terça-feira, 27 de julho de 2010

Convenção 151 é de interesse de todos os trabalhadores no serviço público brasileiro que são representados por todas as centrais sindicais

UGT representa servidores públicos e tem, portanto, legitimidade em participar das negociações da Convenção 151

(Postado por Wagner José de Souza, presidente do Sindicato União dos Servidores do Poder Judiciário do Estado de São Paulo; presidente da Federação Brasileira das Entidades Sindicais de Servidores do Poder Judiciário, Sebraj; vice-presidente adjunto da Comunidade Sindical dos Países da língua Portuguesa e 1o. Secretário de Relações Internacionais da UGT) — Os acordos que o Brasil assinou com a Organização Internacional do Trabalho (OIT), em torno da Convenção 151 são para todos os trabalhadores do serviço público brasileiro. A UGT é contra a tentativa de negociação encaminhada apenas pela CUT e condena também as articulações com o Ministério do Planejamento. Entende que o canal mais adequado, que tem expertise para lidar com todos os trabalhadores brasileiros e, em especial, com os trabalhadores do serviço público é o Ministério do Trabalho e Emprego. Daí estar insistindo em negociações transparentes, abrangentes e que respeitem todas as centrais sindicais, inclusive a CUT que, infelizmente, tenta excluir as demais centrais.

Veja a íntegra do documento que será protocolado hoje em Brasília:

UGT e demais centrais, exceto CUT, exigem inclusão na discussão e encaminhamento legal e constitucional da Convenção 151

A UGT e as demais centrais sindicais, exceto a CUT, protocolam, hoje, o documento a seguir, junto às respectivas autoridades e ministérios, exigindo que a discussão e encaminhamento da Regulamentação da Convenção 151, que se dará através de projetos de lei completar e os estatutos de elaboração dos mesmos sejam debatidos com a inclusão das centrais signatárias do documento e que se dêem através do Ministério do Trabalho e Emprego, respeitando-se todas as centrais sindicais brasileiras. Atualmente, a discussão está ocorrendo no âmbito do Ministério do Planejamento e tem como interlocutor apenas a Central Única dos Trabalhadores, excluindo da discussão e encaminhamento das demais centrais:

EXCELENTÍSSIMA SENHORA MINISTRA- CHEFE DA CASA CIVIL

DRA. ERENICE ALVES GUERRA

EXCELENTÍSSIMO SENHOR MINISTRO DO TRABALHO E EMPREGO

DR. CARLOS LUPI

EXCELENTÍSSIMO SENHOR MINISTRO DO PLANEJAMENTO, ORÇAMENTO E GESTÃO

DR. PAULO BERNARDO

EXELENTÍSSIMO SENHOR SECRETARIO-GERAL DA PRESIDENCIA DA REPÚBLICA

DR. LUIZ DULCI

As Centrais Sindicais que subscrevem este requerimento tomaram conhecimento que o Ministério do Planejamento Orçamento e Gestão pretende encaminhar, para apreciação da Casa Civil, proposta de regulamentação de negociação coletiva, direito de greve e resolução de conflitos no âmbito das três esferas de governo e poder.

Tal proposta foi gestada na Mesa Nacional de Negociação Permanente do Ministério do Planejamento. A instalação desta mesa se deu em meados 2003, sendo que só em 2007 através de protocolo firmado entre O Ministério do Planejamento Orçamento e Gestão, entidades nacionais representativas dos servidores federais e a Central Única dos Trabalhadores – CUT, esta mesa produziu um documento final e paritário.

Mesmo tendo serias restrições e preocupações quanto ao conteúdo da proposta, reconhecemos a oportunidade da iniciativa de debate sobre temas tão importantes para o conjunto dos trabalhadores públicos e para a sociedade de maneira geral, tendo em vista que o Brasil acaba de ratificar a Convenção 151 da Organização Internacional do Trabalho - OIT.

