terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Crise econômica atinge vários setores produtivos e já ameaça diretamente a mesa e o emprego dos trabalhadores

Vendas de veículos caem 26% em novembro, diz Fenabrave

(Postado por Chiquinho Pereira)

Temos que primeiro admitir a existência da crise. Me refiro ao governo federal, aos políticos, aos nossos líderes máximos. Se tiver apenas uma saída para essa crise, que é brava, vai depender de a gente enfrentar o bicho de frente, avaliar toda a sua dimensão e as consequências. Fingir que a crise só acontece lá fora vamos ter que equacionar tudo quanto é notícia ruim que aparece, como essa de hoje em que se confirma o pior para a venda de veículos de todos os tipos, que gera consequências desastrosas em toda a cadeia produtiva. Registrem: a crise econômica mundial é séria, vai nos afetar e precisamos encará-la de frente.

Leiam mais: A venda de automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus no país recuou em novembro tanto na comparação mensal como na anual, mostrando os efeitos da crise financeira mundial sobre o mercado brasileiro.

Os dados, divulgados nesta segunda-feira pela Federação Nacional de Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), apontaram recuo de 25,7 por cento em novembro sobre outubro e de 25 por cento ante igual mês de 2007.

As vendas, apuradas com base em emplacamentos, mostram a comercialização de 177.906 unidades no mês passado.

No ano até novembro, as vendas acumulam avanço de 18,3 por cento, totalizando 2,626 milhões de unidades.

A entidade ainda prevê para o ano todo vendas de 2,871 milhões de unidades, número recorde.

Meta de exportação para o ano pode não ser atingida

E como afirmamos  no texto anterior, cada notícia de cada setor econômico confirma que se avoluma a crise. O que nos obriga a exigir do governo, enquanto trabalhadores, que se imponha imediatamente as contrapartidas sociais para a proteção do emprego e do salário senão os trabalhadores e suas famílias vão pagar a conta sozinhos, mais uma vez. Pois a crise que agora nos afeta surgiu da inoperância das elites, do capital financeiro e dos especuladores. Por isso, não temos que pagar a conta socinhos.

Leia mais: O secretário de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Welber Barral, afirmou hoje que a meta de exportações para 2008 de US$ 202 bilhões pode não ser atingida, em razão dos efeitos da crise internacional e outros fatores não esperados, como a paralisação das operações no Porto de Itajaí, em Santa Catarina. "Ainda esperamos que haja um bom desempenho para este ano. Eu acredito que vai chegar a US$ 200 bilhões", disse, em entrevista coletiva à imprensa sobre os dados da balança comercial de novembro.

Barral afirmou que o principal fator para não atingir a meta é a queda do preço do barril de petróleo. Segundo ele, só em novembro houve uma redução de 35% na cotação em relação a outubro. Além disso, o secretário informou que a previsão da Secretaria Especial de Portos é de que as operações no Porto de Itajaí só voltem a funcionar com 50% da capacidade dentro de 30 ou 60 dias. O secretário disse que tanto exportações como importações, em novembro, registraram valores menores do que os projetados pelo ministério.

O governo calculava exportações de US$ 16,493 bilhões, valor acima do registrado efetivamente, de US$ 14,753 bilhões. Ele informou que essa diferença de US$ 1,740 bilhão resulta dos efeitos da paralisação do Porto de Itajaí e queda nos embarques em Paranaguá e São Francisco do Sul (US$ 370 milhões); da queda no preço do petróleo (US$ 600 milhões); da redução no embarque de minério de ferro, principalmente para a China (US$ 490 milhões); e da diminuição de outras exportações, como autopeças, siderúrgicos e motores de veículos (US$ 280 milhões). O secretário estima que o preço do petróleo deve ser responsável por uma redução nas exportações do produto em dezembro entre US$ 600 milhões e US$ 1 bilhão. (Leia mais no Estadão)

Preço da cesta básica sobe em 11 de 17 capitais

E a crise chega na mesa do trabalhador. Com o preço da carne lá nas alturas, fruto de atitudes dos espertalhões de plantão que aproveitam a situação económica para explorar mais ainda a população. Tanto os aproveitadores que estão vendendo botijão de gás em Santa Catarina a cem reais, para se aproveitar da calamidade, como os que se dão a desculpa da crise mundial para aumentar os preços deveriam ser punidos pelo governo. É um atitude anti-social que merece punição policial.

