terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Aeroportos privatizados: A Anac (Agência Nacional de Avião Civil) disse que controlará o reajuste das tarifas

Operadores 'modestos' levam aeroportos

Responsáveis por terminais na África e na Argentina dominam leilão de privatização de Cumbica, Viracopos e Brasília. Os três grupos vão pagar R$ 24,5 bilhões pela concessão, 347% superior ao esperado; BNDES financia 80%.

Pesos-pesados da administração de aeroportos globais, como os de Cingapura, Frankfurt e Zurique, foram derrotados ontem no leilão dos aeroportos brasileiros de Cumbica, Viracopos e Brasília.

Quem levou foram operadores da África e da América Latina, que não administram nenhum dos 30 maiores aeroportos do mundo. Os três grupos vencedores pagarão R$ 24,5 bilhões pela concessão, 347% mais que o lance mínimo. O BNDES financia 80% desse investimento.

As concessões serão de 20 anos (Cumbica), 25 anos (Brasília) e 30 anos (Viracopos). A estatal Infraero manterá participação de 49%. Os consórcios são obrigados a manter um investimento mínimo (e mais concentrado) até a Copa-14 (ver quadro ao lado).

A Anac (Agência Nacional de Avião Civil) disse que controlará o reajuste das tarifas.

Os vencedores de Cumbica foram o consórcio formado por 90% da Invepar (sociedade entre a construtora OAS e fundos de pensão Previ, Funcef e Petros) e 10% da sul-africana Acsa.

"O fato de ser um país emergente não diminui ninguém porque, senão, teríamos de ter o complexo de vira-lata eterno. Não temos vergonha de ser emergentes", afirmou o ministro da Aviação Civil, Wagner Bittencourt.

"São atores perfeitamente possíveis de ganhar e ganharam. Pena que os outros não tenham tido tanta ambição."

O maior aeroporto brasileiro, em Guarulhos, com 30 milhões de passageiros/ano, terá como operadora a Acsa, que trabalha, há quase dez anos, com nove unidades da África do Sul, entre elas a de Johannesburgo e a da Cidade do Cabo. Juntas, recebem 35 milhões de passageiros/ano.

Embora o aeroporto de Johannesburgo seja elogiado pela beleza, o país não primou pela excelência na Copa-10. Jatos executivos lotaram os pátios e voos comerciais tiveram de ser desviados. Houve caso de aviões vindos da Europa que tiveram de retornar em pleno voo.

Viracopos, em Campinas, será operado pela Egis, consultoria francesa que administra 11 aeroportos na África (Argélia, Congo, Gabão) e na Polinésia, além do terceiro aeroporto de Paris, o Beauvais, a 55 km da capital francesa. Juntos, têm 13 milhões de passageiros ao ano (menos que Congonhas, que recebe 16,7 milhões).

A Egis tem 10% do consórcio, em sociedade com a Triunfo (45%) e a UTC (45%).

TÁTICA AGRESSIVA -- Vencedores do aeroporto de São Gonçalo do Amarante, em Natal, o consórcio formado pela Infravix (construtora Engevix) e pelo operador aeroportuário argentinoCorporación América, foi o mais agressivo no leilão, levando Brasília com 675% de ágio.

Com 40 aeroportos na América do Sul e na Armênia, dos quais 33 na Argentina, a empresa tem uma história conturbada em seu país.

Venceu o leilão de privatização nos anos 90 pagando ágio elevadíssimo, mas não conseguiu honrar contratos.

Com dívidas de US$ 600 milhões e atrasos no cronograma de investimentos, o grupo conseguiu, em 2007, renegociar o contrato, trocando a dívida por uma participação de 20% do Estado. Com a "reestatização", deixou de pagar a outorga em troca de um porcentual das receitas para o governo. (Folha)


PMs e Exército se enfrentam em Salvador

Soldados usam balas de borracha contra quem tenta furar bloqueio à Assembleia, onde grevistas estão amotinados. Após decisão judicial, mulheres e crianças deixam o edifício, que, segundo o Exército, não será desocupado à força.

Forças federais, grevistas da PM baiana e apoiadores do movimento protagonizaram ontem uma série de confrontos em frente à Assembleia Legislativa do Estado.

O local, onde grevistas se concentram, foi cercado pelo Exército, que tenta garantir a segurança no Estado após o início da paralisação, na terça da semana passada.

Trata-se da pior crise enfrentada pelo governador baiano, Jaques Wagner (PT).

O petista pediu à presidente Dilma Rousseff que tropas federais assumissem o controle do policiamento na capital para evitar a violência nas ruas, agravada pela falta de policiamento ostensivo.

No interior e na região metropolitana, a violência se espalha: ontem, um bando retirou crianças de um ônibus escolar e incendiou o veículo na vizinha Lauro de Freitas.

CENTRO NERVOSO -- Em Salvador, houve quatro confrontos entre o Exército e PMs quando manifestantes que estão de fora do prédio da Assembleia tentaram entrar.

Entre rasantes de helicópteros, bombas de efeito moral foram detonadas e gás de pimenta foi lançado contra a multidão. Balas de borracha disparadas pelos militares feriram ao menos cinco pessoas, mas sem gravidade.

À noite, após determinação judicial, crianças e mulheres parentes dos PMs grevistas amotinados na Assembleia deixaram o prédio. Sitiados e armados, os grevistas diziam que resistiriam a tentativas de invasão. Eles estão sem luz e sem água. O Exército prometia que não faria a desocupação do edifício à força.

Cerca de 1.070 homens do Exército, da Força Nacional de Segurança e da Polícia Federal, além de PMs que não aderiram à greve, estão mobilizados para a operação.

O Comando de Operações Táticas da PF é o encarregado de cumprir o mandado de prisão contra o líder dos grevistas, o ex-PM Marco Prisco.

Dentro da Assembleia, há cerca de 300 grevistas. Do lado de fora, grades de ferro foram instaladas pelo Exército. Cordões de isolamento formados por homens com metralhadoras e fuzis impediam a aproximação de todos.

"Não queremos que seja uma nova Canudos", disse a dona de casa Arlete Meireles, mãe de um PM amotinado.

A crise paralisou os Poderes do Estado. Servidores do governo, do Tribunal de Justiça e do Ministério Público foram retirados dos prédios onde trabalham, pois eles ficam ao lado da Assembleia. (Folha)