No entanto, questionamos a forma antidemocrática e antissindical com que foi conduzido o processo de discussão, ao longo do período, por parte do Ministério do Planejamento Orçamento e Gestão. Senão vejamos:

1. O debate contou apenas com entidades representativas do setor público ligadas a Central Única dos Trabalhadores;

2. Das seis centrais sindicais legalmente reconhecidas pelo Ministério do Trabalho e Emprego e que possuem, em suas bases, sindicatos de servidores públicos das três esferas de governo e poder, apena uma teve garantida a sua participação no processo de discussão, que foi a CUT, ficando alijadas do processo as outras cinco centrais;

3. No protocolo firmado, “o Sistema de Negociação Permanente da Administração Pública Federal - SINP/FEDERAL – constitui-se de um conjunto articulado de regras, instrumentos e garantias, destinado a estimular compromissos e promover a interlocução organizada e institucional entre o Governo, as entidades de classe do funcionalismo público federal (grifo nosso) e a sociedade, como forma de regulamentação de suas relações institucionais”. (Documento Planejamento)

No nosso entendimento, não cabe ao Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão estender sua abrangência para legislar no âmbito dos poderes estaduais e municipais e, em especial intervir nas relações sindicais.

INFORME HISTÓRICO

Em 2009 ocorreu reunião na UGT para iniciar-se o processo de discussão sobre a Organização Sindical no setor público, com a participação das Centrais Sindicais, CUT, FORÇA SINDICAL, UGT, CGTB, CTB, NOVA CENTRAL E CONLUTAS.

Mesmo com posicionamento contrário a determinadas posições das outras Centrais, a CUT continuou coordenando a bancada sindical junto ao Mistério do Planejamento, sem considerar que o fórum das centrais, da qual ela faz parte, formulou pauta conjunta que foi levada e discutida com o governo Lula. Entre outros assuntos, destaca-se o atendimento ao pedido do envio da mensagem Presidencial para a ratificação da Convenção 151 da OIT, que culminou com depósito da ratificação junto a OIT no dia 15/06/2010 no Palácio das Nações em Genebra-Suíça.

Como se vê, as decisões sempre partiram do conjunto das Centrais Sindicais. Contudo, a partir de determinado momento, apenas a CUT passou a discutir a Organização Sindical no setor público perante o Ministério do Planejamento

Desta forma as demais Centrais e entidades como CSPB (Confederação dos Servidores Públicos do Brasil), que representa 37 Federações filiadas em todo o território nacional, foram alijadas do processo que visa estabelecer normas e regras do sindicalismo no setor público.

É certo que estas entidades quando requereram sua participação nas discussões junto ao Ministro do Planejamento foram imediatamente rechaçados.

Ademais, as relações sindicais são de competência do Ministério do Trabalho e Emprego, mesmo dos sindicatos do Setor Público, visto que nesta esfera temos o Ministério do Planejamento como Órgão empregador (patronal) que deve se relacionar com os servidores públicos da União para as negociações classistas.

Ao Ministério do Trabalho e Emprego cabe, por prerrogativa constitucional confirmado por decisão do Supremo Tribunal Federal, o controle da unicidade sindical e das normatizações nas relações laborais e sindicais.

Constituição Federal de 1988 veda a intervenção e a interferência do poder público na organização sindical, o Ministério do Planejamento possui restrições constitucionais para legislar ou propor elementos ensejadores de normatização nas organizações sindicais.

O Ministério do Trabalho e Emprego é o órgão competente para estudos, normatizações e regulamentações sindicais na condição de mediador do Governo Federal junto as Entidades de trabalhadores e patronais (negociações tripartites).

As Centrais já manifestaram acerca desta matéria ao Ministro do Trabalho Carlos Lupi; (Doc. Anexo) que culminaram com duas reuniões, sendo a ultima no dia 3 de julho 2010, com a participação das seis Centrais, Ministério do Trabalho e Ministério do Planejamento, com o posicionamento contrário das Centrais: CGTB, UGT, Nova Central, Força Sindical e CTB, registrado o devido protesto ao agente do Ministério do Planejamento presente.

Posto isso as Centrais: FORÇA SINDICAL, UGT, CGTB, CTB e NOVA CENTRAL requerem ao Governo Federal que diante do conflito Ministerial em tela, seja imediatamente retomado o Grupo de Trabalho sobre o assunto em questão, coordenado pelo Ministério do Trabalho e Emprego.

Termos em que

Pedem e esperam deferimento.

Brasília – DF, 22 de julho de 2010.