Leia mais: Em novembro, o brasileiro teve que trabalhar dez horas a mais do que no mesmo mês de 2007 para comprar os produtos da cesta básica. No período, a inflação dos itens alimentícios básicos foi de até 27,76%, segundo o Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos).

Levantamento feito pelo órgão mostra que no mês passado a cesta básica ficou mais cara em 11 das 17 capitais pesquisadas. O item que mais influenciou a alta de preços foi a carne.

Apesar do aumento no valor da cesta, o avanço foi inferior ao de outubro. José Maurício Soares, coordenador da cesta básica do Dieese, diz que a pressão inflacionária recuou desde o início do ano. (Leia mais na Folha)

ICMS: governo de SP adia recolhimento em um mês

Boa a iniciativa do governador José Serra. Falta, como insistimos, de se estabelecer contrapartidas sociais. Senão, vai parecer que o governo está a reboque de setores econômicos em dificuldade. Agindo para proteger grandes grupos em detrimento da necessidade de amparar vastos setores sociais que vão sofrer muito com a crise, com a perda do emprego e da renda.

Leia mais: O governador José Serra (PSDB) disse que vai postergar em São Paulo o recolhimento do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) gerado no final do ano para fevereiro. Segundo ele, 50% do ICMS gerado em dezembro, que é devido em janeiro, poderá ser pago em fevereiro. Com a medida, cerca de R$ 2 bilhões ficarão na economia por mais de um mês --a partir das vendas do fim de ano.

"Essa é uma medida que é para ativar a economia e para realmente manter o nível do emprego. Nós achamos que vai ajudar a manter a atividade econômica e o emprego. No caso do nosso Estado, a arrecadação e as vendas são fortes", afirmou Serra, depois de reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no Palácio do Planalto, por cerca de uma hora.

Segundo o governador, a intenção é trabalhar em parceria com o governo federal para garantir a geração de emprego e renda. "Estamos atuando em sintonia com o governado federal nessa perspectiva. Estamos trabalhando juntos", disse Serra.

Para Serra, União, Estados e municípios devem atuar de tal maneira que se evite um "círculo vicioso de retração" da economia. "A pior coisa que poderia acontecer seria criar um círculo vicioso de retração da atividade econômica. Nós não queremos isso, estamos trabalhando conjuntamente. A retração da atividade econômica significa menos emprego e emprego. É a coisa mais importante que tem na atividade brasileira", disse ele. (Folha online)

Infra-estrutura é vital para o setor da construção civil, diz Coutinho

O planejamento na área de infra-estrutura é vital para o setor de construção civil permanecer como o principal fomentador da economia brasileira. A conclusão é do presidente do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho. "A cadeia da construção representa 12% do Produto Interno Bruto (PIB) e emprega cerca de 8 milhões de brasileiros, ou seja, o setor se firma com uma grande solução para o Brasil enfrentar a crise", disse.

Segundo Coutinho, a consolidação do segmento à frente da economia nacional envolve três ações no âmbito da esfera governamental: ampliar e fortalecer mecanismos de financiamento; oferecer suporte fiscal à construção de habitações sociais; manter o foco do Programa de Aceleração ao Crescimento (PAC) nas áreas de saneamento básico, urbanização de favelas e áreas de risco.

"O Brasil precisa aperfeiçoar ainda mais, com uma visão de médio e longo prazo, os instrumentos de desenvolvimento infra-estruturais. "De maneira a descortinar um horizonte de prazo mais longo, para que a cadeia da construção continue sendo um grande veículo de crescimento saudável da economia brasileira". (Leia mais no JB)