo semestre. Não se trata, portanto, do governo apertar a mão e derrubar o crescimento", diz. (Valor)

Aposentados terão desconto menor do IR no benefício a partir deste mês
Os aposentados e pensionistas que têm desconto automático do Imposto de Renda no benefício pago pela Previdência Social passarão a ter um corte menor a partir deste mês. Na prática, eles passarão a ter rendimento líquido maior do benefício.
O aumento ocorre devido à correção tardia de 4,5% na tabela do IR usada sobre os rendimentos deste ano -e que servirá para a declaração de 2011. O governo só corrigiu a tabela após pressão.
Por isso, os primeiros pagamentos do ano foram feitos usando a tabela antiga, de 2010, mesmo após a correção do valor dos benefícios, em janeiro.
O teto da isenção também foi alterado, de R$ 1.499,15 para R$ 1.566,61. Logo, todos os segurados que tinham desconto -aqueles que recebem a partir de R$ 1.499,16- terão desconto menor.
A maior diferença no desconto -ou seja, o que os beneficiários irão pagar a menos- será de R$ 22,75, para os beneficiários do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) que recebem entre R$ 3.130,51 e R$ 3.689,66 (o teto previdenciário), e têm menos de 65 anos de idade.
Um segurado de 60 anos que recebe R$ 3.200, por exemplo, tinha desconto de R$ 214,38 referentes ao IR até o pagamento de abril. A partir deste mês, o desconto para ele será de R$ 191,63.
Com a correção da tabela do IR, houve aumento na parcela dedutível do imposto, o que gera essa diferença. A parcela a deduzir desse segurado, que era de R$ 505,62, passou para R$ 528,37.
Para os aposentados que têm mais de 65 anos, a faixa de isenção do IR passou de até R$ 2.998,30 para até R$ 3.133,22. Como esses segurados têm direito a uma isenção maior, a diferença no desconto será menor. Eles receberão, líquidos, até R$ 10,12 a mais por mês. (Folha)

Dilma envia mensagem a trabalhadores na festa de 1º de Maio

A presidenta Dilma Rousseff enviou hoje (1º) mensagem aos trabalhadores que participaram da festa do Dia do Trabalho realizada pelas centrais sindicais na Avenida Marquês de São Vicente, na Barra Funda, zona oeste da capital paulista. Participaram da festa a Força Sindical, a Central Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB), a Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), a Nova Central Sindical de Trabalhadores (NCST) e a União Geral dos Trabalhadores (UGT).

Na mensagem, lida pelo ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, Dilma disse que a data se transformou no símbolo da luta pela dignidade do trabalho em todo o mundo e reforçou o compromisso de seu governo com a melhoria de vida dos trabalhadores.

“Não permitirei, sob nenhuma hipótese, que a inflação volte a corroer o poder aquisitivo dos trabalhadores. Nos últimos oito anos, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva promoveu a maior política de empregos já vista no país. Foram criados 20 milhões de postos de trabalho com carteira assinada, férias e décimo-terceiro salário. No meu governo,vamos criar as oportunidades de trabalho”.

Na carta, ela lembrou que lançou na última quinta-feira (28) o Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec). “Esse programa vai permitir que o Brasil transforme completamente a qualidade da formação profissional dos jovens trabalhadores. Até 2014, o programa vai criar 8 milhões de novas oportunidades de formação profissional tanto para jovens quanto para trabalhadores de mais idade”.

Durante o ato político de manhã, na festa que tem como lema "Desenvolvimento com Justiça Social", os sindicalistas defenderam a redução da jornada de trabalho sem redução de salários, o fim do fator previdenciário e a valorização das aposentadorias, a valorização do salário mínimo, o trabalho decente, a igualdade entre homens e mulheres, a valorização do serviço público e do servidor público, a reforma agrária, a educação e qualificação profissional e a redução da taxa de juros. (Folha de Pernambuco)

Inflação terá pico durante disputa salarial
Categorias influentes negociam reajuste em agosto, quando índice acumulado deve chegar a 7,4%, o maior desde 2003. Trajetória de ganhos iniciada em 2004 entra em choque com política anti-inflação conduzida pelo governo federal.
Há apenas oito meses, os metalúrgicos do ABC paulista comemoravam o maior ganho de sua história de disputas salariais. O reajuste obtido, de 10,8%, significava um aumento do poder de compra de 6,3%.
Caso queiram -e possam- repetir o feito neste ano, os representantes da categoria terão de pleitear em quatro meses, quando voltarão às negociações com seus empregadores, aumento muito maior, acima de 14%.
Segundo as projeções mais consensuais do governo e do setor privado, a presente escalada da inflação atingirá seu pico justamente quando corporações mais numerosas e influentes no sindicalismo nacional estarão em campanha.
Se o 1º de maio é simbólico, o 1º de setembro é concreto para os trabalhadores do país. Trata-se da data-base de metalúrgicos, bancários e petroleiros, para citar apenas os mais importantes e referenciais para as demais categorias profissionais.
Neste ano, a continuidade da trajetória de ganhos salariais -iniciada em 2004 e com recorde em 2010- entrará em choque com a política anti-inflacionária da administração petista.
Em outras palavras, quanto maior for o sucesso das campanhas salariais, mais difícil será o esperado retorno dos índices de inflação aos patamares desejados a partir do fim deste ano.
Pelas estimativas de investidores e analistas de mercado pesquisadas pelo Banco Central, o INPC, índice que normalmente baliza negociações, e o IPCA, referência para metas oficiais, chegarão a 7,4% no período de 12 meses encerrado em agosto.
Se as previsões se confirmarem, será a maior taxa para o período desde 2003, no primeiro ano de mandato do ex-metalúrgico Luiz Inácio Lula da Silva, quando a maior parte das negociações salariais foi incapaz de repor as perdas acumuladas.
Naquela época, a economia vivia estagnação decorrente de medidas tomadas para superar a crise financeira do ano anterior; agora, deixa-se para trás um período de superaceleração econômica, mas o freio é suave.
Não por acaso, a evolução dos salários é uma das preocupações centrais da política de controle da inflação, cujo objetivo é levar o IPCA à meta de 4,5% no próximo ano. Este já é dado como perdido.
"O dinamismo da atividade doméstica continuará a ser favorecido pelo vigor do mercado de trabalho, que se reflete em taxas de desemprego historicamente baixas e em substancial crescimento dos salários", diz a ata da última reunião do Copom, o comitê do BC responsável pela fixação dos juros.
De acordo com o mesmo documento, um "risco importante" é a "concessão de aumentos de salários incompatíveis com o crescimento da produtividade e suas repercussões negativas sobre a dinâmica da inflação".
A LCA Consultores divulgou recentemente um estudo no qual estima as chances -ou riscos, do ponto de vista do BC- de reajustes salariais generosos nas próximas negociações salariais.
Segundo a consultoria, os ganhos obtidos pelos trabalhadores nos últimos meses indicam um mercado menos favorável que o de 2010.
"Essa certamente é uma boa notícia no que toca ao cenário prospectivo para a inflação, principalmente em relação aos temores de uma volta da indexação de preços e salários nos moldes daquela vivenciada no período de inflação crônica", diz o texto. (Folha)