FORÇA SINDICAL

PRESIDENTE MIGUEL EDUARDO TORRES

UNIÃO GERAL DOS TRABALHADORES - UGT

PRESIDENTE RICARDO PATAH

CENTRAL DOS TRABALHADORES E TABALHADORAS DO BRASIL - CTB

PRESIDENTE WAGNER GOMES

NOVA CENTRAL SINDICAL DE TRABALHADORES – NCST

PRESIDENTE JOSÉ CALIXTO RAMOS

CENTRAL GERAL DOS TRABALHADORES DO BRASIL

PRESIDENTE ANTONIO FERNANDES DOS SANTOS NETO

Educação é a principal prioridade do próximo presidente

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Enquete realizada pelo GLOBO no início da campanha eleitoral identificou a Educação como prioridade e principal desafio do próximo presidente do Brasil. Entre os 2.380 eleitores que opinaram sobre os grandes problemas brasileiros, 57% acham a questão crucial para o futuro do país. Segurança (16%), Saúde (14%), Trabalho, Emprego e Renda (12%) e Cultura (1%) completaram a lista de necessidades. ( Confira as propostas dos presidenciáveis para a Educação)

O ambiente especial de Eleições 2010 publicará toda a terça-feira, nas próximas semanas, um panorama sobre os temas mais votados (Educação, Segurança e Saúde) e apresentará as propostas dos presidenciáveis Dilma Rousseff (PT), José Serra (PSDB) e Marina Silva (PV) até esse momento da corrida eleitoral.

Analfabetismo e violência ainda são desafios — Não faltam ao Brasil metas para melhorar o ensino. O Índice de Desenvolvimento da Educação (IDEB), principal indicador da qualidade da educação, que leva em conta o rendimento escolar nos anos iniciais e finais do Ensino Fundamental e também no Ensino Médio, estabelece que, numa escala de 0 a 10, o país chegue a 2021 com média 6 nas escolas de 1ª à 4ª série. Em 2009, o índice não passou de 4,6.

Candidatos ao Planalto, Serra, Dilma e Marina também já traçaram suas metas. Universalizar a alfabetização, investir nos cursos técnicos, aumentar o percentual do PIB, construir creches e apostar em educação integral são algumas das promessas. Mas o fato é: o investimento público em educação não ultrapassou 4,7% do PIB em 2008, segundo dados do Ministério da Educação (MEC). No ensino superior, em 2000, também de acordo com o MEC, eram investidos R$ 15.341 por aluno/ano. Em 2008, o número havia caído para R$ 14.763.

Além de estabelecer metas, nos últimos anos o Brasil passou a contar com vários mecanismos para medir a qualidade do que os alunos aprendem em sala de aula: Prova Brasil, que avalia a cada dois anos os estudantes da 4ª e da 8ª séries (5º e 9º ano), o Ideb, a Provinha Brasil, que avalia as crianças do 2º ano, e o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), que além de medir o nível dos alunos do ensino médio serve como critério de seleção para mais de 500 universidades. No entanto, os resultados causam alarde. No Enem de 2009, 97,8% das quase sete mil escolas que tiveram média abaixo de 500 - a escala vai de 0 a 1.000 - eram estaduais. Problemas como crianças fora das salas de aula, escolas com pouca ou quase nenhuma infra-estrutura e déficit de professores também preocupam.

Velhos fantasmas do sistema educacional público, como o analfabetismo e o déficit de professores no Ensino Básico, ainda podem assombrar o futuro presidente da República na próxima gestão. A violência urbana e falta de investimentos no setor tornam ainda mais precária a Educação do país, apontada por especialistas como um dos principais freios do crescimento nacional.

Veja as propostas dos presidenciáveis para a Educação (aqui vai o link)

O principal problema apontado pelos especialistas é o analfabetismo. Segundo informações do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), um estudo realizado em 2007 revelou que o número de analfabetos do país chega a 14,4 milhões.

" Não podemos pensar em crescimento do país com um número tão grande de analfabetos "

- Não podemos pensar em crescimento do país com um número tão grande de analfabetos. São pessoas que ainda não foram incluídas socialmente no país - disse o presidente do Conselho Nacional de Trabalhadores em Educação (CNTE), professor Roberto Leão. Ele ressaltou que, além daqueles que nunca tiveram acesso a uma carteira escolar, existem os chamados analfabetos funcionais, que chegam a cursar alguns anos do ensino fundamental e médio, mas saem dos colégios, muitas vezes, só sabendo assinar o próprio nome.

