terça-feira, 5 de abril de 2011

Quinquilharias e manufaturados chineses ameaçam empregos brasileiros

UGT quer ser incluída na viagem da presidente Dilma à China para defender empregos brasileiros

Por Marcos Afonso de Oliveira, secretário nacional de Comunicação da UGT

As importações desenfreadas e sem controle da China, desde quinquilharias como se expressou recentemente a presidente Dilma em audiência na qual participou Ricardo Patah, presidente da UGT, até trilhos de trem e ferramentarias é uma sangria acelerada nos empregos brasileiros, um golpe que pode ter sérias consequências na nossa competitividade e devem ser tratados a nível de Estado, a exemplo da viagem que Dilma inicia no próximo dia 11, na China. Infelizmente, na comitiva da presidente estão "apenas" 200 empresários. A UGT reivindica a necessidade de se incluir nestes tipos de entendimentos entre governos os representantes dos trabalhadores. Aos empresários interessa apenas o lucro dos seus negócios, o que é legítimo. A nós trabalhadores interessa o intercâmbio entre os países, a melhoria das exportações e importações mas, principalmente, a preservação dos empregos no Brasil e, inclusive, as melhorias de condições de trabalho mantidas pelas empresas exportadoras chinesas. Monitoramos de perto as lamentáveis condições de trabalho chinesas, que passam muito alem das entrelinhas nos jornais locais, que sustentam os preços “altamente competitivos” dos produtos e quinquilharias chinesas. Por isso, a UGT quer participar destas missões para fazer um contraponto às posições dos empresários e se posicionar pela preservação dos nossos empregos.

Leia, por favor, o clipping do dia:

Setores de produção padronizada demitem e importam da China

A feroz concorrência chinesa no mercado brasileiro causa grandes estragos a empresas que produzem bens manufaturados com características de "commodities". Em segmentos como válvulas industriais, elevadores e ferramentas, os produtos mais simples e padronizados têm sido duramente atingidos pela competição asiática. Para sobreviver, muitas companhias passam a importar o que antes produziam ou compravam de outras empresas no país, reduzindo o número de empregados. O câmbio valorizado, o peso dos impostos e o alto custo do capital e da mão de obra complicam a vida desses setores, dizem empresários.

Presidente da câmara setorial de válvulas industriais da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), Pedro Lucio diz que, dos 72 associados, 80% já importam 100% do que vendem. Em 2005, esse percentual era de 40% a 50%. Segundo ele, são empresas que atuam no segmento de "válvulas-commodities", uma referência a produtos padronizados e com baixo valor agregado. Nesse segmento, o produto chinês é 60% mais barato que o brasileiro. "Com essa diferença de preços, as empresas brasileiras não conseguem concorrer." O setor, que tinha cerca de 13 mil empregos em 2008, emprega hoje cerca de 7 mil pessoas, segundo suas estimativas.

Lucio diz que ainda é viável produzir aqui válvulas com maior diferenciação. É o caso dos produtos fabricados por sua empresa, a RTS, que faz as chamadas válvulas borboleta. No entanto, para manter a competitividade, Lucio importa, desde o ano passado, um componente da China, o que lhe permitiu reduzir o preço final do produto de 20% a 30%. A parte de sua produção vendida para a Petrobras, porém, não leva essa peça, para garantir o índice de nacionalização exigido, de 90%.

O empresário relata que, mesmo com a redução de preços obtida com o componente chinês, conseguiu apenas manter o faturamento de 2010 no nível do de 2009, que ficou 40% abaixo do de 2008, por conta dos efeitos da crise. Lucio diz que demitiu 70 de seus 180 funcionários em 2009, mantendo desde então um quadro de 110 empregados. O empresário se queixa do custo dos insumos - "o quilo do aço inoxidável, que no Brasil sai por R$ 34, custa US$ 3 [pouco menos que R$ 5] na China" - e também do aumento dos custos salariais - em 2010, o reajuste dos trabalhadores da categoria foi de 9,52%. Com o câmbio valorizado e a carga tributária, fica difícil competir com os produtos, especialmente os chineses, diz ele.

A situação também é bastante complicada para os fabricantes de elevadores, diz Jomar Cardoso, presidente do Sindicato das Empresas de Elevadores de São Paulo (Seciesp). Segundo ele, 50% do que é vendido por aqui vem do exterior. "Em 2005, esse percentual ficava em 20% a 30%", afirma, observando que há muitos componentes importados. "Em cinco anos, não haverá mais indústria brasileira de elevadores", diz Cardoso, presidente da Elevadores Villarta.

Como no caso das válvulas industriais, Cardoso diz que os produtos chineses são extremamente competitivos no caso dos elevadores padronizados. Segundo ele, saem pela metade do preço de um fabricado por aqui, contando ainda com uma melhora expressiva de qualidade nos últimos anos.