- Este poderá ser o principal desafio do presidente, já que o analfabetismo é um problema que outros presidentes tentaram em vão resolver. Seria importante que o futuro governo desenvolvesse um sistema de educação articulada. Digo articulada porque envolveria os diversos sistemas educacionais que existem. Resumindo, o ensino do Norte do país seria o mesmo do Sudeste, claro, respeitando as diferenças culturais - ressalta Leão.

Violência ameaça professores e provoca evasão escolar — Outro problema da educação pública é a violência urbana. Em vários estados, como o Rio de Janeiro, escolas que ficam localizadas em comunidades comandadas pelo tráfico de drogas ou grupos paramilitares (milícias) ficam dias, até semanas sem aula por conta dos frequentes tiroteios entre policiais e criminosos.

Nestes confrontos, muitas vezes os inocentes acabam sendo as vítimas, como na semana passada, quando um menino de 11 anos, aluno de um Ciep, foi atingido por uma bala perdida durante um confronto entre policiais militares e traficantes. Em abril deste ano, dois assaltantes invadiram uma escola de educação infantil no bairro do Brás, zona central de São Paulo, e mantiveram professoras reféns .

" Cerca de 200 escolas no Rio sofrem influência direta ou indireta do tráfico de drogas ou de grupos de milicianos "

- Cerca de 200 escolas no Rio sofrem influência direta ou indireta do tráfico de drogas ou de grupos de milicianos. As escolas ficam expostas a tiroteios nas comunidades. Muitos alunos ficam dias sem aula, e não tem como repor. Na Zona Oeste do Rio, por exemplo, os milicianos ditam as regras, como as matrículas, onde somente alunos de uma determinada região podem estudar em uma instituição pública localizada no seu território - explica o coordenador geral do Sindicato dos Profissionais em Educação do Rio (Sepe), Danilo Serafim.

Além dos confrontos, a violência prejudica ainda mais a educação quando começa influenciar os alunos, como explicou Serafim: - Recentemente tivemos o caso de um aluno que quebrou o dedo de uma professora porque ela quis que ele tirasse o fone de ouvido durante a aula. Isso é reflexo da violência que estes jovens estão submetidos diariamente. Além disso, essa influência faz com que o aluno desista de estudar, porque vê nas ruas mais perspectivas de vida do que na escola.

Déficit de professores chega a 250 mil no país — Por causa dos baixos salários e da falta de infraestrutura da rede pública de educação, a profissão de professor tem se tornado a última escolha daqueles que acabam de terminar a faculdade. Isso tem provocado um déficit de aproximadamente 250 mil profissionais nos ensinos Médio e Fundamental, segundo alerta a CNTE. Isso prejudica significativamente o aprendizado de cerca de 52 milhões de alunos do Ensino Básico público, de acordo com informações do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).

" Quando o jovem termina a faculdade, ele prefere trabalhar em outras áreas do que ser professor "

- Grande parte deste déficit é de professores de matemática, física, química e biologia. Quando o jovem termina a faculdade, ele prefere trabalhar em outras áreas do que ser professor. Precisamos urgentemente valorizar esta profissão (professor), porque a tendência é que este déficit aumente - disse Roberto Leão.

Além dos baixos salários e da violência, os professores também se deparam com as péssimas condições de infraestrutura das escolas públicas. - Muitas delas não têm biblioteca, laboratório, não tem nada. Assim fica difícil estimular o aluno a estudar, ou melhor, a gostar de estudar - revela Leão.

Investimento de 10% do PIB em educação — Outra questão apontada pelos especialistas como um dos obstáculos da educação nacional é a ampliação do financiamento público. Atualmente, cerca de 4,5% do Produto Interno Bruto (PIB) do país é aplicado no sistema educacional, as entidades do setor defendem que este percentual deveria ser de, no mínimo, 10%.

- O aumento do percentual do PIB é importante porque isso significa mais verba para investir no aluno. Quando se aumenta o investimento, saímos da situação de estrangulamento e passamos a trabalhar com um panorama de crescimento - disse Marina Barbosa, presidente do Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes).

" O que acontece não é só o sucateamento do ensino público, e sim um conjunto de ações que favorece o setor privado "

Segundo Marina, a insuficiência desse financiamento nas duas últimas décadas tem possibilitado a expansão massiva da oferta de vagas pelo setor privado (responsável hoje por cerca de 80% das matrículas do nível superior).

- O que acontece não é só o sucateamento do ensino público, e sim um conjunto de ações que favorece o setor privado. Por exemplo, o Enem, declarado como um elemento de democratização pelo governo federal, permite que o aluno ingresse na rede particular de ensino, mas, na verdade, quando a instituição oferece estas vagas, ela consegue isenção de vários impostos. Seria melhor o governo arrecadar estes impostos e ampliar as vagas na rede pública - disse. (O Globo)

Brasileiro já pagou R$ 700 bi de impostos em 2010

Em 2009, a marca de R$ 700 bilhões foi atingida 41 dias depois, no dia 4 de setembro

Do início do ano até esta segunda-feira, 26, os brasileiros já pagaram mais de R$ 700 bilhões em impostos estaduais, municipais e federais. A marca foi registrada hoje pelo Impostômetro da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), que está instalado no centro da cidade. Em 2009, a marca de R$ 700 bilhões foi atingida 41 dias depois, no dia 4 de setembro.

Pela internet (http://www.impostometro.org.br/), é possível acompanhar o avanço do Impostômetro no Brasil, nos Estados e nos municípios. Inaugurado em abril de 2005, o sistema também informa o valor total pago de impostos desde janeiro de 2000 e faz estimativas de quanto será pago de impostos até dezembro de 2010. A metodologia utilizada considera impostos, taxas, contribuições, juros, multas e correções monetárias pagos às três esferas de governo. (Estado)

Megaoperação do Censo terá início em agosto, com orçamento de R$ 1,7 bilhão

Primeiros dados de contagem populacional serão apresentados ao TCU já no final de novembro, para definição das fatias de destino do Fundo de Participação dos Munícipios

Os 190 mil recenseadores contratados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) vão iniciar o trabalho de coleta de informações para o Censo 2010 no primeiro dia de agosto, em uma megaoperação orçada em R$ 1,68 bilhão. Os primeiros resultados da contagem populacional serão apresentados pelo instituto ao Tribunal de Contas da União (TCU) já no final de novembro, para definição das fatias de destino do Fundo de Participação dos Municípios. Em dezembro, novos dados serão apresentados à imprensa.

As divulgações dos dados da pesquisa deverão prosseguir até 2012. O presidente do IBGE, Eduardo Nunes, explicou que os técnicos do instituto dedicaram três anos de preparação para o início dos trabalhos. O Censo anterior foi realizado em 2000 e contabilizou uma população de 169,8 milhões de habitantes. A primeira pesquisa desse tipo havia sido realizada pela instituição em 1872, quando o País somava uma população de 10,1 milhões de pessoas.

Serão 58 milhões de domicílios visitados. Não responder ao Censo é crime previsto em lei e a novidade deste ano é que aqueles que passam muito tempo fora de casa poderão optar pelas respostas na Internet. Porém, até para essa opção será necessário um contato com o recenseador, que vai ser responsável pela entrega de um envelope lacrado, com prazo de utilização. Caso o internauta não cumpra a data estipulada, o profissional contratado pelo IBGE vai retornar ao local e insistir na entrevista presencial.

De acordo com a Lei nº 5564, de 14 de novembro de 1968, a não prestação de informações nos prazos fixados gera multa de até 10 vezes o maior salário mínimo vigente no País. Ficará dispensado do pagamento da multa, porém, o infrator primário que prestar informações no prazo fixado no auto de infração. Nunes disse que a intenção do IBGE não é punir e sim contar com a colaboração da população. Para isso, serão veiculadas, a partir deste semana, propagandas de esclarecimento sobre a operação censitária nos veículos de comunicação do País.

O trabalho de coleta de dados vai ser realizado de primeiro de agosto a 31 de outubro. Um único morador poderá fornecer as informações por todos os moradores dos domicílios, em questionários que terão de 37 a 108 quesitos. Os recenseadores poderão ser identificados pelo uso de um colete especial, no qual estará fixado um documento de identificação e o logotipo do Censo, além de um boné e o material eletrônico de mão para a realização do questionário.

Em áreas de difícil acesso, como favelas e áreas indígenas, o instituto buscou contratar profissionais que moram nesses locais, para facilitar a coleta de informações. Segundo Nunes, o procedimento adotado para o Censo na área de favelas é o mesmo que vem sendo adotado com sucesso em outras pesquisas domiciliares realizadas pelo instituto.