A competitividade do produto brasileiro é maior em elevadores especiais. A Villarta faz hoje um de 10 toneladas para a Anglo American. A empresa, porém, também compra produtos mais padronizados da China, o equivalente hoje a 30% de suas vendas. "Em 2005, eu não importava quase nada. Em 2009, esse percentual já era de 20%. No fim deste ano, pode chegar a 50%." Cardoso diz que a sua empresa conseguiu aumentar o faturamento em cerca de 20% em 2010, esperando crescer mais 15% neste ano, pelo menos. Hoje, a Villarta tem 55 funcionários, 30 a mais do que tinha em 2005. "Mas eu poderia ter o dobro se fabricasse tudo aqui", afirma ele, para quem a indústria local deixou de aproveitar as oportunidades geradas pelo boom do mercado imobiliário.

"Dos 25 mil empregos que o setor gerava há cerca de 13 anos, hoje restam pouco mais de 10 mil vagas", lamenta ele, apontando os pesados encargos trabalhistas e o câmbio valorizado no Brasil como dois dos grandes responsáveis pela falta de competitividade do produto brasileiro em relação ao chinês, que se beneficia também da enorme escala de produção.

Procuradas, as três maiores empresas do setor, as multinacionais Atlas Schindler, Otis e ThyssenKrupp, não se pronunciaram sobre importações. A Otis informou que "os dados não podem ser divulgados por questões estratégicas da empresa". A ThyssenKrupp foi na mesma linha, dizendo que não "divulga informações de cunho estratégico". A Atlas Schindler afirmou não fornecer dados sobre importações e exportações.

A concorrência chinesa também atinge as empresas filiadas ao Sindicato da Indústria de Artefatos de Ferro, Metais e Ferramentas em Geral no Estado de São Paulo (Sinafer), diz o presidente da entidade, Milton Rezende. Segundo ele, no caso de ferramentas simples, como martelo, chave de fenda e alicate, o custo do produto chinês pode ser de 50% a 70% mais baixo.

Também estão sofrendo muito as empresas que faziam a usinagem de peças para outros setores da indústria, como a automobilística e a de eletrodomésticos, afirma Rezende. As empresas desses segmentos, diz ele, passaram a importar boa parte dos componentes, diminuindo muito as encomendas no mercado interno.

Segundo Rezende, há casos de ferramentas de primeira linha fabricadas em países desenvolvidos, como EUA, Japão e Europa e 25% a 40% mais baratos que as produzidas no Brasil. Ele estima que 30% dos produtos vendidos hoje do setor são importados, dos quais dois terços devem vir da China. Há três anos, o percentual de bens vindos de fora não chegava a 10%, afirma Rezende, destacando o impacto negativo sobre o emprego. O segmento, que em 2008 empregava 282 mil trabalhadores no país todo, terminou 2010 com 265 mil. Também no setor a competitividade brasileira é maior em produtos um pouco mais diferenciados, como ferramentas de alta precisão.

Para Rezende e Cardoso, a situação de seus segmentos evidencia o processo de desindustrialização, com o avanço dos produtos estrangeiros, principalmente asiáticos, ganhando mais espaço e, com isso, reduzindo o nível de emprego. (Valor)

Aumenta o medo do desemprego, mostra pesquisa

Os consumidores estão menos confiantes no desempenho futuro da economia e começam a manifestar cautela com o nível de desemprego, endividamento e inflação. O Índice Nacional de Expectativa do Consumidor (Inec) de março recuou 0,5% em relação a fevereiro, na quinta retração consecu tiva. Na comparação com março do ano passado, a redução no otimismo foi de 1,3%.

Para a Confederação Nacional da Indústria (CNI), responsável pela apuração mensal do índice, o recuo seguido no Inec é reflexo da desaceleração da economia e do encarecimento do crédito. "Havíamos detectado esse esfriamento na Sondagem Industrial e nos Indicadores Industriais e agora vemos isso também no Inec", comentou o analista de Políticas e Indústria da CNI, Marcelo Azevedo. Com a retração de março, o índice acumula perda de 5,1% desde outubro do ano passado e a entidade não descarta novo declínio em abril.

Entre os componentes do Inec, o índice de expectativa de desemprego é que o apresenta a pior evolução, com diminuição de 3,3% frente a fevereiro, evidenciando que subiu o percentual das pessoas que avaliam que a oferta de vagas de trabalho encolherá. Por outro lado, o índice de expectativa de desemprego está 3,3% superior ao verificado em março de 2010 e 7,6% acima de sua média histórica.

Os índices de situação financeira e endividamento também recuaram em relação a fevereiro em 1,5% e 0,3%, respectivamente. Na comparação com março de 2010 os dois indicadores registraram quedas de 5,4% e de 2,1%.