Há também casos especiais como as 68 cidades afetadas pelas enchentes em Alagoas e Pernambuco. Nunes explica que o instituto está avaliando como fará o recenseamento nesses locais, inclusive identificando as pessoas que trocaram de endereço por causa dos problemas causados pelas chuvas. Em todo o País, o trabalho dos recenseadores poderá se estender pelo horário noturno e finais de semana, dependendo da peculiaridade de regiões e domicílios a serem visitados. (Estado)

Produto sustentável ainda gera confusão

Oferta crescente de bens ecologicamente corretos esconde "lavagem verde", na qual sustentabilidade é mero marketing. Saída para "consumo consciente" é pesquisar a atuação das empresas e a atribuição de selos, afirma especialista.
O consumidor brasileiro ainda enfrenta dificuldades na hora de optar por produto sustentável em seu dia a dia.
Não pela falta de produtos com essas características (leia abaixo). Ao contrário: uma das maiores dificuldades hoje é conseguir diferenciar quem é realmente sustentável de quem só usa esse argumento para vender mais, no "greenwashing" (lavagem verde, em inglês).
Recentemente, a Market Analysis divulgou resultado de pesquisa que incluiu a visita a 15 lojas (supermercados, farmácias, livrarias etc.) em busca de rótulos com apelo socioambiental. Foram encontrados 501 produtos de diferentes categorias, que, juntos, somam 887 apelos. Cosméticos e produtos de higiene pessoal lideram a lista.
Num supermercado de pequeno porte em São Paulo, a reportagem encontrou mais de 40 produtos com algum apelo semelhante. De shopping centers a lojas de material de construção, é impossível não se deparar com termos "eco" ou "planeta" associados a produtos e serviços.
Já que grande parte das marcas e produtos passaram a se autoafirmar "sustentáveis", como diferenciar quem é quem?
"Na ausência de selos mais genéricos que garantam que não somente os produtos mas também as empresas se preocupam com esse tema, a única resposta possível é: pesquisando", aponta Hélio Mattar, do Instituto Akatu.
DIFICULDADES VERDES — Não é uma tarefa fácil. Ao procurar informações nos sites das empresas, por exemplo, o consumidor muitas vezes terá a sensação de que aquela página pertence a uma organização socioambiental, tamanha a quantidade de dados que trazem preocupação com o planeta.
Para piorar, os relatórios de sustentabilidade divulgados pelas companhias raramente destacam aspectos negativos de seu impacto socioambiental, como problemas trabalhistas sérios ou vazamentos de resíduos.
Mas nem tudo está perdido. As redes sociais na internet, por exemplo, são consideradas uma verdadeira revolução para o consumidor em busca de informações.
Como afirma um dos autores do livro "A Empresa Transparente", Dan Tapscott, "pessoas e instituições que interagem com as empresas estão ganhando um acesso sem precedentes a todo o tipo de informação sobre o comportamento, as operações e o desempenho corporativos".
Os selos e certificações também são uma orientação importante. Sobretudo se concedidos por terceiros.
"O consumidor tem dificuldades em diferenciar a autodeclaração da empresa dos selos concedidos por uma terceira parte. É importante que ele também pesquise sobre selos", diz Luís Fernando Guedes Pinto, do Imaflora, uma das certificadoras do selo FSC (Conselho de Manejo Florestal).
IDONEIDADE — Publicações com rankings e guias de sustentabilidade igualmente ajudam, desde que a idoneidade do veículo seja previamente analisada. Há também rankings promovidos por organizações ambientalistas independentes, caso do Guia de Eletrônicos Verdes, do Greenpeace.
Ainda que de maneira incipiente, grandes varejistas começam a destacar produtos com atributos de sustentabilidade. E há um esforço grande para que eles tenham preço próximo aos similares sem essa preocupação.
Isso tudo garante somente escolhas sustentáveis? "Com a quantidade de "greenwashing" existente e as dificuldades de seleção apresentadas, não há garantias de que todas as opções na hora da compra serão sustentáveis", conclui Mattar, do Akatu.
Ao selecionar produtos com essas características, no entanto, o consumidor estará exercendo o seu maior poder: influenciar empresas e produtos nessa direção. (Folha)