O levantamento mostra ainda que o indicador de expectativa de inflação ficou 1,5% maior frente a fevereiro. A despeito disso, a expectativa do consumidor sobre a evolução dos preços ficou 3,7% abaixo do registrado em março de 2010, indicando piora das perspectivas em relação a 2010. A expectativa para a variação dos preços é o único componente do Inec que está abaixo de sua média histórica (-5,1%). "As pessoas estão preocupadas com a inflação. Embora esse receio em março seja menor do que o manifestado em fevereiro, isso inspira cuidados porque mais de 60% dos entrevistados acreditam em aumento de preços", disse Marcelo Azevedo.

O consumidor também mostra cautela na intenção de compra. O índice de expectativa de aquisição de bens de maior valor ficou 0,9% menor que em fevereiro e 1,4% inferior ao de março de 2010. (Valor)

Otimismo do consumidor brasileiro cai pela quinta vez consecutiva, revela CNI

O Índice Nacional de Expectativa do Consumidor (INEC) divulgado nesta segunda-feira, pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), revela que os consumidores brasileiros estão menos otimistas. Pela quinta vez consecutiva, o índice teve queda, recuando 0,5% em março na comparação com fevereiro, e acumula retração de 5,1% desde outubro de 2010.

De acordo com a pesquisa da CNI, um dos motivos para a queda do índice em março foi a elevação do número de brasileiros que acreditam no aumento do desemprego. Em março, 39% dos consumidores apostavam que o desemprego aumentaria. Em fevereiro, 35% dos entrevistados apostavam no crescimento do desemprego. Isso fez com que o índice de expectativa do desemprego recuasse 3,3% em março na comparação com fevereiro.

Mesmo assim, o indicador de março de 2011 ficou 3,3% acima do observado no mesmo mês de 2010. Mas os brasileiros também estão mais pessimistas em relação à situação financeira, ao endividamento e às compras de maior valor. E ao mesmo tempo em que a situação financeira piorou, o índice de expectativa de renda pessoal subiu 1,9% em março na comparação com fevereiro.

Segundo o analista de Políticas e Indústria da CNI, Marcelo Azevedo, o indicador de situação financeira é um retrato do quadro financeiro atual dos brasileiros enquanto o índice de expectativa da renda pessoal reflete as perspectivas deles para os próximos seis meses.

- Isso mostra que os brasileiros acreditam que vão melhorar sua condição financeira nos próximos meses - detalha o economista.

A pesquisa mostrou que o otimismo do brasileiro em relação à inflação subiu 1,5% em março deste ano frente a fevereiro. Apesar da melhora, o índice encontra-se 3,7% abaixo do registrado em março de 2010.

- Por mais que o otimismo quanto à inflação tenha melhorado em março, o brasileiro ainda não está confiante no controle dos preços - avalia Azevedo.

A pesquisa foi realizada entre 20 e 23 de março de 2011, com 2.002 pessoas. (O Globo)d

CMN amplia regra de IOF sobre empréstimos externos

O Conselho Monetário Nacional (CMN) anunciou nesta segunda-feira um adendo à regra tomada na semana anterior, que impôs uma alíquota de 6 por cento de IOF sobre captações de curto prazo no exterior.

Com a decisão, empresas que renovarem empréstimos externos terão que realizar uma operação simultânea de câmbio. Assim, a operação passará a estar sujeita ao mesmo imposto que inicialmente incidia somente na contratação de operações novas. O mesmo vale para repactuação e assunção de dívida.

"O objetivo da medida é conferir a essas situações o mesmo tratamento dispensado às operações de conversão e de transferência entre modalidade de capital estrangeiro registrado no Banco Central do Brasil", diz trecho da nota do CMN.

Segundo dados do BC, em janeiro e fevereiro, operações de renovação e de assunção de dívida (de quem assume obrigações de outra empresa) somaram 12,5 bilhões de dólares. Desse montante, 5,6 bilhões de dólares correspondiam a dívidas com prazo de até 360 dias, que são justamente os alvos da cobrança determinada pelo CMN. (O Globo)

Murilo Ferreira vai suceder Roger Agnelli na presidência da Vale

De acordo com fontes que acompanham o processo, Murilo era o candidato da presidente Dilma Rousseff .

Os controladores da Vale acabam de escolher o executivo Murilo Ferreira para suceder Roger Agnelli na presidência da Vale. Ele já havia trabalhado na mineradora, mas deixou a empresa após problemas de saúde quando comandava a Inco - mineradora da Vale no Canadá.

Segundo fontes que acompanham o processo, era o candidato da presidente Dilma Rousseff.

Os dois se conheceram no tempo em que Murilo comandava a Albras, produtora de alumínio, e Dilma era ministra de Minas e Energia.

Murilo desbancou dois diretores executivos da Vale: Tito Martins, o mais cotado, e José Carlos Martins, que corria por fora. (Estado)